Capítulo Vinte e Três
Um carro. Ele corre muito rápido. Estou dentro, estou fora, vejo que estou em uma grande metrópole. Arranha-céus enormes me rodeiam e tudo é cinza. Não tem ninguém nas ruas, nem carro. Tudo muito quieto, ouço uma música.
Sim!
Aquela música!
"Let it be" ecoa em meus ouvidos. Sigo o som, ouço uma voz cantando junto. Uma voz linda, uma voz doce.
Encontro a fonte da música. A única pessoa na cidade além de mim.
Uma mulher japonesa, linda, serena, com os cabelos muito negros. Estava tão entretida tocando o seu instrumento e cantando a linda canção que nem me notou. Não faço nenhum barulho para não atrapalhá-la. Sento-me do outro lado da rua e fico a observando. Ela me fascina. Ela me hipnotiza. Ela. Ela. Ela. Ela. Ela. Ela. Tudo nela me atrai, até os seus defeitos... Principalmente os seus defeitos.
Ela ergue a cabeça. Notou a minha presença. Abre um sorriso lindo e se levanta. Levanto-me também, cada um de nós sorrindo para o outro do lado da rua:
— Ick! — Exclama ela. Sua voz ecoou em um milhão de "Icks", interminavelmente.
— Samaris! — Minha voz também ecoou. Nem reparei, estava demasiado feliz em encontrá-la para reparar em qualquer outra coisa.
— Eu te amo. — Quando Samaris terminou de dizer isso um vento forte bateu, a transformando em um mar de pétalas de rosas vermelhas que voaram para longe de mim.
— NÃO! — Eu grito.
— NÃO! — Eu grito ao despertar. Todas as noites o sonho muda, porém todas as noites ele termina da mesma maneira: Samaris aparece por um breve momento e desaparece num mar de pétalas de rosas vermelhas.
Voltar a dormir depois do sonho é a parte mais difícil.
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