Capítulo trinta e sete
As boas notícias não pararam por aí, nem as más notícias (e o mais importante), nem as notícias espantosas.
Primeiro, a boa notícia: menos de uma semana depois do caso fatídico na delegacia, a campainha de casa tocou. Minha mãe foi quem abriu a porta e encontrou esperando do outro lado uma mulher loira, de olhos muito azuis, com cerca de quarenta anos de idade e uma pose digna de rainha da Inglaterra. A mãe da Jéssica.
— A senhora Orlando me procurou. — Mais tarde soube que Orlando era o sobrenome da família do Lucas. — Ela me disse que é aqui que minha filha está... Hospedada, por assim dizer. Ela se encontra?
Quando Jéssica viu a sua mãe sentada no sofá da sala, assustou-se como quem enxerga um fantasma.
— Podemos conversar a sós, filha?
A impressão que tive foi que Jéssica quis responder, mas ao invés disso só conseguiu emitir um ruído com a boca.
Eu e minha mãe ficamos na cozinha, imaginando o que se passava na sala. Aflita, a minha mãe roía a unha e mexia em panelas sem nenhum propósito visível.
Depois do que me pareceu uma eternidade, Jéssica surgiu na cozinha, com os olhos avermelhados de choro novamente, mas dessa vez parecia feliz:
— Meus pais se separaram. — Anunciou antes que pudéssemos perguntar qualquer coisa. — Minha mãe ficou com a casa e quer que eu volte a morar com ela. — Sorriu timidamente. — Amanhã eu volto para casa.
— Oh, amor, isso é maravilhoso! — Exclamou a minha mãe, correndo para abraçá-la o mais forte que conseguiu.
A notícia era realmente excelente. Finalmente Jéssica iria voltar para a sua casa e para a sua (agora fragmentada) família.
Agora pulemos para a má notícia.
No dia seguinte, foi como se a pequena luz que Jéssica irradiava fosse acesa novamente depois de muito tempo apagada. Nós dois faltamos à aula para logo cedo arrumarmos as suas coisas para a migração de volta à sua antiga casa. Ela parecia feliz e animada, dobrava as roupas com maestria, guardava tudo dentro de sua mala cor-de-rosa.
Enquanto Jéssica arrumava as coisas, encontrou algo que a fez parar instantaneamente.
— Jéssica? — Perguntei. — Que foi?
Ao se virar, percebo que ela está vermelha e com aparência tensa. Tremendo levemente, em sua mão se encontrava uma pequena pilha de papéis.
— Ick. — Engoliu em seco antes de falar. — Eu preciso te contar uma coisa.
Apreensivo, larguei o que estava fazendo para prestar atenção no que ela tinha a dizer:
— Então conta.
— Antes de te contar, quero que você saiba que fiz isso pensando no seu bem. Eu não queria te ver triste de novo e...
— Conta logo! O que foi?
— Desculpa...
— FALA!
Jéssica não conseguiu dizer nada. Em vez disso me estendeu a pequena pilha de papéis que estava em sua mão. Logo identifico que são cartas e logo na primeira encontrei a gravura:
Para: Ick
De: Samaris.
(Próximo capítulo dia 02/10)
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro