Prólogo
Era uma manhã fria de inverno quando Hades patrulhava na região em volta da capital. A guerra se aproximava cada vez mais do reino dos elfos, Erkalidus.
Os olhos do soldado estavam pesados, implorando para que ele os fechasse por um ou dois minutos.
O que o impedia? A semana estava tão calma, impossível que os híbridos e faes seriam estúpidos para atacar Koivira no inverno. E com aquele argumento o elfo relaxou, descansou suas pálpebras e o que seriam alguns minutos viraram algumas horas.
Ele despertou assustado, um som abafado surgira de repente. O corpo de uma menina caindo contra a neve. Uma criança que não parecia ter mais do que seis anos estava em frente aos pés de Hades. Rapidamente a pegando em seus braços, ele sentiu o corpo da garota queimando, seu rosto estava pálido.
Hades se via diante de uma perigosa decisão. Demoraria horas para carregar aquele corpo até um curandeiro. Tudo que ele poderia fazer era deixá-la sofrer com uma morte lenta e dolorosa ou salvá-la daquele sofrimento.
Com um suspiro, ele pegou o punhal de sua cintura e fincou-o no coração da doente criança, acabando com sua dor.
Porém, ela tinha algo peculiar, algo que nem mesmo um soldado experiente como ele havia visto. Hades tinha certeza de que ela estava morta. Havia enfiado com jeito a lâmina no peito da criança, viu a vida se esvair dela, mas em minutos, a menina acordou e no mesmo dia ela estava saudável.
Quando chegou aos ouvidos do rei Haldir o boato de uma alma que conseguira escapar da morte, convocou os melhores curandeiros da região para descobrir um jeito de curar o velho rei dos males da idade. Usando a garota como cobaia nos experimentos. Foram meses e meses de tentativas falhas.
Haldir estava ficando frustrado. Por mais que ele fizesse de tudo para abafar a história da menina que sobrevivera uma facada, ainda era possível ouvir sussurros entre os corredores do castelo. Ele podia ser ganancioso, mas não era idiota. Estavam no meio de uma grande guerra, não podiam ter por perto uma menina como ela, que poderia facilmente cair em mãos erradas e ser usada como arma contra a capital. Então ele ordenou que todos os que sabiam da sua existência comparecessem ao palácio.
— Acho que todos vocês sabem porque estamos aqui, não é mesmo? Esta criança é um perigo para toda Erkalidus.
— Mas, meu senhor, o que faremos com ela? A menina não tem culpa de nada e desde que chegara aqui, só fora furada e torturada. — O soldado falou ajoelhado perante ao monarca. Hades, que nunca esteve tão próximo de seu rei, temia o que ele faria por ousar respondê-lo.
— Não se preocupe, meu soldado, para isso eu trouxe aliadas. — Ele disse, olhando em direção a duas mulheres peculiares. Uma com o cabelo preto como a noite, um olhar penetrante e afiado e a outra com cabelos loiros como fios de ouro e um sorriso contagiante. — Estas são Malva e Minerva, duas bruxas donas de um grande pedaço de terra no sul do país. Elas ficarão responsáveis pela garota.
Bruxas; sempre as imaginou mais feias e corcundas. Hades sabia das histórias sobre as bruxas que ocupavam o sul, mas sempre pensou serem apenas contos para impedir que explorassem a região.
— Você irá mesmo confiar o destino do nosso reino nas mãos de bruxas, Vossa Majestade? — O elfo questionou, enquanto lançava um olhar julgador para elas, que o fitaram de volta com certo desgosto.
— Não podemos arriscar uma tragédia dessas, não concorda? Por isto você irá junto. Morará na propriedade delas por dezessete anos, depois voltará para Koivira e será recompensado fortemente.
O soldado arregalou os olhos. Iria sacrificar anos e anos de sua vida a serviço ao reino. Mas no fim, ele não tinha uma vida há muito tempo. Sua vida era Erkalidus.
E se o rei confiava nele para uma missão tão nobre, quem era Hades para recusar?
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