Capítulo I
Anos depois daquilo, Hades se instalou no litoral, onde morava com Malva e Minerva, duas bruxas que tinham um pequeno internato afastado das mortes sem sentido da guerra. A garota tinha seus 8 anos, estudava como a aprendiz das feiticeiras com algumas bruxas e feiticeiros, pelo menos tentava, mesmo Minerva tendo certeza que a criança tinha magia, ela conseguia apenas dominar um feitiço, mas quem era ele para questionar a palavra dela? Ele estava apenas lá para assegurar que elas não a usem para o mal de Erkalidus.
— Hades! — a voz infantil de uma criança tira ele de seus pensamentos
— O que foi dessa vez? — o ex soldado olha para a menina de cabelos longos cor de mel, olhos castanhos como duas avelãs e um vestido branco com um laço azul no pescoço que se segurava nas pernas dele — estou te chamando há tempos! Por que você está olhando para o nada?
— Sempre soube que os elfos do reino eram meio doidinhos — ele reconhece na hora o tom de deboche da voz de Esme, mais uma bruxa asquerosa daquele lugar, com sua esnobe presilha turquesa que prendia o topo do seu coque loiro. E segurando a cintura da bruxinha havia Dorothy, uma garota de aparência inocente através dos seus óculos fundo de garrafa e suas tranças vinho que refletia sua maldade escondida. Ele apenas lançou um olhar repleto de repulsa para as duas pré-adolescentes. Por mais que ele odiasse elas, ele tinha que admitir que as duas eram pequenos prodígios que ele se arrependeria de ser inimigo no futuro. As duas usavam a garota mais nova como uma cobaia para seus feitiços e poções abusando de sua imortalidade e ela que era solitária sofria chacota das outras crianças, como recusaria uma chance de ter duas "amigas"?
— Vamos garota de um feitiço, temos muito que fazer ainda hoje — Esme fala cansada de esperar e Dorothy apenas sorri. Rapidamente elas se vão do pequeno bangalô onde Hades vivia e sumiram entre a mata fechada.
— Garota de um feitiço — aquelas palavras saiam de um jeito enojado, aquele era apenas um dos apelidos que lançavam sobre a menina para a diminuir, ele não deveria ligar, então por que se importava tanto?
— Você tenta esconder o fato que vê ela como uma filha e falha ridiculamente — Minerva surgiu das sombras com sua capa azul tão escuro como um céu estrelado de inverno.
— Cale-se! — O soldado berrou para ela pelo susto repentino.
— Se eu fosse você, me respeitaria, Sr. Alencler, não se esqueça que está em minha propriedade. — ela se senta cruzando as pernas e dá uma olhada rápida na sala.
— Quem diria, ainda continua inteira mesmo após tanto tempo nas suas mãos descuidadas, e a menina? Sem nome ainda? — Hades entrega uma xícara de chá morno a ela e se senta em uma poltrona na frente dela.
— Infelizmente, você a conhece, ela não quer um nome qualquer, quando ela encontrar algo especial para ela você saberá.
As horas se passavam, Minerva já tinha ido para casa e o elfo esperava com o coração na mão sabendo exatamente o que aconteceria em seguida. O ex soldado fitava um porta-retrato com a foto de uma mulher com cabelos dourados com um sorriso alegre estampado no rosto.
— Oh, Elenor, quem me dera você estivesse aqui, ao meu lado. Aposto que saberia cuidar muito melhor de uma criança do que eu.
— Quem é Elenor? — uma voz rouca e cansada soou atrás de Hades.
Ele, por si, arfou quando observou a imagem à sua frente. A menina estava repleta de feridas que não haviam regenerado completamente, o que fazia Hades pensar, qual era o tamanho do estrago original?
Ele pega uma pequena caixa de cobre que havia ao lado do retrato e manda ela sentar.
— Ela já fora minha esposa, mas ela pereceu há tempos. — ele pegou um tecido de dentro da caixa e molhou em um líquido escuro e passou na testa da menina.
— Como ela era? — ela disse enquanto se encolhia de dor quando o tecido molhado entrou em contato com sua testa.
— Ela? Bem, era um doce, mas teimosa, quando colocava algo em mente ninguém conseguia a fazer mudar de ideia, você me lembra um pouco a ela.
Ela arqueou a sobrancelha fazendo Hades sorrir.
Eles ficaram em um silêncio confortável até que repentinamente se quebra.
— Elenor é um nome bonito... Ei! Hades — a pequena dizia enquanto balançava os pés para frente e para trás.
— Sim?
— Posso me chamar Elenor? — O elfo apenas sorri e beija a testa da menor como resposta.
— Me prometa uma coisa antes, nunca mais deixe aquelas bruxas encostarem um dedo em você.
ele coloca o dedo no queixo da garota, a forçando para o olhar perfurante dele.
Ela chega a hesitar, mas logo concorda sorrindo, ah, aquele sorriso, infantil e cheio de alegria que aquecia até a alma gelada do soldado.
— Elenor Alencler, a bruxa de um feitiço, acha que soaria bem? — A recém-nomeada Elenor pensava alto com alegria e curiosidade do que a vida traria para sua vida.
O sol amanhecia mais uma vez, e como de costume, Hades já estava desperto. Seu pijama quentinho foi substituído pela antiga roupa dos seus tempos de soldado. Elenor, por outro lado, dormia suavemente em sua cama, ele sentia até pena por ter que acordá-la.
— Bom dia, minha flor do dia, acorde Elenor— o elfo sacudiu ela de leve, o que fez ela abrir um dos seus olhos
— Quem? Oh, sou eu — Ela sorriu e levantou na mesma hora
— Irei cortar lenha para o mês, voltarei pelo horário do almoço, o café está na mesa — com um beijo na testa da mais nova ele se despediu, deixando-a sozinha.
Não era a primeira vez que ela tinha que passar a manhã por ela mesma, mas a bruxa amadora sentia a presença de mais alguém na casa ainda. E ela estava certa, instantes depois, surge Dorothy no sofá a poucos metros dela exclamando:
— Finalmente aquele elfo foi embora, não aguentava mais a cara dele! — E junto dela, em seguida surge Esme tossindo
— Na próxima use menos patas de aranhas na poção, elas têm um gosto horrível!
— Pare de reclamar sua ingrata — Enquanto elas discutiam, Elenor tremia, como ela iria se livrar delas? Ela fez uma promessa que não deixaria elas as abusarem dela de novo, mas como diria isso na cara delas?
— O que foi garota de um feitiço? Está tão quieta hoje, o gato comeu sua língua? — Esme sentiu o cheiro do nervosismo dela rapidamente e Dorothy apenas riu e disse:
— Melhor se regenerar logo, temos grandes planos para hoje
— Não! — ela fecha os olhos com medo do que estava prestes a fazer—Eu não vou com vocês hoje, e é Elenor agora. — Esme se aproximava dela lentamente, ela a colocou contra a parede
— Oh querida, você achou mesmo que tinha escolha? — E enquanto Elenor estava distraída com a ameaça da loira, Dorothy esgueirou-se e nocauteou a bruxa amadora.
Elenor acorda sentindo seu corpo suspenso, sua cabeça doendo. Ela grita quando vê seu cabelo trançado amarrado numa corda, preso numa árvore, e abaixo dela, as bruxas, que olham para cima com um sorriso no rosto quando notam que a garota finalmente acordou.
— Eu te disse Esme, era mais fácil ter matado ela, não teria demorado um século.
— Oh Eleanor, não precisa chorar, o melhor sequer começou. — No instante que a imortal estava tentando se soltar Esme lança um feitiço, prendendo as mãos dela. Elenor, gritava e chorava implorando para que elas a soltassem.
— Irá passar rápido, você vai ver
— Você apenas precisa ser um brinquedinho de morder para nossa quimera, eu sei que você consegue. — Dentre a folhagem, sai um ser que ela nunca achava que veria com os próprios olhos.
— Uma quimera? Isso é impossível, elas foram extintas em Erkalidus!— Elenor exclama, arrepiada de medo ao ver a criatura, com cabeça de leão, chifres de cabra e no rabo uma cobra.
— Aparentemente não completamente, não é mesmo? E você deve se lembrar da iguaria mágica que o veneno das presas de um rabo de uma quimera, e adivinhe, você nos ajudará a coletar essa maravilha, mas bem, alguém tinha que ser a isca — Dorothy fala com um sorriso no rosto e Esme apenas ri da situação.
A criatura vê Elenor e fica interessada, dando voltas ao redor onde seu corpo estava suspenso, a quimera, se apoiando no tronco da árvore, tentando agarrar os pés da imortal.
Enquanto a coitada se contorcia para não ser devorada, as bruxas coletavam o veneno, o que não demorou mais do que 10 minutos, para Elenor estava demorando horas, mas uma hora aquela tortura tinha que acabar, não?
— Prontinho, garota de um feitiço, não foi tão difícil certo? — A loira se gaba com o pote de veneno na mão
— Até mais Eleanor — Dorothy anuncia, enquanto abaixa a corda, fazendo agora Elenor ser um alvo fácil para criatura.
Hades chegará cansado de sua caminhada.
Mas ele ainda tinha um sorriso em seu rosto para receber a criança que passará a amanhã solitária com um pequeno presente, uma de suas frutas favoritas que só nasciam naquela época da estação.
Assim que ele abre a porta, a primeira coisa que ele procura é o rosto de Elenor, porém, a casa estava vazia. Hades respirou fundo, não precisava pensar de mais para adivinhar onde ela deveria estar.
No instante em que ele avistou aquela dupla de diabas, ele teve que respirar muito para não arrancar as cabeças daquelas pré-adolescentes.
— Onde está a Elenor? — Ele fala com a voz firme chegando por trás das bruxas que estavam sentadas na frente das escadas do internato.
— Hades, oh Hades, você sempre foi tão esquentadinho, relaxe, a garota de um feitiço está bem. — Esme não treme um só osso, apenas responde debochando do mais velho.
— Não brinque comigo pirralha, me responda agora se você não quiser morrer — Com uma adaga no pescoço da loira, o ex soldado não estava de brincadeira.
— Vocês elfos são tão sem graças, ela está na clareira da floresta.
Não havia limites para psicopatia daquelas duas, e a prova disso era a cena diante do elfo, Elenor chorava e berrava, amarrada pelos cabelos numa árvore, com as pernas arranhadas pelas garras de uma quimera. Ele nem queria saber como aquelas bruxas conseguiram uma, tudo que ele faz naquele momento é tirar de seu bolso suas adagas. Se esgueirando por trás, cravando as laminas nas costas da besta, que rugiu de dor. Virando diretamente para Hades, a quimera mostrou os dentes. Partindo para cima do ex soldado, ela estava disposta a destripá-lo.
Com uma mordida firme, a criatura rasga o antebraço do elfo, fazendo ele gemer de dor. Em resposta àquele ataque, o elfo desliza a faca pelo olho da fera. Ela recua dando abertura para Hades atacar a traqueia e num golpe certeiro a quimera enfraquece com tanto sangue derramado, exatamente o que ele precisa, para libertar Elenor. Com a corda cortada, a criança despenca na grama molhada por sangue.
Hades a segura contra seu peito, a abraçando fortemente tentando acalmar o corpo que tremia e chorava em seus braços.
— Me perdoe Hades, eu não consegui fazer nada contra ela, nem consegui usar um feitiço.
— Minha querida, a culpa não é sua e sim daquelas duas maníacas, me perdoe por não conseguir te proteger.
— Eu queria ser forte e corajosa que nem você. Se eu fosse assim, tudo seria tão mais fácil — ela segura sua trança, que agora estava desgrenhada e vários fio de sua cabeça foram arrancados.
— Eu te prometo, te ensinarei a ser forte, irei usar tudo que sei, mas você não será um brinquedo de ninguém. — O mais velho passa a mão nos cabelos dela, deslizando a mão entre os fios com a lâmina na mão cortando a corda, e juntamente com ela os cabelos da criança.
— Talvez seja melhor assim — Com os olhos brilhantes pelas lágrimas, ela sorriu tristemente.
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