Capítulo 11
O tempo que antes se passava tão devagar, acelerou. O sol já havia se despedido, e Elenor escovava o cabelo de Polly em um dos colchões no chão gelado, Derek palitava os dentes acima delas, numa cama levemente aconchegante, enquanto Derek contava histórias das outras crianças que ele apelida carinhosamente de capachos. Elenor nem sequer pensou em todos aqueles problemas que a rodeavam, estava tão distraída e conversas cotidianas, mas Derek a puxou para a realidade quando disse:
— Como é o mundo lá fora?— Polly embasbacou com a pergunta e se levantou emburrada batendo o pé.
— Derek! O que você pensa que está fazendo? Sabes muito bem que não deveria fazer esse tipo de pergunta!— Aquele escândalo dela atraiu olhares e risadas do outro lado da sala que fez as bochechas da menina corarem, Derek apenas olhou feio para os que presenciaram tudo aquilo e na hora as risadas cessaram e eles saíram do cômodo. Agora um silêncio matador pairava sobre nós.
A menina cabisbaixa implorou pelo perdão do mais velho
— Me perdoe irmão, só não queria você se encrencando novamente...
— Não me chame assim, não somos parentes, e eu não preciso da sua proteção, sei muito bem me virar sozinho.— Ele se levantou e olhou nos olhos de Polly e saiu sem olhar para trás. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da loira. Elenor a abraça, e ela não precisou dizer nada, que a menina desaba em seus braços.
— Quando mais novo ele sonhava em sair daqui, em ter uma família, ser amado, não encontrava essas coisas aqui, ele tentou fugir, mas seu plano não deu certo. Foi pego, e o Sr. Solei e a Sra. Lune podem ser muito mais cruéis do que pensa. — Mais e mais filetes de lágrima escorriam pelo rosto delicado de Polly, Elenor a agarrava com força, tentando consolá-la como um dia fizeram por ela.
— Ei, respire, ele só me fez uma pergunta, está tudo bem.
— Está tudo bem? Você jura? Jura não deixar o pensamento de "e se" e uma saudade te assombrar ao ponto de querer me abandonar? Jura não se autossabotar e aceitar esse lar incrível que os deuses te trouxeram?— Elenor gaguejou levemente, fora pega de surpresa. Engoliu seco e com um sorriso falso mais verdadeiro que ela pode fazer — Eu juro pela minha vida.— Polly por sua vez sorriu de forma tão genuína. Seus olhos brilharam ao ouvir as palavras da bruxa, que doía, perfura a alma de Elenor a fazendo se sentir um monstro, um monstro que poderia se esgueirar num lar feliz de uma garotinha e assassinar seu pai a deixando sozinha e desnorteada.
Quando a garota começou finalmente a roncar levemente, a bruxa suspirou aliviada, colocou a cabeça dela sobre o colchão e abandonou-a, querendo suprimir toda aquela culpa crescente que surgira dentro de seu peito. Elenor deu alguns passos pelos corredores iluminados por lamparinas, respirando fundo e estralando os dedos, tentando se acalmar, mas o momento de paz não durou muito.
— Por que está me espionando? — Ela diz olhando de canto de olho para Derek que disfarçava horrendamente o susto que havia tomado.
— Oh, ann bem em pouco tempo Lune desligará as luzes, não deveria estar andando pelos corredores a essa hora se não quer ganhar uma bronca.— Elenor riu internamente ao ver o garoto tentando ser superior gaguejando.
— Não era você o rebelde?
— Fique quieta desgraçada, apenas me obedeça e vá para o quarto, as quartas sempre são bem ocupadas, precisará de energia. — Os insultos dele a fazia sorrir, ela sabia que, no fundo, ele era tão sensível ou até mais do que Polly. Elenor apenas se retirou, indo para o quarto, pensando, planejando o dia seguinte.
— Pode me lembrar o que eu ganho com isso mesmo?— Derek reclamava enquanto encarava a parede pálida do quarto, esperando Elenor se trocar
— Irei cumprir minha parte do trato quando necessário, agora você faz a sua — Ela se quer notou seu tom de voz mais grosseiro para Derek, estava tão irritada por aqueles trapos que pinicavam que ela tinha que vestir.
Ela coloca a mão no ombro do garoto avisando que estava pronta — Vamos? — A primeira coisa que Derek notou ao olhar para a imortal fora o casaco marrom que cheirava a dinheiro.
— Roubou de um dos seus clientes? — Ele fala apontando para o agasalho
— Ah! Isso? Eu... Achei no lixo, nada de mais. — A bruxa preferiu mentir do que explicar a situação deveras complicada que era Jason.
Assim que ela colocou os restos do café da manhã em sua bolsa, a bolsa que estava coberta por terra e rasgos, Derek a levou aos corredores onde ele usou as surpreendentes habilidades como ator para existir uma desculpa para que Elenor não fosse vista pelas próximas horas. E com isso feito, agora ela estava livre.
Demorou um certo tempo até ela relembrar o trajeto que ela fizera tão distraída a alguns dias atrás, o seu passo era apressado, não queria perder a oportunidade que lhe foi dada de esquecer por um segundo de seus problemas.
Ela reconhece a fachada do restaurante que agora não tinha mais policiais, caos e sangue por todo lado. Ela gela ao ver Jason sentado na mesa com uma garota, e aparentemente o encontro não estava muito bem, ele parecia pensativo, se quer olhava para o rosto da linda moça na frente dele, e ela estava de braços cruzados emburrada, sem dúvida, irritadíssima com a situação.
Elenor se xinga internamente, ela estava atrasada, ela dá o seu melhor para entrar no estabelecimento, mas assim que tenta surge uma pessoa em frente dela
— Não permitimos gente da sua laia aqui, por favor saia antes que eu tenha que chamar os seguranças — Ela paralisa sem saber o que fazer, ela apenas gagueja, mas para a sorte dela uma voz impede que ela seja chutada para a sarjeta
— Elenor! Que bom que você esta viva, relaxe, cavalheiro, ela está comigo! — Ele fica em frente ao garçom a defendendo. A imortal não pode evitar sorrir ao ver a gentileza dele.
— Incrível, simplesmente incrível, você não olhou na minha cara o encontro inteiro, foi incapaz de soltar frases com mais de duas palavras e agora está defendendo uma moradora de rua imunda? Prefiro me casar com ela, do que passar mais um segundo com você, e nem precisa se preocupar, paguei minha parte da conta. — A garota se levanta da mesa enfurecida e se retira, esbarrando propositalmente em Jason. Ele apenas ri da situação, uma reação muito diferente de alguns dias atrás. — Bem, agora vamos sair daqui — Ele entrega uma nota de dinheiro para o garçom e os dois saem do restaurante. Elenor estava quieta, sua consciência pesada se manifestava em um gosto metálico na sua garganta, parou de ouvir as palavras que saíam da boca dele faz tempo, até que ela sente ele a tocando, a trazendo para realidade
— Tá tudo bem? Estás tão quieta hoje, mas seus pensamentos estão tão altos que quase consigo ouvi-los.
— Me desculpa. Se eu não tivesse me perdido, poderia ter evitado que você fosse tratado daquele jeito. Ela encara o chão, cabisbaixa, enquanto envolvia seus dedos na manga da camisa numa tentativa de se acalmar.
— Do que você esta falando? — Ele solta uma risada alta — Eu não passaria mais nenhum segundo com aquela bruxa, quero dizer, com aquela megera—Ele se corrige rapidamente, e a bruxa apenas abre um sorriso — Eu que peço desculpas pela forma horrenda que tu foras tratada.
— Está tudo bem, eu sei que não estou muito apresentável.
— Acho que posso dar uma ajudinha. —Ele tira da maleta que sempre carregava um pacote embrulhado com todo cuidado que tinha uma etiqueta escrito:
para Teresa
— Ignore isso, ela não merece mais este presente, ao contrário de você. — Ela abre o pacote, revelando um vestido verde
— Você não precisava.
— Você parece estar desconfortável nestas roupas, o mínimo que podia fazer era ajudar uma amiga.
— Nós somos amigos?— Elenor estranhou, um garoto que conhecia apenas alguns dias a considerava como amiga?
— Oh, bem, eu não me incomodaria em ter você como amiga, mas se não for de seu interesse, eu entenderei.
— Relaxe, está tudo bem amigo — Ela fala com um sorriso estampado no rosto.
Jason a levou para uma pequena praça na parte rica da cidade, com flores lindas nos canteiros e um chão muito mais limpo do que os outros cantos que ela passou por aquela cidade
— Primeiro, veja se ela te faz se sentir bem, segundo verifique se vocês têm algum interesse ou ideal em comum, e terceiro e ultimo, se esforce para conhecê-la melhor e criarem uma conexão.
— E se ela fizer eu me sentir mal? — ele tinha a cabeça entre as mãos, ansioso.
— Relaxe, quando você encontrar a pessoa perfeita, você saberá exatamente oque fazer.
— Você é um amor Elenor, não sei o que faria sem você
— Mas... eu não fiz nada ainda
— Você tenta me ajudar ao em vez de gritar comigo, e para mim isso já é algo incrível.
— Não consigo entender como uma pessoa tão doce como você recebe tantas críticas e gritos.
— Acho que apenas não sou como as pessoas esperam que eu fosse — A imortal olha para ele se vendo naquela frase fez com que ela se inspirasse mais ainda para ajudá-lo
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