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※ Capítulo 12 ※

   Quase quatro semanas haviam se passado desde que Mayuri e Nemu iniciaram o projeto do novo soro no laboratório subterrâneo. Eles trabalharam arduamente, e quando finalmente chegaram ao resultado esperado, já passava das 03h00 de uma quinta-feira.

   Tamanho foi o susto de Akon ao chegar pela manhã ao laboratório, duas horas antes do início de seu expediente, e encontrar seu capitão e sua tenente dormindo lado a lado no sofá cama que ficava no escritório de Mayuri.

   A imagem inesperada causou um grande impacto no jovem cientista. Ambos estavam completamente vestidos e pareciam exaustos, mas algo não parecia certo.

   Nemu estava encostada no ombro de Mayuri e usava seu haori de capitão como uma espécie de cobertor, e Akon não poderia sequer imaginar Mayuri permitindo que alguém usasse seu haori. O capitão, por sua vez, dormia de lado, repousando seu queixo logo acima da cabeça de Nemu, e com um de seus pés entre os pés dela.

   Estava claro para Akon que tenente e capitão haviam trabalhado demais — no que quer que fosse aquilo que estavam trabalhando no subterrâneo — e acabaram dormindo no escritório do laboratório, mas ainda assim, a intimidade da cena era desconcertante para Akon, que saiu rapidamente dali para iniciar suas tarefas.

   Por volta de 8h30 da manhã, Nemu despertou. Sentia-se moída e triturada e não acreditou em seus olhos ao constatar que havia dormido por cinco horas ao invés de meros cinco minutos.

— Mayuri-Sama — ela o chamou delicadamente enquanto tocava em seu ombro.

— Uhm... — Emitiu um som aborrecido em resposta.

— Nós pegamos no sono, os cientistas já devem ter iniciado os trabalhos do dia...

— Que horas são? — perguntou após bocejar.

— Oito e meia, Mayuri-Sama — respondeu em voz baixa.

   Ele abriu os olhos e levantou-se lentamente.

— Certo, pegue o soro e vamos para casa.

   Nemu não entendeu ao certo por que iriam para casa ao invés de iniciarem o expediente, mas fez o que ele mandou. Ao sair do escritório ouviu ruídos, dedos digitando em teclados a toda velocidade e vozes contidas trocando informações. Quando a presença dela foi notada, todo o som que havia no laboratório deixou de existir e, não mais que de repente, Nemu sentiu os olhares de seus colegas pousaram em si.

   Ela seguiu caminhando em direção à escada que levava ao laboratório subterrâneo, perguntando-se internamente por que todos a encaravam, quando alguém interrompeu o silêncio:

— Está tudo bem, Nemu-San? — Era Akon. 

— Sim, está tudo bem — respondeu prontamente, não compreendendo a pergunta no primeiro momento e notando o olhar dele em suas roupas logo em seguida.

   Suas vestes de tenente estavam amarrotadas, e ela havia se dado conta apenas naquele momento de que usava o haori do capitão. Tentar explicar seria pior, então ela simplesmente seguiu em direção a escada antes que Akon fizesse mais perguntas.

   Ela pegou o soro rapidamente, colocou em um recipiente adequando dentro de uma caixa e aproveitou a oportunidade para checar sua imagem no espelho. Tirou o haori e o sacudiu pendurando-o em seu braço, usou a mão livre para pegar a caixa que continha o soro e subiu as escadas rapidamente a tempo de ouvir alguns dos cientistas dizendo:

— Você viu o cabelo dela? Estava todo bagunçado...

— Será que ela dormiu no laboratório?

— E por que ela está vestindo o haori do Taichou?

   Quando notaram a presença dela novamente um silêncio constrangedor invadiu o ambiente. Para tentar conter os ânimos, uma das cientistas interveio:

— Você passou a noite trabalhando, Nemu-San? — Deu um sorriso amarelo. — Por que estava vestindo o haori do capitão?

— Porque eu dei para ela usar  — disse Mayuri em tom grave ao sair de seu escritório.  — Cuide da sua vida ou é você quem vai passar a noite trabalhando no laboratório.

   Nemu entregou o haori a Mayuri que o vestiu lentamente enquanto encarava seus subordinados com seu olhar feroz.

— Akon está no comando, a tenente e eu estamos de folga hoje — declarou categórico.

   Dito isso, ele e Nemu se retiraram do laboratório, deixando para trás um constrangido grupo de cientistas.

   Ao chegarem aos jardins da 12ª divisão, Mayuri pegou a caixa das mãos de Nemu e sumiu num shunpo. Poucos minutos depois ele retornou com um sorriso maligno no rosto.

— Agora é só uma questão de tempo até podermos enviar o formulário.

— Colocou o soro no sistema de abastecimento de água, Mayuri-Sama?

— Precisamente  — ele respondeu, parecendo muitíssimo satisfeito.

   Ao chegarem em casa, Nemu se dirigiu a cozinha para preparar uma refeição enquanto Mayuri havia subido para se banhar. Após fazer chá, arroz e peixe grelhado, Nemu subiu para ver se Mayuri precisava de algo. A porta do banheiro estava entreaberta e havia vapor por todo lado.

— Quer aproveitar a água quente?  — perguntou ele, sem nenhuma malícia em sua voz.

— Quero.  — Tirou a roupa e se juntou a ele na banheira  — Já removeu toda a tinta?

— Já, essa é segunda água  — ele respondeu  enquanto fazia um movimento rápido com o dedo espirrando um pouco de água nela.

   Nemu encarou a água cristalina e quente da banheira enquanto prendia o cabelo.

— Eu fiz chá — comentou, soando um tanto pensativa.

— E?

— O que acontecerá conosco quando tomarmos a água? 

— Nada muito significativo, principalmente porque sabemos de antemão quais memórias serão afetadas, e nós temos muito mais "dados" em nossas mentes que nos permitem saber de toda a verdade.

— Então uma pessoa que nos conhecer um pouco mais pode continuar pensando em nós como parentes?

— Não consigo pensar em ninguém que tenha tantas informações ao nosso respeito a ponto de se tornar um problema.

— Mas...

— Está preocupada com Kyōraku?  — Mayuri lia as discretas expressões de Nemu com facilidade, e não foi difícil para ele concluir o que a incomodava. 

— Ele está ciente do incidente do jornal, não?

— De fato, é um ponto a ser considerado, mas eu não acredito que ele será um problema.

   O assunto não se estendeu, passados mais alguns minutos de limpeza e reflexão eles saíram do banho, comeram, e aproveitaram a tarde para descansar e repor as energias.

   O formulário solicitando permissão para o casamento foi enviado no dia seguinte, logo pela manhã, era uma sexta-feira e a resposta viria apenas na segunda.

   Nemu aproveitou a oportunidade para conversar a sós com Nanao e Matsumoto após a reunião de mulheres Shinigami no domingo a tarde. Embora Mayuri não soubesse, elas também haviam tido contato com a fatídica matéria de jornal que quase destruiu suas reputações.

   Elas estranharam a princípio, pois jamais imaginaram que um dia receberiam a notícia de que Kurotsuchi Mayuri se casaria, mas ao final de uma longa conversa e milhares de perguntas do tipo "como, onde, quando" e maiores detalhes sobre o romance, elas finalmente pareciam ter aceitado o fato e felicitaram Nemu pela novidade.

   Após conversarem sobre as questões sérias, Matsumoto Rangiku serviu o chá e mudou o tom da conversa:

— Conta para gente Nemu-chan! Vocês já fizeram?  — questionou com uma expressão de curiosidade.

— O que exatamente?  — perguntou Nemu.

— Como assim o quê?  — Riu um pouco.  — Você sabe, sexo...

— Rangiku-San!  — Nanao repreendeu, horrorizada com a pergunta de Matsumoto.

— Já fizemos  — Nemu respondeu sem emoção.

— Sério? E como foi?!  — perguntou Matsumoto entusiasmada.

   Nanao havia se transformado em um pimentão e estava boquiaberta com a tranquilidade de Nemu.

— Superou todas as minhas expectativas.  — Fez uma pausa, parecendo refletir seriamente sobre o assunto.  — Eu havia lido em diferentes fontes que as primeiras vezes de uma mulher podem ser muito dolorosas, mas as minhas não foram, ele se certificou de fazer várias coisas antes para que fosse prazeroso para mim.

— O que ele fez?  — perguntou Matsumoto. 

   Nanao já havia desistido de cortar o assunto e agora também parecia interessada.

— Várias coisas, ele disse que se chamam "preliminares"  — respondeu Nemu.

— Ah que sorte a sua Nemu-chan! Ele parece um homem muito experiente, e isso torna tudo muito mais fácil e divertido. Não há nada pior na vida do que dormir com um homem que não sabe o que está fazendo!  — disse Matsumoto.

— Concordo. Embora eu ainda esteja passada com o fato desse homem ser o Kurotsuchi Taichou  — ponderou Nanao.

   Matsumoto concordou rindo.

— Ele é muito pervertido? Pede para você vestir coisas diferentes? Se fazer de difícil ou algo do tipo?

— Não  — respondeu Nemu ainda ponderando sobre a pergunta.  — Ele me disse que não aprecia timidez e que eu não devo esperar ele tomar a iniciativa sempre, e que já que passamos a nos relacionar dessa forma eu deveria ser direta e procurá-lo sempre que desejasse, e que se houvesse algo em particular que eu não gostasse eu deveria avisá-lo.

   As amigas pareciam boquiabertas com o que acabaram de ouvir.

— Nemu-chan, você tirou um bilhete premiado!  — brincou Matsumoto.  — Já acertou o homem logo de cara, se você soubesse a quantidade de Shinigamis incompetentes nesse quesito...

— De fato, pode levar até um século para encontrar o amante apropriado  — Concordou Nanao.  — Acredito, inclusive, que muita gente até desiste de tentar após algumas experiências desagradáveis. 

— Humm, falou como uma mulher experiente, Nanao-chan!  — Matsumoto a provocou. 

— Calada!  — Esbravejou Nanao.  — Por falar nisso, não sente falta de ter um homem para aquecer sua cama?

 — Claro que sinto.  — a ruiva concordou sem o menor constrangimento.  — Mas o único homem capaz de me satisfazer completamente está morto, e considerando que não há ninguém a altura dele por aqui, posso dar conta de mim mesma usando aqueles brinquedinhos legais do mundo humano...

 — Hisagi é louco por você, sabe disso  — disse Nanao. 

— Pobrezinho, ele não consegue nem flertar sem ter uma hemorragia nasal  — Revirou os olhos.  — Até meus dedos me servem melhor. 

   Ao ouvir o nome de Hisagi, Nemu se perguntou se ele já era interessado em Matsumoto na época em que a convidara para sair, e imaginou que, talvez, naquele tempo ele também estivesse em busca de um brinquedinho, já que não tinha acesso ao que realmente desejava. 

   As três mulheres conversaram um pouco mais e depois seguiram seus caminhos.

   Nemu voltou para casa aliviada naquele dia, ela havia resolvido a questão do excesso de dados que suas colegas possuíam, sem ter de aborrecer Mayuri, e ainda puderam se divertir conversando sobre outras coisas. 

   Ela imaginou que talvez a formação e manutenção das amizades também estivessem intimamente ligadas a atitude, e após sua recente viagem ao mundo humano, sentia-se mais confiante ao interagir com outras pessoas. Talvez ela realmente tivesse amigas, afinal de contas.

   Era domingo a tardezinha e, como de costume, Nanao ia para a casa de Kyōraku após a reunião de mulheres Shinigami.

— Tadaima  — cumprimentou enquanto tirava os sapatos para entrar em casa.

— Okaeri  — Kyōraku respondeu da cozinha.

 — Que cheiro bom! — elogiou enquanto caminhava até ele.

— O gosto deve estar ainda melhor, pode arrumar a mesa para nós Nanao-Chan? — pediu com seu tom brincalhão usual.

— É claro. — Foi colocando as tigelas e demais utensílios na mesa baixa. — O que está cozinhando?

— Um ensopado muito especial.

— Hum, é melhor estar bom mesmo, ou você vai dormir no sofá! 

   Eles se sentaram e jantaram juntos calmamente. O ensopado estava delicioso, e após o jantar Kyōraku serviu um chá para Nanao enquanto ele tomava saquê.

— Nanao-Chan?

— Sim?

— Você e Nemu são amigas, certo?

— Pode-se dizer que sim — disse após tomar um gole de chá. — Não trançamos o cabelo uma da outra nem nada do tipo, mas acho que somos amigas sim.

— Ela comentou algo sobre o casamento?

— Como sabe?! — Indagou engasgando levemente com o chá. — Esse tipo de questão burocrática não chega ao seu gabinete, e eu só soube disso hoje.

— É claro que eu não devo ser avisado sobre formulários solicitando permissão para casamento de cada pessoa da Seireitei, mas... — Deu um gole no saquê. — Estamos falando de um capitão e uma tenente, e houve certa comoção por parte de um Shinigami em particular...

— Que tipo de comoção? — Ajeitou os óculos e fechou o semblante.

— Aparentemente Hisagi tem amigos no cartório, e você sabe como as pessoas são, não é todo dia que membros do alto escalão do Gotei 13 solicitam permissão para casar, as pessoas comentam...

— Claro, mas o que Hisagi tem a ver com isso?

— Pelo que eu soube ele demonstrou preocupação, disse aos membros do cartório que Kurotsuchi era abusivo e não deixava Nemu sair de casa ou se relacionar com outras pessoas, e que muito provavelmente esse casamento era forçado, então o chefe do cartório se viu obrigado a encaminhar o caso a mim e solicitou uma apuração dos fatos...

— Bem, com a fama do Kurotsuchi Taichou, não me admira a atitude dos membros do cartório, mas o fato é que Nemu o ama, apesar dele ser um maluco desagradável e arrogante.

— Você deduziu ou ela te disse isso?

— Ela mesma nos disse, para mim e Matsumoto, e é nítido que ela realmente o ama.

— Que péssimo gosto sua amiga tem. — Ele riu.  — Mas apesar de eu confiar no seu julgamento, haverá uma reunião para decidir sobre o caso, e isso independe da minha vontade, uma vez tendo sido solicitado por um órgão competente e considerando que se tratam de pessoas do alto escalão, eles terão que passar pelo constrangimento de uma audiência perante mim e mais seis capitães, que já está agendada inclusive.

— Quando será a audiência? — Nanao perguntou em tom preocupado.

— Amanhã a tarde.

— Quem irá compor a mesa?

— Soi Fon, Hitsugaya Toushirou, Zaraki Kenpachi, Hirako Shinji, Kuchiki Byakuya e Kuchiki Rukia.

— Não sei se gosto dessa combinação...

— Foi por sorteio.

— Ela precisa ser avisada! — Levantou-se.

— A diligência de notificação está marcada para amanhã de manhã, mas se você desejar avisá-la agora não irei te impedir.

   Nanao enviou uma borboleta do inferno para avisar Nemu sobre o que estava por vir, e aproveitou para alertá-la sobre quem iria compor a mesa para julgar seu caso. Ela esperava que isso pudesse gerar alguma vantagem a amiga.

   Nemu e Mayuri estavam sentados na varanda quando a borboleta do inferno chegou com a mensagem, eles ouviram em silêncio, de certa forma já sabiam que isso poderia acontecer.

— Pelo menos ninguém falou absolutamente nada sobre incesto — disse Mayuri.

— Eu não entendo, por que Hisagi se intrometeria dessa forma? — Nemu questionou. — Eu soube que ele tem interesse em Matsumoto Rangiku...

— Existem milhares de teorias que poderiam responder esta questão — Mayuri respondeu em tom grave. 

— Não entendo a motivação, Mayuri-Sama.

— Hisagi tem complexo de herói. — Suspirou profundamente. — Ainda que suas intenções ao abordá-la não fossem nada puras, ele jamais irá pensar em si mesmo como um cafajeste. Provavelmente acredita que está fazendo uma coisa boa, lutando para livrar a tenente Nemuri de seu capitão carrasco. 

— Não me lembro de vocês terem tido algum desafeto...

— Nenhum em especial, mas isso nunca foi um pré-requisito para alguém ter uma má opinião ao meu respeito. — comentou despretensiosamente. 

   Nemu sabia que o que ele dizia era verdade, muitas pessoas não nutriam simpatia por Mayuri e haviam inúmeras razões para isso. E embora ela sentisse que ele estava ocultando algum tipo de informação, preferiu deixar o assunto morrer.

   O fato de ninguém ter mencionado a palavra "incesto" era realmente uma boa notícia. Significava que, apesar dos pesares, o soro havia funcionado.

— Será que conseguiremos permissão, Mayuri-Sama? — Nemu perguntou encarando-o por um momento. 

   Ele parecia pensativo enquanto mantinha o olhar voltado para os jardins da 12ª divisão.

— Fazer as coisas do jeito "certo" sempre requer um pouco mais de esforço, auto controle e trabalho duro. Precisamos de apenas três pareceres favoráveis além do aval do comandante, então creio que nos sairemos bem. — Ele soava como se dissesse aquelas palavras mais para si do que para ela.

   Nemu sabia o quão difícil era para Mayuri manter a serenidade na situação em que se encontravam, sobretudo porque ele era um homem que sempre tinha tudo sob controle — até mesmo a morte — e saber que estava em uma situação vulnerável, onde terceiros tinham o poder para influenciar em seu futuro, o tirava do sério.

   Ela tinha pensado em conversar com ele sobre as perguntas que potencialmente poderiam ser feitas na audiência, mas no fim, achou que faria mais mal do que bem, e que a melhor estratégia seria deixá-lo em paz para que estivesse de bom humor no dia seguinte.

   Na segunda-feira, como o esperado, a diligência trouxe a comunicação oficial para a reunião que ocorreria na tarde daquele mesmo dia.

   Nemu e Mayuri se concentraram nos trabalhos naquela manhã e em momento algum mencionaram a reunião. Quando chegou a hora do almoço, Nemu disse que gostaria de comer sanduíches naquele dia e Mayuri pediu que ela trouxesse dois para ele também, pois almoçaria no escritório. Ambos trabalharam um pouco mais após o almoço, e quando faltavam vinte minutos para as 16h, encerraram as atividades do dia, se arrumaram rapidamente e foram até o local da audiência.

   Mayuri usava seu traje normal de capitão, suas pinturas do rosto haviam sido feitas em estilo "faraônico" aquele dia, combinando com os adereços metálicos que lhe conferiam uma aparência robótica, e os cabelos estavam penteados para trás e quase completamente cobertos por um chapéu branco de formato peculiar que ele usava com certa frequência.

   Nemu usava seu tradicional uniforme de tenente, sua gargantilha de veludo vermelho, mas diferente do usual, prendeu os cabelos em um coque.

   Chegaram 16h em ponto ao local da reunião e entraram no recinto onde seria realizada a audiência. Os capitães já estavam em seus lugares junto ao comandante, todos em pé — como de costume — e quando Nemu e Mayuri chegaram até o meio do salão, onde podiam ser vistos e ouvidos por todos os presentes, a audiência foi iniciada.

— Como sabem, estamos aqui hoje para tratar da acusação feita contra o capitão Kurotsuchi, que recentemente solicitou permissão para casar-se com sua tenente Nemuri, e que segundo informações externas, poderia tratar-se de um casamento forçado, bem como de uma relação abusiva. Quero que se pronunciem sobre as acusações, começando pela tenente — Anunciou Kyōraku, com as devidas formalidades. 

—  As acusações são falsas, comandante — Nemu respondeu prontamente e sem qualquer emoção.

—  Kurotsuchi Taichou? — Kyōraku olhou na direção de Mayuri.

—  São falsas e completamente descabidas — afirmou calmamente.

— Como ambos negam as acusações, cada um dos capitães fará algumas perguntas a fim de que possamos chegar a um veredito ainda hoje. Por gentileza tenente, aguarde lá fora até ser chamada — disse Kyōraku, fazendo uma gentil menção para que ela se retirasse. 

   Nemu lançou um rápido olhar a Mayuri antes de se retirar, ele não esperava que fossem interrogados separadamente e ela sabia disso. Ele também compreendia que o olhar dela era uma forma de dizer que tudo ficaria bem, e que ele não deveria perder a compostura.

   Quando a porta se fechou atrás de Nemu,  Kyōraku retomou a reunião.

— Soi Fon, pode iniciar com as perguntas —  ordenou o comandante.

—  Quando foi que essa relação foi iniciada? —  perguntou a capitã da 2ª divisão, dirigindo-se a Mayuri.

—  Há aproximadamente um mês — ele respondeu sem pestanejar.

—  Não é um tanto prematuro pedir alguém em casamento com apenas um mês de relacionamento?

— Não quando se convive com alguém por tanto tempo como a tenente e eu.

— A tenente concordou com o seu pedido de livre e espontânea vontade?

—  Sim. — Mayuri respondeu de forma categórica.

—  Sem mais perguntas, comandante —  encerrou Soi Fon, dirigindo-se a Kyōraku.

   O começo foi tranquilo, Soi Fon era o tipo de capitã que não se importava com quase nada além de seus deveres e devia estar odiando ter que participar de uma audiência cujo propósito era tomar uma decisão a respeito da vida pessoal de um dos capitães.

   Kyōraku fez um sinal com a mão para que Hirako Shinji desse continuidade às perguntas.

—  É correto dizer que você e a tenente moram juntos? —  perguntou o capitão da 5ª divisão.

—  Sim.

— Há quanto tempo exatamente?

—  Desde sempre — Mayuri parecia desconfortável com o rumo das perguntas.

—  E por que decidiram se casar agora, após tantos anos de convivência sob o mesmo teto?

—  Porque não nos víamos dessa forma antes e não fazia sentido. — Suspirou profundamente. — Só muito recentemente decidimos nos relacionar dessa maneira.

   O olhar de Shinji transparecia ceticismo e um pouco de divertimento.

— Sem mais perguntas, comandante.

   O próximo a perguntar era o conservador Kuchiki Byakuya, Mayuri não suportava o ar de superioridade daquele homem e odiava o fato de ter que dar satisfações sobre sua vida, especialmente para alguém como ele.

—  A tenente Nemuri pode ser considerada uma de suas "criações" Kurotsuchi Taichou? — perguntou o capitão da 6ª divisão.

—  Sim — Respirou fundo tentando conter a irritação. — Mas ela é mais do que isso.

—  Nós sabemos que a tenente Nemuri possui habilidades extraordinárias e que ela merece a patente que recebeu. — Fez uma pausa, olhando-o atentamente. — No entanto, embora trate-se de um membro do gotei 13, ela ainda é uma alma modificada. Não seria correto afirmar que ela não possui livre árbitro e estaria a mercê das decisões de quem a criou?

—  Não, não seria — respondeu em tom grave, e o clima no salão se tornou tenso. — Nemu poderia ser considerada uma "criação" minha a princípio, o corpo dela foi desenvolvido a partir de tecnologias gigai e gikon, dentre outros processos tecnológicos de maior complexidade os quais seria impossível explicar para leigos, mas o fato é que ela é perfeitamente capaz de aprender e se desenvolver sozinha, bem como tomar suas próprias decisões.

—  Em que momento e contexto foi descoberto que ela poderia evoluir sozinha? — Byakuya questionou com seu tom inalterável.

— Em vários momentos ela demonstrou comportamento inteligente, individual e curioso, mas a "morte" dela durante a guerra ocorreu, tão somente, porque ela desobedeceu ordens diretas minhas, o que prova de maneira definitiva que ela é perfeitamente capaz de tomar decisões sem mim.

   Neste momento os capitães se entreolharam e pareciam concordar silenciosamente que Mayuri era, de fato, maluco. O esforço que ele fazia para manter a calma e a compostura  era sem precedentes.

— Sem mais perguntas, comandante — finalizou Kuchiki Byakuya.

   Hitsugaya Toshirou, capitão da 10ª divisão iniciou:

— Sobre as acusações de comportamento abusivo para com a tenente, o que tem a dizer?

—  Absolutamente nada — ele respondeu com firmeza. — A única pessoa que tem o direito de dizer se meu comportamento foi ou não abusivo é Nemu.

—  Sem mais perguntas, comandante.

   Hitsugaya devia sua vida a Mayuri, se não fosse por ele, teria morrido durante a guerra dos mil anos, e em que pese o fato dele achar  — assim como todos os presentes —  que Mayuri era um cientista louco, não se sentia confortável em ter que questioná-lo sobre coisas tão pessoais. Outro fator importante é que sua tenente, Matsumoto Rangiku, era amiga de Nemu e havia lhe dito de forma categórica que a união entre ela o capitão era consensual.

   O próximo a perguntar era Zaraki Kenpachi, capitão da 11ª divisão, considerado por muitos o mais sanguinário de todo o Gotei 13.

   Não era segredo que Mayuri desprezava a 11ª divisão por serem fanáticos pelo combate e completamente alheios a atividades intelectuais, como as que eram realizadas pela 12ª divisão.
No entanto, Mayuri também havia trazido Zaraki de volta dos mortos durante a guerra, e apesar da antipatia mútua, eles certamente respeitavam um ao outro como capitães.

—  Mas que saco. — Bufou Zaraki, claramente descontente por estar ali. — De todas as mulheres que você poderia escolher, por que justamente essa? Você já devia prever a dor de cabeça que tudo isso ia causar.

— A dor de cabeça, meu caro Zaraki, poderia ser evitada se as autoridades focassem em questões importantes ao invés de meter o nariz na minha vida privada — respondeu Mayuri em um tom que ficava entre a ironia e o deboche.

   Zaraki deu de ombros, ele mesmo havia se casado com uma mulher do alto escalão e certamente não gostaria de ter sua vida questionada daquela maneira. Quando comentou com Isane o motivo da bendita reunião para a qual foi convocado, ela havia dito que tudo aquilo era um grande ultraje, e sua esposa sempre tinha razão. 


— Sem mais perguntas, comandante.

   A última a perguntar era a capitã da 13ª divisão, Kuchiki Rukia, irmã de Byakuya.
Ela também era casada com alguém do alto escalão, o tenente da 6ª divisão Abarai Renji, mas ela pertencia ao clã nobre Kuchiki, um dos mais conservadores de toda a Seireitei, então era bastante difícil imaginar que posição ela tomaria.

—  Kurotsuchi Taichou, você ama a tenente Nemuri? — Rukia perguntou. 

—  Não vejo relevância na questão —  respondeu soando impaciente.

   Rukia franziu a testa por um momento.

— É uma questão bastante simples, se a pediu em casamento, é errado pressupor que a ama?

—  Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra, sendo de uma casa nobre você deve saber que as pessoas normalmente se casam por motivos racionais e por conveniência de ambas as partes e não por questões subjetivas.

—  Então está dizendo que não a ama? — Insistiu, encarando-o seriamente. 

— Eu sou um cientista, não respondo a esse tipo de sentimentalismo barato ou a qualquer tipo de questão intangível.

   Rukia permaneceu séria e sinalizou ao comandante que havia terminado com suas perguntas.

—  Você pode esclarecer para nós, Kurotsuchi Taichou, quais são as conveniências envolvidas nesse matrimônio? —  perguntou Kyōraku.

   Mayuri revirou os olhos e respirou profundamente. Aquela reunião estava saindo pior do que ele poderia imaginar.

—  Não é óbvio? Eu sou um homem, ela é uma mulher, somos ambos cientistas, financeiramente independentes, membros do alto escalão e com status compatível, além de ter interesses, hábitos e formas de passar o tempo livre bastante semelhantes. Não há absolutamente ninguém em toda Soul Society que seja mais compatível comigo do que ela ou vice versa.

   Novamente os capitães se entreolharam, pois ouvir Kurotsuchi Mayuri dizendo aquele tipo de coisa era algo que nenhum deles jamais imaginou presenciar.

—  Certo, retire-se e mande a tenente Nemuri entrar — ordenou Kyōraku.

   Mayuri retirou-se da sala e fez um gesto para que Nemu entrasse, sem olhar para ela. Ela sabia que ele estava extremamente irritado e também não fez contato visual.

   Quando a porta se fechou ela caminhou até o meio do salão.

— Acredito que tenha ouvido o que foi dito até agora, não? — disse Kyōraku, pois sabia que tanto Nemu quanto Mayuri tinham modificações no corpo que os permitia ouvir tudo que havia sido dito na sala, mesmo a portas fechadas.

— Sim, comandante — respondeu tranquilamente. — Peço permissão para falar livremente.

   Kyōraku assentiu com a cabeça, enquanto os demais capitães pareceram surpresos com sua iniciativa. 

— Eu sei que muitos de vocês ou talvez todos devem ter sido pegos de surpresa com a notícia de que Mayuri-Sama e eu decidimos nos casar, e que talvez pareça uma decisão prematura de nossa parte, mas eu devo dizer que os meus sentimentos por ele são muito antigos, e que embora nossa relação tenha sido iniciada há apenas um mês, eu não poderia estar mais feliz e satisfeita do que estou agora, e espero que não tentem impedir nossa união.

   O silêncio na sala era ensurdecedor. Os capitães pareciam atônitos com a fala dela, tendo sido pegos completamente de surpresa.

—  O quão antigos são esses sentimentos? —  perguntou o comandante visivelmente interessado.

—  Desde antes da guerra — afirmou categórica.

   Os capitães se entreolharam e Nemu rapidamente retomou sua fala:

—  Eu também sei que muitos aqui pensam que sou uma espécie de substituta ou cópia da tenente Nemuri que viveu antes da guerra, mas eu devo adverti-los que sou a mesma. Assim como os capitães da 10ª e 11ª divisão, eu também fui trazida de volta a vida, com o agravante de ter tido o meu corpo completamente destruído. — Fez uma pausa, encarando os capitães mencionados. — Mayuri-Sama conseguiu recuperar meu cérebro após a batalha, mas eu tive que desenvolver meu corpo novamente do zero, passando pela infância e adolescência num processo acelerado de desenvolvimento, até chegar na idade adulta novamente. Meu cérebro, minhas memórias e meus sentimentos, assim como a minha aparência, são os mesmos de antes.

   Aquela informação foi como um soco no estômago para a maioria dos presentes, ninguém esperava uma explicação como aquela, achavam que Mayuri era um cientista maluco e não faziam ideia de que Nemu era, na realidade, a mesma Nemu de antes.

— Quando exatamente você passou a nutrir sentimentos pelo Kurotsuchi Taichou?

— É difícil dizer o momento exato. Aconteceu de forma natural e gradualmente, mas se eu tivesse que escolher um dia como o "início" eu diria que foi no primeiro festival de ano novo em que a capitã Kuchiki Rukia apresentou uma dança tradicional — Fez uma pausa, olhando para a mencionada mulher. — Na época em que ela era 3° posto. 

   A clareza nas respostas dela e sua naturalidade deixava todos boquiabertos.

—  E o capitão Kurotsuchi retribuía os seus sentimentos? — continuou o Comandante. 

—  Não, ele não sabia. Eu apenas expus meus sentimentos muito recentemente e honestamente eu não esperava que ele fosse aceitá-los e estou feliz que o tenha feito.

—  Você concorda com o que ele disse sobre as motivações que os levaram a decidir se casar? 

—  Sim e não. — Suspirou por um momento. — Eu entendo o posicionamento dele e o respeito muitíssimo, concordo que há muitas conveniências em nos casarmos, mas apesar de também ser uma cientista, não tenho problema algum em lidar com questões intangíveis, e posso dizer seguramente que o amo.

   Nemu dizia tudo aquilo com sua mais inabalável cara de paisagem, o que aumentava o contraste de sua fala e a surpresa dos ouvintes.

— E o que tem a dizer sobre as acusações feitas a respeito do comportamento de seu capitão?

—  São completamente falsas. Não há abuso ou incômodo algum na minha relação com Mayuri-Sama. No início não compreendi porque Hisagi-San diria esse tipo de coisa, e a única explicação que me ocorre é que ele não gostou de eu ter dito não quando ele me convidou para um encontro no passado.

   Houve alguns risos abafados, por parte do comandante inclusive, pois era muitíssimo cômico imaginar Hisagi como um Shinigami sofrendo de "dor de cotovelo".

—  Acredito que temos informações o bastante. Vocês receberão o veredito ainda hoje, por hora estão dispensados. — Fez uma pausa olhando em direção a porta fechada. — Você ouviu, Kurotsuchi-San?

— Ouvi.

   E assim a reunião foi encerrada. 

   Na volta para casa Nemu e Mayuri não conversaram sobre absolutamente nada. Os dados haviam sido lançados e ambos sabiam que só lhes restava esperar. 

   Tudo aquilo havia sido muitíssimo desgastante, mas o fato do incesto não ter entrado em pauta fazia todo o esforço que tiveram para desenvolver o soro ter valido a pena.

   A noite, após terminarem o jantar, foram se sentar na varanda e beber saquê. Não demorou muito para que ambos sentissem uma reiatsu muitíssimo conhecida se aproximar.

—  O normal seria enviar uma diligência, mas eu decidi vir pessoalmente informá-los sobre a boa notícia —  disse Kyōraku, aproximando-se da varanda.

   Nemu foi rapidamente buscar mais um copo para servir saquê ao comandante. Mayuri fez um gesto para que ele se sentasse e bebesse com eles.

—  O conselho de capitães decidiu, por unanimidade, permitir o casamento. O relatório já foi enviado para o cartório e vocês poderão formalizar a união a partir de amanhã.

—  Um brinde a isso! — ironizou Mayuri, levantando seu copo.

 Kampai! — brindaram os três.

   Nemu havia servido petiscos  e Kyōraku ficou até terminarem a segunda garrafa de saquê. Quando ela se levantou para recolher os pratos e levá-los para a cozinha, os dois homens ficaram a  sós por um momento.

— Fiquei muito satisfeito com o resultado da audiência de hoje, embora haja um detalhe bastante inquietante em tudo isso. — disse Kyōraku, levantando-se para ir embora.

— E o que seria? —  questionou Mayuri, olhando o comandante nos olhos.

— Eu me lembro daquela manhã divertida que tivemos muitos anos atrás, conversando com o pessoal do jornal à respeito de uma certa matéria...

— E?

— E eu achei curioso que, dentre as tantas perguntas que foram feitas hoje, ninguém se referiu ao suposto "parentesco" entre você e Nemu, aquele que foi mencionado pelo jornal. — Sorriu significativamente. 

   Mayuri riu por um momento

— Nós cuidamos muito bem de tudo referente aquela matéria, e eu sou grato pela ajuda que me deu na época. Acredito que ninguém mencionou nada a respeito pelo mesmo motivo que ninguém menciona o fato de Ise Nanao ser sua sobrinha. — Fez uma pausa, devolvendo o sorriso maliciosamente. — Eles simplesmente não tem essa informação.

   Kyōraku sorriu ao notar a presença de Nemu na porta, fez um sinal cumprimentando-os, e se retirou sem dizer mais nada, com um sorriso discreto nos lábios.

   Naquele momento, Nemu finalmente compreendeu o significado da expressão "telhado de vidro".

—  Você se saiu muito bem hoje —  disse Mayuri, dirigindo-se a Nemu quando já se encontravam em seus aposentos. — Podemos formalizar o casamento amanhã de manhã.

   Ela sorriu e concordou com a sugestão dele.

   Na manhã seguinte eles formalizaram o casamento. Hisagi ficou sabendo de todo o ocorrido através de seus amigos do cartório, mas teve de engolir a frustração em silêncio, uma vez que não desejava que a fama de "shinigami com dor de cotovelo" acabasse repercutindo por toda a Seireitei.

   Não houve festa de casamento, mas eles viajaram ao mundo humano para caçar espécimes, adquirir alguns livros raros e passar um tempo de qualidade longe do laboratório. Por estar particularmente de bom humor, Mayuri sugeriu que Nemu escolhesse algumas das atividades que realizariam enquanto estivessem fora.

   Ela quis cantar em um karaokê e ele detestou a ideia. Mas perfeição era um conceito que ele odiava com todas as forças, então o fato dela sugerir uma atividade que ele não via propósito não o incomodava, pois mostrava o quão imperfeita era relação deles.

   A dita imperfeição era a prova de que todas as coisas, assim como a ciência, deviam buscar  evolução de forma contínua, e esse era um valor quase sagrado para Mayuri.

   Nemu sabia que sua "viagem" havia terminado ao recuperar suas memórias do passado, e que uma nova se iniciou no momento em que Mayuri a pediu em casamento, e apesar de sua constante cara de paisagem, sentia-se a mulher mais feliz de todas.

   No fim, Mayuri concordou em cantar em  dueto com ela no karaokê, e ao retornarem a Seireitei ele foi capaz de reproduzir perfeitamente a iguaria humana — também chamada de sorvete — que Nemu tanto gostava.  Ele podia não acreditar em amor, mas para Nemu, isso não fazia a menor diferença.

https://youtu.be/T-d9uDDxeZc

   A obra foi inspirada na canção acima. Obrigada por lerem! ❤️

   Este é, oficialmente, o capítulo final de "A Viagem de Nemu". No entanto, há um capítulo bônus na sequência, que foi originalmente postado como uma One-Shot em outra plataforma. O objetivo é mostrar a dinâmica de Nemu e Mayuri pós casamento, e também o que ficou apenas implícito no capítulo 11. 

Agradeço a todos que apoiaram AVDN até o fim, e espero que gostem do bônus. ~Beijinhos de raposa. 

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