5. estrada
De volta ao mundo de Melina
Melina estava em seu quarto de hotel, exposta a devaneios incertos e cobertos de desventuras.
Finalmente chegara aonde sempre sonhou, mas porquê tornara-se um grande e completo fardo era um questionamento que se fazia quase sem pensar.
Ela olhava e ré-olhava as mensagens e o "chat" com Rúbem, mas ele não dera nenhum retorno, nem um sinal, nada. Mas o que ela queria? Se ao menos uma vez ela buscasse ter empatia, conseguiria entender o que de fato é o amor, e entenderia que o seu Bem a amava.
Porém, deixando seus pensamentos vacilantes de lado, optou por visitar o Centro de Turismo da cidade, para confirmar e assinar todas as papeladas e começar a trabalhar. Estava ansiosa e viajara com este propósito. Viajar, de fato, sempre fora seu sonho, mas trabalhar com o que estava formada, tornou-se pouco a pouco a maior meta quase inalcançável de sua vida, dá para imaginar as sensações e o sentimento dela ao estar ali, mesmo que, diga-se de passagem, ela tenha feito uma burrada — nada que possa admirar quem estiver interessado pela história dela.
Ela foi, em um táxi qualquer, para seu destino, fez tudo o que tinha que fazer — particularmente, todas as burocracias de um processo podem ser descartadas — e seguiu de volta para casa, ciente de que, por um período, atuaria como Receptiva, encarregada de criar programas de atividades para recepcionar o turista que chega à região.
Melina decidiu ir de táxi até uma determinada área próxima de seu hotel, para caminhar até lá e observar um pouco mais da estrada que se seguia. Notava pouco a pouco ilustres e admiráveis áreas verdes, enormes prédios e elegantes, com diversos estilos de artes modernas e antigas, pessoas amigáveis passeando enquanto conversa com um conhecido e até ciclistas, pedalando sem parar em pleno pico solar.
A Bélgica era um sonho, assim como todos os países vizinhos. Melina sentia-se bem ali, porém, faltava-lhe algo, então, para preencher o momento, ela se sentou um banco por ali e ligou para a mãe. Com uma visão da lagoa ao longe, ela respirou fundo o ar extremamente puro e contou a mãe o quanto ela se sentia em um filme bem clichê.
Porém, a mãe sabia muito bem que sua filha saberia e tentaria esconder a sua angústia em uma tamanha camada de euforia, cá entre nós, a mãe dela só queria que ela ficasse realmente feliz, por isso não mencionara o Rúbem. E ela não sabia ainda que ele a beijara.
Ao desligar seu telefone, Melina ainda continuou ali, observando o horizonte, observando para além da estrada e de tudo o que a cercava.
Então ela, um pouco desesperançada, seguiu para o hotel, vasculhou seus pertences no quarto e encontrara um caderno velho nunca usado. Pegou-o e decidiu por vez que seria difícil e complicado conseguir novas pessoas para preencher o vazio que sentia, então, começou a escrever um diário. Seria um quase diário de viagem, ela poderia conferi-lo sempre que quisesse, mesmo que de todo o modo, a viagem não corria mais como ela esperava ocorrer.
"Oi! Aqui é a Melina. Estou na Bélgica, onde sempre quis estar. Sinto que cometi um erro. Sinto saudades do Bem. Suponho que o amo."
Ela fechou os olhos e conteve as lágrimas que insistiam em se desenrolar pela sua face, seus pensamentos queriam se libertar daquela maneira, porém ela insistia em mantê-los fechados e encarcerados no mais profundo poço de sua mente e coração. Sentimentos que desmoronam.
Esse era o fardo de amar, afinal?
Ela percorreu os dedos pela folha, de aspecto velho e empoeirado, eis que estivera, aquele caderno, presente em diversos momentos aleatórios. Ele é mais útil do que se possa imaginar, ele cumpria o papel próprio da mente de sua dona, pois guardava em si as memórias e as imagens dos dias vividos, mas nunca escritos.
Demorou um tempo até que Melina decidisse e encarasse com determinação o seu novo diário.
"Eu o amo. Estive errada por muito tempo, enganando a mim mesma e não percebendo os sinais. O Rúbem me ama e eu o amo também. Agora, em minha viagem, que sempre sonhei, há uma angústia em meu peito, eu o deixei lá e, sim, corro o risco de não o vê-lo mais. Nunca mais. Sou incapaz de permitir que qualquer outra pessoa sinta o que estou sentindo agora, mas, faço de ti, a única pessoa capaz de suportar um peso, que, carrego e despejo um pouco em ti agora. Espero que, minha viagem seja útil para mim, que eu possa viver algo que, não será melhor que tudo que vivi no Peru, mas será ao menos satisfatório. Guardarei ele sempre em minha mente, mas o que dizer ou esperar dele? Guardar a garota que ele beijou, a mesma que correu para longe depois desse beijo e, como se não bastasse, voou para longe também, ainda egoísta, pedi que o mesmo me levasse e me visse partir, mas, se eu o visse no aeroporto, certamente não viajaria mais, pois estaria certa de que o amor é ávido e recíproco. Agora, pois, encontro-me totalmente ciente dos meus atos, trabalharei duro para me manter aqui e comprar o que quero. Mesmo que a minha própria felicidade não seja paga com dinheiro. Essa é a minha quase-carta para Rúbem, o garoto que, de fato, roubou o meu coração."
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Obrigada por ler até aqui.
Em breve o próximo capítulo.
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