Capítulo XXXV
Tessa
Acordo e faço tudo diferente do que fazia antes. Depois do banho, decidi deixar o meu cabelo solto, sem fazer chapinha ou algo para acabar as suas ondulações. Meu traje, antes simples e opaco, se tornou numa camisa roxa e uma calça preta e uma bota cano da mesma cor. Resgatei-as na última gaveta do meu guarda roupa, nunca havia usado elas, mantinha-as comigo apenas por serem presentes de Amber e Vick.
Depois de tantas lágrimas derramadas na noite anterior, decido-me que hoje vai ser diferente e que não irei mais chorar por nada. Não sabia o motivo de tamanha mudança, é como se o meu corpo quisesse aquilo. Me sinto forte e poderosa o bastante para tudo que acontecer.
Retiro do fundo da gaveta da penteadeira um batom vermelho e passo ele nos meus lábios.
Ergo o queixo, pondo os ombros para trás dando uma pequena risada para meu reflexo.
Levanto da cadeira, tomo o meu remédio, e pego a minha mochila, retirando-se do quarto.
Desço as escadas vagamente, passando a mão no corrimão, com os olhos direcionados aos cantos da casa, que estão iluminados pelo sol. Chegando no último degrau, vejo a minha avó em pé, ao lado do meu avô que está sentado na poltrona, enquanto lê o jornal. Ambos me dão atenção ao perceber minha presença. Eles ficam boquiabertos e os seus olhos arregalaram.
― O que aconteceu com as suas roupas, querida? ― minha vó questiona, se aproximando.
― Resolvi mudar ― respondo, jogando os braços no ar.
― É o período dela chegando, Amália. ― comenta ele, voltando os seus olhos para o jornal.
― Período? ― ela se virou para ele rapidamente negando com a cabeça, posicionando as mãos sobre sua cintura.― Seja o que for, os jovens de hoje em dia não são mais os mesmos de antes. ― Dá de ombros.― Vamos comer, Tessa? ― Volta os seus olhos para mim.
Nego com a cabeça e falo:
― Desculpa, mas não vai dá. Vô, você pode me deixar na escola? ― pergunto, desviando os olhos para o meu relógio de pulso.
Ele abaixa o jornal e retira seus óculos, deixando-o em cima da mesinha de canto.
― Tem certeza? Saco vazio não para em pé.― diz, arrumando a sua postura.
Afirmo com a cabeça e ele se levanta, pegando a chave do carro, enquanto a minha avó apenas observa com a expressão fechada.
― Você faz tudo o que ela pede mesmo em Hopper! ―exclama e sai depressa para a cozinha.
―Eu vou ficar bem! ― Grito para a minha avó, ao sair de casa.
***
Com os olhos vidrados a passagem fora da janela do carro, poderia recordar de como ia voando naquela bicicleta. O Adam ainda permanece em meu coração, uma pena não poder arrancá-lo e jogar fora. Mas foi só uma mentira.. . Não, não foi. Me corrijo mentalmente. Ele deixou a Melanie se passar por louca e ainda estava lhe fazendo de brinquedo. Tessa, você é mais do que isso.
— Filha… — meu avô chama minha atenção.
Ligeiramente, atendo passando a mão no rosto para analisar se há alguma lágrima. Felizmente, nenhuma.
— Sabe, antes de você entrar na sala e sua avó se intrigar com a sua mudança no modo de vestir, nós estávamos falando sobre o seu aniversário. Você vai querer uma festa?
De repente vejo que os meus 18 estão chegando, não havia prestado muito atenção na data. Fico boquiaberta e pego no meu celular para checar a data. Observando, conto os dias com o dedo polegar na tela do celular.
— Falta uma semana, Tessa. — diz meu avô negando com a cabeça. — Vai querer uma festa?
— Eu não sei direito vô. Vou pensar aí na volta da escola, lhe digo.
Sempre passei meus aniversários com minhas amigas da antiga cidade fazendo uma festa na qual quem participava só era nós três. Jamais tive uma festa como presente de aniversário.
Ao chegar em frente da escola meu avô para o carro, tiro o cinto e pego minha mochila , saindo para fora do carro.
Não demorou muito para meu avô seguir seu caminho de volta para casa e eu enxergar Melanie na porta do colegial, me observando.
Me aproximo dela, respirando fundo, admirando a escola como se fosse a primeira vez. Até dá um passo, quase colocando o pé na calçada e sentir algo vindo em minha direção. Era o Adam no seu carro, seus olhos se grudam aos meus, por um momento fico apenas olhando e depois desviou o meus olhos e sigo em frente. Ainda não aprendeu a dirigir corretamente!
***
O sino toca e todos os alunos se dirigem ao refeitório rapidamente. Alguns saíram pulando da cadeira e outros correndo. Revirei os olhos dando um leve assopro. Como são infantis. Guardo o livro na mochila atrás da cadeira e ao olhar por cima do ombro e vejo Melanie sentada na minha mesa com os braços cruzados.
― Vamos analisar os detalhes. Você desceu do carro, quase foi atropelada pelo seu namorado e não falou com a única amiga que tem por aqui. O que você tem Tessa? Não pergunto só por essas coisas que citei, mas também pelo seu traje. Tá tão… ― Melanie falou tudo de uma vez, quase não dando pausa para respirar.
― Bonita? Mas que legal o seu elogio, obrigada Melanie. ― Tiro sarro, me levantando da carteira e seguindo para a porta.
― Tessa ― chamou o meu nome, que saiu de sua boca de modo cansativo.
Senti seus passos apressados me seguindo pelo corredor, porém ignoro e ergo uma mão dando um pequeno aceno para Sheila e três meninas que estão ao seu lado. Elas diferente de mim ― que permaneço com um grande sorriso estampado no rosto ― me observam de cima para baixo com desprezo. Não sabia que tinha coragem suficiente para agir dessa maneira. Foi divertido. Melanie pega no pulso do meu braço e me puxa para perto dela, a vista disso fico sujeita a lhe dar atenção.
― Tessa, o que você tem?
― Um deixa eu ver ― Abaixo a cabeça e finjo procurar por algo. ― Nada de valor!
― Cadê seu colar? ― perguntou. Seus olhos arregalados se fixam aos meus.
― Esse aqui? ― Puxei a joia do bolso da calça, levando-o para frente de Melanie. ― Estava me irritando hoje e tirei assim que entrei na sala.
Ela me analisa estreitando os olhos e nega a cabeça bem devagar. Retira o colar da minha mão, o abrindo até ficar em uma posição reta e põe a jóia no meu pescoço. Poderia sentir um alívio e os movimentos das pessoas atrás de mim desaparecem é como se eu não pudesse mais me sentir totalmente poderosa. Você não é uma rainha Tessa. Pendo e o meu coração começa a bater mais devagar.
― Você fica mais bonita com ele. Podemos conversar, agora?
Afirmo a cabeça em forma de resposta e prosseguimos para o banheiro, que ao entrar Melanie verifica cada privada para ver se tinha alguém. Estamos sozinha. Ela pegou nos meus braços e disse com calma:
― O que está havendo com você? Por que a mudança de estilo?
― Eu não sei. Simplesmente quis vim assim. Não gostou?
― Você está linda, fico com inveja de tudo cair bem em você. ― fala, dando gargalhadas.
― Mentirosa…
― É sério.
O silêncio se espalhou no cômodo. Melanie retirou suas mãos dos meus braços e os pôs sobre a pia. Ela molha o rosto e depois volta a mesma posição de antes, só que sem me tocar.
― Por que estava fugindo de mim? E por que foi somente eu colocar o seu colar e você mudou de humor?
― Acho que é porque não queria falar sobre ontem. E isso de colar não tem nada a ver! ― Minto. Não quero descobrir algo inesperado e sei que se falar o que acontece comigo, Melanie vai fazer questão de examinar.
― Por que negar a natureza?
― Eu não nego minha natureza.
― Você é uma bruxa! ― diz baixinho.
― Não, eu não sou. Eu sou humana. Apenas uma jovem que irá completar 18 anos e em breve fará uma faculdade. Vou construir uma casa em um lugar bem longe e nunca mas lembrar que o sobrenatural existe e principalmente que namore um lobo.
― Está no seu sangue. ― comenta num tom mais baixo que o de antes. ― E como vai ficar as coisas com seu namorado?
— Não tenho mais um namorado! — exclamo, piscando um olhos.
— Lobos são possessivos! Acredito que Adam não vai suportar um fora, então esfria a sua cabeça. Se não quisesse ele teríamos que dar um jeito, porém você o quer!
— Eu não o quero mais! — nego com a cabeça várias vezes. Apoio o corpo na pia, cruzando os braços e olho para Melanie meio desconfiada. — Você está querendo que fiquemos juntos?
— Pretendo livrar sua pele.
— Se for isso não se preocupe. Adam não fará nada comigo. — dou um sorriso de canto.
— Por que ele a ama? — pergunta, arqueando as sobrancelhas.
— Eu não tenho medo dele. Sei que deve está pensando "E sua reação de ontem?" Mas eu acordei hoje decidida!
— Tessa, hoje eu também acordei com muita raiva. Ia até trazer armas para a escola caso os lobos vinhessem até você. Mas o Jimmy me disse tudo. Tudo. Adam não é um monstro. Só é lobo, o que leva a ser possessivo. E se você não o quer mais, é melhor pensarmos em algo, ele não vai desistir tão fácil.
— Jimmy sabia de tudo e ainda me manteve como tola? — fico desacreditada e a minha respiração começa a pesar.
Os meus olhos se fixam no chão sem piscar. A imagem de ontem retoma a minha mente, o Adam se transformando num enorme lobo e depois na minha janela com os seus olhos demonstrando tristeza. O barulho de conversas fica alto e duas garotas entram no banheiro.
— O que tiver para me dizer fica para depois! — disse e sai para o corredor.
O grupo de amigas da Sheila me olha e dessa vez não faço nada. As garotas cochicham mas não ligo. Meu primeiro e único amigo me escondeu a verdade. Quase queria chorar mas engoli o choro e prossegui a caminhada.
Virando para o refeitório, me sobressalto ao ver Adam na minha frente e seus olhos verdes fixos aos meus.
— Tenho que me explicar.
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Os capítulos não vao ser mais dia de terça e quinta! Sairá assim que fizer os demais.
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