Capítulo XXVII
Tessa
Um pouco desacreditada, entro no meu quarto com os olhos arregalados e a expressão espantada, o meu peito levanta e cai com uma expiração lenta.
Dando um passo a frente tiro a mão vagamente da maçaneta, fico paralisada e vem em minha mente toda cena que havia acontecido mais cedo, estava caída em uma situação precária, pensando no pior…
Balanço a cabeça querendo evitar todos aqueles pensamentos e recordações da hora do ocorrido.
Sento na cama, cabisbaixa olhando para as minhas mãos unidas. Passando um tempo nessa posição presto atenção no meu colar e ligeiramente olho para o maior espelho, imitando a mesma ação que tinha feito ao ver o meu colar brilhar. Retiro ele do meu pescoço, prossigo ao espelho, ergo o colar e começo a olhar torto pra ele. No momento de muita tensãoouço batidas na porta, de imediato, coloco o colar de volta ao seu lugar.
― Pode entrar! ― permito, ajeitando brevemente a blusa que estou vestida.
Ao a porta abrir, posso ver o rosto de Melanie, ela entra. Fechando a porta, vejo uma mochila nas suas costas, que aparenta esta bem preenchida. Volta a atenção para mim, com a sua expressão seria, a testa franzida. Respira fundo, meio curiosa.
― Você está bem? ― solta, retirando a bolsa da costa e logo dá um leve suspiro, em sinal de alívio.
― Sim, estou! O que tem nessa mochila? ― pergunto, jogando-me na cama.
― Ainda bem, quando Jimmy me avisou, vim para cá correndo.
A visto que Melanie não respondeu a minha pergunta, fico com os olhos aos seus esperando por algo. Ela se senta na cadeira da minha escrivaninha e pega na mochila levando-a para as suas pernas. Arqueio as sobrancelhas.
― O que tem nessa mochila? Ela parece… pesada.
O meu interesse em saber o que há dentro da mochila é o fato de Melanie ser cheia de surpresa. Posso pensar em livros escolares, porém, isso logo se descarta, dado que, estou doente, não seria uma boa hora para estudarmos juntas, pode ser roupas, mas isso já é demais, creio que nao passara a noite comigo. Além disso julgo que não necessito de observação. Isso me faz se sentir fraca e neste momento, não gosto disso, odeio essa sensação.
― Diga-me primeiro como foi essa sua crise, conversei com a sua avó ao chegar, porém ela não disse muito, apenas que foi um susto. Uma crise. ―Fala, aproximando a mochila mais para perto de seu colo.
― Um interessante… ― fico pensativa e Melanie dar-se por desentendida, franze o seu cenho, a espera de sua resposta. ― Vamos fazer um acordo, eu lhe falo como foi, tudo em detalhes e você me fala o que está querendo esconder. ― ofereço a minha mão.
― Ok! ― da de ombros. ― Mas você começa! ― Pega na minha mão, a apertando.
― Testando a minha curiosidade… está bem Melanie… Sem enganação, hein! ― afirmo mais ainda o aperto de mão e depois volto a minha posição normal.
― Pode começar… ― diz, levando a cadeira para minha perto de mim.
― Tudo começou a girar, a minha barriga começou a doer bastante e a minha cabeça também, isso tudo foi demais, horrível, completamente aterrorizante, por um momento pensei que aquilo seria o meu fim… A única coisa que me fortalece quando tenho essas crises… ― inclino-me e pego o porta-retrato de meus pais. ― É ela… a minha mãe. ― entrego o porta retrato para ela.
― Seus pais… ― Melanie solta um leve suspiro. ― Eles eram lindos. ― Devolva-me a sua atenção. ― É triste como a vida insiste em tirar as pessoas amadas por nós.
― Sim, eu queria tanto conhecê-los, sabe? Ou ao menos ter uma lembrança. ― uma pequena lágrima sai do meu olho e logo a limpo.
Percebendo a minha tristeza Melanie me abraça e solta:
― Compreendo, também gostaria de ter conhecido a minha avó.
Abraçadas por um tempo, recolhendo o sofrimento uma da outra, ela se afasta.
― Melanie, isso não e tudo, quero desabafar com alguém, mas me promete que não contara isso para ninguém e muito menos aos meus avós?
― Sim, claro, pode confiar. ― inclina-se pra frente e confirma com a cabeça por longos instantes, esperando pela minha fala.
Uma parte de mim recusa a falar com alguém, pois o medo só cresce, o medo de estar louca e prender-me em um manicômio, já a outra clama por um desabafo, por ajuda.
― Bem.. faz alguns dias que venho sofrendo com isso, apenas hoje que se agravou, normalmente sai de dentro de mim um liquido preto.
― Um líquido preto... espera, o seu vômito sai completamente preto?― olha-me desacreditada.
― Sim.
― Vômito… com tontura.. você não acha que tá…? ― questiona, com os olhos arregalados.
― Não! ― digo ligeiramente ― Isso tenho certeza, eu nunca… você sabe.
Melanie continua me encarando, até virar-se para a escrivaninha e abrir o meu computador, ao deparar-se com a senha ela volta com a sua atenção para mim. Não entendendo o que ela queria, levanto-me e faço a senha, com a cabeça torta e o cenho franzido em sua direção, pergunto:
― O que você vai fazer? ― arrumo minha postura, dando um passo para trás.
― Pesquisar sobre a sua doença, entender mais essa raridade e por que você tem ela, quais são os fatores. Quero entender. ― diz,com a voz calma, enquanto presta atenção a tela do computador, abrindo a área de pesquisa.
― Não, é genético, peguei da minha mãe, além disso, eu não sei o nome… ― digo, balançando a cabeça.
― Você não sabe o nome da própria doença!? — exclama, com a sua face espantada.
— Não, a minha avó sempre evitou isso, por essa justa causa, de me impressionar e ficar caçando sobre ela na internet, além do mais, isso é demais para mim, se estou morrendo eu não quero saber.
— Está bem… E o Adam já sabe que você está assim?
— Não, aliás… — ando pelo quarto e pego no meu celular, na tentativa de ver alguma notificação de mensagem, mas decepsiono-me , não tinha nada.
— O que foi? — Ela questiona.
— O Adam, ele não mandou mensagem, passei o meu número para ele e nada até agora — solto um suspiro, em sinal descrença.
Passo a minha mão na cabeça, e olho para a Melanie, que está com os olhos vidrados em mim, enquanto vira a sua cadeira de um lado para o outro.
― O nosso namoro é muito louco!
― Talvez seja por que ele não é para você… pertence a outra pessoa… Natureza... ― ela admite, suas palavras mexem comigo, o meu coração altera e o meu corpo esquenta.
― Não, não, estamos nos ajeitando ― recruto em poucas palavras, com um rosto nada bom. ― Você e a minha avó, hein! ―balanço a cabeça.
― Calma ai, garotinha, foi so um comentario, se eu soubesse… nao teria dito nada. ― solta quase como um sussurro.
― A minha cabeça tá um turbilhão, cheio de pensamentos. ― esfrego as minhas mãos na minha face. Melanie, tem outra coisa que está me atormentando.
―Pode contar… estou toda a ouvidos.
― Tive uma alucinação, eu vi o meu colar brilhar, estou ficando louca. ― digo, com lábios trêmulos.
― Bem vinda ao grupo! Acalma-se, você não está ficando louca, me dá aqui o seu colar. ― levanta-se e estende a sua mão.
― Para quê?― questiono, pegando no pingente do mesmo.
― Confia… quero vê-lo!
Ainda um pouco duvidosa, tiro o colar do meu pescoço e a entrego, ela se dirige ao lugar que estava, abre a sua mochila, no bolso maior, e logo fica visível uma grande quantidade de livros e papéis. passando a mão nos livros, Melanie tira de dentro de um deles uma lupa.
Mas que diabos ela está fazendo? Virou uma detetive agora? começo a sorrir comigo mesma.
― Posso levar ele comigo? ― pediu.
Por uns instantes fico sem respostas, nunca, ninguém ao menos o tocou, agora, ela me pedir isso, algo dentro de mim grita com forças, Não…
― Tessa! ― me chama.
Retiro-me de meus pensamentos, pisco várias vezes, de logo dou sua resposta, ao balançar a cabeça.
― Não conseguiria dormir sem ele. ― Imediatamente pego o meu cabelo e o ponho em seu único lugar.
― Ok… como você preferir. ― diz. Melanie olha para o relógio na parede, de trás de mim, estreitando os olhos para ver a marcação. ―Já está na minha hora…
― Reconheço, porém, você não sai daqui enquanto não falar sobre esses livros dentro da sua mochila.
―Ah… claro! ― fala, descansando a mochila sobre a minha cama e abrindo o seu zíper. — São coisas da minha avó, o sobrenatural não para em Wadellyn, essa foi a primeira frase do diário da minha avó.
— Por isso trouxe todos esses livros? — fico com a boca entre aberta.
— Sim... nunca se sabe o que acontece quando você namora um lobo! — diz, abrindo um livro.
— Haha... entendi! — confirmo com a cabeça, seguindo para o seu lado, assim visualizar o que está escrito no livro.
— Em outra língua... — desvia o seu olhar para mim.
— Eh... percebi. — solto um pequeno sorriso de canto — Você já sabe traduzir sem um dicionário? — questiono, coçando a minha nunca.
Melanie balança a cabeça em sinal de positivo. Ouvindo as batidas vindo da porta, a garota fecha o livro apressadamente e o joga para de volta da mochila.
— Tessa, venha comer! — a minha avó convida, colocando apenas sua cabeça para dentro do quarto. — Melanie, a sua mãe está lá embaixo, esperando por você. — diz, dirigindo os seus olhos aos da minha amiga.
— Está bem, já estava seguindo o caminho de casa mesmo... — pega na mochila e a põem na suas costa. — Tchau, Tessa, não esquece do que eu lhe falei. — pisca um olho indo ao rumo da minha avó.
— Pode deixar... — solto quase como um sussurro.
Adam
Saindo da floresta, sigo para a minha casa, se alguém visse não seria problema, todos os moradores dessa terra são da alcateia, os humanos moram mais adentro da cidade e dificilmente esses seres andam por esses rumos.
A lua já se encontra no céu na companhia das estrelas, frequentimente há noites maravilhosas iguais a esta, somente com os sons dos pássaros, um frio, enfim uma noite tranquila depois de um dia cansativo.
Mas que dia!
Chegando mais perto de casa, pelos fundos, entro numa pequena área e volto a minha face humana. De imediato pego em uma toalha e à enrolo pela a minha cintura.
Encaminhando-me para o meu quarto, passando na sala em passos apressados, minha mãe espanta-se e me olha.
— Que susto! — diz com a expressão assustada. — Espera aí... Essa toalha... — analiza-me. Desvia o olhar para a mesinha de centro, pega no controle e desliga a televisão. — Eu disse para você não se transformar!
A ignoro e sigo o meu caminho, subindo as escadas. Ela por sua vez sobe atrás, tentando tirar satisfação.
— E eu disse para não ficar sozinha! — Paro e me viro para ela.
— É... Está bem... Com quem você deixou a sua namorada? Uau nunca pensei que iria falar essa palavra com o meu filho... — começa a sorrir.
— Com um lobo, mas logo vou voltar para lá. — digo, continuando o caminho ao meu quarto.
— Vai dormir lá? — questiona.
— Sim, por enquanto, mãe venha cá. — Abro a porta, dando um grande espaço para ela passar.
Minha mãe olha para mim, com uma expressão duvidosa, e se senta na cama.
— É uma coisa que vi sobre a Tessa, hoje... Mas a pergunta é, o que você sabe dos Miller?
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