Capítulo XVI
Sobreviver, nunca passei por isso até dois meses atrás, se é que passou dois meses. Estou presa, completamente presa, sentindo um vazio dentro de mim, enquanto vagava nos meus pensamentos e as lágrimas percorriam no meu rosto.
Mãe, desculpe-me por não ser a pessoa que você desejava que eu fosse. Deculpa-me por não vencer, desculpa-me por não poder fazer nada.
Mais é que quando você se foi, eu fiquei sem chão, aliás quem iria me orientar? Você era meu tudo, desde então eu fiquei sozinha. Solitária.
Me roubaram tudo: você, o meu lar, até mim mesma.
Ainda me lembro de suas últimas palavras, "não deixe ninguém passar por você", " Você é forte, não entregue o que eles querem", "Você consegue". Mãe, sinto lhe informar, mais a sua filha não é forte ao bastante. Eu estou me entregando a eles. Sinto que cada dia que passa, estou chegando ao seu destino. A morte.
Eles me pegaram, me machucaram e agora eu estou preste a entregar a pedra para eles. Sua filha não aguenta mais, todos os dias receber novos ferimentos. Não aguento mais ficar entre essas quatro paredes. Na escuridão.
Ouço o som das chaves destrancando a porta, levo um leve espanto e enxugo as minhas lágrimas. Apesar do que sentia, minha mãe sempre dizia para não demonstrar fraqueza.
Virando devagar em direção a porta, visualizo a maldita mulher. O motivo da minha vida virar um inferno.
— Hoje é um novo dia ou noite, quem sabe? É a sua decisão, o seu tempo acabou. Você escolherá entre me entregar a pedra ou morrer! — Ela fala, enquanto dá passos em minha frente, com um olhar maligno.
Abaixo a cabeça, ajuntando as minhas mãos, que estavam tremendo.
Desculpe-me mãe
Ergo o queixo, solto um suspiro e falo:
— E-eu vou lhe dá a pedra! — engulo o seco e fecho a minha expressão.
A mulher estreita o olhar e caminha por trás de mim.
— Eu estava equivocada sobre você, achei que fosse igual a sua mãe — sussurra em meu ouvido.
— Quer que eu mude de ideia? — pergunto, meio baixo.
— Não, não. — repete várias vezes, batendo em meu ombro.
Imediatamente posiciona-se em minha frente, levantando o meu queixo com o seu dedo indicador.
— Eu só quero deixar BEM CLARO — aumenta o tom da voz — que ninguém passa a perna em mim! — exclama.
Ela se afasta indo para a porta, pegando em seu vestido, e logo da meia volta, devolvendo-me sua visão.
— O que é muito estranho, você passar dois meses em condições precárias, e do nada decidir me dá a pedra... Olha, garota se você estiver planejando algo, que pare agora! Não estou para brincadeira. — abre a porta e se retira, batendo-a com toda força e à trancando de volta.
Tessa
— Melanie, eu sabia que você iria reagir assim, mais olha — respiro fundo, passando a mão sobre a testa — Amanhã nós nos falamos direito sobre isso, está bem?
— Está bem — bufa — más não passa de amanhã, ok?
— Ok — afirmo.
Escuto batidas na porta.
— Vou desligar, tchau. — falo quase como um sussurro para Melanie no celular.
E logo o jogo na cama, arrumando a postura.
De imediato a porta se abre e vejo minha avó, com a face nada boa, ela se aproxima e fala:
— Você sabe que não gosto quando me deixa falando sozinha! — reclama.
— Desculpa, mas se for brigar, lhe peço por favor pra deixar para amanhã. Hoje eu não estou bem! — digo, negando com a cabeça.
— Não é briga é orientação! — Se senta ao meu lado na cama. — O que houve com o Jimmy para você voltar com aquele garoto?
— Eu não sei que implicância você tem com ele! Só foi uma carona e o que houve com o Jimmy não interessa!
— Já tive respostas melhores, Tessa! Fale direito comigo, não lhe dei essa educação — Minha avó fala.
— Por isso eu insisto em deixarmos essa conversa para amanhã. Estou de cabeça quente. Posso falar o que não devo.
Minha avó se levanta, indo em direção a penteadeira, e pega no meu medicamento. Me olha.
— Você tomou? — mostra o remédio. Balanço a cabeça e ela descansa os braços.
Entrega a medicação em minha mão.
— Aquele garoto, não é bom para você! — diz.
— Quem é bom para mim? Você sabe me dizer? — inclino a cabeça para a frente.
— Todos, menos ele. Eu conheci o pai dele, acredite em mim! — Fala arqueando as sobrancelhas.
— E os filhos são obrigados a serem igual aos pais?
— Na família deles, sim! Tessa, eu só quero o seu bem. — Dá um sorriso de canto.
— O meu bem? Vocês me trouxeram para o meio de um nada! — Exclamo impaciente.
— Pensei que você já estava se acostumando. — fala abaixando a cabeça.
— Tenho que me acostumar. Eu conheci amigos incriveis mais ainda sinto falta da minha cidade VERDADEIRA... — aumento o tom da voz — E eu já lhe aviso, que irei fazer faculdade e vou deixar isso aqui.
— Nós estamos fazendo o melhor para você. Será que não entende? — pergunta negando com a cabeça.
— Tirar a minha vida? Por que quando estávamos na outra cidade, eu estava curtindo a minha adolescência, e daí mudamos para cá, e agora que voltei curtir a minha adolescência de novo, vocês querem me tirar dela? Iai, para qual cidade vamos mudar? Como vocês podem ser não conservadores? — Falo tudo o que achava-se preso em minha garganta há muito tempo.
— Quando você souber de tudo, se arrependerá dessas suas palavras. Eu não à julgo. Vou pegar a água.— Minha avó solta um leve sorriso, enquanto nega com a cabeça, se retirando do quarto.
As palavras de minha avó causa uma grande confusão em minha cabeça. "Quando você souber de tudo", como assim?
______________________________________
Gostou do capítulo? Vota aí! (Ajuda na motivação)❤❤
Eu estou com pena dessa garota, será o que vai acontecer com ela? E essa frase da avó da Tessa? O que vocês acham? Deixem suas teorias nos comentários.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro