Trezentos anos antes...
Eu nunca havia amado alguém como o amava. Seu nome era Daniele Toronto, e nos conhecemos onde hoje fica a Itália. Na época, o país estava dividido em vários pequenos países próprios, e não era chamado de Itália, pois cada pequeno país tinha seu nome próprio nome e era autossustentável.
Ele era um nobre, e eu, uma camponesa. Desde o dia em que nos conhecemos, eu sabia que nunca poderíamos nos casar.
- Nunca diga nunca - ele havia sussurrado ao meu ouvido quando nos encontramos pela primeira vez, e depois desaparecera, me deixando confusa.
No dia seguinte, ele apareceu de novo e no seguinte, apareceu outra vez, e me levou para dar uma volta pela sua propriedade. Conversamos sobre coisas bobas, nos beijamos, e ele disse que me amava, mesmo tendo me conhecido havia pouco tempo.
Pelos dois meses seguintes, ele aparecia cedo na minha casa e me levava para caminhar. Eu sabia que o amava. Tudo estava indo bem, até um dia ele me izer o que era. Tínhamos superstições e lendas sobre vampiros, mas nunca imaginei que ele poderia ser um. Ele era tão normal, mesmo sendo um nobre.
- Pare de brincar com minha fé - eu avisei.
- É verdade - então ele mostrou as presas para mim.
- Então você é mesmo um monstro? - eu perguntei, nervosa.
Mas eu não tinha medo.
- Se você prefere esse substantivo para me nomear, então sim, sou um monstro.
Recuei alguns passos e respirei fundo. Apenas estava chocada, e precisava pensar. De todas as vezes que ouvi historias, e pensei em como seria encontrar um vampiro, nunca imaginei que seria assim. Pode parecer meio normal e simples, mas foi exatamente isso que ele disse, e foi assim que eu agi.
- Eu te amo - ele disse. - Jamais te faria mal.
- Eu sei.
- Quero transforma-la, assim poderemos ter a eternidade. Sem limites, sem regras. - E me beijou.
***
Ele me transformou um mês depois. Minha curiosidade não tinha fim, e quis explorar logo todas minhas novas vantagens. Superforça, velocidade, audição, e muito mais. Mas eu só podia andar à noite, o que tinha lógica, pois era vampira, mas Daniele andava a luz do sol livremente.
Ele me explicou que para poder andar a luz do sol, ter controle mental sobre as pessoas e muitas outras vantagens sobre os outros vampiros, tínhamos que ir atrás de um dos Caçadores Originais - que era a família caçadora original, a primeira família de caçadores que surgiu - e mata-lo, bebendo todo seu sangue.
Foi a primeira vez que matei, e foi difícil. O caçador que encontramos com ajuda de uma amiga bruxa de Daniele, Tatia, era muito forte, até para um vampiro. Percebi que isso acontecia porque ele era um ser sobrenatural treinado para matar vampiros. No final, não tive que usar força, e sim inteligência. Virei uma diurna, assim como Daniele, e aprendi a compelir as pessoas a fazerem o que eu queria. Também fiquei mais rápida e forte que os vampiros normais, e meus sentidos ficaram mais fortes.
Não demorei em aprender a caçar sem matar. Eu não gostava da morte. Por anos, a única pessoa que matei foi o caçador de vampiros, mas ele era sobrenatural também, então não contava como um humano normal. Achava que todos tinham que viver, e ele também, então foi fácil aprender.
Alguns dias antes de partirmos, percebi que teria que deixar minha família. Eles já estavam começando a desconfiar de algo mesmo. Eu não poderia viver com eles se desconfiassem de mim. Com esse pensamento, aceitei que teria que deixa-los. E foi o que fiz. Parti com Daniele sem deixar rastros.
Mas então as coisas começaram a se complicar. Inimigos antigos dele começaram a nos caçar. Quando não conseguimos mais fugir, ele tomou uma decisão que me deixou arrasada. Isso aconteceu oito anos depois de ser transformada.
- Não podemos mais fugir. Você está correndo riscos assim. Não quero você em perigo.
A princípio, não entendi o que ele quis dizer.
- Não podemos mais continuar juntos se você correr todo esse perigo, Catarina - ele disse, e eu comecei a chorar.
No meu primeiro ano como vampira, Daniele me ensinara que vampiros que poupavam vidas, que não matavam sem necessidade e se importavam com os outros, choravam como os humanos, pois tinham sua humanidade intacta. E que os vampiros sem humanidade, os que não se importavam e matavam sem remorso, choravam sangue.
- Não sou indefesa - falei entre soluços. - Sei me defender muito bem. Não vou viver sem você, Daniele.
- Não é sua escolha. - Então ele me beijou.
- Mas devia ser parte minha - murmurei quando ele se afastou.
- Quando um vampiro promete algo - ele começou a falar -, cumpre essa promessa, não importa o que aconteça, não importa os obstáculos que tenha que enfrentar.
- O que isso quer dize?
- É como a necessidade de ser convidado antes de entrar em uma casa. É uma coisa de vampiro. Não sei por que é assim, mas é, e não cabe a mim descobrir o por quê.
- Não entendo o que você quer dizer - falou, mas no fundo, eu estava começando a compreender.
- Você já vai entender. - Ele beijou minha testa. - Eu, Daniele Toronto, lhe prometo que manterei você segura, não importa o que aconteça e o que tenha que fazer. Vou deixa-la viver sua vida sem mim, se isso a deixar segura. Não importa o que eu tenha que fazer, ou o quanto tenha que sofrer, vou mantê-la segura eternamente.
- Não - cada palavra que ele dizia era uma faca em meu coração. - Você não pode fazer isso comigo.
- Eu já fiz - seus olhos estavam tristes, mas eu também pude ver ali a sua promessa, que brilhava. Assim eu soube que ele a cumpriria.
Ele não falou mais nada; apenas me beijou.
Foi um beijo de despedida. Lágrimas rolavam por minha face enquanto eu o via se afastar. Depois disso, nunca mais fui à mesma garota boa e cheia de amor.
Eu virei um monstro, e não me arrependo nem um pouco.
***
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