Meus pais foram para um acampamento com os pais de Tom, é sexta feira e provavelmente eles só vão regressar no domingo a noite.

Estou gostando muito dessa nova fase deles. Desde quando sofri o acidente eles se privaram de tudo para cuidar de mim, felizmente eles estão se permitindo viver e aproveitar todo tempo juntos. Sem contar que essa amizade com a família do Tom foi a melhor coisa que nos aconteceu.

Estava esperando Zion terminar de tomar banho para me levar para á faculdade. Depois da conversa que tive com Michael ontem ainda não fui capaz de dizer nada para o Zion, sem contar que Samantha ontem dormiu aqui não me dando oportunidade nenhuma de conversar a sós com o meu irmão.

— Amanhã a gente vai ver a casa de papel, sim Zen? – Zuri apareceu de repente vindo da cozinha, ela estava almoçando lá.

Tem umas duas semanas que não vemos a casa de papel. Estávamos agora no quinto episódio da terceira temporada.

— Que tal vermos quando eu voltar da faculdade? – sugeri.

— Melhor para mim – deu pulos de alegria — Mas amanhã vemos também?

Fiz uma careta já sabendo que não será possível, havia combinado com Tom que faríamos algo juntos, disse que queria me mostrar alguma coisa, então não vou poder assistir com ela.

— Amanhã não minha querida, talvez no domigo – revelei. Pude ver seu sorriso morrer.

— Porque?

— Combinei de sair com o Tom, mas se der tempo a gente vê juntos.

— Ultimamente você passa mais tempo com o Tom do que comigo, todo dia tem alguma coisa para fazer com ele...

Ela estava com ciúmes.

— Ele é meu psicólogo, Zuri.

— E eu sou sua irmã. Declaro oficialmente que não gosto mais do Tom – falou cruzando os braços.

Sorri com a cara fofa que ela fez.

— Minha irmãzinha bonita... – a puxei e a fiz sentar em meu colo — Você fica linda quando está com ciúmes, você é muito linda!

Beijei sua bochecha e fiz cócegas em sua barriga, ela pulou imediatamente do meu colo rindo.

— Golpe baixo, dona Zendaya Coleman...não vale – falou rindo e logo se recompôs.

— Eu te amo pequena, e você sempre será a minha preferida tá? – sussurrei ao tom certo para que ela ouvisse minhas palavras — Mas não conta para o Zion, ele pode ficar magoado...

Zuri sorriu e assentiu.

— Muito obrigada Zendaya – era a voz do Zion atrás de mim — Prefere essa pestinha do que a mim? Mas não importa, o que me conforta é que sempre serei o filho mais bonito e isso já me basta.

Eu e Zuri rimos pela forma que ele falou.

— Eu sempre fui a mais bonita – Zuri deu de ombros — E a mais amada.

Zion revirou os olhos pronto para responder, mas eu interrompi essa pequena guerra de quem é mais bonito e amado.

— Me leve logo que já estou atrasada – falei olhando para o meu relógio.

Na hora alguém tocou a campainha.

— É a Sam, ela vai com a gente — Zion disse. Foi até a porta e a abriu de seguida — Entra amor – me virei em direção a porta e lá estava ela.

Era só o que me faltava!

Movi o controle da minha cadeira para me levar até a saída de casa.

— Até logo Zuri – falei e ela assentiu — Oi Samantha – passei por ela e sai de casa, ainda ouvi de volta um "Oi Zendaya".

Pouco tempo depois já estávamos a caminho da faculdade. Ainda estou me perguntando porque ela está indo com a gente se ela tem carro ou podia muito bem pegar um táxi, um avião ou um barco, ela é RICA.

— Sam, o seu carro? – não podia perder a oportunidade.

— Mandei para a revisão – explicou.

Decidi me calar porque com certeza Zion ficaria triste se eu fizesse uma cena aqui e agora.

Olhando para o meu irmão da para ver que ele já está muito envolvido com ela, não sei como afastar essa mulher do meu irmão sem magoa-lo.

Mas eu vou ter uma conversa com ela depois da aula.

Estávamos agora entrando na faculdade depois que Zion nos deixou na entrada. Eu conduzia minha cadeira calmamente em direção a minha sala. Felizmente consigo me locomover pela faculdade sem dificuldade nenhuma, parece que ela foi feita para mim, porque não encontro nenhum transtorno ao entrar e ao sair daqui.

Já na minha sala, fui para o meu lugar de sempre e me preparei para a aula que se seguia de literatura contemporânea. Michael estava no seu lugar de sempre, acenou para mim assim que percebeu o meu olhar sobre ele, sorri sem mostrar os dentes para ele.

Michael até que é bonitinho e um bom garoto, mas parece que ele está começando a gostar de mim, não sei ao certo, tenho uma pequena intuição pelo jeito que ele me olha e me trata.

Mas...

Ele não faz o meu tipo. Ele é lindo e tudo de bom, mas tem algo com ele que não me agrada muito. Comecei a sentir isso nos últimos dias que conversamos.

Me senti um pouco desconfortável em olhar para ele depois da conversa que tivemos no outro dia. Não sei como reagir a tudo o que ouvi.

A aula demorou uma eternidade para terminar, mas logo terminou e já iniciou outra. 

Durou uma eternidade novamente, mas felizmente  todas as aulas terminaram.

Estudar cansa muito, tinha me esquecido disso.

— Oi linda – virei do lado e Sarah estava lá com o seu bom humor de sempre. Sorri só de a ver.

— Como está? – indaguei olhando para ela com um sorriso no rosto.

— Eu estou bem e você parece que está ótima, vejo um brilho diferente em seu olhar...

— Eu também estou bem, esse brilho deve ser porque estou descobrindo que o sol pode brilhar para mim novamente.

— Quem é ele? – puxou uma cadeira e se sentou na minha frente — Eu conheço?

— Ele é um cara que...sei lá, a única coisa que sei é que ele me faz muito bem, ele me fez descobrir o amor, algo que nunca senti por ninguém.

Lembrei que nunca falei em voz alta que gosto do Tom, nem para a minha mãe. Sarah é a primeira pessoa a saber disso, nem o próprio Tom sabe disso.

— Eu conheço? – perguntou curiosa — É da Universidade?

— N...

— Estou atrapalhando? – Michael apareceu me interrompendo de terminar de falar.

— Claro que não, a Zen está me contando que...

— Zendaya, a gente pode conversar? — Era Samantha.

O que ela quer? Se bem que eu já queria conversar com ela.

— O que quer com ela, Sam? – Sarah perguntou se levantando.

— Não é da sua conta Sarah, eu vim falar com a Zendaya – respondeu Sam no mesmo tom.

Não acredito que elas vão começar a discutir.

— Gente para, Sarah eu vou conversar com ela – falei antes que eles começassem a discutir — Não é como se ela fosse fazer alguma coisa comigo aqui – sorri sem graça.

— Vamos Sarah – Michael disse. Sarah relutou um pouco, mas depois saiu com Michael da sala.

Fiquei calada esperando ela começar a falar depois que eles saíram.

— Eu...eu quero pedir um favor para você...

Franzi o cenho esperando ela começar a falar.

— Michael jogou na minha cara que contou tudo sobre o nosso termino para você, eu peço que não acredite em tudo o que ele fala, ele é manipulador e não sei até aonde ele disse a verdade...

— Porque o que eu penso te interessa?

— Você é irmã do cara que estou gostando para caralho, não sei o que faria se perdesse o Zion por conta do meu passado.

Sinceramente não sei o que pensar.

— Olha Sam, eu não gosto de ti, isso é um fato. E eu espero que você não decepcione o meu irmão de jeito nenhum, porque se fizer, eu não me responsabilizo pelos meu atos. E eu não quero fazer parte do seu joguinho com o Michael, e se quiserem jogar deixem eu e meu irmão longe disso.

— Eu nunca faria nada que magoasse o Zíon.

— Espero, agora me dê licença – peguei minhas coisas e saí da sala, movendo minha cadeira em direção a saída.

Hoje tenho um encontro com Tom, não quero estar estressada quando for ter com ele, até porque ele já está me esperando do lado de fora da Universidade.

Ele estava lindo numa camisa branca, tinha por cima uma jaqueta preta e vestia uma calça preta também. Seus cabelos estavam todos arrumados, mas alguns cachos insistentes caiam por seu rosto delicado.

Podia ficar ali olhando ele para sempre.

— Achei que iria me pegar em casa – falei assim que cheguei perto dele.

Ele estava de volta na sua cadeira de rodas, nem parecia se importar com isso, como sempre.

— Pedi para o Zion para que eu viesse buscar você, estava ansioso para te mostrar um lugar.

Meu coração quase pulou pela boca.

— Um lugar lindo, eu vou fazer você estar á um passo do amor – sorriu entusiasmado.

— Á um passo do amor? Como assim? – indaguei confusa, mas alegre.

— É surpresa! – fez sinal para que o motorista do seu carro fosse até onde estávamos — Nos ajude a entrar no carro e nos leve para onde combinamos, por favor.

Meu coração mais uma vez pulou. O pensamento de poder passar mais tempo com ele, dele ter dito que faria uma surpresa, tudo isso estava fazendo meu coração bater acelerado.

Eu estou com o homem que eu amo, sem medo de errar, estou com o único homem que amei de verdade na minha vida, um amor sem maldade, um amor puro.

— Você vai adorar! – foi a última coisa que ele disse antes do carro dar partida.

•••

Gente do céu, estive um pouco ocupada e com um bloqueio de merd# que não me deixava escrever nada.  Mas tive que passar por aqui e deixar um capítulo (mesmo que curto) só para não parecer que abandonei a história.

Espero que estejam bem, bjs e até logo.