Capítulo 10
— Zendaya! – Tom estalou os dedos perto dos meus olhos, acho que para chamar a minha atenção – Está me ouvindo?
Tom baixou um pouco para focar diretamente seu olhar no meu, como se estivesse analisando meu rosto minuciosamente.
— Eu disse sim! – respondi imediatamente fixando meu olhar no dele, tal como ele fez comigo — Eu quero...eu aceito!
Estava eufórica, meu peito subia e descia freneticamente.
— Aceita o que? – pareceu não entender o que acabei de dizer.
Ele não perguntou se eu quero ser a namorada dele?
— A...qual foi a pergunta q...que você fez mesmo?
— Eu não fiz uma pergunta, eu estava só explicando o motivo da existência dessa biblioteca... – coçou a cabeça — E de repente você...acho que parou de me ouvir...você está bem?
Eu acabei de alucinar!
Meu Deus, que vergonha!
Estava sonhando com o momento em que Tom me pediria em namoro.
Meu rosto corou na hora, quis enfiar ele em algum lugar ou enterrar ele no primeiro buraco que achasse.
Eu ouvi errado?
— Qual foi a última coisa que você disse? Não sei...acho que ouvi mais alguma coisa além da biblioteca...ou...não sei direito...
Estou tão nervosa e envergonhada, não sei ao certo o que ouvi, talvez tenha ouvido alguma coisa do tipo "queres ser a minha namorada" eu ouvi, juro que ouvi.
– Ah sim, estava dizendo o quanto você me fazia bem – revelou dessa vez coçando a cabeça — Apesar de ser o seu psicólogo, você está me ajudando de um jeito que nem imagina.
— Como assim? – perguntei sem entusiasmo, já que a parte em que ele me pediu em namoro foi só alucinação minha mesmo.
— Resumindo, estamos fazendo terapia um com o outro. Basicamente, você é uma pessoa muito especial para mim e se tornou na minha melh...
A porta foi aberta sem que Tom terminasse de falar, era Zion e Sam.
Droga!
Porque Eles tinham que chegar bem agora?
— Zen, a gente está indo para casa – anunciou Zion — Uau! Esse lugar é lindo, eu podia viver aqui – Zion percorreu os olhos pelo cômodo parecendo mesmo admirado.
E não tinha como não ficar, a biblioteca tinha um tom azul marinho nas luzes e as paredes eram todas brancas. Havia um sofá e uma mesa de quatro lugares, o sofá era branco e a mesa nos tons de azul marinho também e branco. As estantes onde estavam os livros não era até ao teto, era até a metade da parede. Os livros eram de várias cores e de vários tipos, estavam todos arrumados por cor e espessura. Podíamos ver uma lista com o nome de todos os livros que constituíam cada prateleira.
Era lindo!
— Verdade, esse lugar é realmente lindo amor – advinha quem disse isso?
A minha amada cunhada!
Não sei porque, mas não consigo ir com a cara dela. Só consigo imaginar a Samantha Grey que quase me deu uma surra na Universidade.
— É melhor a gente ir... – falei começando a mover a minha cadeira em direção á porta.
Zion e Sam foram na frente, eu e Tom ainda ficamos por uns segundos para sair da biblioteca já que Tom ainda tinha alguma dificuldade para se locomover rapidamente. Eu segui seus passos lentos, ficar com ele estava se tornando um vício.
Sempre que estava com ele era como se o tempo passasse rapidamente, nunca pensei que fosse sentir tanto amor assim por um rapaz. Já tive dois namorados antes do acidente, mas era ainda aquela coisa de adolescentes, nada muito sério. Já beijei, mas nunca me envolvi sexualmente com um garoto, nunca senti um amor tão profundo e sincero.
Sinto que o ele também gosta de mim, mas não sei porque sempre que penso que estamos nos aproximando mais afastados ficamos. Várias vezes nas nossas consultas, eu tentei me abrir, tentei falar sobre os meus sentimentos, mas de uma forma radical Tom muda sempre de assunto como se não quisesse conversar sobre aquilo.
•••
— Para Michael! – ria sem parar quando Michael me tirou da cadeira de rodas e começou a girar comigo em seu colo — Você vai me derrubar, Mich!
— Eu nunca faria isso, linda – parou de girar e beijou o topo da minha cabeça.
Me colocou de volta na cadeira, puxou uma cadeira e sentou na minha frente.
— Que tal comermos alguma coisa depois da escola?
— Hoje? – ele fez que sim com a cabeça.
— Talvez comer uma pizza – coçou a cabeça — Conversar um pouco.
— Só se me deixar escolher o sabor – sorri.
— Como a madame quiser – levantou e colocou a cadeira no lugar.
Estava dando uma oportunidade ao Michael de sermos amigos. Ele mostrou que quer ser meu amigo de verdade e pela primeira vez eu quero viver a vida.
Talvez passar um tempo com o Tom esteja mudando minha forma de ver o mundo, estou adorando me sentir bem e livre mesmo sentada nessa cadeira de rodas.
Não é tão mau assim.
Fiz alguns exames e vou ser operada daqui á 3 meses. Queria que fosse logo, mas o doutor teve que viajar para ver a sua mãe que está doente e como ele é um dos melhores na cidade, decidi esperar até que ele volte.
Já esperei anos, então 3 meses não é nada.
Depois da aula, liguei para Zion não me pegar porque ia sair com Michael primeiro.
Algum tempo depois já estávamos na pizzaria comendo e tendo uma conversa agradável, pedi uma pizza de frango com mozzarella. Estava ótima, muito boa.
— Tenho que visitar esse lugar mais vezes – falei dando uma enorme mordida na pizza em minhas mãos.
— Esse lugar é ótimo, vinha sempre aqui com a Samantha e... – suspirou pesadamente — Desculpa – olhou para mim parecendo envergonhado — Sei que agora a Sam está namorando o seu irmão...
E ele está triste por conta disso? Porque pela cara que ele fez, não pareceu nenhum pouco feliz.
— Isso...incomoda você? – perguntei desviando do seu olhar.
Ele ficou calado por algum tempo, deu um gole em seu refrigerante e suspirou novamente.
— Eu e ela namoramos desde antes de irmos para o ensino médio, são mais de 5 anos juntos. Eu tinha planos de casar e formar família com ela – bebeu mais um pouco do seu refrigerante — A Smantha era a mulher da minha vida, mas...
Ele parou de falar por mais alguns segundos. Parecia que falar sobre aquilo fazia mal para ele, muito mal.
— Sabe Zen, eu estudo nessa faculdade cara porque minha avó é amiga da dona e conseguiu uma bolsa para mim, não uma bolsa completa em que tem tudo pago para mim, é uma bolsa onde a faculdade paga maior parte, mas eu tenho que pagar outra. Do tipo eles pagam 80% e outros 20% eu me viro para pagar, não é tanto assim, mas para alguém com a renda tão baixa como a minha esses 20% custam os olhos – sua revelação me surpreendeu tanto que só de ouvir ele falando daquela maneira caiu uma lágrima dos meus olhos, que nem deixei que ele notasse. Jamais imaginei que ele passava dificuldade.
Olhando para ele, nem dá para perceber que é alguém de renda baixa. Ele tem um carro, veste as melhores marcas e sinceramente não parece ser alguém pobre.
— Eu sou motorista, na verdade eu fui o motorista do pai da Sam e da Sarah – revelou me deixando mais surpresa ainda — Trabalhei com ele por uns 2 anos e meio. Foi a Sam que me indicou para o pai dela, e daí para cá a minha vida melhorou porque o pai dela paga bem e ele confia em mim. Quer dizer, confiava nê...
— Como assim?
— O pai da Sam descobriu o nosso namoro e ficou muito revoltado achando que eu o trai e me aproveitei da filha dele. Quase levei uma surra dele – sorriu sem graça — Eu era um simples motorista e não estava no nível de ser o namorado da filha dele.
— Ele separou vocês? – perguntei curiosa.
— Não, no dia seguinte depois do pai dela descobrir ela me traiu com o meu melhor amigo – disse como se nada fosse — Todo mundo ficou sabendo, fui muito humilhado.
— E você não pensou que ela fez isso por causa do pai dela? – sugeri.
— Não, ela fez aquilo porque o pai dela ameaçou retirar ela do testamento e mandar ela para a casa da mãe, onde a Sarah mora.
Gente...
— Com tudo eu percebi que nada além do dinheiro e posição importa para a Samantha, se ela me amasse teria lutado por nós...foram 5 anos Zendaya e ela jogou tudo no lixo e também...eu não tenho nada para oferecer – sorriu sem graça mais uma vez.
— Que história... – nem sabia o que dizer.
— O amor que sentia pela Sam morreu quando descobri que ela é tão fútil, não se preocupe, doeu, ainda doi um pouco, mas vai passar.
— Porque decidiu me contar isso hoje?
— Olha, eu vi a Sam com o seu irmão...não queria me meter nisso, mas é melhor avisar o seu irmão para ter cuidado com ela. Mas não acho que ela fará a mesma coisa com o seu irmão já que vocês têm dinheiro...
— Não temos tanto assim, já tivemos, mas agora nem tanto como a família da Samantha.
— É só olhar para vocês Zen. Você tem uma cadeira de rodas que só alguém com muito dinheiro teria, tem um controle e pode se movimentar mesmo estando debilitada. O seu irmão tem um carro do último modelo da ranger rover, acha que alguém pobre tem tudo isso?
Fiquei sem jeito até
— Você também tem um carro legal – olhei para o carro pelo vidro da pastelaria.
— A Sam me deu esse carro faz 3 anos, no meu aniversário. Só não devolvi para ela porque me ajuda com as consultas da minha avó, emergências e essas coisas. E como o pai dela me demitiu, o carro ajuda muito em muitas coisas.
— Entendi...
Sério, tudo o que ele me disse me deixou sem saber o que falar.
Sabia que a Sam era fútil, mas não imaginei que fosse até esse ponto.
— É melhor me levar para casa...
— Eu aborreci você?
— Não, nada disso – respondi forçando um sorriso — Só estou um pouco cansada.
— Tudo bem então, eu vou pagar a conta.
Se com Michael que fez 5 anos de namoro o deixou sem mais e nem menos, imagina o pobre do meu irmão?
Será que devo fazer alguma coisa ou deixar essa história avançar até onde acabar? Mas eu faria tudo para não ver o meu irmão sofrer, não suportaria ver ele sofrendo outra vez por uma mulher.
Meu irmão já está muito a apegado por ela, mas eu vou cuidar para que isso acabe ou eu não me chamo Zendaya!
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