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XXXVIII - A esperança que fenece


Trunks e Goten despertaram esfomeados. Bulma, com a ajuda de Mutenroshi, preparava-lhes uma refeição, esvaziando o frigorífico e a despensa do velho mestre. À medida que arranjava os diversos acepipes com o pouco que sabia de cozinha e com os ingredientes que encontrara, dizia a Mutenroshi para não se preocupar, pois diria a Krilin, que ficara na sala a fazer companhia aos rapazes e a Oolong, que fosse até à cidade para reabastecer novamente a casa. Afinal, ele tinha um aerocarro estacionado no exterior.

Mutenroshi, porém, estava mais interessado em observá-la a cozinhar, a forma sensual como se movia entre panelas e tachos, do que propriamente no que ela lhe estava para ali a dizer. Bulma, quando terminou, chamou por Oolong para a vir ajudar a carregar as travessas. Quando passou por Mutenroshi, a mão do velho que não segurava o cajado lançou-se ao traseiro dela, mas Oolong, atento, avisou entredentes:

- Nem penses! Ou a comida vai toda pelo ar.

- Hum? Eu não estava a fazer nada... - E Mutenroshi atirou um assobio, arrastando os pés.

- Velho tarado!

- Que dizes, Oolong?

- Nada, Bulma. Nada.

A comida voou literalmente das travessas. Trunks e Goten pareciam máquinas trituradoras a devorar a comida preparada por Bulma. Krilin recostava-se a admirar o espetáculo, com um ligeiro sorriso.

- E o Tiago-kun? Não quer comer? – perguntou ela, procurando pelo rapaz.

Goten suspendeu os pauzinhos por cima da tigela de arroz.

- Acho que não – respondeu com a boca cheia. Engoliu e apontou para a janela – Ele está lá fora.

- A fazer o quê?

Trunks revelou:

- Ele saiu e disse que já vinha.

- Não será melhor deixarem alguma coisa para ele?

Os dois rapazes entreolharam-se. Trunks encolheu os ombros e serviu-se de mais fatias de carne fria.

- Se ele quisesse comer, teria ficado.

- Mas...

- Deixa-os! Já te esqueceste como são os saiyajin a comer? E como são egoístas? – observou Krilin.

- O Tiago também é um saiyajin.

- Pelos vistos, não está com fome.

- Não, não está – concordou Trunks.

Goten negou com a cabeça.

- Isso de serem egoístas é a pura verdade – censurou Oolong de olhos semicerrados.

- Estamos com fome – lamentou-se Goten.

- E têm razão em estarem com fome – defendeu Bulma. – Combateram há pouco tempo, estiveram feridos, foram mal curados.

- Nós não estamos mal curados, 'kaasan. Estamos ótimos!

Caiu o silêncio na sala. Bulma riu-se, corada, a sentir os olhos de Mutenroshi, de Oolong e de Krilin colados nela, a perceber o espanto deles como picadelas de finas agulhas.

- Trunks-kun... O que foi que me chamaste?

- Hum?

Goten deu-lhe uma cotovelada.

- O que foi? – indagou Trunks espantado.

- Não lhe chames assim... - segredou-lhe o filho de Goku. – Ela, afinal, não é a tua mãe.

- Eu chamei-te isso, Bulma-san? – E agora era Trunks quem corava.

- O que é que se passa aqui? – perguntou Oolong. – Pensava que vocês vinham de outra dimensão. Tu és a Bulma que eu conheço, não és?

- Claro que sou! – explodiu Bulma e aquele acesso de mau humor haveria de distraí-los, esperava ela. – Que pergunta estúpida!

- Bem, alguém tem de ser a mãe deste rapaz – apontou Mutenroshi. – Sabemos que é filho do saiyajin Vegeta.

- E isso é importante agora?! – gritou Bulma lançando os braços ao alto.

- Pelos vistos, é um assunto que te incomoda – observou Oolong mordaz.

- Se não te calas, levas um murro nesse focinho rosado.

- Bulma-san... - pediu Krilin. – Por favor, acalma-te.

- Deixem os rapazes comer.

Com um pulo, Bulma levantou-se. Abriu a porta e saiu para o alpendre.

- É bonita, mas o feitio... - rematou Mutenroshi. – É preciso alguém realmente muito forte para...

- Como Vegeta? – perguntou Krilin desconfiado.

- Bulma e Vegeta? – admirou-se Oolong.

Trunks pousou um punho fechado na mesa com alguma força, fazendo saltar as travessas, malgas e pratos. Goten tapava metade da cara com a sua tigela de arroz, os pauzinhos enfiados lá dentro, os olhos por cima do rebordo a girarem nas órbitas, para a esquerda e para a direita. Trunks olhou zangado para Oolong. Krilin riu-se histérico:

- Só estamos a conversar, Trunks-kun.

- Estão a ser inconvenientes.

- Ele tem razão – concordou Mutenroshi. – Estamos a ser inconvenientes. Não temos o direito de censurar a nossa amiga.

- Ela não é a minha mãe – disse Trunks deveras irritado.

Goten puxou-lhe pela manga.

- Nós sabemos. Para com a cena e continua a comer.

Oolong deslizou para longe da mesa, na direção das escadas.

- Bom, para além de esfomeados e de egoístas, sei também que os saiyajin são fortes e eu não me quero enfrentar a eles. Vou-me embora.

Krilin empurrou Mutenroshi, acrescentando:

- Nós também nos vamos embora. Gomen né...

Quando ficaram sozinhos, os dois rapazes acabaram de comer, estavam simplesmente satisfeitos. Goten viu, através da enorme janela, que Bulma se sentava na areia da praia, diante do manso oceano azul, com as pernas recolhidas até ao peito, o queixo apoiado nos joelhos. Não conseguiu ver Tiago. Trunks empurrava a tigela onde tinha estado a devorar o arroz.

Goten disse, para desanuviar a atmosfera:

- Deixei de sentir o ki do meu pai e de Vegeta-san.

- Hum-hum – concordou Trunks.

- Eles não deveriam estar tão longe...

- Foram combater esse tal Freeza. Talvez o teu pai os tenha transportado para algum sítio longínquo onde pudessem desatar todos os seus poderes sem causar mais dano à Terra. Nesta dimensão, a Terra já está demasiado devastada só pela ação dos saiyajin. O esforço de reconstrução vai ser tremendo.

- Vegeta-san irá utilizar todo o seu poder?

- Acredito que sim. Ele queria vingar-se e falava muito a sério.

- Mas sempre disse que esse Freeza era muito fraco.

Trunks sorriu sem vontade.

- Se bem conheço o meu pai, irá provocar Freeza até à exaustão. Quando se cansar, vai eliminá-lo. E então...

- E então?

Os olhos do amigo fixavam-no com ansiedade. Trunks firmou-lhe uma mão no ombro.

- E então, regressamos a casa.

Goten sorriu.

***

Nas costas de Freeza estava Vegeta a segurá-lo pelos cornos. Prendia-o sem grande esforço, sustendo-o a curta distância do solo, sentindo-o a tremer de cólera e de impotência nas suas mãos. O infeliz estava completamente subjugado ao seu poder, mesmo naquela forma que resultara da infame primeira transformação. E Vegeta ainda nem sequer se tinha convertido em super saiyajin.

Com um safanão, atirou-o ao ar. Freeza voou sem controlo, soltando um urro de pura frustração. Vegeta uniu dois dedos e enviou um disparo energético que atingiu o adversário numa explosão de calor sufocante. O vulto massacrado de Freeza desapareceu.

O saiyajin respirou fundo. Assentou a sola das botas no chão, focando as suas energias e reorganizando-se mentalmente. A facilidade do combate estava a distraí-lo. Freeza tinha um poder muito inferior ao seu, mas era um grande lutador, que aproveitava com mestria as falhas dos adversários, que não desperdiçava uma oportunidade de aniquilar quem o desafiava e nem perdoava os desafios imprudentes.

Freeza estatelou-se numa cratera que cavou com a sua queda. Vegeta observou os desenvolvimentos seguintes com indisfarçável tédio. A sua superioridade era tão esmagadora que o combate resumia-se a uma sucessão de ataques seus e de defesas incompletas do oponente. Eventualmente, deixava-o adiantar-se para estimulá-lo, mas com um mínimo de esforço superava-o e derrubava-o.

Poderia terminar com aquela exibição patética de luta, só que considerava não o ter humilhado o suficiente. As memórias de Namek funcionavam como combustível, quando pensava em concluir aquilo e rematar o verdugo da sua raça.

Tremendo, Freeza colocou-se de pé. O sangue escorria de diversos ferimentos que lhe cortavam o corpo. O padecimento dele era evidente, mas Vegeta soltou uma gargalhada de puro deleite.

- Vamos passar a coisas mais sérias?

- Mal-maldito macaco!

- Exijo agora a tua segunda transformação.

E Vegeta soltou uma segunda gargalhada.

- A minha força aumenta até limites insuperáveis pelos saiyajin de cada vez que me transformo! – gritou Freeza. – Estás a pedir a própria morte.

Uma rajada de vento levantou nuvens de poeira, assobiando sinistramente entre os dois. Vegeta mirava-o com indiferença e asco. Freeza completou com um toque de malícia na voz:

- E tenho a promessa de ajuda daquele que me acompanha, logo que precisar dela. Quando perceberes que não me conseguirás derrotar, irás implorar por misericórdia. E eu far-te-ei pagar com um sofrimento inimaginável pelo teu desrespeito, saiyajin!

- Eu sou o teu pior pesadelo. Convence-te disso.

Aos poucos, Freeza recuperava, aproveitando o intervalo que Vegeta lhe concedia. Estava tudo calculado, contudo. O combate não tinha nenhum elemento de perigo ou de imprevisibilidade.

- Diz-me, Vegeta. No teu mundo, o que foi que realmente aconteceu? Não foste tu que me derrotaste... Senão, não procuravas com tanto afinco essa vitória sobre mim neste mundo.

A observação mordeu-lhe o orgulho. Vegeta crispou o rosto, fazendo sobressair as veias na testa. Depois percebeu que aquilo não passava de um jogo mental de Freeza, que gostava de os utilizar sobre os seus oponentes, no campo de batalha. E o que sabia ele sobre a sua dimensão? E sobre a sua própria morte? Era intrigante a pergunta sobre o seu próprio fim, como se aceitasse de ânimo leve essa verdade.

E essa era outra vantagem que tinha sobre Freeza.

- Que importa? Foste derrotado e é tudo!

- Não por ti. Por Son Goku! Certo?

- Enganas-te!

Vegeta aproximou-se de Freeza transpondo o espaço que os separava num voo veloz. Desferiu-lhe um murro tão potente que os dedos ficaram dormentes, ouviu os ossos do pescoço do outro a estalar. Freeza caiu para trás, espirrando um arco de sangue púrpura enquanto caía.

- Transforma-te outra vez. Já! – berrou o saiyajin agastado.

Ao se levantar, Freeza limpava o canto da boca. Mas em vez de estar vulnerável e assustado, pois era notoriamente incapaz de vencer quem combatia, sorria divertido.

Tinha encontrado um ponto fraco.

Vegeta colocou-se na defensiva. Afastou-se ligeiramente. Deu-lhe o espaço necessário e Freeza fez-lhe a vontade. Era também uma das formas de melhorar as suas probabilidades diminutas naquele combate.

Fechando os braços em cruz sobre o torso e dobrando-se para a frente, Freeza fez surgir nas costas dois enormes espigões ósseos. O seu tamanho diminuía consideravelmente enquanto se operava a mudança no seu aspeto. Os cornos negros desapareciam, o crânio alongava-se para trás, o rosto espalmava-se, o nariz desaparecia e a boca, de lábios negros, rasgava-se. Os membros cobriam-se de outros espigões mais pequenos. Dentro da matéria, o espírito renovava-se e as forças eram repostas assustadoramente depressa, curando todas as mazelas sofridas na anterior forma.

Freeza renascia, mais poderoso do que nunca.

Num reflexo, Vegeta transformou-se em super saiyajin.

Por momentos, uma ligeira dúvida assaltou-o – julgava que o poder de Freeza naquela forma era ligeiramente menor, pelo menos era o que se recordava de Namek. Estaria o mágico a ajudá-lo já?

Vegeta, todavia, tinha outras reservas de energia e ainda podia alcançar o segundo nível do poder dos saiyajin. Se tentasse despegar-se das suas dúvidas, até podia chegar ao nível três. Com apenas um dedo seria capaz de partir Freeza ao meio e com um único disparo de o assar em pedaços de carvão. Sorriu, para dissipar qualquer dúvida estúpida e desnecessária.

Exigira aquele combate a Kakaroto e haveria de o levar até ao fim!

Freeza disse-lhe:

- Agora, ataco eu!

Atingiu-o com um soco. Vegeta virou a cara. Os pés não se moveram. Com a cabeça lançada para trás, os cabelos agitando-se devagar, espreitou Freeza com um sorriso trocista.

- Gostei... Mas continuas demasiado fraco para mim.

Respondeu com outro soco que enviou Freeza num voo desamparado para longe, a gritar pelo caminho afora. Um golpe doloroso, no corpo e na alma. Continuava a ser inferior ao adversário.

Vegeta foi na sua perseguição, aproveitando a raiva para se impulsionar e para imprimir mais força nos golpes. Fazer Freeza sofrer excitava-o com um prazer doentio.

O combate recomeçava e a vantagem continuava a pertencer ao saiyajin.

***

Ao despertar sentiu-se pequeno, enrolado em si próprio num casulo de pele grossa e engelhada. Estava fechado e quente, mas não era uma sensação agradável. Tentou mexer-se para se libertar, mas uma descarga elétrica causou-lhe uma brutal dor nos músculos e encolheu-se ainda mais. Lutou por ar novo, tentou respirar, mas era-lhe tão custoso quanto mexer-se.

Estava prisioneiro. Recuperou os sentidos com o mesmo peso no peito com que desmaiara. De olhos fechados e com cãibras nos braços, soergueu-se, com o chão debaixo dele a balançar como se estivesse no convés de um barco no meio de um mar agitado. Mas era ele que tremia sem forças, não o chão.

Goku cuspiu uma bola de sangue negro. Entreabriu uma das pálpebras e viu, no meio do nevoeiro da visão turva, o vulto imponente do namekuseijin, trajado com a sua habitual capa branca adejante. Estava ao lado do ser encapuzado. Começava seriamente a pensar se o nome que Vegeta lhe dera não era verdadeiro. O ser era um mágico. Um feiticeiro deus.

A lembrança da ameaça de Zephir desesperou-o.

Os dois procuravam o mesmo: o poder imenso do medalhão de Mu.

Aos poucos, escapava-se do casulo mas estava indefeso, como um bebé acabado de nascer. Doía-lhe cada centímetro do corpo, sentia-se moído de pancada.

Um riso cacarejante penetrou-lhe os tímpanos com violência. A cabeça estalou e Goku estendeu-se novamente no chão, voltado de barriga para cima, sem fôlego. Olhou para Piccolo.

- Por-Porquê?

- Sou o príncipe das trevas. Julgavas que estava do teu lado?

- E estás do lado... dele? – perguntou a forçar a voz pela garganta estrangulada. Mal conseguia respirar para se manter acordado e falar custava-lhe o resto das forças.

- Do teu é que não estou. Somos inimigos.

- Tu... não és... o meu inimigo. Dentro de ti, existe a capacidade... para... mudares.

- A tua ingenuidade é comovente.

Goku voltou a atenção para o ser que lhe falara, a mancha escura dentro de uma capa longa com um capuz demasiado grande. Nem sequer sabia que aspeto teria, se apresentaria a mesma fisionomia do que ele. Ao menos nisso, Zephir era mais reconfortante porque fora, sem dúvida, um homem. Tentou inspirar fundo para refrescar os pulmões que sufocavam, mas o esforço deixou-o mais ofegante.

- Ele nunca mudará – informou o ser. – Tive o cuidado de escolher uma dimensão em que a mudança que ocorreu em Piccolo seria impossível. Uma dimensão sem Son Gohan.

O sorriso do seu filho mais velho, quando era criança, preencheu-lhe a consciência que se esvaía, mais uma vez. Goku lutou para despertar, abanando a cabeça, que vibrava como um tambor. Disse:

- Tu... controlas as... dimensões... Mu fazia o... mesmo. O que queres mais?

- Quero o poder do medalhão.

- Tu já tens... o poder do medalhão.

- Não, Son Goku.

Tentou levantar-se, apoiando-se no cotovelo esquerdo. Com um olho fechado e outro aberto, revelou:

- Eu não... te vou deixar...

- Estás à minha mercê.

- O que me... me fizeste? Li-liberta... me.

- Agora, que estou à beira do meu triunfo?

O riso cacarejante regressou, preenchendo cada pedaço sem dor.

- És quase meu!

A revelação deu-lhe esperança. Ainda havia uma parte dele que não estava a ser controlada pelo ser encapuzado. Goku concentrou-se no seu martírio para conseguir encontrar uma ponta solta que lhe permitisse furar o feitiço, ou o que fosse, que o mantinha imobilizado e agrilhoado a dores insuportáveis. Sem saber como, conseguiu pôr-se de pé. Mas logo de seguida as costelas foram esmagadas por um pontapé. Piccolo atacava-o outra vez. Dobrou-se, abraçando-se ao torso dorido. Disse com a voz rouca:

- Não vais ganhar... nada, Piccolo. Ele é egoísta... como todos... os tiranos que pre-pre-pretendem... conquistar o... universo.

- Eu também sou egoísta.

Trémulo, Goku sorriu.

- E depois... vais lutar... com ele por causa... por causa do medalhão?

- O que importa o futuro? Agora, uso o que ele me oferece.

- Oferece-te... uma ilusão...

- É tudo uma ilusão, Son. Lembra-te.

Raios! Mas aquela situação parecia-lhe demasiado real.

Goku esmurrou o chão e sentiu os ossos das mãos esmigalharem-se. Gritou.

Inesperadamente, rendeu-se ao desespero. As garras famintas rasgaram as últimas defesas e ele lutou pela sua alma que se entregava sonâmbula ao negrume frio e vazio para onde o empurravam. Ele não queria ir.

Descobriu nesse pesadelo torcido a silhueta de um rapaz magro e musculado, vestido com trapos rasgados. Apesar da indumentária pobre e de se encontrar descalço, tinha um porte altivo e desdenhava da sua atitude derrotista. Goku estendeu-lhe um braço e pediu-lhe ajuda. O rapaz escandalizou-se com o gesto dele. Reconheceu-o.

- Ubo... Ubo-kun?

A voz tinha regressado ao normal e as dores esvaíram-se. Ao fundo do cenário tenebroso, as garras aguardavam pelo primeiro deslize. Goku tornou a chamar.

- Ubo-kun? Estás aqui... Como é que conseguiste vir?

O rapaz inclinou a cabeça para a esquerda e esboçou um sorriso esborratado de boneco. Goku olhou para cima, à espera de encontrar os fios que lhe moviam o corpo, o mestre bonequeiro a comandar-lhe a vontade. Recuou um passo, aprontando-se para o confronto. O ki de Ubo era uma amálgama de espíritos que clamavam por auxílio, em uivos lamentosos. Sobressaiu, de repente, um ki maldoso que devorava sofregamente todos os outros. Goku recuou um segundo passo.

- Majin Bu... - sussurrou perplexo.

O que ele tinha sido, no passado, suplantava o que Ubo era, no presente e que ele moldava, em cada dia que passava, quando se treinavam juntos. O objetivo era simples: canalizar-lhe o poder imenso numa força benéfica, empregue na defesa do mais justo. Eventualmente, a Terra ficaria segura nas mãos de Ubo.

Naquele pesadelo, todavia, Ubo transformava-se numa caricatura de Majin Bu.

Sem saber como começara ou porquê, Goku viu-se a lutar contra Ubo. Estava na posse de todas as suas faculdades físicas, o corpo não mais lhe doía, e sentiu a excitação crua que o combate lhe provocava. O sangue fervia e ele empregava-se a fundo, cada vez mais, até começar a esquecer-se de tudo o que era e transformar-se num saiyajin sanguinário dos confins dos tempos.

Tudo em redor se estraçalhava com os golpes trocados no calor da refrega. Aconteciam explosões e sismos, ondas sonoras e vagas luminosas, sangue derramado e carne rasgada. Goku apanhou Ubo pelo pescoço. O rapaz olhava-o com um ódio mortal nos olhos negros. Abriu uma mão diante do rosto dele, sorriu com perfídia. Sentiu o gozo de lhe rebentar em cima uma descarga de energia que o deixou tão maltratado que, ao libertá-lo, o corpo de Ubo inanimado caiu-lhe aos pés.

Não experimentou qualquer remorso. Contemplou o seu feito.

Um saiyajin despiedado e invencível.

Um super saiyajin, nível três, equivalente ao lendário Keilo.

Os cabelos dourados estendiam-se pelas suas costas em cachos pesados. Todo ele brilhava perigosamente.

O pesadelo foi interrompido por um riso soluçado, como um cacarejo.

- Ah! Finalmente meu!

Goku olhou em pânico para as suas mãos.

- U-Ubo-kun...

Procurou pelo rapaz mas apenas descobriu, espalhado em redor dele, numa enorme extensão que cobria todo o lugar que a vista dele podia alcançar, minúsculos pedaços cor-de-rosa, como se Majin Bu tivesse sido desfeito por um qualquer ataque flamejante. Ficou confuso.

- Finalmente meu.

Goku agarrou-se ao peito. O coração parecia querer fugir-lhe.

- N-Não!!!

As dores regressaram.

Nisto, alguém entrou no pesadelo. Um homem baixinho, de ombros largos e braços metálicos terminados numa garra simples, de duas pinças, que se abria e fechava como um caranguejo. Na cabeça tinha uma máscara antigás de lona, com as correias desapertadas. Interpôs-se entre ele e o feitiço com coragem, abrindo as pernas arqueadas, brandindo os braços metálicos como um malabarista.

Goku caiu sem forças. Arquejou, cansado e derrotado, agarrado ao peito para se assegurar que mantinha consigo o coração que o queria abandonar. E se ele não tivesse coração, ficaria como Piccolo, à mercê daquele ser encapuzado.

- Não, enganas-te. Ele é meu!

O seu salvador lutava com o ser e reclamava-o para si. Ele não via nada, mas sentia que o homenzinho lutava, com uma qualquer habilidade invisível que era tão poderosa quanto o pesadelo que o tragava com mandíbulas exigentes. Ele estava a ser disputado pelos deuses. Goku percebeu também que o bem ganhava. Antes de perder novamente os sentidos, reconheceu o salvador.

Murmurou com um sorriso de alívio:

- Tori-Sama...

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