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XXXVII - O sofrimento e a dúvida


O planeta estava deserto, como a imagem congelada de um momento em que a vida fora propositadamente apartada da fotografia tirada. Não era um mundo acolhedor, mas também não se conseguia classificá-lo inteiramente como hostil. Tinha um céu enegrecido, como se o azul normal tivesse sido pincelado com fuligem, dois sóis distantes que pareciam pregados no alto, imóveis. A atmosfera era morna, salobra. Havia espaço, uma planície imensa com ligeiras depressões e uma total ausência de montanhas. Perfeito para desatar o que havia para ser desatado. A gravidade era ligeiramente superior à terrestre, nada que incomodasse Vegeta. Ou Freeza.

O saiyajin não conseguia desfazer o sorriso cínico. Lia o ki do adversário e maravilhava-se, excitava-se, aborrecia-se com a diferença abissal que percebia. Não lhe daria qualquer gozo se o matasse logo. Pensava deliciado em mil e uma maneiras de prolongar aquele especial deleite de combater, humilhar e derrotar aquela criatura hedionda que o usara num passado remoto e sepultado.

Mas Freeza estava demasiado confiante para quem tinha uma força de combate tão ridícula. Os braços magros cruzados, o corpo pequeno descontraído, fixava-se guloso em Vegeta, aguardando a ação que desencadearia o conflito. E o saiyajin sabia que o primeiro gesto seria dele, porque o imperador do universo nunca tomava a iniciativa.

Uma memória de infância atravessou-lhe a mente: alguém contava que vira Freeza lutar, coisa rara, pois o grande Freeza nunca lutava. Tinha uma força lendária e tão avassaladora que nenhum scouter era capaz de ler sem rebentar, nem nenhum guerreiro se lhe poderia igualar ou suplantar. Era desnecessário o confronto, pois Freeza era, à partida, imbatível. Mas alguém contava que o vira lutar. O pequeno príncipe desdenhou do exagero do relato, secretamente desejou saber como se fazia para irritar Freeza a tal ponto para fazê-lo sair do veículo aéreo, que utilizava para se deslocar, e forçá-lo a combater. Jurou a si mesmo nesse dia que haveria de se enfrentar, um dia, ao temível Freeza-sama.

A primeira vez acontecera no planeta Namek. Perdera.

A segunda vez iria acontecer naquele planeta sombrio. Haveria de ganhar.

Porque Freeza só fora imbatível até surgirem os super saiyajin.

- Estás preparado para sofrer a pior derrota da tua vida?

- Estás tão confiante – respondeu Freeza. – Não sabes com quem vais lutar.

- Nem tu!

- Sei muito bem quem tenho pela frente. Um macaco nojento que não tem consciência de qual é o seu lugar!

Vegeta soltou uma gargalhada.

- Eu sou um super saiyajin! – exclamou num grito. – Sou o teu pior pesadelo.

Freeza replicou calmamente:

- O príncipe dos saiyajin trabalhou para mim. Quando deixou de me ser útil, eliminei-o. Dei-lhe o que me pediu: um poder ilimitado. Um poder perigoso. Mas ele concordou em empenhar a alma para conseguir converter-se nessa aberração a que chamas de super saiyajin. Quando quero, também sei ser benevolente. Morreu feliz, o bastardo. Enquanto lhe esmagava o coração na minha mão – e mostrou a mão direita com os dedos retorcidos numa garra que se cerrava –, ele tinha esse estúpido sorriso que tu tens na cara.

O discurso picou o orgulho de Vegeta.

- O que estás para aí a dizer?

- Eu vi o poder do lendário super saiyajin. Não será suficiente para me derrotar.

Nova gargalhada de Vegeta.

- Na minha dimensão, foste facilmente derrotado por um super saiyajin com um poder muito inferior ao que eu tenho neste momento. Tu, Freeza, é que não sabes quem vais enfrentar!

- Mas não estamos na tua dimensão.

O corpo de Vegeta estremeceu. Apertou os punhos, afastou as pernas e disse:

- Comecemos!

Atacou. Uniu as mãos e lançou um Final Flash. A explosão abriu uma cratera na planície imaculada. A primeira cicatriz, de muitas que haveriam de ser rasgadas na superfície daquele mundo perdido nos confins do espaço, testemunhas frias do iminente combate de titãs.

Freeza desatou a rir-se. Tinha esquivado o ataque energético deslocando-se com a sua super velocidade. Cruzava os braços, depois de ter ilustrado a forma macabra como acabara com o duplo do príncipe.

- Só isso?

- Não te quero espantar no início – respondeu Vegeta endireitando-se. – Ainda nem sequer me transformei em super saiyajin. Nem tu estás na tua forma final.

A cara de Freeza torceu-se num esgar de desaprovação.

- Não quero que isto seja... demasiado desigual – concluiu malicioso.

Saltou e susteve-se no alto. Freeza olhou para ele. Vegeta lançou os braços para trás, escancarou a boca num berro tremendo, o seu ki elevou-se subitamente, as mãos encheram-se de um brilho ofuscante. Sem deixar de gritar despejou uma saraivada de raios energéticos para onde sentia a aura do adversário.

O combate começava de uma forma épica, com um espetáculo de luz e fogo.

Vegeta sorria enquanto lançava os milhentos raios.

Haveria de fazer Freeza sofrer até ao derradeiro segundo. Até fazê-lo implorar por piedade.

***

- Deixemo-nos de subterfúgios e falemos francamente, tu e eu. Não adianta que eu te engane, nem tu queres que o faça. Precisas de respostas, desde que percebeste as minhas ações no universo. Desde o início que me persegues. Os saiyajin, Freeza ou mesmo os desgraçados dos soldados que mataste, há pouco, foram apenas distrações nessa perseguição.

O instinto dominava-lhe os sentidos e Goku deixou-se guiar por este, que tantas vezes o ajudara em situações complicadas. Adotou uma posição defensiva e continuou a escutar o ser que lhe falava de dentro do capuz.

- O mais aborrecido é que tu és demasiado puro. Não existe mácula na tua alma de saiyajin, o que é um contrassenso. Um guerreiro sem pecado! Nem mesmo quando tiraste a vida aos soldados, há pouco, conseguiste manchar-te. Apesar de te receber de braços abertos neste local, não me serves. O que devo fazer, então, contigo?

- Falas como se me estivesses a ver pela primeira vez. Mas tu... já me conhecias. Havia outro "eu" nesta dimensão.

- Disse-te que iríamos falar francamente, Son Goku. Continuemos a falar francamente, por favor. Tu és real. O resto, não passa de uma ilusão.

- Não quero acreditar nisso – ripostou Goku, olhando de soslaio para Piccolo que lhe tinha dito a mesma coisa. – Esta dimensão é verdadeira, à sua maneira. Conheci, em tempos, um rapaz que vinha de uma outra dimensão temporal, em que eu não existia, e ele era bem real. Mirai Trunks existia! As pessoas que aqui vivem são reais.

- Oh, sim... Mas quem é o verdadeiro Son Goku? Tu, ou todos esses que já estão mortos? E onde estão esses teus espíritos privados de corpo?

- Hum? Não... Não sei.

- Diz-me: o que tenho de fazer para te tornar meu?

- Quem és tu?

- Aquele que procura o medalhão.

Realmente, a franqueza era assustadora. Goku perguntou:

- Tu és Mu?

- Mu? O criador do medalhão?

O ser soltou uma gargalhada que não pareceu inteiramente espontânea.

- Não.

O capuz agitou-se quando se debruçou para diante e concluiu com a revelação:

- Mu morreu às minhas mãos, se o queres saber.

- Mu... era... um deus – gaguejou Goku com a boca seca.

- Mas não era imortal. Infelizmente, o seu precioso legado escapou-se-me. Fui ingénuo ao não ter acautelado o pormenor mais importante dessa empresa, o objetivo final: obter o medalhão. Distraí-me com o poder imenso que alcancei com a morte de Mu e as distrações... pagam-se caro. No entanto, aprendo com os erros e não faço a mesma asneira, duas vezes. A minha ingenuidade foi o meu castigo.

- E para que me queres? Eu não posso unir as duas metades do medalhão. Só alguém da...

A descoberta atingiu-o como um murro nos queixos. Deixou-o zonzo.

- Da... Dimensão Real... - completou Goku arrepiando-se até aos ossos.

- Hai, tens razão – concordou o ser e, nas sombras que lhe cobriam o rosto, parecia que sorria. – Foi por essa razão que entrei primeiro na Dimensão Real. Causei... Algumas perturbações, admito.

- O sismo... O... tsunami.

- Lamentavelmente, tu apareceste.

Goku ergueu um punho.

- Maldito! Não te deixarei tocar em Tiago-kun!

- Ele já é meu...

O ser estalou os dedos. Goku rangeu os dentes, focando as suas energias no que percebia em redor. Fora com um estalar de dedos que transportara Freeza e Vegeta para um local distante, tão longínquo que ele tinha dificuldade em encontrar a aura do companheiro – mas conseguia-o e sabia que, mais cedo, ou mais tarde, teria de ir lá buscá-lo com a Shunkan Idou. Contudo desta vez, aparentemente, nada mudara. Continuavam na sala de comando da nave.

- Poderá ser – respondeu Goku irritado. – Mas protegerei o rapaz e afastá-lo-ei de ti. Com todas as minhas forças!

- Por isso, preciso que te juntes a mim, Son Goku.

- Nunca!

Assim que acabou de falar, sentiu um grande peso no peito. Atrás, houve movimento. Olhou por cima do ombro e viu uma sombra saltar para cima dele.

- Não! Piccolo!!!

Para se defender, lançou uma descarga de energia que apanhou o namekuseijin em cheio no torso e o enviou de encontro ao teto. Ao embater aí, abriu uma estrela de rachas e caiu de borco, no meio de uma chuva de pedaços metálicos.

- Ele não é teu amigo.

- Eu sei – respondeu Goku.

- Mas mesmo sabendo, não queres combater contra ele por causa das bolas de dragão. Será um erro!

Piccolo levantava-se, pronto para uma segunda investida. Goku arquejou, com um sabor estranho a sangue na boca. Uma dor imensa apertou-lhe o coração. A visão começou a ficar turva. Não percebia o que estava a acontecer-lhe, mas sabia que aquele ser estava na sua origem. Tinha de combatê-lo. Porém, temia atacá-lo e não sabia explicar porquê. O mesmo instinto que o fazia defender-se com ganas, comunicava-lhe essa impressão.

Por enquanto, não o ataques. Se o provocares agora, deitas tudo a perder. Aguenta!

Aquele ser seria realmente um deus, uma criatura sobrenatural suprema com poderes imensos e invencíveis? As pernas de Goku fraquejaram. Levou uma mão ao peito. As dores começavam a ser insuportáveis. O coração batia acelerado, como um comboio desgovernado, bombeando sangue demasiado depressa, inchando-lhe os músculos. Sangue envenenado! Mal se conseguia mexer. Estava sem ar.

Piccolo deferiu-lhe um golpe na parte de trás da cabeça. Goku escutou uma gargalhada antes de cair inanimado.

O último pensamento foi para Vegeta. O príncipe dos saiyajin estava perdido se ele não o avisasse a tempo.

***

Um fio de sangue roxo escorreu-lhe do canto da boca. O seu sabor ácido provocou-lhe uma sensação de ira como há muito não sentia. Freeza não o limpou. Deixou-o na pele, na língua, para que bebesse deste todo o ódio que precisava para se tornar impiedoso e desfazer o inseto que tinha diante de si. Um inseto zumbidor que, inesperadamente, se revelava um adversário difícil.

Não estava a gostar do rumo dos acontecimentos. O maldito mágico – e utilizou aquela definição depreciativa, como se o pudesse atingir e ofender se o classificasse daquela forma, mesmo em pensamentos – tinha-lhe prometido que ele seria capaz de enfrentar aquela versão do príncipe dos saiyajin e que venceria.

- Viste o que fiz com o príncipe que trabalhava para ti. Dei-lhe um poder imenso. Nem mesmo Son Goku o conseguiria vencer. Farei o mesmo contigo, claro, quando chegar o momento.

- E quando será esse momento?

- Quando se revelar necessário.

Começava a pensar seriamente que era o ser que o usava e não o contrário. Apesar de aquela associação ter iniciado quando Freeza, sobranceiro e misericordioso, o resgatara de um planeta prestes a explodir e de o ser, indigente e desvairado, lhe ter implorado que, se o salvasse, o ajudaria a tornar-se no senhor incontestado do universo. Acreditara naquilo, julgava que se manteria sempre num patamar de superioridade ante aquela criatura suja. Fora enganado, percebia-o agora. E a sua irritação aumentou.

Vegeta aterrou suavemente a curta distância. Freeza crispou os punhos.

- Já te decidiste?

Rosnou.

- Vamos. Transforma-te – pediu Vegeta com arrogância. – Eu não me importo de esperar. Depois da tua primeira transformação prometo que continuarei no meu estado normal. Devemos manter isto divertido. Não concordas?

Obviamente que não concordava. Freeza soltou um berro gigantesco, varrendo o ar com uma vaga de energia. Os cabelos negros do saiyajin, com laivos castanho-escuros revelados pela parca luminosidade do planeta, agitaram-se.

Sem outra solução, começou a sua transformação.

Vegeta cruzou os braços, observando com calma as alterações brutais no corpo de Freeza. O chão tremia subtilmente e as pinceladas cinza dos céus pareciam esticar-se e encolher-se como manchas num tecido elástico. Seria um processo rápido, esperava, ou a sua paciência esgotava-se e a brincadeira terminava abruptamente.

Os trovões ribombavam nas lonjuras. Um raio cintilante estalou por cima de Freeza, que estremecia e rangia, sujeito a uma tensão brutal, apenas aliviada por um grito rouco e contínuo que soltava da garganta. Novelos de poeira revoluteavam em seu redor. Após conciliar toda a energia que necessitava, calou-se e o corpo explodiu, aumentando o tamanho de repente. Primeiro o torso e os braços, a cabeça. De seguida, as pernas, as patas tripartidas. A cauda engrossou como se insuflada. A cornadura que lhe ornava as têmporas cresceu, o par de chifres pontiagudos curvando-se para cima, convertendo-se numa arma inesperadamente mortífera. A transformação completa conferia-lhe um aspeto terrífico, um titã alienígena temperado com um poder imenso que transpirava em seu redor num halo vermelho-vivo, o sangue que farejava e que o saciaria.

Todavia, Vegeta não se impressionou.

Freeza indagou:

- Satisfeito?

Vegeta descruzou os braços, aumentando o ki com uma explosão repentina. O sorriso torcido e presunçoso irritava Freeza que fervia em lume-brando, alimentando a própria ira, espalhando-a em vagas sucessivas que emanava do seu corpo gigantesco e que faziam a cabeleira do saiyajin mover-se como as chamas de uma fogueira negra.

- Veremos... - respondeu Vegeta, por fim.

- Vais arrepender-te, macaco nojento.

E, depois de um curto silêncio em que se mediram, em que Vegeta lutou com as memórias que o distraíam – a primeira vez que vira aquela transformação de Freeza tremia de pavor no céu de Namek – o ataque surgiu, por sua iniciativa. Saltou com sanha, juntou alguma energia, a suficiente para fazer estragos mas a dose certa para evitar o fim prematuro daquilo. Uniu as duas mãos e berrou:

- Final Flash!!!

O raio ofuscante encheu-lhe os olhos do brilho da vitória. E antes da explosão ainda conseguiu ver a expressão de horror de Freeza.

Estava a ser tão fácil que começava, paulatinamente, a ser entediante.

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