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XXVIII - Os primeiros combates


O príncipe escolheu o local do combate, Goku deixou-o fazê-lo. Pararam num terreno despido na orla do bosque sagrado onde se situava a torre Karin, que estava muito diferente daquilo que ele conhecia. A tribo que protegia os bosques fora dizimada anos atrás, mas os restos da destruição e da matança ainda se conseguiam ver entre a vegetação que conquistava, aos poucos, o local e cobria a vergonha desse ataque cobarde. Goku olhou para o príncipe e não pôde evitar pensar que estava a olhar para o responsável. Atrás dele, Piccolo arfava, mais de raiva do que de cansaço. Já não estava habituado àquela versão demoníaca do namekuseijin e pareceu-lhe tudo excessivo.

O terreno era afastado de qualquer povoação e isso agradou a Goku.

- Bem, Kakaroto. Não quero perder demasiado tempo com isto... O combate vai ser rápido.

A impertinência na voz do príncipe era um eco do passado. Goku observou-o com atenção, lendo-lhe o ki que ele escondia. Uma habilidade que Vegeta só aprendera mais tarde, em Namek. Mas aquele Vegeta era mais jovem do que o príncipe que ele conhecia, mas certamente muito mais velho do que quando se tinham visto pela primeira vez, quando chegara à Terra. Os anos tinham passado desde esse momento crucial e isso coincidia com o relato de Bulma.

- Podes ter trazido ajuda, mas não te servirá de nada.

- Eu não o vou ajudar! – gritou Piccolo.

- Calma, Piccolo.

- E não me dirijas a palavra. Tu e eu somos inimigos!

Goku olhou para o namekuseijin.

- Está bem... Mas deixa-me começar isto, se não te importas.

- Começas e vai já acabar – completou Vegeta com uma gargalhada.

- Veremos, Vegeta.

O rosto do príncipe contorceu-se.

- Para de me tratar pelo nome!

E que outras habilidades teria aquele Vegeta? Goku não devia confiar demasiado, pois podia ser surpreendido. Preparou-se para o embate.

O príncipe começou a reunir energia, gritando no processo. O chão tremia e rangia, abrindo fendas. O poder que demonstrava era impressionante e galopante, o que ia deixando Goku apreensivo. Piccolo esforçava-se por se aguentar impassível, mas Goku percebia na sua aura alterações subtis semelhantes ao medo, alimentadas certamente por alguma recordação.

Após acumular energia, o príncipe atacou, de punho em riste. Goku retesou todos os músculos – não iria ripostar. Receberia o ataque em toda a sua potência para avaliar o adversário que tinha diante. Apanhou com o soco em cheio na face, que o derrubou imediatamente. Antes de sentir o contacto do chão, um pontapé apanhou-o e projetou-o para o alto. Um punho segurou-o pelo dogi, sacudiu-o e apanhou com um segundo soco que lhe ofendeu o nariz. Sentiu o sabor do sangue no céu-da-boca. Um terceiro soco na testa fê-lo cair num parafuso descontrolado, até ao solo. O ar passava pelo seu corpo que caía sem amparo. Abriu uma cratera no chão, criando uma nuvem de poeira.

As gargalhadas do príncipe furaram-lhe os tímpanos.

- Não acredito que és mais fraco que o Kakaroto que conheço! Vamos, para com a brincadeira e luta a sério.

Goku levantou-se.

- Tu não vais querer que eu lute a sério.

O príncipe berrou:

- E tu não vais querer ver-me irritado!

Talvez queira, pensou Goku. Queria desesperadamente saber se aquele Vegeta também era um super saiyajin e até que nível conseguia chegar.

O ataque seguinte coube a Goku. Sem fazer o estardalhado de reunir energia, como fizera Vegeta, saltou e desferiu uma série tão rápida de socos, que este mal os conseguiu esquivar. Distraiu-se no último soco, que apanhou em cheio nos queixos. Soltou um grito agudo. Travou o voo desamparado, rugindo como uma besta. Goku agitou o braço e uma pequena bola azul luz viajou até ao príncipe que a desviou com uma palmada.

- Ah! Já começaste com esse tipo de ataques? Estás desesperado, tão cedo?

Goku sorriu.

- Consegui surpreender-te?

- Nem pensar! Continuas mais fraco que o Kakaroto que conheço.

O príncipe uniu as duas mãos à frente e disparou uma bola vermelha. Goku também a desviou com facilidade. Mas quando pensava que o adversário continuava no mesmo sítio, verificou que este estava junto dele e que o derrubava pela segunda vez, com um pontapé à meia-volta, de cima, que o atingiu na cabeça. Goku criou outra cratera.

Piccolo disse-lhe:

- Porque é que te estás a conter? Luta de uma vez com toda a tua força!

Goku cuspiu saliva com sangue, enquanto se levantava.

- Ainda não.

- Porque não? Não o vais matar? Ele ainda está a brincar contigo, mas assim que se cansar, aplica-te o golpe de misericórdia.

- Não será assim tão fácil.

- Estás demasiado confiante.

Goku olhou para cima, onde o príncipe pairava com um meio sorriso no rosto crispado. Chamou-o com um aceno trocista.

- Vamos, ataca-me!

Goku saltou. Os movimentos foram rápidos, diluíram-se na atmosfera, mas Piccolo conseguiu perceber como Goku conseguiu ludibriar o príncipe, mais uma vez, com a sua velocidade e atingi-lo com alguns golpes certeiros. O príncipe estatelou-se numa terceira cratera. Quando se levantou, a ranger os dentes, um fio de sangue escorria-lhe pelas têmporas.

- Kuso! Vais pagar-mas!

O príncipe investiu com uma ferocidade estranha. Goku rechaçou-o, travando todos os golpes com mestria, mas também com uma centelha de sorte. Apanhou-lhe o punho esquerdo, depois o punho direito e deu-lhe uma cabeçada com toda a força. O príncipe urrou de dor, agarrado à testa. Entreabriu um dos olhos, alçou um braço e quando ia esmurrá-lo, Goku fugiu do alcance dele com um salto e o murro fê-lo desequilibrar-se. O príncipe tropeçou nos próprios pés, mas não caiu. Olhou para Goku que, antevendo novo ataque fracassado, ergueu uma mão e disse:

- Espera! Não te quero matar.

- Azar o teu! Porque eu vou matar-te agora mesmo.

- Não o conseguirás fazer. Já verifiquei que a tua força não passa disto.

O olhar do príncipe transtornou-se. Uma capa de energia esbranquiçada envolveu-lhe o corpo que tremia de tanta cólera. Pela primeira vez, Piccolo assistia à cena com um semblante maligno de puro prazer na cara sorridente. Tinha a sua vingança sem mover um dedo, apesar de ser o seu inimigo quem atuava em nome do seu orgulho ferido.

- Baka! Eu ainda não mostrei tudo o que sou capaz de fazer! – vociferou o príncipe e faíscas azuis saltitaram em redor dele.

- Estás a fazer bluff. Se tu me conheces, Vegeta, eu também te conheço. Não adianta insistir neste combate. Tu chegaste ao teu limite e eu... Eu ainda tenho tanto para dar.

- Kuso! Vais engolir essas palavras, soldado nojento de categoria inferior!

- No meu mundo, lutei contigo por duas vezes. Nunca te ganhei, é certo, mas também não perdi. Depois de tantos anos a enfrentarmos desafios juntos, tornámo-nos companheiros. Não deve ser muito diferente daquilo que se passa aqui, neste mundo. Tu convives com o meu outro eu. Nunca te poderia matar.

- Cala-te! Não preciso da tua piedade!!

As faíscas estalavam em redor do príncipe como serpentes.

- Vegeta, acabou.

- Não! – rugiu o príncipe, completamente fora de si. – Não, eu é que digo quando é que acaba!

Impulsionou-se para cima, com um salto. Piccolo descruzou os braços e disse, alarmado:

- Ele vai utilizar um ataque energético muito forte. Provocaste-o e ele vai dar tudo o que tem!

Goku crispou o rosto, enrijecendo os músculos a preparar o embate que viria imbuído com toda a raiva daquele Vegeta que tinha perdido a razão, como verificava Piccolo. O namekuseijin, inesperadamente, também saltou.

- Piccolo!

- Adeus, miserável! Deixo-te com o teu destino.

- Onde vais?

Mas Piccolo já não respondeu e desapareceu dali cruzando os céus azuis com toda a velocidade, deixando um rasto branco que desfez as nuvens que atravessou. Outras nuvens, mais próximas, convergiam para o príncipe, que criara um vórtice de energia e de luz em redor do corpo pulsante, como se se tratasse de um buraco negro, e desfaziam-se em vapor assim que o tocavam. Quando achou que tinha reunido o poder que necessitava, o príncipe lançou os braços para o lado e berrou a plenos pulmões:

- Gariku-Ho!!!

Não podia perder mais tempo e nem reter o seu potencial. Goku transformou-se em super saiyajin e berrou, por seu lado:

- Kamehame...

E quando terminou:

- Ha!!!

Nos céus, um raio azul chocou com um raio roxo e, no ponto em que se tocaram, criaram uma explosão tremenda de luz, em forma de bola dividida ao meio nessas duas cores.

Mas a força de Goku era muito maior que a do príncipe e bastou que este se esforçasse um pouco mais para que a sua Kamehame-Ha engolisse a Gariku-Ho e o raio azul, enviado para o espaço para não atingir a Terra, passasse a milímetros do rosto do príncipe. O calor sufocou-o e ele caiu. Levantou-se abalado, com as pernas a tremer. Ao olhar para Goku, o choque de o ver brilhando como uma tocha humana foi avassalador e ele caiu novamente, ficando sentado a contemplar aquilo, que o assustava e maravilhava.

Era óbvio que nunca tinha visto o fenómeno, mas que já ouvira falar dele.

- Isto, Vegeta... - disse Goku. – Isto é um super saiyajin.

***

Vegeta calçou a luva da mão esquerda enquanto percorria o corredor.

- Maldito!

Uma enorme máquina passou por ele a apitar ruidosamente, mas ele não se incomodou até ver que, atrás da máquina estava Bulma, vestida com uma bata branca e a usar uns óculos utilizados em trabalhos de soldadura.

- Vegeta... Onde vais?

Ele olhou-a de alto a baixo. Até ali, até aquela, se achava no direito de lhe controlar os passos? Ela colocou os óculos na cabeça, repuxando a franja. Ele gostou de a ver despenteada. Respondeu-lhe, calçando a luva da mão direita, retomando o caminho.

- Temos visitas.

- Visitas?

- Não saias, Bulma. Não deverás sair, mesmo que oiças barulhos estranhos no exterior.

- Porquê?

- Obedece-me, mulher! – gritou-lhe, de costas, a dobrar a esquina do corredor.

- Bruto!

Vegeta abriu o portão com um safanão e fez uma entrada triunfante no relvado da Capsule Corporation. Queria criar impacto com a sua chegada e conseguiu-o, pois Kakaroto olhou para ele verdadeiramente surpreendido. Tinha um braço alçado e com o outro segurava o que pareceu, à primeira vista, uma trouxa de roupas. A energia latente nos dedos meio abertos da mão desocupada indicava que iria aplicar o golpe de misericórdia – a morte morava naqueles dedos. Quando se recompôs da surpresa, soltou a trouxa de roupas e Tiago caiu no chão, o corpo todo enrolado, tão maltratado que nem sequer gemeu. O rapaz estava entre a vida e a morte. A chegada de Vegeta salvara-o.

- Queres um adversário que valha a pena? Aqui estou eu.

Kakaroto endireitou as costas.

- Foste tu que me roubaste a bola.

- Vieste recuperá-la?

- Hai. Dá-me a bola.

Vegeta sorriu-lhe com ironia.

- Lamento, mas já não posso devolver-te a bola. Usámo-la e agora não passa de uma vulgar pedra.

O rosto de Kakaroto contorceu-se confuso. Pestanejou furiosamente, como que a retomar a concentração. Sacudiu os ombros e disse, fechando as mãos e dobrando os braços pelos cotovelos:

- Oh... Já não importa. Não sei para que servia aquela bola, de qualquer modo.

- Era uma recordação do teu filho, Son Gohan – atirou Vegeta mordaz.

Agora, o rosto de Kakaroto expressou sofrimento. Arquejou, abalado com aquele dardo certeiro que o outro lhe disparara ao coração. Sacudiu novamente os ombros, rosnando como um animal ferido, afastando a dor e enchendo o peito de ressentimento. Os olhos ficaram vermelhos da raiva que lhe ardia agora naquele coração que era mais empedernido que o seu tinha sido, pensou Vegeta num lampejo de excitação, a antecipar aquele confronto. Era o seu desejo mais antigo, proibido e consumidor – lutar contra Kakaroto. Provocara-o de propósito. Queria ver se aquela cópia atingia o nível de super saiyajin.

Kakaroto esticou o braço direito, onde a energia que acumulara para rematar a vida de Tiago reacendera-se e lançou um cometa de luz faiscante. Vegeta olhou de relance para trás – a Capsule Corporation! Saltou, o cometa seguiu-o. Aparou-o com as duas mãos unidas diante de si, sentindo as palmas das mãos escaldar com aquele calor mortífero. Num grito, elevou os braços esticados e enviou o cometa para o firmamento.

O idiota irritara-se mas não se convertera num super saiyajin. A dúvida incomodou Vegeta – e não conseguia, de facto, atingir esse nível? A força de Kakaroto era prodigiosa, aquele poder estranho que o tornava num lutador excecional, alcançando vantagens impossíveis onde não havia esperança. Vegeta chegara a odiá-lo por esse talento guerreiro excecional. No chão, Kakaroto olhava para ele, cada vez mais enraivecido. Nele havia todo o potencial do Kakaroto que ele conhecia. Não o podia perdoar e deixá-lo ir, ganharia em potência e poderiam ter um adversário complicado no futuro. Teria de matá-lo e hoje era esse dia.

A cidade estendia-se debaixo dele, a grande metrópole do ocidente. Ali não podia ser, não desejava criar destruição desnecessária. Como ele tinha mudado! Se fosse antes, haveria de arrasar a cidade e nem sequer perdia um milissegundo a pensar no facto. Kakaroto pensava assim. Lutaria sem pensar nas consequências, agia como um verdadeiro saiyajin. A comparação fez Vegeta irritar-se – iria matá-lo, sim, e de um golpe só!

Kakaroto uniu as duas mãos, preparando novo ataque.

- Ka... me...

Vegeta preparou o embate, acumulando energia nos músculos doridos. Kuso!! Estava esgotado, como o maldito Kakaroto que ele conhecia dissera. E a ideia de que teria de eliminar o seu adversário de um golpe só ganhava volume na sua mente, como coisa imprescindível à sua própria sobrevivência.

- Ha... me...

Uma esfera azul surgiu entre as mãos de Kakaroto, soltando raios em todas as direções. O seu ataque mais potente, mas que ele fazia surgir com menos de metade da energia que possuía, lia Vegeta intrigado. Nisto, Kakaroto gritou:

- Vou fazer-te em pedaços!!

- Com esse ataque? Tenta, imbecil!

A voz ressoou familiar a Kakaroto, que hesitou por um instante. Mas enviou o ataque, disparando a bola azul por cima da cabeça.

- Ha!!!

O ataque alcançou Vegeta sibilando como uma serpente. A explosão iluminou os céus, causando um ruído ensurdecedor e Vegeta desapareceu no meio da luz e da nuvem de vapor. As gargalhadas de Kakaroto ecoaram sinistras pela cidade.

Tinha colocado os braços cruzados sobre a cara e tinha endurecido o corpo para aguentar com aquele ataque que, subitamente, tinha crescido em poder assassino. Calculara mal a raiva do oponente. Acabou ferido e queimado. O sangue corria-lhe da ferida que se abrira no braço esquerdo, junto ao ombro. Vegeta olhou para baixo, irritado.

Estava a ser estúpido, a combater no seu estado normal. Mas, primeiro, deveria afastá-lo da cidade.

Utilizando a sua super velocidade, Vegeta aproximou-se de Kakaroto e desferiu-lhe um murro tão potente que o derrubou sem apelo. Quando ia para atingi-lo com mais alguns golpes que o atordoassem, um grito deteve-lhe o salto.

- Tiago-kun!

Teimosa como sempre, ela não acatara as suas ordens.

- Bulma, disse-te para não saíres!

Ela correu pelo relvado afora e amparou o corpo do rapaz.

- Tiago-kun! Tiago-kun! Oh, ele não está morto, pois não?! Pois não?

- Bulma, sai daqui!

Kakaroto levantava-se a abanar a cabeça para despertar. O murro partira o ecrã do scouter e ele atirou-o fora, esmagando antes o aparelho com a mão esquerda, fixando Vegeta com a mesma ira desconcertante.

Bulma olhou para Kakaroto, de lágrimas nos olhos.

- Maldito! Espero que hoje recebas finalmente a lição que tens vindo a merecer durante todos estes anos!

Kakaroto riu-se, dizendo:

- É hoje que vais morrer, mulherzinha! Com que então, era aqui que te escondias? E vou também rebentar com a tua cidade, depois de acabar com esse miserável que te ajuda e que tem o aspeto do príncipe.

- Eu sou o verdadeiro príncipe dos saiyajin e vais arrepender-te de teres aceitado lutar contra mim! – replicou Vegeta, mantendo-se atento à posição de Bulma.

E sem esperar mais, convocou as derradeiras reservas de energia e o seu corpo brilhou gloriosamente, acrescentando com orgulho:

- Só o verdadeiro príncipe dos saiyajin atinge o nível do super saiyajin! Percebes agora com quem lutas, imbecil?!

Faíscas vermelhas soltavam-se da capa cintilante que o envolvia, os cabelos espetavam-se em cachos dourados, as linhas do rosto afiavam-se para lhe conferir uma expressão perversa. Não o fizera por menos – estava no nível dois dos super saiyajin. Não era o limite das suas capacidades, podia chegar ao nível três em situações específicas e de concentração absoluta, mas as suas reservas exíguas de energia não lhe permitiriam ir mais longe. Mesmo manter o nível dois estava-lhe a ser custoso, mas prosseguiu naquela demonstração de poder supremo. O rosto lívido de Kakaroto valia o sacrifício.

Sentia igualmente a admiração de Bulma, um misto de encanto e de medo. Ah, ela continuava a ter medo dele, que maravilha! E também sentia, com alguma apreensão que lhe foi estranha, a força vital daquele inútil do Tiago a esvair-se lentamente.

Não os conseguiria convencer a se afastarem, até porque Bulma, apesar de toda a boa vontade e de toda a preocupação, não seria capaz de transportar o corpo apagado do rapaz. Aproveitou a vantagem de ter o adversário ainda atrapalhado com a surpresa, transpôs a distância que os separava com um pulo e quando estava suficientemente próximo, esticou ambos os braços, mãos abertas, e lançou-o, com uma onda de energia, pelo ar afora. O grito de Kakaroto perdeu-se na distância. Vegeta preparou o impulso para voar, mas, subitamente, as forças faltaram-lhe e foi com um joelho ao chão. Limpou os olhos embaciados.

- Kuso!

Focou todas as suas energias e avançou finalmente, voando célere. Apanhou Kakaroto nos limites de West City, que tinha recuperado o equilíbrio e estacara suspenso no vazio. Vegeta aplicou o mesmo golpe, lançando-o para mais longe, só com a deslocação do ar que provocava com o seu ki. O ataque consumia grandes quantidades de energia, mas Vegeta utilizou-o uma terceira vez. Viu o corpo descontrolado de Kakaroto furar uma formação rochosa e desaparecer no buraco que abrira, perdendo-se num monte de pó e de terra. Quando subiu para encontrá-lo, estava num considerável mau estado, a couraça desfeita, a sangrar das pernas e dos braços. Kakaroto gritou frustrado, convocando a sua energia para ripostar. Vegeta desatou a rir, para disfarçar o cansaço que sentia.

- Nunca tinhas experimentado o poder de um super saiyajin, pois não?

- Cala-te! Tu não és o meu príncipe!

Era engraçado ouvir a voz de Kakaroto pronunciar aquela frase e o orgulho de Vegeta aumentou.

- Será um privilégio para ti seres eliminado pelo guerreiro mais poderoso do universo.

- O guerreiro mais poderoso do universo é o mestre Freeza – desdenhou Kakaroto.

Vegeta soltou uma gargalhada ainda mais desdenhosa.

- Eu derrotarei Freeza!

Kakaroto adotou uma posição de defesa. Preparava-se com coragem para receber qualquer ataque, mesmo sabendo que a diferença de poderes era avassaladora. Mas não desistia, não recuava, não se rendia. Aquela atitude era louvável, todavia tão estéril como o deserto rochoso que se estendia abaixo deles.

Chegara o momento.

- Será uma pena não assistires ao meu combate contra Freeza. Vais perder um espetáculo memorável – rematou Vegeta.

Investiu com sanha. Esmurrou, pontapeou, esmurrou novamente. Vegeta estava possuído pela fúria dos super saiyajin, por aquele antigo rancor que o consumira tantas noites e tantos dias. Ver o rosto amassado de Kakaroto dava-lhe um ânimo selvagem e assistir ao sangue de Kakaroto a espirrar animava-o com uma euforia alucinada. Uniu as duas mãos e atingiu-o na nuca, derrubando o oponente que caiu desamparado, abrindo um enorme buraco entre as rochas.

Conseguiu escutar um gemido derrotado.

Esticou o braço, exibiu a palma da mão, dedos juntos. Todo ele vibrou.

- Adeus, Kakaroto.

E disparou uma enorme esfera de pura energia mortal berrando:

- Big Bang Attack!!!

Quando o cascalho assentou, Vegeta regressou ao seu estado normal. Estava exausto. Limpou o suor da testa e, a oscilar entre a consciência e a inconsciência, desceu até ao chão para recuperar as forças, o suficiente para que conseguisse fazer a viagem de regresso a West City.

Olhou para o buraco onde se espalhavam os restos carbonizados da couraça desfeita do seu adversário.

Não sentiu satisfação, nem orgulho, nem alegria. Um vazio esquisito aninhava-se na alma que minguava, como que envergonhada. Ele afastou esse sentimento que o transtornava.

Kakaroto estava morto. E fora ele, Vegeta, o príncipe dos saiyajin, que o fizera.

***

Trunks travou repentinamente e um estampido reverberou pela atmosfera, a onda sonora estendendo-se a partir dele que parado, flutuava agora. Os seus cabelos remexeram-se, a franja tapou-lhe parcialmente a visão. Ele afastou o cabelo com o polegar. Voltou-se devagar. O amigo ficara mais atrás, a olhar para o lugar de onde tinham vindo. Estava tenso e tremia. Trunks aproximou-se.

- 'Tousan...

- O que é que se passa, Goten?

- O ki do meu pai... O ki do meu pai baixou drasticamente.

- Mas, não é o teu pai – respondeu Trunks inseguro.

Ambos concentravam a sua total atenção no que sentiam para além da linha do horizonte. Havia uma confusão de sensações, de auras fortes e de outras mais pequenas, de energias que feneciam e entre elas, a de Son Goku. A de um Son Goku, já que existiam dois naquela dimensão. Mas a segunda aura também diminuía depressa demais e Trunks ficou tão tenso quanto Goten.

Havia ali qualquer coisa estranha. Goten aumentou a sua energia e saiu a voar como uma bala na direção de West City. Trunks seguiu-o.

- Espera! Onde vais?

- O meu pai não está bem. E é o meu pai, não é esse outro Goku... Que aliás, já deixou de existir.

Trunks mordeu o lábio inferior, sentindo o mesmo que Goten, mas temendo verbalizar o que sentia, pois a realidade parecia-lhe estranhamente incomportável. Para além de Goku, outra aura estava nos limites da morte: a do rapaz que era o seu filho, Tiago. O coração batia depressa, dentro da sua cabeça retumbava como um tambor.

- Percebo – anuiu Trunks. – Vamos buscar os feijões senzu. Chegou a altura de os utilizar.

***

Bulma sentava-se à cabeceira do ferido, de mãos postas como numa prece. Não sabia o que mais fazer, a não ser rezar ao Todo-Poderoso que salvasse aquele rapaz que gemia naquela cama de hospital com os ossos todos quebrados, tão enfaixado que não se via um centímetro de pele. Sabia que o socorro tinha chegado tarde demais, mas ela fizera o que conseguira. Assim que Vegeta e Son-kun desapareceram para continuar o seu combate algures noutro local, longe da cidade, ela deixara-o no relvado da Capsule Corporation e correra até um telefone para chamar uma ambulância. Os enfermeiros cuidaram das primeiras feridas, depois levaram o rapaz para o hospital e Bulma acompanhara-o. O médico tinha-lhe dito que havia pouca esperança.

As lágrimas corriam-lhe pelas faces. Como ela detestava aquele mundo de guerreiros sanguinários que mantavam sem compaixão! Como ela detestava nada poder fazer para os combater e, sobretudo, derrotar! Apesar de tanto o desejar...

A enfermeira pousou-lhe uma mão no ombro e sussurrou-lhe ao ouvido que a hora da visita tinha terminado. Bulma limpou as lágrimas, prometeu ao rapaz que voltaria no dia seguinte e saiu do hospital, arrastando-se pelas ruas até à sua casa. O trajeto foi longo e moroso. Chorou um pouco mais. Não queria mais mortes... Não queria...

A Capsule Corporation pareceu-lhe mais triste e abandonada do que nos outros dias. Inclinou a cabeça para a esquerda, como se a desilusão a fizesse pender daquela forma, tentando perceber por que razão deixara a sua casa, o seu refúgio, chegar àquele estado de degradação. Se ela queria lutar, deveria começar por ali. Restaurar o edifício, afirmá-lo como um bastião de resistência, à vista de todos – ao invés da clandestinidade da oficina onde intercetava as comunicações do inimigo.

Mas hoje, não.

Descaiu os ombros, sentindo o peso da inércia afundá-la naquele relvado descuidado. Hoje, não, Bulma... Hoje, não. Estava demasiado triste para se erguer acima do marasmo e da morte. A última palavra assustou-a.

Passos perto fizeram-na voltar. O sol declinava e estava na altura de recolher à fortaleza, não deixar marcas de que era habitada, refugiar-se por mais uma noite na cobardia. Olhou para ele, reconhecendo-o a princípio, estranhando-o a seguir, pois havia traços que não lhe eram, de todo, familiares. De seguida, murmurou, quase a perguntar:

- Krilin-kun...?

Ele franziu o sobrolho.

- Hai, sou eu, Bulma... O que se passa? Também tu já não me conheces?

- Tu estás... diferente.

E ela observou-o, tentando descobrir em quê, exatamente, mas ele adiantou-se e explicou, passando envergonhado uma mão pela cabeça:

- Deixei crescer o cabelo... É isso, não é?

- Mas tu não eras careca?

- Não – negou ofendido. – Rapava a cabeça quando era lutador de artes marciais e fazia-o porque achava que era o mais certo. Agora... - baixou os olhos –, já não sou lutador. E já não sei o que é o mais certo...

- O que tens feito? Tens andado desaparecido.

- Tenho fugido.

O peso nos ombros era cada vez mais insuportável. Também ela tinha fugido, não era? Como tinham desistido tão facilmente de proteger a Terra?

- O que mais posso fazer? – prosseguiu ele com amargura. – Eles são demasiado fortes para mim. Só restamos eu e Yamcha... Somos demasiado fracos, nada podemos fazer. Se os enfrentarmos, perdemos a vida. E de que servirá isso? Que bem faremos por nos sacrificarmos? Morreremos e depois... Seremos esquecidos e a Terra continuará nas mãos do inimigo.

- Mas agora existe uma esperança, Krilin.

- Por isso, estou aqui. Tenho sentido... coisas esquisitas. Novas presenças. E o poder de Piccolo regressou. Sabes o que é que se passa?

- Hai, Krilin! – Ela sentiu um calor acender-se no peito, a empurrar a melancolia. – Hai... Existe esperança, como te disse.

E antes de poder acrescentar mais, viu o olhar de Krilin desviar-se para os céus e viu com ele a chegada de Vegeta, que aterrou ofegante no relvado. Ao ver que ela não estava sozinha, disfarçou a fadiga. Endireitou-se, cruzou os braços e endureceu a expressão. Krilin deu um salto e escondeu-se atrás dela. Bulma viu-lhe os ferimentos, mas absteve-se de qualquer comentário. Perguntou:

- Onde está Son-kun?

- Matei-o.

- Bulma, este não é...? – perguntou Krilin agarrado à blusa dela.

- Não, Krilin. Este é outro.

Bulma engoliu em seco.

- Tu mataste... Tu mataste Son Goku?

- Que dizes?! – espantou-se Krilin.

- Faço aquilo que deve ser feito. Estamos aqui para isso. Menos um saiyajin com que nos preocuparmos.

A melancolia regressou avassaladora, como se lhe tivessem dado um murro no estômago. Bulma sentiu-se sufocar. Recordou-se do rapaz a sofrer na cama do hospital, onde o deixara. Recordou-se da primeira vez que encontrara Son Goku, nas montanhas. Recordou-se do menino, do rapaz, do jovem feliz. Recordou-se do sorriso dele e soluçou. As lágrimas derramaram-se, como se saíssem de uma taça demasiado cheia. Vegeta admirou-se.

- Ele era o inimigo – disse, lacónico.

- Mas ele... eu conhecia-o... Son-kun... Foi apenas um acidente. Bateu com a cabeça e esqueceu-se... Ele poderia voltar ao que fora. Talvez se batesse novamente com a cabeça. Ao nosso... Son Goku... Mas tu... Tu mataste-o.

Krilin fixava Vegeta, que lhe devolveu o olhar de rompante e ele encolheu-se.

- Então, é por isso que eu sentia duas auras repetidas, tanto de Son-kun, como do príncipe dos saiyajin – disse, de si para si.

- Onde está o rapaz? – perguntou Vegeta.

Bulma limpou as lágrimas, apesar de lhe apetecer continuar a chorar até secar aquela melancolia que a tolhia, por dentro tão enrugada quanto uma velha apagada de cem anos.

- Ele está no hospital.

- E como está ele?

Como resposta, ela abanou a cabeça. Soluçou, limpou o nariz molhado. Vegeta baixou a cabeça. Krilin avançou.

- Desculpem se faço uma pergunta descabida, mas... Bulma, quem é este saiyajin? E de onde vem ele?

- É Vegeta, Krilin – respondeu Bulma espantada.

- Que eu saiba, Vegeta é nosso inimigo.

- Este Vegeta vem de outra dimensão, Krilin... Vem de um mundo em que Son Goku não bateu com a cabeça e não se passou para o lado do inimigo. Em que as coisas aconteceram de uma maneira muito diferente.

- Estás do nosso lado?

Vegeta olhou Krilin de esguelha.

- Acabei de dizer que matei o Kakaroto do vosso mundo. É preciso provar mais alguma coisa?

Nisto, um vulto surgiu entre eles, deslocando o ar em redor. Goku apareceu, mas caiu logo a seguir, sobre os joelhos, as mãos a tentar suster o corpo que tremia, a cabeça metida entre os ombros. Ofegava enquanto tentava formar palavras e frases coerentes. Krilin gritou.

- Son-kun!

Bulma também se ajoelhou e agarrou-se a Goku.

- Son-kun, o que se passa contigo?

- Pensava que o tinhas matado! – exclamou Krilin.

- Baka! Esse é o Kakaroto do meu mundo! – exclamou Vegeta. – E o que fazes tu aqui, anão? Julguei que andavas em parte incerta.

- Venho visitar uma velha amiga. E o que é que tens que ver com isso?

- Essa tua velha amiga é a minha mu...

Vegeta calou-se, apertando os lábios. Não, aquela não era a sua mulher. Olhou para Bulma que tentava perceber o que Goku tentava dizer. Parecia mais esgotado que o príncipe, engasgado e em sofrimento. Quando ergueu os olhos negros vazios, Vegeta arrepiou-se ao ver a boca de Goku cheia de sangue. Era por isso que não conseguia falar.

- O que fizeste... Vegeta? – perguntou, a voz rouca.

Ele percebeu imediatamente o que tinha feito. Afastou a emoção e respondeu, com uma sobranceria que escandalizou Bulma:

- Matei o Kakaroto desta dimensão.

- Isso... Afetou-me... também, Vegeta. Acho que estou... a morrer.

Krilin também se aproximou de Goku.

- O que podemos nós fazer, Goku? Diz-nos!

Ele meneou a cabeça, desesperançado.

- Nada...

- Vamos levar-te para o hospital! – exclamou Bulma alarmada. – Lá poderão fazer alguma coisa.

- Eu... sinto-me todo rebentado... por dentro.

E, a seguir, amoleceu nos braços de Bulma que desatou num pranto histérico. Vegeta rosnou, irritado.

- Ah, para com isso, Bulma!!

Mas também ele estava alarmado. Kuso! Aquele não deveria ser o desfecho final do seu combate. Ele não desejava, realmente, matar o seu Kakaroto. Não daquela maneira tão... cobarde. O destino pregava-lhe, mais uma vez, uma partida. Entre eles haveria sempre de se estender um fosso que os impedia, de facto, de medir as forças até à conclusão óbvia: vitória ou derrota. Nunca tinham lutado em que se definira, exatamente, quem era o mais forte. Olhou para os céus e viu aparecer Goten, primeiro e Trunks depois. Goten atirou-se ao pai.

- 'Tousan!!

Vegeta virou costas. Não conseguia ver aquilo. Demasiado piegas. Trunks perguntou-lhe:

- Goku-san está a morrer?

- Hai. E parece que aquele rapaz da Dimensão Real, o teu filho, também.

Ao contrário dos demais, Trunks não entrou em pânico, nem começou a fazer uma cena descabida. Correu para a Capsule Corporation e entrou lá dentro. Bulma gritava como uma louca e Krilin, lívido, amparava a cabeça de Goku, chamando-o. Goten estava calmo, como Trunks. Vegeta perguntou-lhe:

- O que vocês os dois estão a tramar?

- Nada.

- Não me mintas, miúdo!

- Vegeta-san, Trunks vai curar o meu pai. Calma!

A resposta abanou Vegeta. Recompôs-se e atirou:

- Eu estou calmo.

Ficou intrigado, todavia. Disfarçou, afastando-se. Calmo era a última coisa que ele estava. Fervia por dentro, em lume lento, e ele detestava ferver por dentro, aumentava o seu mau feitio e ninguém quereria vê-lo zangado, ainda por cima, cansado como estava. Era uma bomba a armar-se devagar que explodiria ao mais pequeno abanão.

Goku entrou em convulsões, vomitando grandes golfadas de sangue. Pelo olhar esgazeado, Vegeta viu que ele tinha perdido a consciência. Bulma chorava agora em silêncio, Krilin chamava pelo moribundo cada vez mais alto. Goten pedia ao pai que se aguentasse um pouco mais, só um pouco mais. Trunks regressou. Agachou-se, exigiu que se afastassem. Vegeta tentou ver o que lhe fazia, mas quando se aproximou o suficiente, Goku sentou-se, completamente curado, o sangue a secar nos cantos da boca. Goku olhou para Trunks e exclamou:

- Tu deste-me... um feijão senzu?!

- Nani?!! – gritou Vegeta e interrompeu a cena, empurrando Krilin e Bulma, ficando frente a frente com o filho. – Tu tens feijões senzu contigo? Fala, Trunks!

- Hai... Foi por isso que viemos atrás de vocês, em primeiro lugar. Quando se esperam grandes combates, devemos ter sempre alguns feijões senzu à mão. Não achas?

- E vocês não disseram nada? Estavam a guardar segredo porquê?

- Não estávamos a guardar segredo – justificou-se Goten. – Vocês também não perguntaram se nós os tínhamos.

- E por que raios haveríamos de perguntar isso?!

- Também ainda não tinham sido necessários.

- Vegeta.

Ele olhou para Goku.

- Acho que temos de conversar. Temos novas informações.

Vegeta concordou, acenando a cabeça.

- Mas antes, Goku-san – disse Trunks –, preciso da tua ajuda.

- Diz, Trunks.

- Preciso que utilizes a Shunkan Idou e que me leves até junto do rapaz da Dimensão Real. – Mostrou um feijão senzu entre os dedos. – Parece que ele está muito ferido.

- Hai. – Goku uniu dois dedos à testa e completou: – Agarra-te a mim.

E desapareceram. Vegeta fungou e dirigiu-se à Capsule Corporation, com Goten no seu encalço. Krilin deu uma cotovelada em Bulma, como se a quisesse despertar do sonho em que também se achava metido.

- Bulma, o que é que se está a passar aqui? Mas quem são estes?

- Os nossos salvadores, Krilin... Os nossos salvadores. Vem... Vamos ouvir o que eles têm para nos dizer. O que descobriram...

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