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XI - Encontros perigosos


O homem era de estatura baixa, com uns óculos quadrados que sobressaíam do rosto, cigarro aceso no canto esquerdo da boca. Usava uma sacola de couro castanho a tiracolo, calçava botas de montanha com atacadores amarelos e vestia uma camisa branca, um blusão azul-escuro e umas calças escuras. Saiu da casa pelos fundos, fechando cuidadosamente a porta da cerca de madeira.

Naquele bairro as casas não se distinguiam, coladas umas às outras, pedaços de arquitetura enfadonha e funcional que compunham um organizado conjunto de moradias de gente anónima ou que se queria anónima. As traseiras do bairro eram um corredor estreito, delimitado pelas cercas altas de madeira das casas, que escondiam pequenos jardins e pátios amanhados conforme o gosto dos seus habitantes. Os postes de eletricidade e das linhas telefónicas espetavam-se nesse corredor, a espaços regulares, estendendo no alto os cabos num emaranhado profuso, quando nas bases cresciam ervas daninhas que rompiam a terra nua. O corredor não era pavimentado.

Como predadores, Tiago encostava-se a um desses postes, com Goku ao lado apoiando um pé na cerca, em silêncio, à espera de verem aparecer a sua presa. Estavam naquele local desde as quatro da madrugada e sofreram com o frio daquela segunda-feira quatro de abril, que acabara por amanhecer cinzenta. Tiago tinha fome, estava gelado, mas resolvera não protestar.

Os dias estavam a passar e não podiam desperdiçar mais tempo. O domingo tinha sido de reclusão no quarto do hotel. Goku e Tiago dormiram o dia inteiro, para o primeiro curar a sua bebedeira e para o segundo descansar de uma madrugada de trabalho intenso no computador. No final do dia, regressaram ao restaurante para um jantar completo e muito bem fornecido. Fora durante a refeição que Tiago revelara que conseguira o seu objetivo e Goku felicitara-o. A seguir, dissera que queria falar com Akira Toriyama no dia seguinte. Concordaram com o plano de Tiago e deitaram-se assim que chegaram ao quarto, para mais umas boas horas de sono.

Na madrugada daquela segunda-feira foram até ao bairro onde residia Toriyama voando, usando de todas as cautelas, com Goku a transportar Tiago às cavalitas. Pretendiam abordá-lo quando ele saísse de casa, a caminho do estúdio onde trabalhava. Queriam apanhá-lo sozinho, num momento de maior vulnerabilidade, como seria a primeira saída do dia, para terem mais sucesso em conseguir chegar a uma conversa decente – era esse o plano.

- Toriyama-san?

O homem voltou-se. Tiago interpelava-o de longe, em inglês.

- Peço desculpa, senhor... Mas tenho aqui alguém que precisa de falar consigo.

O homem permanecia mudo. Um estado de nervos irritante apoderou-se de Tiago.

- Senhor...?

- Queres uma entrevista? – perguntou o homem num inglês macarrónico.

- Não, não. Alguém precisa de falar consigo. Alguém muito especial... Não o queremos assustar.

- Ao apareceres assim, nas traseiras da minha casa e a esta hora, é difícil não me assustares. Como descobriste onde moro? Pouca gente conhece o meu endereço...

Tiago fez sinal a Goku, que se mostrou, ignorando as perguntas lançadas. Toriyama olhou para ele. Tiago sentia o coração na garganta.

- Senhor, ele precisa de falar consigo.

- E quem é ele? – indagou o homem impaciente.

Tiago respirou fundo, susteve a respiração. Iria largar a bomba...

Disse:

- Ele chama-se... Son Goku e veio de muito longe para falar consigo.

Viu nitidamente os ombros do homem descaírem, a tal ponto que a alça da sacola escorregou e prendeu-lhe o braço esquerdo. A imagem ficou congelada no tempo, como uma fotografia tirada por um mau fotógrafo, desfocada e de cores baças. Era a bomba a fazer efeito, despedaçando tudo em redor.

Por um segundo, Tiago duvidou se aquele seria mesmo Akira Toriyama.

Recordou-se, todavia, das imagens que vira no Google no início das suas pesquisas do fim-de-semana. Mostravam um homem mais jovem, sorridente, realizado. Não havia imagens recentes, mas conseguiu estabelecer as possíveis ligações de parecença com o homem que ali estava, para além de mudo, paralisado. Apagou todas as dúvidas, porque era mesmo aquela pessoa quem procuravam. O endereço era aquele, conseguira-o pirateando o servidor japonês do equivalente ao registo civil.

O homem puxou a alça da sacola para lhe desprender o braço, como se, com os braços livres, pudesse reagir melhor à bomba – ou, provavelmente, para desatar a correr daqueles dois lunáticos; correr com a ajuda dos braços dava mais impulso, mais velocidade.

Goku tomou a iniciativa e começou a falar. A conversa seguiu-se em japonês.

- Estamos aqui porque precisamos da tua ajuda.

- Digo-te, homenzinho: que piada de mau gosto!

- Mas não é nenhuma piada.

- Ah, não? E queres que eu acredite que...? Não!... Essa nunca me tinha acontecido... A voz está parecida. Estiveste a treinar quanto tempo para conseguires imitar a voz na perfeição? E quem te disse que a voz que eu imaginei era essa?

- Nani?

Com os dedos a tremer, Toriyama retirou o cigarro do canto da boca, após uma inspiração intranquila. Tiago fixou-se no cigarro, pensando na caixa das pastilhas de mentol que deixara no quarto do hotel. Um galo cantou num pátio próximo.

O homem apontou para Goku com a mão onde fumegava o cigarro e disse, em inglês, olhando para Tiago:

- O cabelo está bem feito. Muito bem feito.

Deu meia-volta e afastou-se à pressa, a cabeça metida entre os ombros. Estava com medo.

- Tiago-kun!

Akira Toriyama escapava-lhes, como areia da praia por entre os dedos. A realidade bateu-lhe com força, de repente. E Goku pedia-lhe ajuda? A ele? Tiago reagiu, chamou em desespero:

- Toriyama-san, onegai shimass. – Sem saber como, tinha falado em japonês.

As palavras não seriam suficientes, nenhuma palavra, nem o discurso mais convincente. Tiago pediu:

- Goku-san, transforma-te em super saiyajin, como fizeste naquela noite.

Uma curta pausa. Goku gaguejou:

- Eu não posso...

- Podes, sim! Ele vai-se embora. Ele não acreditou em ti. E tu precisas dele. Não o podes deixar escapar. Vale tudo, Goku-san. Mostra-lhe quem és!

- Mas... mas...

Tiago encarou-o com determinação.

- Se eu soubesse como fazê-lo, seria eu que me transformaria. Mas eu não consigo. Queres salvar o universo, ou não?

Uma centelha passou pelo olhar de Goku. Tiago sabia que o havia conquistado. Toriyama ainda estava relativamente perto. Tinham apenas alguns metros – mais adiante havia uma saída do corredor, outro corredor que ladeava uma das casas do bairro e que conduzia à rua principal, onde ele tomaria o caminho até à paragem de autocarros.

Um relâmpago seco fez chocalhar as tábuas das cercas de todas as casas, desconjuntando as que estavam menos firmes. Um som sibilante rodeava o corpo de Goku que brilhava, coberto de luz. O olhar, outrora negro e meigo, era verde e determinado. Os cabelos tingiam-se de um amarelo vibrante, elevando-se como labaredas irrequietas. A energia que o corpo dele desprendia chegava até Tiago como um bafo quente. Estremeceu com orgulho, mas também com uma inveja que o magoou, por ser tão mesquinha: ele também queria alcançar aquele nível de poder. Pela primeira vez, desejou perceber melhor a sua herança.

O medalhão pesou-lhe ao pescoço.

Toriyama voltou-se devagar. O cigarro caiu-lhe do canto da boca entreaberta. Percebeu-se nitidamente como a surpresa e o choque lhe amolecia todos os músculos e o transformava num corpo sem ação. A presa à mercê do predador.

O sorriso torto de Tiago era de triunfo.

- Ele já acredita em ti!

***

Dentro do cálice de vidro transparente agitava-se um líquido espesso e vermelho, com um cheiro intenso disfarçado com um aroma a ervas que acentuava a acidez da bebida. Ele sabia que aquilo que o chefe bebia com tanto prazer quando queria descontrair era sangue, embora este nunca o admitisse e se quedasse perplexo só com o leve indício da sugestão. De quem seria o sangue era outro mistério que o chefe admitiria menos ainda.

Aproximou-se, dobrou as costas numa deferência tensa, os braços colados ao corpo. Trazia más notícias... Bom, talvez mais um revés nos planos e seria essa evidência, mais o facto de o chefe estar a saborear a sua bebida favorita, que o livraria de punição.

- Que novidades me trazes? – perguntou o chefe sem se voltar.

- Dippo e Dappo não regressaram. Desconfio que foram eliminados.

- Não enviaram nenhuma comunicação, antes de desaparecerem?

- Hai. Informaram que tinham encontrado alguém especial naquele universo. Alguém que não poderia existir ali.

- Especial?

- Um saiyajin.

O cálice parou no ar, o líquido às voltas pintando o interior do vidro.

- Impossível...

- Hai, também achei. Mas Dippo enviou-me as leituras do scouter e eu próprio confirmei que se trata da energia de um saiyajin. Uma energia diferente... Um meio saiyajin.

- Como pode ser isso? Eu possuo os saiyajin. Todos, sem exceção... Até o idiota do príncipe deles.

- Senhor, há mais. Dippo estabeleceu contacto com ele, entregou-lhe a metade do medalhão. Pensou que o meio saiyajin teria algo que ver com o seu anterior dono. Comunicou que achou as auras iguais, como se fossem... parentes. De algum modo, família... Que o sangue que corria num, corria no outro.

- Mais uma asneira. Se esse Dippo não estivesse morto, eu mesmo o mataria com as minhas mãos.

- Ele pensou que o saiyajin o levaria até à outra metade.

- E por que estúpida razão pensou isso?

- Não tinha pensado mal, devo dizer-te, senhor. Porque, passado algum tempo, Dippo reportou que tinha detetado a outra metade do medalhão e que iria recuperá-la.

- O que correu mal?

- O meio saiyajin foi ajudado por...

- Por?

- Por outro saiyajin.

- Isto está a ficar caricato.

- Hai, senhor. Desconfio que foi o segundo saiyajin, sem dúvida com uma leitura de energia diferente do primeiro, que eliminou Dippo. E também Dappo.

- Explica-te. Leitura diferente?

- Uma energia distinta. Semelhante... a um saiyajin de sangue puro.

Aquela revelação criou um momento de alguma tensão e ele aguardou a fúria do chefe, com as pernas a tremer. Mas o chefe riu-se.

- Isto está a tornar-se interessante.

Os olhos frios do chefe fitaram-no, como se atravessassem o seu coração com a morte.

- Diz-me, existe a possibilidade das duas metades do medalhão estarem juntas, não é? Neste momento, os dois estranhos saiyajin têm-nas.

- Hai.

- Contacta Kilm, o comandante das minhas forças de elite. Enviar simples soldados é uma asneira e não obtenho os resultados que quero. Ainda por cima, deixam-se eliminar e assim não tenho prazer de os castigar com as minhas próprias mãos. Que Kilm atue em meu nome.

- Kilm deverá voltar àquele mundo?

- Algum problema?

- A energia consumida é tremenda e, sempre que os mundos se misturam, a nossa linha temporal altera-se. O Kamisama diz que também alteramos o nosso destino e que poderemos acelerar a nossa... eventual queda.

- Não quero saber desses detalhes insignificantes. Nada se deverá interpor entre mim e... a vida eterna! E ser imortal evitará, precisamente, a minha queda!

- Hai!

- Esse Kamisama... Diz-me outra vez porque é que ainda não o matei?

- As bolas de dragão, senhor. Se o Kamisama morrer, o dragão morre também e não se poderá pedir mais nenhum desejo com a ajuda das bolas mágicas.

- Ainda não me conseguiram provar a existência dessas bolas de dragão. Continuo a pensar que não passa de uma lenda estúpida que se conta às criancinhas.

- Os saiyajin estão a tratar disso.

- Estão? Bem, se não tiverem resultados dentro de uma semana, convocarei o príncipe para os castigar. Mata-se o Kamisama, destrói-se este maldito planeta e saímos daqui. Espero, nessa altura, já ser imortal com a ajuda do medalhão...

- Para recuperares o medalhão, precisas de Kilm.

- Hai. As ordens de Kilm são para viajar até àquele mundo, trazer as duas metades do medalhão e os dois estranhos saiyajin. Se não os conseguir trazer vivos, que os traga mortos. Não deverá poupar esforços, mesmo que se faça notado nesse mundo. Sem restrições, combate com a potência máxima. Não me importa! Desta vez, não quero falhas.

- Hai. Vou tratar disso imediatamente!

Passado o teste, afastou-se com nova deferência e deixou o chefe com a sua bebida favorita.

Tinha sobrevivido ao encontro com o seu temido líder e estava determinado a não errar. Dippo e Dappo tinham sido uma péssima opção, admitia-o agora, entre o aliviado e o aborrecido.

Com Kilm iria ser diferente.

Kilm não iria errar. Nunca o tinha feito.

Kilm era o guerreiro mais poderoso do universo. Mais poderoso do que qualquer saiyajin.

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