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VIII - Expetativas


A madrugada azulava a terra e o sol iria nascer dentro de poucos minutos. Era para leste que se situava o Japão, assim lhe tinha explicado a Ana-san antes de se terem despedido na noite anterior, para que fossem dormir. Ela não o queria fazer, percebeu. Estava a gostar de o rever e ele, que não era muito dado a demonstrações sentimentais, enterneceu-se com as emoções fortes que sentira nela.

Tinha-se levantado com a primeira luz do dia. Abriu as portas envidraçadas da sala e postou-se na varanda, punhos na cintura, à espera do sol, a respirar o ar sadio e fresco daquele novo dia. Não fazia a mínima ideia do que fazer quando encontrasse Akira Toriyama, o criador, nem sequer imaginava com quem estavam a lidar daquela vez. Mas o desafio excitava-o. Sentia, contudo, a falta de um companheiro... O seu pupilo Ubo, o seu filho Goten, ou mesmo Vegeta deviam estar ali, ao lado dele.

Havia algum tempo que não usava aquele corpo e sentir-se novamente dentro deste deixou-o desconfortável. Era pesado, compacto, lento e, sobretudo, frágil. Era um desafio existir naquela pele, mas era um bom desafio e era tudo o que podia fazer, enquanto não pudesse partir para o Japão. Como sempre fazia, perscrutou o horizonte à procura de energias diferentes. Não detetou nada.

- Onde vais?

Voltou-se.

- Não faço nada na tua casa, Tiago-kun. E acho que o teu... hum, pai?...

- Ele não é o meu pai e tu sabes disso – retorquiu o rapaz cansado.

- Tens razão. Acho que o marido da tua mãe não gosta de me ver por perto. Por isso, vou aproveitar o tempo e vou treinar um pouco.

- Vais sair daqui a voar, não vais? Apesar de a minha mãe...

- É cedo – respondeu Goku, espreitando a rua lá em baixo. – Não está ninguém por perto e terei cuidado para que não me vejam a voar.

- Quero ir contigo.

Goku observou-o com atenção e o seu silêncio demorou tanto tempo, que Tiago corou.

- Não vou atrapalhar os teus treinos... Só quero que me fales um pouco sobre o meu pai e... sobre o meu avô. Pelo que ouvi ontem, tu conhece-los bastante bem e... Podemos conversar nos intervalos dos teus treinos. – Tomou coragem, engrossou a voz e tentou aquele tom cínico que a mãe detestava. – E, além disso, os documentos que te vou arranjar, não são à borla. Tens de mos pagar. E vais fazê-lo... com o teu tempo!

- Posso treinar-te, se quiseres.

A proposta inesperada desconcertou Tiago.

- Treinar-me?

- Hum-hum. Sou bom nisso. Há cinco anos que treino um rapaz, um pouco mais velho que tu, e acho que não me tenho saído mal. Queres treinar comigo?

- Eu... não sei... - Tiago hesitou. – Quando tinha seis anos, a minha mãe também quis que eu me treinasse. Inscreveu-me nas aulas de karaté, mas eu não suportava aquilo... Desisti.

- Karaté?

- Sim...

Goku sorria.

- A tua mãe é engraçada.

Tiago não percebeu, franziu a testa.

- Bem, anda lá... Sobe para as minhas cavalitas, que levo-te comigo.

- Para... as tuas cavalitas?

- Não sabes voar, pois não, Tiago-kun?

- Não – respondeu corando pela segunda vez.

- Então... sobe! – disse Goku apontando para as costas.

Tiago agarrou-se à túnica dele e galgou-lhe para cima, sentindo-se como um perfeito idiota infantil. Bufava quando pediu:

- Não me deixes cair.

- Não. Mas agarra-te bem.

Goku subiu para cima do parapeito da varanda. Tiago apertou as roupas dele com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Começou a dizer:

- Ah... Acho que tenho de te dizer que...

- Tens medo de alturas?

- Não! – retrucou indignado. – Tenho de te dizer que, apesar das aulas de karaté, eu não sei lutar.

- Isso não é verdade – contrapôs Goku amável. – Tu sabes lutar.

- Eu tenho força, isso é certo. Sou mais forte que os rapazes da minha idade e mesmo que aqueles mais velhos que eu. Mas não sei lutar. Nos momentos decisivos, em que deveria defender-me e atacar com essa força que sinto em mim, parece que fico bloqueado.

- Isso é muito interessante...

- Porquê?

- Pode ser alguma inibição relacionada com o cruzamento de raças. Uma espécie de válvula que te impede de exceder os limites do teu corpo... Mas, se existe, pode ser trabalhada.

- Cruzamento... de raças?

- És descendente de um saiyajin, não te esqueças.

Aquela palavra começava a irritá-lo a sério.

- Já sei que tu és um saiyajin. Mas o que raio és tu?

Goku riu-se.

- Agarra-te! Vamos sair agora!

E deu um salto.

A sensação de vazio e de queda fez com que Tiago fechasse os olhos e duvidasse, por um segundo, se aquele homem saberia mesmo voar, que não iriam os dois esborrachar-se no chão. Mas, logo a seguir, sentiu um solavanco, como se montasse um cavalo que saía a galope, e o vento começou a fustigar-lhe a cara, puxando-lhe os cabelos para trás. Continuava agarrado com ganas à roupa do homem e, ao abrir os olhos, encandeou-se com um raio do sol que nascia para lá das montanhas. Viu também céu azul, nuvens brancas e pássaros.

Estava mesmo a voar!

Ao descobrir-se a cruzar os ares, Tiago sentiu uma descarga de adrenalina por todo o corpo. Era, realmente, maravilhoso. O que mais o surpreendeu foi a experiência de pura liberdade. Ele estava feito para aquele momento. Ele era aquele momento!

- Goku, isto é... isto é...

Goku ria-se alto e completou:

- Fantástico!!

Após um voo em linha reta, inclinaram para o lado direito, curvaram para o lado do mar e o vento ganhou um odor agradável a sal e a areia. Tiago ria-se com Goku. Aterraram alguns minutos depois numa das ilhotas da Ria Formosa, sapal rico em fauna e flora marinha que bordejava a cidade. A maré estava a baixar e viam-se caranguejos no lodo em busca do calor matutino. A água marulhava em redor da ilhota.

- É uma pena que a minha mãe não te deixe voar até ao Japão. Haveria de ser uma viagem espetacular!

Como não obteve resposta, olhou para Goku que estava de costas para ele, voltado para o sol que nascia.

- O teu treino vai ser simples. Vou começar por te ensinar o que é um saiyajin.

Tiago postou-se ao lado de Goku. Como os caranguejos de pinças levantadas, os dois ficaram quietos a absorver a energia do sol de um dia que se adivinhava glorioso. A mão de Goku pousou-lhe no peito. O coração dele bateu mais depressa.

- O que é um saiyajin está aqui. Só precisas de o sentir...

***

Entrada no meu diário, data: março 2011

O Luís continuava zangado comigo e sem me falar. Ainda tentei encetar conversa, fazer de conta que ele não estava aborrecido comigo, mas, no final da quarta tentativa e de ter esbarrado no muro da sua indiferença, desisti. Quando descobriu que o Tiago não estava no quarto e que saíra de casa sem lhe dizer nada, ao contrário do que tinha ficado combinado entre eles, que nunca mais sairia de casa sozinho, ficou louco de raiva. Eu desconfiava que o meu filho estaria com Goku e fiquei felicíssima, o que fez aumentar ainda mais a sua raiva.

- E o que é feito desse teu amigo?

- Sei lá eu! Foi passear... Não te percebo, Luís. Primeiro, não o queres cá em casa. Depois, quando descobres que saiu, queres saber onde anda? Ainda por cima, saiu mas deixou os lençóis e os cobertores dobrados.

- Ele raptou o teu filho!

- Ele não raptou ninguém.

Abandonei-o na cozinha, com as suas teorias da conspiração descabidas. Correu atrás de mim, agarrou-me pelos ombros.

- Ouve, Ana. Tu estás de baixa ou já te esqueceste? O médico disse-te que não te devias expor a emoções fortes e olha o que aconteceu entre ontem e hoje. Um amigo de outras eras aparece-nos em casa, o teu filho desaparece... Esse teu coração deve andar todo destrambelhado.

- Sinto-me tão bem – sorri.

- Também te sentias bem. E olha o que te aconteceu!

- Sinto-me bem! Antes, sentia-me cansada.

- Estou cá desconfiado desse teu amigo - disse o Luís soltando-me. - Ele conhece os teus segredos. Coisas que não me contas a mim.

- Claro que conhece - suspirei. - Ele é alguém muito especial. Não, repito-te, nunca fui para a cama com ele. Mas seria capaz de morrer por ele, pois sei que ele morreria por mim e sem hesitar.

O Luís escandalizou-se.

- Perdeste o juízo.

- Pois perdi. E aconteceu há quinze anos!

***

Na quarta-feira, trinta de março, o Tiago apareceu com um papel que tinha acabado de imprimir na impressora de casa. Mostrou-o a mim e a Goku, dizendo:

- Senhor Gonçalo Catarino Martins. Deverá ir à Loja do Cidadão mais próxima levantar o seu passaporte e o seu cartão de cidadão.

- Boa!

- Mas como?... Tão depressa? – perguntei.

Estávamos os dois na sala, com a Isabel. O Luís tinha saído para beber o café, como agora fazia todas as noites daquela semana. Quando regressava, lavava os dentes e enfiava-se no quarto a ler um livro que retirava de uma pilha que colocara na mesa-de-cabeceira.

- Tivemos sorte – explicou Tiago. – Encontrei na base de dados um Gonçalo que tinha pedido recentemente os documentos de que precisamos. Deviam estar prontos apenas para a semana, mas enganei as datas do sistema para que possamos ganhar tempo. Quando o verdadeiro dono se aperceber de que foi roubado, já o nosso amigo estará no Japão.

- Vou já amanhã a esse sítio levantar os documentos. Levas-me, Ana-san?

- Claro. E reservamos esta noite a viagem de avião. Tiago, liga-te à net e trata disso. Uma viagem de ida para Tóquio. Trata também de toda a papelada, vistos, o que for preciso. – Olhei para Goku. – Ouve-me, o Japão está uma confusão. Tem cuidado, não te aproximes de Fukushima. Não te quero contaminado com radiação.

- Já sobrevivi à explosão de um planeta...

A Isabel, que pintava uns desenhos na mesa de centro, entre a televisão que estava ligada com o som baixinho e o sofá onde nos sentávamos, espevitou as orelhas.

- Mas não foste exposto a radiação. Até tu tens limites e, além do mais, estás na Dimensão Real. As coisas são diferentes por estes lados.

- Ligeiramente diferentes.

- Tem estado tudo sossegado?

- Hum-hum.

Vi que o Tiago continuava no mesmo lugar, com o papel na mão.

- O que foi, filho? Existe algum problema?

- Não são precisos vistos, basta um documento de identificação. Já me informei na embaixada, em Lisboa.

- Ah, bom... Isso é ótimo.

- Serão dois bilhetes de ida para Tóquio.

- Porquê?

Goku cruzou os braços, baixou a cabeça. Olhei para ele. Sabia o que se passava. Aliás, ele e o meu filho andavam sempre juntos, ultimamente, desde o fim-de-semana em que praticamente não puseram, os dois, o pé em casa. O estranho foi o Tiago ter pedido a Goku que o levasse à escola na segunda-feira e mais estranho ainda era ver os dois a saírem de casa muito cedo de manhã, com o saiyajin a ajudar a carregar a mochila. Regressavam pontualmente no final da tarde, cumprindo os horários, mas eu desconfiava que o meu filho continuava a faltar às aulas.

- Eu também vou – respondeu o Tiago.

- Vais, nada, que eu não te autorizo!

Pelo canto do olho, vi Goku a suspirar. Ah, pois! As mulheres tinham destas coisas, a estorvar sempre o caminho dos guerreiros.

Tiago não me respondeu. Já estava tudo mais que tratado, possivelmente as viagens já estavam compradas. Pois que já sabia da história dos vistos... Pus-me de pé.

- Este assunto não te diz respeito - disse ao meu filho.

- Pelo contrário, poderei ajudar. Goku não percebe nada do nosso mundo e vais largá-lo em Tóquio, à procura de um homem que ele não conhece?

- E tu conheces?

- A net serve para alguma coisa.

- Andaste a pesquisar na net sobre... os amigos do Goku?

- Não preciso. Tenho-o a ele, certo? – E apontou para o saiyajin que se mantinha longe da discussão.

Achei estranho... Se ele tinha pesquisado sobre Akira Toriyama, qualquer link levava-o ao mundo de Dragon Ball e, invariavelmente, ao seu pai. E não o tinha feito? Bem, durante aqueles anos todos e depois de ele nascer, eu também não me atrevera, mas tinha outras razões.

- Ele vai precisar de mim, mamã. E tu sabes disso.

- Também posso ir? – perguntou a Isabel com o lápis vermelho na mão.

Goku sorriu e olhou para a minha filha.

- Isabel, não digas disparates!

- Então, está decidido. Eu vou.

O Tiago saiu da sala e eu voltei-me para Goku zangada.

- O que andam vocês os dois a tramar?

O meu semblante não lhe deixava margem para dúvidas e ele sabia como a fúria das mulheres podia suplantar todo o seu poder, ânimo e vontade. Riu-se acabrunhado, coçou a cabeça e respondeu:

- Ele só queria saber o que era um saiyajin.

Eu abri muito os olhos.

- E... o que fizeste tu?

- Mostrei-lhe que ele é um saiyajin.

Fim de entrada.

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