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8 Mais alguém torcendo por você

 Nadine estava sentada na bancada da cozinha com o computador ligado, o trabalho de pesquisa de Esther aberto e pronto para ser lapidado, embora não conseguisse se concentrar na correção. Eu era casado. Minha vida estava um caos. Nadine esperava tudo, menos uma justificativa levemente plausível para o sumiço dele. Ficou imaginando quem era a ex-esposa de Murilo, qual cara teria. Se seus cabelos eram loiros ou escuros, se tinha uma aparência parecida com a dela.

Desde que saiu da escola, havia feito tudo: andado em círculos pela cozinha, tomado chá, tentado ler um livro. Só conseguia pensar na conversa com Murilo, sua mente repetia cada palavra do diálogo. Quando a campainha tocou, ficou quase aliviada. O porteiro não precisou interfonar, ela havia deixado avisado que Murilo viria.

— Entra, eu dei uma organizada nas coisas de bebê — disse Nadine, guiando-o pelo apartamento. Murilo estivera ali oito meses antes, agora prestava atenção nas mudanças que aconteceram justamente porque ele estivera ali oito meses antes.

Os livros que ficavam no escritório foram levados para a sala, assim como a escrivaninha de Nadine, que agora servia para guardar livros, não para trabalhar. Nadine preferia trabalhar na cozinha, que era grande, espaçosa e cheia de plantas medicinais. Os livros estavam espalhados por toda a casa. Sem o escritório, ficava difícil achar um lugar para guardá-los.

Até poderia transformar o quarto de visitas no quarto da bebê, mas o escritório ficava em frente ao quarto de Nadine, o que facilitaria observar a bebê durante a noite. Nadine também não queria imaginar quão difícil seria reorganizar todas as coisas guardadas há anos no guarda-roupas do quarto de visitas.

No escritório, os livros que ficavam nas estantes foram substituídos por ursinhos de pelúcia e brinquedos. Uma das estantes de madeira estava lotada de fraldas, pomadas, chupetas e outras coisas úteis que precisaria ter à mão assim que tivesse uma recém-nascida nos braços. O lugar que a escrivaninha ocupava fora preenchido por uma poltrona, e ao lado estava uma cômoda com um trocador de fraldas e uma banheira. As gavetas da cômoda estavam cheias de roupinhas e cobertores infantis.

O quarto estava tão organizado quanto Nadine conseguiu deixar. Havia uma caixa enorme com o berço desmontado, um tapete felpudo e quadrinhos coloridos na parede. Ganhou muita coisa num chá de bebê surpresa que Dafne insistiu em organizar. Nadine enfiou tudo no quarto, depois fechou a porta e se recusou a encarar tudo aquilo por muito tempo, por mais que a barriga crescendo e o acompanhamento médico a lembrassem constantemente da realidade.

Nadine deixou que Murilo entrasse no quarto, depois se recostou na porta. Os olhos dela recaíram sobre um enfeite cor-de-rosa que havia ganhado de Dafne, um que dizia "É UMA MENINA!". Nadine jamais compraria algo assim, soava heteronormativo demais, mas Dafne parecia muito empolgada com a ideia de que seria "praticamente tia" de uma menina, como ela dizia.

Nadine apontou para o enfeite e falou:

— O nome da bebê é Heloísa, vamos ter uma menina.

Murilo pareceu sem reação por um momento, o rosto suave, os olhos brilhando, mas sem se alterar. Depois o sorriso se alargou, o canto dos olhos sorriu junto também, formando uma expressão genuinamente feliz.

— É um nome lindo — disse ele.

Murilo parecia tão extasiado e animado com a notícia que Nadine sentiu algo se aquecer no peito, feliz por ter alguém com quem dividir aquele sentimento. Contar para as outras pessoas não era o mesmo que dividir a informação com o pai da bebê, alguém que deveria se importar tanto quanto Nadina.

— Ótimo, porque não estou aceitando suas opiniões no momento — respondeu Nadine, com uma risada. Murilo riu também e assentiu.

Ele garantiu que não precisava da ajuda de Nadine, então ela o deixou trabalhar e voltou para a cozinha. Continuou corrigindo o texto de Esther por algum tempo, depois entrou na página de editais do programa de pós-graduação da UFPR, os olhos recaíram sobre o último edital, que era uma lista dos aprovados no doutorado em Química. Nadine ficou procrastinando enquanto lia a lista de aprovados, depois procrastinou nas redes sociais, vendo publicações dos antigos colegas de sala, a maioria comemorando a aprovação no doutorado. As aulas se iniciavam no próximo mês, o que fez com que um suspiro escapasse dos lábios de Nadine.

Murilo voltou para a cozinha depois de algum tempo, provavelmente uma hora inteira havia se passado. Ele parou na entrada da cozinha e apontou para trás com o polegar.

— Está tudo certo com o berço. Quer ver? Tentei organizar com os ursinhos e lençóis que estavam em cima da poltrona — disse Murilo.

Nadine assentiu e se levantou, curiosa. Era fofo da parte dele.

Passaram pela sala cheia de livros empilhados e pelo corredor largo, então pararam à porta do quarto infantil, observando. A presença do berço mudava tudo. Antes, Nadine podia fingir que tudo aquilo era só uma bagunça aleatória no meio do escritório, mas agora era, sem dúvida alguma, um quarto de bebê. O berço era branço e brilhava no canto do quarto. Murilo havia colocado um lençol e alguns ursinhos de pelúcia dentro, era delicado e colorido e tinha cheirinho de bebê. Nadine sentiu o coração se apertar, imaginando quanto tempo teria antes de os ursinhos serem substituídos por uma criança.

Quando olhou para Murilo, ele a encarava também. Mantinha um olhar sério como o dela, como se entendesse o peso do momento. Quando se encararam, as coisas ficaram ainda mais reais. Estavam ali, juntos, assumindo aquela responsabilidade. Era como se a percepção do futuro tivesse recaído sobre os dois.

— Preciso de água — murmurou Nadine, sentindo-se repentinamente sufocada pelo berço e pela presença dele. Não o esperou, apenas acelerou o passo quando voltou para a cozinha sem prestar atenção no caminho. Quando percebeu, já estava com um copo de vidro na mão, entornando a água gelada entre os lábios.

— Ei, tudo bem? — Murilo surgiu à porta da cozinha. Ela afastou o copo de água e respirou fundo.

Deveria agradecê-lo pelo berço, ou pelo menos fazer algum comentário. Ou se explicar.

— Eu só...

Os olhos dele recaíram sobre o computador aberto na bancada.

— Se torturando pela lista de aprovados no doutorado?

Nadine deu de ombros.

— Era para eu ter me inscrito, mas as aulas começam no mesmo mês que a bebê nasce — disse, sem ter razões para esconder aquilo. Podia sentir o aroma de alecrim a acalmando, preenchendo o ambiente. Havia deixado um vaso de vidro perto da janela para que os ramos secassem.

Murilo a encarou com compreensão, recostando-se num balcão de madeira e a encarando com aqueles olhos calmos e sorridentes.

— Sabe que não está desistindo de nada, certo? Pelo menos eu não vou deixar que desista do doutorado por causa da bebê, posso segurar a barra durante o curso. Está no máximo adiando.

Nadine não esperava por aquilo. Não por apoio incondicional. Hesitou um pouco antes de responder, ainda um pouco sufocada e ansiosa.

— Só não quero que minha filha cresça achando que eu a culpo por ter frustrado meus planos, porque eu jamais faria isso. É só... horrível pensar que já abri mão de tantas coisas, mas provavelmente ainda vou ser uma mãe ruim — confessou, sem saber exatamente por que resolveu se abrir justamente para ele.

Mas Murilo era o pai da criança, afinal. Talvez ele entendesse, talvez ele estivesse sentindo o mesmo.

— Quando considerei divórcio pela primeira vez, foi porque nosso relacionamento já estava numa fase de indiferença e vidas separadas mesmo morando na mesma casa. A cartada final, que nos fez entrar em consenso, foi que eu fui aprovado num treinamento concorrido da Marinha e passaria quatro anos viajando por todos os continentes. Era a oportunidade de uma vida, porque a seleção só acontece a cada quatro anos e poucos protetores são nomeados para concorrer. Ainda assim, é uma seleção muito difícil — disse ele, e Nadine mais uma vez perdeu o fôlego. A Marinha dos bruxos era diferente da dos humanos, ela sabia. A dos bruxos se concentrava em feitiços imensos e complexos para preservar a natureza e monitorar frotas em alto-mar. — Então, se frustração significa que sou um pai ruim, temos o mesmo problema.

Murilo riu levemente, aquele riso tranquilo e contagiante que fez com que Nadine se interessasse por ele a princípio.

— Uma mãe ruim não ficaria tão preocupada. Sei que pode parecer piegas, mas essa criança vai ser mais alguém torcendo por você, comemorando quando a mãe dela conseguir o título de doutora — completou ele, abrindo um sorriso de canto de boca que acalmou o peito nublado de Nadine, iluminou os pensamentos anuviados e embaralhados.

— Não é piegas, acho que é o que eu precisava ouvir — disse com sinceridade.

Murilo não conseguiu responder, o celular dele tocou alto e interrompeu a conversa. Ele puxou o aparelho do bolso traseiro da calça, franzindo as sobrancelhas quando observou a tela e depois atendendo de maneira apressada. A seriedade na expressão dele alarmou Nadine. Ela esperou em silêncio enquanto ele cumprimentava e conversava com a pessoa do outro lado da linha.

— Foi durante o horário de aula? As câmeras captaram alguma coisa? — perguntou Murilo, e isso monopolizou a atenção de Nadine. Ele estava falando sobre as aulas e câmeras do colégio? Havia acontecido outro assassinato depois da festa de Ostara?

Murilo continuou ouvindo e respondendo de forma monossilábica por um tempo, depois disse que estava a caminho e desligou.

— O que houve? — perguntou Nadine, no momento em que ele terminou a ligação.

— Outro assassinato no colégio, desta vez um professor — Murilo respondeu.

Nadine prendeu a respiração. Sabia que Ricardo devia estar em casa, ele raramente ia para o colégio durante a noite, os dois saíram juntos de lá naquela tarde... mesmo assim, todos os pensamentos de Nadine se voltaram para ele e causaram uma onda súbita de pânico.

— Quem? — A palavra tremeu quando escapou dos lábios de Nadine.

— Antônio Ferraz. Conhece? — Murilo perguntou, e Nadine sentiu os ombros relaxarem um pouco.

— Sei quem é por causa das confraternizações da escola, mas ele trabalha no período noturno, então não convivemos muito.

O que estava acontecendo? Estavam mesmo lidando com um assassino em série? A descoberta de que Gaia e Úrsula tinham algo em comum havia feito Ricardo levantar essa hipótese, mas Nadine achava um completo exagero. Ninguém realmente achava que haveria mais mortes no colégio.

— Pode me dar uma lista de pessoas próximas do Ferraz? — perguntou Murilo.

Nadine teve de pensar um pouco, mas conseguiu se lembrar de algumas pessoas próximas dele que sempre o mencionavam.

— Acho que o Samuel Rocha e o Rogério, não lembro o sobrenome dele. São professores também e próximos do Ferraz — disse, por fim.

Murilo pegou o celular, provavelmente para anotar os nomes no bloco de notas. Concentrou-se nele por alguns segundos, depois guardou o aparelho no bolso e olhou para Nadine.

— Preciso ir. Se precisar, você me liga? — Os olhos claros de Murilo pareciam genuinamente preocupados, olhando para Nadine com um desespero brilhante.

— Vou ficar bem, mas, claro, eu ligo — disse Nadine.

Para sua surpresa, saber que podia pedir a ajuda de Murilo a acalmou num nível alarmante. Eles nem eram tão próximos, Murilo sumiu durante boa parte da gravidez. Por que confiava nele tão instintivamente? Não podia se entregar tão fácil assim.

Murilo estava seguindo para a porta, mas então parou subitamente, virando-se para Nadine.

— Posso dormir no sofá? — perguntou, muito sério e muito genuíno. Nadine teria engasgado se estivesse bebendo alguma coisa.

— Dormir no meu sofá? — repetiu, totalmente perplexa com a sugestão dele.

— Tem alguém matando pessoas naquela escola, Nadine. Além disso, o terceiro trimestre da gravidez é motivo suficiente para eu ficar. Não vou te deixar sozinha — explicou.

Ela deu de ombros. Não o queria dormindo no sofá, queria aproveitar as últimas semanas de gravidez sozinha, aproveitar a própria companhia antes de ter uma criança constantemente grudada a si.

— Eu não fui responsável pela morte de ninguém, não sou um alvo. E eu estava bem até ontem, quando você não estava aqui — disse, porque era a verdade. Foi sincera quando disse que tinha tudo sob controle e não precisava da ajuda de Murilo.

— Nadine — insistiu Murilo. A seriedade nos olhos dele, sempre tão leves e divertidos, a assustou.

Ela hesitou por um momento.

Não machucaria ter alguém consigo, disponível caso passasse mal, caso precisasse ir para o hospital, caso precisasse de ajuda. Nadine passou os primeiros meses de gravidez rolando na cama durante a madrugada, tão nauseada que não conseguia se levantar para pegar um copo de água ou ir ao hospital para tomar soro. As pessoas diziam que Nadine não dormiria depois que a bebê nascesse, mas ela já não dormia durante a gravidez. No início por causa do enjoo e do mal-estar constante, depois por causa da agitação da bebê e do corpo dolorido. A barriga impedia que ficasse confortável e dormisse bem.

Foi difícil passar tantas madrugadas sozinha, sem ter apoio, sem ter como pedir ajuda para pequenas coisas. Foi por isso que resolveu deixar Murilo ficar. Seria bom testar o apoio dele, ver até onde iria essa disposição que ele demonstrava.

— Tudo bem, eu tenho um quarto de visitas. Eu até te faria dormir no sofá, mas você teve a decência de não sugerir dormir comigo, então pode dormir lá — falou Nadine, atravessando a cozinha. Pegou uma chave reserva pendurada no chaveiro e jogou para ele, que a pegou no ar.

Murilo sorriu e piscou para ela, depois se foi.

Nadine não queria admitir todo o alívio que a presença dele causava.

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