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4 Toda a ajuda que você conseguir

Enquanto esperava que Esther acordasse, Nadine ficou imaginando se a filha teria os olhos verdes e profundos de Murilo. Ou a pele oliva dele, puxada para o marrom claro. Nadine esperava que sim. Não havia nada de especial na palidez sem graça dela, ou nos olhos castanhos aguados que ela tinha.

Nadine conheceu Murilo na escola, ele estava trabalhando. Nadine respondeu perguntas sobre os alunos envolvidos num incidente com garotos humanos, não foi nada demais. Murilo era engraçado, tinha um sorriso lindo e aqueles olhos que pareciam compreendê-la por completo. Conviveram por alguns dias no período da investigação. No último dia, os dois acabaram bebendo vinho no apartamento de Nadine. Foi um caso de uma noite. Passaram a madrugada juntos, tomaram café da manhã, transaram de novo depois disso e se despediram antes do almoço. Nunca mais se falaram.

Nadine começou a passar mal algumas semanas depois disso. O médico pediu imediatamente um exame de gravidez, Nadine nem tinha pensado na possibilidade. Ela e Murilo tinham usado proteção, mas... aparentemente métodos anticoncepcionais nunca tinham cem por cento de eficácia.

Nadine ligou algumas vezes e mandou mensagem para Murilo. Os dois tinham trocado números de celular naquela noite, apesar de não terem mantido contato. Murilo não respondeu. Depois de dois dias, Nadine parou de tentar. Estava claro que ele havia lido as mensagens, ele sabia sobre a gravidez. Nadine enviou cópias escaneadas dos exames, o ultrassom que provava que a idade gestacional condizia com a sexta-feira e o sábado que passaram juntos, e não era como se Nadine tivesse estado com outra pessoa nas semanas anteriores ou seguintes.

Ele não respondeu. Ela não estava disposta a implorar que Murilo fosse pai do bebê. Passaram-se meses desde então.

— Esther? — perguntou o médico, ansioso.

A voz dele trouxe Nadine de volta para a sala dos professores. Ela percebeu que observava a janela panorâmica, os olhos perdidos na paisagem, concentrados na escuridão das árvores e sua folhagem verde-sólido, nas luzes coloridas da estufa de vidro que quase desapareciam por causa da densidade do bosque.

Nadine, Ricardo, a enfermeira e o médico esperavam ali, observando Esther, monitorando os batimentos cardíacos dela. Ela tinha uma agulha de soro no braço, a enfermeira havia colocado algum composto que ajudaria a dispersar o sedativo.

Esther piscou um pouco, depois fez uma careta por causa da luz. As sobrancelhas se franziram de forma confusa enquanto observava a roda de pessoas ao redor.

— Oi — disse ela, baixinho. Piscava muito, como se estivesse tentando focar a visão.

— Como se sente? — perguntou o médico, esticando um copinho descartável cheio de água para ela.

Esther bebeu a água antes de voltar a falar, esperando um pouco antes de responder.

— Bem, eu acho. Só um pouco dispersa demais — disse, e a voz soou muito fraca, como se a garganta estivesse machucada. Esther bebeu mais um pouco de água, então o rosto ficou sério de repente, a mão tremeu e um pouco de água caiu no sofá. — Gaia está bem?

Silêncio na sala, ninguém ali tinha coragem de responder. Todos sabiam que ela e Gaia viviam juntas, eram melhores amigas desde o primeiro dia de Gaia no colégio. Nadine mordeu o lábio, fez uma prece silenciosa para que a Deusa lhe desse coragem.

— Não, querida, não está — disse, por fim. O peito de Esther subiu e desceu numa respiração rápida, os lábios dela se entreabriram em surpresa.

— O que aconteceu? — perguntou, a palavra embolada pelo desespero. Mais silêncio. Ricardo e Nadine se entreolharam, imaginando como dar aquela notícia. Esther se remexeu de forma impaciente, os olhos se arregalando numa expressão aterrorizada.

— Aconteceu algo com Gaia e Úrsula na celebração de Ostara. Precisamos que você descanse essa noite e, amanhã, quando se sentir melhor, fale com os protetores — disse Ricardo, num tom de voz muito calmo. Nadine achou que foi uma boa estratégia. Preparar o terreno antes, dosar as informações.

Esther abriu a boca para fazer mais perguntas, mas então a porta da sala dos professores se abriu. Nadine reconheceu imediatamente a pessoa do outro lado. Manu suspirou de alívio quando viu Esther e passou as mãos pelos cabelos cacheados. A maquiagem delu estava borrada, a pele toda molhada de suor, como se tivesse corrido até ali.

— Esther! — disse Manu, correndo até ela. Elu a abraçou imediatamente, murmurando alguma coisa sobre estar feliz por ela estar bem. Nadine suspirou de alívio. A presença de Manu ali talvez aliviasse o peso da notícia.

— O que aconteceu? O que houve com Gaia e Úrsula? — perguntou Esther, encarando Manu com a expressão aterrorizada, olhos enormes, lábios trêmulos e entreabertos. Manu mordeu os lábios antes de responder, então disse de uma vez:

— Elas morreram. Foram esfaqueadas.

Silêncio na sala, Esther ofegou, então balançou a cabeça com um riso anasalado.

— Manu — disse ela, ainda balançando a cabeça. Manu respirou fundo, depois secou uma lágrima com o pulso.

— Foi horrível, todos estavam correndo e gritando e...

— Não é verdade! — gritou Esther, interrompendo Manu. Ela olhou para o médico, então para Ricardo, só depois olhou para Nadine, como se esperasse que ela dissesse que não passava de uma brincadeira. Nadine achou que o próprio coração quebraria no peito ao ver o desespero de Esther, ao encará-la nos olhos.

Esther olhou para Manu, que apertou a mão dela e negou gentilmente com a cabeça. Esther se inclinou para frente e começou a soluçar, Nadine finalmente se permitiu chorar também.

•••

— Não consegue dormir? — perguntou Ricardo, quando encontrou Nadine recostada na bancada da cozinha. Ela tinha um copo de água e um livro na mão, tentava se distrair com a leitura, mas a mente ia longe demais e não a deixava se concentrar.

— Não consigo tirar Gaia e Úrsula da cabeça — disse, porque era a verdade. Já era muito tarde, Nadine tinha tentado dormir, mas a imagem das garotas encharcadas de sangue surgia toda vez que fechava os olhos. — Heloísa também está agitada demais e não me deixa dormir — completou, colocando a mão sobre a barriga.

Heloísa se mexia demais, as costas de Nadine estavam doloridas por causa do peso da bebê... todo esse desconforto não a deixava dormir fazia algum tempo.

— Heloísa? — perguntou Ricardo, sorrindo.

— O nome dela. Faz algum tempo que estou pensando sobre isso.

Nadine estava sorrindo também. Adiou muito para escolher um nome, parecia responsabilidade demais.

Quando Nadine descobriu que teria uma menina, ficou aliviada. Tinha medo de não conseguir se conectar com um menino, de não ter nada em comum com o próprio filho. Talvez a criança crescesse e se descobrisse outra coisa, mas, até o momento, supostamente era a mãe de uma menina.

— É lindo — disse Ricardo, então se recostou ao lado de Nadine. — Já pensou no que vai falar para ele?

— Eu nem sei se vou falar com ele — Nadine retrucou, sabendo que Ricardo se referia a Murilo. Felizmente, Murilo ocupava um espaço bem pequeno em sua mente no momento.

— Eu sei que você acha que é durona e consegue dar conta de tudo, mas, falando por experiência própria, você vai precisar de toda a ajuda que conseguir com a bebê — respondeu Ricardo. Nadine sabia que sim. Lembrava-se de quando ele e Miguel adotaram Vítor, de como tudo foi caótico por algum tempo, de como a adaptação foi um processo muito longo.

— Murilo ignorou a gravidez por sete meses, não é confiável — insistiu Nadine. Não queria confiar em alguém que pudesse sumir a qualquer momento, muito menos deixar a filha se apegar a um pai ausente.

Ricardo sorriu um pouco com o canto da boca.

— Bom ponto — comentou. — Mas tenho certeza de que não vai querer encarar uma disputa judicial pela guarda compartilhada da bebê.

Nadine estava com o copo de água na boca e quase engasgou.

— Me esqueci completamente de que ele pode fazer isso.

Ela xingou em voz baixa. Parecia absurdo que Murilo pudesse seguir normalmente a vida durante toda a gravidez, evitar todo o inferno que ela estava passando e ainda exigir a guarda de uma criança que ela gestou sozinha por meses. Nadine sentia que era muito fácil entender e justificar a vingança de Medeia contra o marido.

Uma vozinha infantil chamou Ricardo e ecoou do quarto de visitas, gritando paaaai num tom agudo de criança. Nadine e Ricardo riram ao mesmo tempo.

— Miguel não se importa de eu ter roubado a família dele por uma noite? — perguntou ela.

Nadine não queria ficar sozinha depois de tudo o que aconteceu na celebração de Ostara, então Ricardo se ofereceu para dormir no apartamento dela, porque a casa dele estava lotada com coisas de criança e muita bagunça. Ele trouxera Vítor também, porque Vítor amava Nadine. Ela o ensinava a fazer experimentos divertidos com poções.

— Não, ele está muito feliz porque vai passar a noite inteira jogando videogame e gritando palavrões com os amigos por microfone enquanto bebe cerveja — comentou Ricardo, rindo. Ele desejou boa noite para Nadine e voltou para o quarto, porque Vítor ainda tinha medo de dormir sozinho.

Nadine continuou na cozinha, finalmente pensando sobre Murilo e o que a presença dele significava.

Quando descobriu a gravidez, odiou tudo sobre estar grávida. Abortos não eram proibidos entre bruxos, mas eram incomuns. Por causa da proteção mágica natural que envolvia o feto, os riscos de fazer um aborto eram muito altos para quem tinha o dom da bruxaria, muito mais do que para humanos. Era como um mecanismo de autodefesa do bebê. Alguns hospitais coordenados por bruxos realizavam abortos, mas, mesmo nos melhores, a chances de dar tudo certo eram de quarenta por centro.

Nadine pensou muito, mas sabia que não tinha como assumir esse risco. Podia perder os poderes, ter sequelas para o resto da vida, ficar sem andar por meses... mesmo que Nadine pudesse assumir o risco, não parecia compensar. Sentia que cairia aos pedaços se algum dia olhasse pela janela e descobrisse que não conseguia mais ver o Colégio Sagrado de Atenas. E não era como se ela tivesse uma rede de apoio caso tudo desse errado, porque os pais de Nadine morreram num acidente de carro quando tinha dois anos, a avó morreu anos atrás, não tinha irmãos.... até tinha alguns tios, mas eram todos distantes e não os via há muito tempo.

Por fim, Nadine considerou a adoção, porque tinha certeza de que a criança ficaria melhor com outra pessoa, alguém que realmente quisesse um bebê. Só que... admitia o próprio egoísmo, mas não queria passar por tudo isso e acabar sem nada no final. Não queria perder a chance de conhecer a própria filha.

Com o passar dos meses, começou a desenvolver uma afeição pela vida que crescia dentro de si. Ela e a criança tinham muito em comum, afinal, as duas estavam presas numa situação em que não pediram para estar, tinham o mesmo sangue.

A única diferença era que a criança não era culpada de nada. E Nadine estava determinada a ser a melhor mãe que pudesse ser.

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