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21. O interrogatório

Murilo a levou para um banheiro. Uma enfermeira havia lhe dado sabonetinhos pequenos e shampoo, nada que fosse realmente tirar o sangue da pele de Nadine. Murilo abriu o chuveiro quando viu que Nadine estava parada e sem reação, ela só avançou um pouco quando a água quente começou a cair e esticou as mãos para lavá-las. Aquilo fez com que outra crise de choro e desespero estivesse prestes a emergir.

Murilo pegou um dos sabonetes pequenos e avançou para lavar as mãos de Nadine, ele a abraçou por trás e ajudou, ela ficou observando a água vermelha escorrer. Nadine começou a soluçar e chorar de novo, então Murilo a virou para si e a abraçou com firmeza. Quando viu, estavam completamente vestidos debaixo do chuveiro, Nadine o abraçava com força, de olhos fechados, escondia o rosto no peito dele. Sentia a água quente cair, vapor envolvendo sua pele. Murilo lavava o sangue de seus cabelos com gentileza, depois passou a tirar as manchas de sangue do pescoço e da parte superior dos braços de Nadine. Finalmente ela estava limpa e conseguiu vestir a camisola branca do hospital.

A médica insistiu para que Nadine passasse a noite em observação, porque ainda estavam esperando resultado de alguns exames e ela queria que Nadine ficasse em observação por causa de todo o esforço físico. Foi uma noite terrível.

Nadine não teve pesadelos e nem sonhos, mas acordou o tempo inteiro com falta de ar, engasgada, os olhos arregalados e o coração saltando tanto que achava que rasgaria o peito. Isso aconteceu até quatro horas da manhã, quando Nadine acordou gritando porque achou ter escutado o barulho de lustre caindo. Murilo se levantou do sofá em que estava passando a noite e deitou na cama com ela. Não precisou pedir permissão, ele só deitou ao lado de Nadine, ela se aconchegou no corpo dele com um suspiro, só então conseguiu dormir por algumas horas. Foi a terceira vez que dormiram juntos.

Quando acordou na manhã seguinte, estava sozinha entre os lençóis frios, sentia a pele gelada por causa do ar-condicionado. Heloísa se mexia de forma sutil e inusual, muito tímida, como se para dizer nãos se preocupe, estou aqui. Aquilo arrancou um sorriso minúsculo de Nadine, que fez um esforço para se sentar na cama. A enxaqueca havia passado, a médica havia lhe dado algum analgésico intravenoso para que conseguisse dormir.

Conversas baixas direcionaram a atenção de Nadine para a porta. Murilo estava parado ali, de costas para Nadine e conversando com um homem com uniforme dos protetores. Murilo falava em sussurros para não acordar Nadine, usava uma camiseta cinza amassada e calça de moletom, havia tirado o uniforme em algum ponto da noite passada, ela não se lembrava quando.

— Murilo? — Nadine chamou baixinho, a voz rouca por causa do choro da noite anterior e por causa do sono.

Murilo ouviu mesmo assim e se virou para ela com um sorriso contido, os olhos brilhando aliviados. Ele se aproximou e entrelaçou a mão na de Nadine.

— Ei — disse, apertando a mão dela em sinal de apoio. — Está com fome? Quer comer algo?

Nadine negou com a cabeça.

Se fosse falar a verdade, estava com fome. Havia comido um pouco antes do memorial no dia anterior e foi dormir muito cedo. Mas não achava que conseguiria comer alguma coisa sem vomitar tudo em meia-hora.

Murilo percebeu que os olhos dela recaíram sobre o homem com o uniforme dos protetores parado à porta. Ele era alto, tinha os cabelos penteados para trás de maneira arrumada demais, dando-lhe um aspecto muito sério.

— Este é Daniel, ele veio te interrogar. Podemos fazer isso outra hora se... — disse Murilo.

Nadine balançou a cabeça. Queria tirar essa pedra do caminho. Não conseguiu falar nada na noite passada.

— Não, tudo bem. Prefiro fazer agora — disse. Nadine sabia que eles precisavam do depoimento o mais rápido possível. Essa compreensão e adiamento do depoimento provavelmente era cortesia da relação de Murilo com os protetores. — Você não pode fazer isso?

Nadine o encarou de forma esperançosa. Murilo suspirou e negou lentamente com a cabeça, os lábios pressionados.

— Eu pedi afastamento do caso, se tornou pessoal demais. Prefiro ficar ao seu lado — explicou.

Nadine queria chacoalhá-lo até que ele desistisse da ideia. Pedir para que não fizesse isso. Brigar com ele. Mas, no fundo, só se sentia feliz e aliviada. Sentia-se mais segura sabendo que ele estava ali, bem ao lado dela. Sabendo que ele poderia apoiá-la sem gerar qualquer drama no trabalho e sem precisar se manter neutro.

— Obrigada — sussurrou.

Murilo apertou a mão dela e sentou-se na poltrona ao lado da cama. Nadine se sentou também. Daniel já estava entrando no quarto e pegando um gravador.

— Está pronta?

Nadine respirou fundo e concordou com a cabeça.

— O que aconteceu ontem, desde o momento em que você se separou do Murilo? — perguntou Daniel, num tom calmo e neutro. Aquilo era bom, ajudava a fazer com que Nadine ficasse calma.

— Eu recebi algumas mensagens. Vocês encontraram meu celular? Devo ter deixado na mesa da cafeteria — disse ela. Porque Ricardo morreu. Porque Ricardo morreu e eu esqueci a porra do celular em cima da mesa.

— Sim, encontramos e tivemos acesso às mensagens — Daniel confirmou.

Nadine trocou olhares tensos com Murilo, mas ele só parecia sério e concentrado, embora Nadine soubesse que as perguntas sobre aquelas fotos surgiriam mais tarde, o que fez seu estômago embrulhar. Não era para ser assim. Não era para que algo tão íntimo e pessoal fosse exposto.

— As fotos... chegaram a ser enviadas? — perguntou, porque desde o início havia desrespeitado todas as regras da mensagem. As ameaças foram cumpridas?

Murilo assentiu levemente com a cabeça, cuidadoso.

— Para as listas de contatos de funcionários, pais e alunos da escola. Cíntia recebeu as fotos e veio falar comigo, foi quando percebi que havia algo errado e que você não estava em casa — respondeu Murilo, e Nadine sentiu a garganta se trancando e o ar engrossando ao redor. As listas de contatos com todos os envolvidos com a escola, em qualquer grau. Quantas centenas de pessoas viram aquelas fotos? O quanto aquilo repercutiria em toda sua vida profissional? Murilo devia ter notado que ela se sentia nauseada e abalada, porque colocou a mão levemente no ombro de Nadine e apertou em reconforto. — Sinto muito.

Nadine não respondeu, não sabia o que pensar. Não conseguia raciocinar direito para refletir sobre as consequências e imaginar uma contenção de danos para a situação.

— Estamos fazendo o possível para que as fotos não se espalhem mais. Também é provável que Tiago tenha hackeado algum computador da secretaria da escola para conseguir as listas com os contatos, estamos investigando como foi feito — garantiu Daniel, solícito. Nadine assentiu com a cabeça, silenciosa. — O que aconteceu depois que você recebeu as fotos? — perguntou ele, gravador a postos.

Nadine respirou muito fundo e engoliu o desespero.

— Esbarrei com Ricardo, mostrei as mensagens para ele. Decidi sair da escola primeiro e ligar para Murilo do meu apartamento. Nós nem chegamos a passar pela porta de saída.

•••

DANIEL: Qual a sua relação com Tiago Gomes?

NADINE: Ele foi meu aluno quatro anos atrás. Depois disso, eu o encontrava pelos corredores e eventos da escola. Não éramos próximos.

DANIEL: Então nunca houve nenhum desentendimento ou qualquer rixa entre vocês?

NADINE: Não, nunca houve.

DANIEL: E você teve alguma relação com Fernanda Lopes?

NADINE: Não. Fui professora dela por um curto período de tempo, nunca presenciei nada muito problemático nas minhas aulas. Costumo ser firme quanto a isso e levar qualquer questão preocupante para a coordenação. Descobri agora que Tiago namorou Fernanda pouco antes de ela morrer.

DANIEL: E Renata Gomes?

NADINE: Não fui professora dela. Só soube do nome dela porque, claro, o julgamento e as acusações contra Ferraz viraram assunto entre alunos e professores. Eu também não fazia ideia de que ela era irmã de Thiago.

DANIEL: Então você não tem nenhum envolvimento na história e na morte de Renata e Fernanda?

NADINE: Não, não tenho.

DANIEL: Por que você acha que Tiago tentou te atacar?

NADINE: Porque eu era a única pessoa capaz de inocentar Ricardo, meu depoimento sobre ele poderia mudar tudo. Como já falei antes, suponho que Tiago tenha tentado fabricar algum assassino em série e jogar a culpa em Ricardo. Eu não deixaria isso acontecer.

DANIEL: A sua teoria se encaixa com o que temos de prova. Encontramos uma flanela com gotas do sangue do Ferraz na sala de aula de Ricardo, na gaveta da mesa do professor. Não havia nenhuma amostra de DNA de Ricardo na flanela, nada que indicasse que ele a manipulou. Pedimos a filmagem do corredor só para confirmar que a flanela foi plantada ali.

[SILÊNCIO]

DANIEL: Nadine, eu sei o quanto isso foi difícil, agradeço de verdade por todos os detalhes. Há mais alguma coisa que você queira acrescentar?

NADINE: Esther... ela era próxima dele, do Tiago. Se puder investigar mais da relação dos dois... acho que esclareceria muita coisa. Principalmente porque foi Esther quem percebeu que o assassino escolhia vítimas que tinham sido responsáveis por alguma morte e me procurou para dizer isso.

DANIEL: Certo, vamos focar nisso. Muito obrigada pela sua cooperação.

•••

Nadine se sentia dormente, imersa num estado de torpor distante que embaçava seus pensamentos e amaciava a realidade. Talvez isso fosse pior do que o estado de dor e desespero puro da noite anterior. Algo no fundo da mente coçava, dizendo que o coração deveria estar disparado, que deveria estar gritando, chorando, fazendo qualquer coisa, mas ela não conseguia. Depois do interrogatório, só estava ali, sentada na cama de hospital, o pulso dolorido por causa do soro, os olhos apáticos encarando a parede branca como se fosse uma pintura detalhada.

— Ei — sussurrou Murilo, e só então Nadine se lembrou de que ele também estava no quarto. — Tudo bem se me odiar, tem todos os motivos para isso. Só quero que saiba que não vou sair do seu lado, estou aqui por você também, não só pela bebê. Não vou te deixar sozinha.

Nadine demorou um pouco para entender o que ele estava dizendo, então se lembrou da discussão do dia anterior, depois de ter esbarrado com Keity no corredor da escola. Lembrou-se de ter gritado com ele na maca da obstetra, então se debulhado em lágrimas. Parecia tudo muito distante, como um sonho estranho que aconteceu quando dormiram juntos no apartamento de Murilo.

Ele tocava gentilmente seu joelho esquerdo, os olhos fixos nela com um brilho determinado, firme. Foi então que percebeu que confiava nele, confiava na palavra e no apoio dele. Que não fazia tanto sentido sentir raiva.

Sabia que se abrir sobre o passado era difícil para Murilo, era difícil para ela também, ou já teria falado sobre Graziela. Ele havia passado por um divórcio, afinal. Demorariam algum tempo para se abrirem completamente sobre assuntos tão sensíveis.

Nadine inclinou-se um pouco para frente para entrelaçar os dedos no dele, apertando sua mão.

— Estou feliz que esteja aqui — admitiu, puxando-o para perto. Desde que ele havia entrado em sua vida, não havia deixado isso claro. Não havia esclarecido que se sentia grata pelo apoio e por todo o cuidado, toda a atenção.

— Eu também — disse ele, abrindo um sorriso pálido. Foi natural que, segundos depois, estivessem sentados lado a lado, o braço dele ao redor dela, a cabeça de Nadine no ombro de Murilo. — Quando te vi coberta de sangue no meio de toda aquela bagunça... acho que nunca senti tanto medo na minha vida — confessou ele.

Nadine até tentou, mas não conseguiu responder, apenas abraçou com mais força. Murilo pegou sua mão e a beijou, depois Nadine apertou os dedos dele e fez com que repousassem as mãos por cima da barriga dela. A bebê chutou levemente, reagindo ao toque dos dois.

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