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14 A outra Esther

— Estou feliz que você tenha vindo para casa — disse o pai de Esther, enquanto ela colocava a mala no chão do quarto.

Como imaginava, a diretora chamou todos os alunos para uma reunião, falou sobre a morte de Samuel e declarou que as aulas estavam suspensas por duas semanas. Era uma medida emergencial para que os protetores pudessem avançar na investigação. Todos os alunos teriam de desocupar os dormitórios até o dia seguinte.

O pai de Esther havia ligado várias vezes e mandado mensagens frequentes desde a morte de Gaia e Úrsula. Ele insistira que ela voltasse para casa, é claro, mas ela não queria. Queria ficar na escola, continuar a pesquisa, pois voltar para casa só pioraria as coisas. E estava certa. Sentia o peito apertado enquanto via o quarto abandonado, as fotos coladas na parede, os ursinhos de pelúcia na cama. Fazia tanto tempo que não dormia ali que o quarto pertencia a outra Esther.

Quando começou a frequentar o Colégio Sagrado de Atena, costumava dormir em casa nos finais de semana. Foi parando aos poucos, até que o colégio se tornou sua casa. Claro, seu pai sempre a visitava, mas Esther não chamava a casa dele de casa. Casa significava o colégio, seus professores favoritos, as atividades extracurriculares, Manu, Gaia...

A casa do pai era um lembrete doloroso de um passado que ela queria abandonar.

Esther olhou para as fotos com a mãe coladas acima da cama. Elas eram parecidas. Tinham os mesmos cabelos escuros, quase pretos, mas cheios de reflexos castanhos. Os mesmos olhos amendoados e claros, iluminados por reflexos cor de mel.

— Você está bem? — perguntou o pai, e Esther assentiu com a cabeça, desviando o olhar.

Deixou-se cair sentada na cama, dando as costas para todas aquelas fotos. Precisava tirá-las dali. Não estava com vontade de encará-las todos os dias. Precisava mudar aquele quarto inteiro para tornar o lugar habitável.

— Sim, só... triste por abandonar minha pesquisa. Acho que Nadine não vai voltar para ser orientadora — confessou, porque grande parte do desânimo e melancolia era aquilo.

Seria mais fácil voltar para casa se tivesse a pesquisa para ocupar a mente, mas fora jogada sem um colete salva-vidas naquele quarto que pertencia a outra garota e empurrada para uma vida que havia se esforçado para deixar para trás.

— Sei que você ama a Nadine, mas tenho certeza de que ainda vai fazer pesquisas incríveis com muita gente. Já deu uma olhada no currículo daquele professor que você odeia? Talvez se surpreenda — sugeriu o pai. Esther não respondeu, suspirou alto e caiu para trás na cama, afundando entre as almofadas. Roberto riu da dramaticidade de Esther. Ela costumava fazer isso desde que era criança — Tudo bem, entendi. Vou pedir pizza para o almoço.

E Esther ficou sozinha ali, no silêncio.

Se estivesse na escola, estaria com Manu, provavelmente ajudando-o com algum projeto artístico, ou escrevendo os resultados de seu projeto de pesquisa enquanto Manu tagarelava aos fundos. Ou desabafando com Gaia, se ela estivesse viva. Era o que fazia quando as coisas pesavam demais. Gaia era uma ótima ouvinte e conselheira.

Resolveu mandar uma mensagem para Manu, depois ficou encarando o próprio teto, as estantes empoeiradas e cheias de livros de fantasia que costumava amar quando tinha quatorze anos, mas hoje não eram seu estilo. Finalmente o pai anunciou que a pizza havia chegado, Esther se animou um pouco.

Pizza era uma de suas comidas favoritas, seu pai sabia disso.

Quando chegou à cozinha, ele havia pedido duas pizzas. Uma grande e vegetariana, porque Esther não comia carne há muitos anos, embora ele comesse, e outra de chocolate.

— Tomate seco ainda é sua favorita? — Roberto perguntou enquanto Esther se sentava à mesa.

— É, sim.

Ela pegou um pedaço de pizza para si, o peito pesando em nostalgia. Não se lembrava de quando fora a última vez que estivera ali, na cozinha do pai, comendo pizza com ele. Sentia-se como uma criança. Era uma criança da última vez que estivera ali.

Durante o almoço, seu pai fizera milhares de perguntas sobre o colégio, um assunto seguro que não exigia muita intimidade. Não era como se Esther e o pai fossem grandes confidentes.

Prova disso era que em algum momento as perguntas sobre as aulas e professores se esgotaram, e é claro que o pai não tocaria no assunto dos assassinatos. Quando Esther levantou os olhos para encará-lo, percebeu que parecia um pouco ansioso.

— Esther, eu meio que... estou saindo com uma pessoa — disse ele, muito atento às reações dela, observando-a com cuidado.

Esther odiou o tom de voz cuidadoso dele, a forma como a olhava como se ela fosse uma bomba-relógio prestes a explodir. Era a primeira vez que ele tinha um relacionamento com alguém desde que a mãe dela morreu. Ou, pelo menos, a primeira vez que ele admitia para Esther que tinha um relacionamento.

— Saindo? Como assim? — perguntou.

É claro que ele foi propositalmente vago. Saindo poderia significar muita coisa. De um relacionamento casual e mal rotulado até um relacionamento sério e firme.

— Nós nos conhecemos há alguns meses, no templo. Ela é psicóloga, começamos a conversar e as coisas... aconteceram — explicou ele, novamente sendo vago de propósito.

Esther ficou em silêncio, sem saber o que dizer. Sentia a garganta abafada, o ar passava aos pouquinhos, recusando-se a entrar. Uma sensação dormente se espalhava pela barriga, como uma leve pressão.

— Vocês têm um relacionamento... sério? — perguntou.

Não era possível que o pai a deixasse continuar com aquele interrogatório em vez de dizer tudo logo de uma vez. Esther preferia fingir que ele não tinha falado nada a continuar nesse joguinho.

— Sim, estamos juntos há alguns meses — disse o pai, por fim.

— Quanto tempo?

— Esther...

— Quanto tempo? Por que não me contou? — insistiu ela, sem conseguir esconder a impaciência na voz.

— Faz sete meses. Só não tinha encontrado a oportunidade para contar, você não passa os finais de semana aqui e... — Roberto deixou a voz morrer. Esther havia esgotado as próprias perguntas. Não queria falar sobre aquilo. Não queria perguntar sobre a namorada do pai. Não queria saber mais nada sobre ela. — Tudo bem?

Houve um momento de silêncio, então Esther afastou o prato e assentiu com a cabeça, apática.

— Só estou sem fome — disse, e depois colocou o prato na pia antes de ir para o próprio quarto.

Ela se deixou afundar na cama, encolhendo os joelhos contra o peito enquanto tentava controlar a respiração trêmula. Os olhos já transbordavam, mal conseguiu conter as lágrimas na frente do pai. Esther só queria sumir num canto escuro, desaparecer em um lugar silencioso, escuro e quieto onde não precisasse sentir nada disso. Onde não precisasse lidar com o fato de que, inevitavelmente, a vida seguia seu curso, mas ela parecia estagnada desde os dez anos de idade, congelada naquele estado de espírito enlutado e melancólico.

Ficou ali por um tempo, talvez por meia-hora. Não demorou muito até que o pai batesse à porta do quarto e a abrisse gentilmente. Ele a encontrou enrolada na própria cama, claro, mas pelo menos Esther já havia secado as próprias lágrimas.

— Tudo bem com você? Está brava comigo? — perguntou ele, dando dois passos para dentro e encostando a porta atrás de si.

Esther se sentou na cama e deu de ombros, observando seu ursinho de pelúcia favorito quando criança. Era um leãozinho chamado Léo, nome não muito criativo, ela precisava admitir. Pegou-o no colo e abraçou-o contra o corpo para ter coragem de ser sincera.

— É só estranho. Você e a vovó seguiram em frente, eu... me sinto meio presa nesse limbo em que o tempo passa, mas ainda estou perdida em algum momento antes do dia em que a mamãe morreu — confessou. Era a primeira vez que falava abertamente sobre isso, porque a morte da mãe de Esther e sentimentos eram meio que tabus naquela casa.

Roberto suspirou, depois atravessou o quarto e sentou-se na cadeira giratória da escrivaninha, colocando-se na frente de Esther.

— Não há prazo de validade para o luto, querida. Se quiser sinceridade, arrisco dizer que nunca acaba, mas eu não sabia que você tinha essa impressão — o pai riu levemente, encarando-a com empatia. — Você teve sua primeira experiência com a morte muito jovem, se sentir sem rumo faz parte. Acho que eu e sua avó passamos a impressão de que seguimos em frente porque, quando sua mãe morreu, já éramos adultos e já tínhamos lidado com outras experiências antes. Aos poucos melhoramos nessa coisa de fingir que está tudo bem. Só que... Esther, falo isso com todo o carinho do mundo, às vezes você precisa se forçar a seguir em frente e desapegar do passado. Sei que você sente muito a falta dela, mas essa é sua vida agora, precisa admitir isso para si mesma.

Esther não conseguiu conter as lágrimas. Essa é sua vida agora, precisa admitir isso para si mesma.

— Tá, tudo bem, alguma hora eu faço isso — disse ela, com a voz embargada. Alguma hora precisaria aceitar que viveria a própria vida sem a mãe por perto. Se formaria na faculdade e se casaria sem que ela estivesse presente. — A gente pode fingir que sua namorada não existe por algum tempo?

Roberto sorriu de leve, mas Esther conseguia ver a preocupação pesando nos olhos dele como um céu nublado.

— Claro, falamos sobre isso quando estiver pronta. Só achei que você deveria saber. — Ele coçou a nuca, um pouco desconfortável. Houve um silêncio constrangedor, então o pai murmurou algo sobre a louça e a deixou sozinha.

Esther suspirou alto e deixou-se cair no colchão, apertando Léo contra o peito e sentindo o cheiro familiar de poeira e saliva, porque costumava dormir com ele. Talvez o pai tivesse razão. Talvez fosse a hora de admitir a realidade e seguir em frente.

O celular vibrou num toque de mensagem e impediu que Esther entrasse numa crise existencial muito profunda. Resolveu pegar o celular para se distrair, esperando que a mensagem fosse de Manu ou Tiago.

Surpreendentemente, a mensagem era de Nadine.

Prof. Nadine: Ei! O que acha de burlarmos o sistema para terminar sua pesquisa? :)

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