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13 Parece que você vai precisar confiar nas pessoas

— Eu e Murilo quase nos beijamos ontem — disse Nadine, despertando a atenção de Ricardo. Ele franziu as sobrancelhas e se ajeitou na cadeira.

Nadine havia falado sobre como a família de Murilo parecia incrível e sobre como a mãe e a irmã dele a apoiaram. Estava hesitante ao falar sobre o quase beijo, mas resolveu tocar no assunto porque queria ouvir o que Ricardo tinha a dizer sobre isso. Desde a noite anterior, sentia os pensamentos caóticos e desorganizados, falar sobre isso talvez a ajudasse a desenrolar esse nó.

— E por que não se beijaram? — perguntou ele, enfiando uma uva na boca.

Estavam na cozinha dela porque decidiram fazer um café da tarde. Nadine assava um bolo de chocolate porque Vítor adorava, Ricardo fazia pães de queijo e resolveram complementar a comida com salada de frutas. O café fora substituído por suco de laranja, já que Nadine não podia beber café por causa da enxaqueca e da bebê.

A cozinha inteira cheirava a comida, o aroma doce de chocolate se misturava ao cheiro de polvilho dos pães de queijo. Nadine suspeitava que, caso passasse mais dez minutos ali, precisaria ir para a sala porque o cheiro do bolo de chocolate a deixaria enjoada. Nem se lembrava da última vez que cozinhou algo na própria cozinha. Usava a gravidez como desculpa para não cozinhar e pedir comida pronta.

— Eu não sei se quero um relacionamento romântico com ele — respondeu Nadine, quase como se fosse óbvio.

Mas é claro que Ricardo pareceu incrédulo. Ele enfiou mais uma uva na boca e franziu as sobrancelhas, tentando decifrá-la antes de fazer perguntas.

— E porque você não quereria um relacionamento romântico com o pai da sua filha? — perguntou, por fim. A voz soou monótona, quase como se estivesse cansado da teimosia de Nadine.

Ela revirou os olhos.

— Ele acabou de passar por um divórcio, não vejo como nossas taxas de sucesso podem ser altas. E o que acontece se nós terminarmos? Porque é essa a armadilha de ter um relacionamento romântico com o pai da minha filha. Se nós terminarmos, ele vai embora e quem fica com toda a responsabilidade de cuidar da criança sou eu. E eu preferiria que ele nem tivesse reaparecido do que passar por isso. Se nunca tivermos um relacionamento romântico, ele estará aqui apenas pela bebê.

Nadine falou como se fosse tudo muito claro, mas Ricardo não parecia impressionado. Ele levantou as sobrancelhas e a encarou com olhos fixos em julgamento.

— Pra mim, parece que você está encontrando milhares de desculpas porque está com medo — comentou, depois de um tempo encarando daquela expressão nada impressionada.

Nadine deu de ombros, brincando com uma uva entre os dedos.

— Tá, suponhamos que, sei lá, na melhor das hipóteses, eu queira casar com ele. Nós nos casamos, vivemos felizes por, não sei, talvez cinco anos, e depois ele percebe que eu sou obcecada demais pela minha carreira e não dou atenção suficiente para a família, então ele começa a me trair ou vai embora para fazer algum treinamento da Marinha do outro lado do mundo. De novo, eu fico sozinha com a criança enquanto ele tem toda a liberdade para viver a vida dos sonhos — concluiu, muito segura das palavras.

Desta vez, Ricardo riu. Ele passou as mãos pelos cabelos castanhos e apenas riu. Parecia entretido com as teorias de Nadine, os olhos bem-humorados achavam graça da seriedade dela.

— Nadine, você está pensando demais.

Ela deu de ombros.

— Tem um bebê na equação, então tenho permissão para pensar demais. O preço é alto para arriscar um término, mesmo que o início pareça perfeito.

Nadine já havia vivido tudo isso antes. Pensou em Graziela, em como a amava com cada pedacinho de si. Em como as duas costumavam se encaixar perfeitamente num casal ideal. As duas se amavam, mas só amor não era suficiente, nunca era. Relacionamentos exigiam muito mais, e era um preço que Nadine não estava disposta a pagar. Nunca conseguia fazer o amor atravessar a linha da autonomia e da independência. Nunca conseguia conciliar as coisas.

Murilo a encarou por um momento, depois jogou mais uma uva na boca antes de responder.

— É isso mesmo que está acontecendo? Ou, sei lá, você está se dando conta de que ele tem muita influência na sua vida, e isso te assusta porque você sempre foi extremamente independente, mas percebeu que precisa abrir mão do seu controle e da sua independência porque não pode cuidar de um bebê sozinha?

Nadine não respondeu de imediato, ficou um tempo absorvendo as palavras e internalizando tudo aquilo. Então fez uma careta e jogou a uva que tinha em mãos nele.

— Uau, por que está me atacando assim? Achei que estivesse do meu lado — reclamou, o que arrancou uma risada de Ricardo.

— Definimos que sou o Grilo Falante da relação há muito tempo. — Ele pegou a uva no ar e colocou na boca. Encarou Nadine com um sorriso provocante, uma expressão de quem via algo que ela não enxergava. Ricardo era só um ano mais velho do que ela, mas ele sempre pareceu mais... calmo e centrado do que Nadine. — Desculpa, parece que você vai precisar confiar nas pessoas nessa situação.

— Se nos aproximarmos assim, não tem mais volta — comentou.

Se deixasse que ele a beijasse. Se dividissem a mesma cama. Se agissem como um casal. Não tinha mais volta.

Ricardo riu suavemente de forma compreensiva, mas ainda a olhava como se discordasse.

— Queridinha, vocês têm uma filha juntos, não tem mais volta — disse.

Nadine suspirou porque sabia que ele tinha razão. Podia afastar Murilo e apagar qualquer relacionamento romântico entre os dois, mas continuariam sendo próximos por causa da bebê. Ainda precisaria confiar nele. Ceder o controle. Aceitar que não poderia cuidar de toda a bagunça sozinha.

— Sei lá, é tudo muito confuso. Achei que teria todos os motivos para estar com raiva quando ele aparecesse, mas até agora Murilo tem sido perfeito. Estou com medo de que as coisas mudem quando a bebê nascer ou com o passar do tempo — confessou, porque tudo aquilo a matava por dentro.

A gravidez era a parte relativamente fácil da coisa. A criança era mais permanente, principalmente porque a parte do bebê durava alguns poucos anos e depois teria um ser humano completo para guiar. Não sabia se Murilo compreendia isso.

— Não vou dizer que você está totalmente errada e que seus receios não são justos, porque são. Mas ele parece estar fazendo bem para você, eu não te via rir como hoje desde que descobriu sobre a gravidez. — Ricardo se virou para checar o bolo dentro do forno, o que foi ótimo, porque Nadine não sabia como responder.

Murilo estava mesmo tornando as coisas mais leves. Nadine achou que o reaparecimento dele significava mais caos, mas foi o contrário. Ele trouxera uma calma e perspectiva que Nadine não sentia desde que descobriu estar grávida.

O celular de Ricardo vibrou num toque comum de mensagem, ele abriu as notificações para ler, depois suspirou e começou a falar sem olhar para Nadine.

— Fim de férias. Reunião com todos os professores amanhã, reunião com os pais na quarta e memorial coletivo na quinta-feira. Presença obrigatória de todos os professores.

Nadine suspirou também e fez uma careta de desânimo. A reunião do dia seguinte provavelmente serviria para orientar os professores sobre como tranquilizar os pais. E Cíntia certamente queria todos os professores no memorial para ajudar a lidar com a multidão de pais e alunos preocupados.

— Bem que a Helô podia nascer antes disso — comentou Nadine, olhando para a própria barriga com um ar pensativo. Poderia evitar todas essas reuniões exaustivas se Heloísa resolvesse nascer. Mas, é claro, estava cedo para isso. Ainda tinha algumas semanas de barriga enorme pela frente.

Ricardo riu um pouco, guardando o celular.

— Eu acho que você subestima o quão trabalhoso um bebê é — comentou ele, depois franziu as sobrancelhas e olhou para a porta que dava entrada para a sala de estar. — Inclusive, minha criança está quieta demais, vou me certificar de que Vitor não está pintando suas paredes e seu sofá — disse, então contornou a mesa e deixou Nadine sozinha enquanto adentrava a sala.

Nadine sorriu. Deixaram Vitor desenhando com canetinhas na sala enquanto preparavam a comida. Nadine não estava realmente preocupada. Vitor sempre foi uma criança comportada. Se ele resolvesse pintar o sofá ou parede, havia uma poção para retirar as manchas.

Aproveitando a ausência de Ricardo, ela pegou o próprio celular. Precisaria estar na escola no dia seguinte, mas de repente a voz de Dália ecoou em sua mente e fez um leve calafrio percorrer seu corpo. Não volte para a escola, não é seguro para você.

Nadine aprendera desde cedo a não ignorar sinais do universo, e estava bem certa de que Dália era ótima em traduzir esses sinais.

Por sorte, Nadine não precisou fazer grandes malabarismos para faltar à reunião do dia seguinte. Abriu o calendário e descobriu que tinha uma última lista de exames de pré-natal para fazer no dia seguinte, e até poderia fazê-los antes da reunião, mas preferia evitar ir para a escola enquanto todo o caso dos assassinatos não fosse solucionado.

Nadine enviou mensagem para Cíntia para avisá-la, ela estava on-line e respondeu que não havia problemas, desde que Nadine comparecesse aos outros eventos. Como imaginava, Cíntia precisava de todos os reforços possíveis para lidar com toda a comunidade presente.

Havia acabado de largar o celular quando Ricardo reapareceu na cozinha.

— Paredes e sofá a salvo — disse ele, voltando para atrás da bancada da cozinha e de frente para Nadine.

— Não vou para a reunião amanhã — ela comentou.

— Uau, vantagens da gravidez. — Ricardo parecia genuinamente impressionado, mas Nadine só estava preocupada e um pouco tensa.

— Você não está preocupado? — perguntou, como se só agora estivesse se dando conta da seriedade dos acontecimentos da semana anterior. Depois do choque inicial, a percepção da gravidade da situação finalmente alcançava Nadine.

Ricardo deu de ombros, não parecia realmente preocupado.

— Não me encaixo nas características das pessoas que foram alvo até agora — comentou.

Nadine tentou internalizar aquilo e se acalmar, porque ela também não tinha nada em comum com as vítimas. Então por que sentia que havia algo tão errado?

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