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01. Há glitter no chão depois da festa.


Como em um sonho, as luzes bonitas e multicoloridas da cidade entravam pelas frestas da janela iluminando o chão, as cortinas e o estofado manchado daquela poltrona azul da sala de estar. Havia resquícios de luz refletidos do globo acima de nossas cabeças, vestígios de felicidade em cada canto do apartamento, alguns amigos adormecidos aqui e ali, rodeados de copos e garrafas vazias e a lembranças pouco nítidas de um adeus ao ano que havia partido há quatro ou cinco horas. Uma seleção cafona de canções de ano novo tocava ao fundo, enquanto ele cantarolava acompanhando o ritmo, lendo e relendo o encarte daquele CD de capa barata, provavelmente um daqueles brindes furrecas de supermercado ou mais uma das suas aquisições de um dólar para a "típica" coleção de discos com temáticas festivas. E até isso era adorável sobre Jungkook. Colecionava todo tipo de bugiganga musical: desde partituras, baquetas e palhetas adquiridas no meio de shows de rock à CD's de artistas que nunca tinha ouvido falar na vida.

Gostava daquela sensação de que estava deixando algumas coisas para trás, entre elas, todas as más escolhas de um ano caótico, um término de relacionamento maluco e alguns amigos que nem deveriam receber esse título, mas seria grata eternamente por ter conhecido o garoto da loja de discos que agora dançava descalço ao som de What You Are Doing New Year's Eve na minha sala de estar depois de ter arrastado os móveis para os cantos da casa.

A verdade é que não estava pronta pra me apaixonar novamente, nem para um recomeço repentino como aquele.

Havia conhecido Jungkook na velha loja de discos do centro, ocasionalmente, quase no fim do verão e ainda me lembrava daquela nossa discussão idiota sobre sua preferência por Yes ao invés do Pink Floyd. Pink Floyd é superestimado, você sabe disso. Ele disparou, sem nem pensar duas vezes quando perguntei que tipo de vinil deveria levar, uma dúvida cruel entre Animals e o The Wall. Ele estava usando uma camiseta do Yes com as mangas cortadas, exibindo a tatuagem cafona de uma rosa vermelha no braço esquerdo, um típico fã incompreendido.

— Mas o Yes tem um álbum inteiro de covers do Pink Floyd. — Rebati.

— Lógico, alguém precisava salvar aquelas músicas dos solos terríveis do David Gilmour.

Por alguma razão, adorei Jungkook no primeiro segundo. Não só pela sua honestidade imediata, mas pelo conjunto de quem ele era. Adorei seu cabelo comprido e rebelde como um Trip Fontaine  moderno, seu piercing esquisito no lábio inferior, aquele jeans surrado com pequenos rasgos nos joelhos - que deduzi que era pelo uso excessivo e diário e não por puro estilo -, e seu par de tênis all-star completamente fodidos (que um tempo depois descobri que não me livraria tão fácil assim deles).

A discussão terminou com um convite aberto para ver o show de sua banda de rock progressivo, no domingo à noite, no clube Skank e sua grande chance de me fazer mudar de ideia. Talvez continuasse achando o Pink Floyd melhor que o Yes, mas ainda tinha entradas para um concerto e um lugar para me divertir no fim de semana.

Jungkook era baixista da Ode to Saturn, uma banda composta por garotas, Maya, Sumire e Liu. Se denominavam musicistas inter-asiáticos: uma indiana, uma japonesa, uma chinesa e um sul-coreano, ainda tocavam os mesmos covers de bandas famosas ocidentais, mas definitivamente tinham personalidade (e uma van laranja com a logo da banda em azul, extremamente caricata), pareciam personagens de HQ's diferentes reunidos em um mesmo lugar.

Lembro daquela noite como se fosse hoje e de como fiquei bêbada, pela primeira vez não me importei e nem tentei ser a garota recatada e sofisticada como as namoradas dos amigos de Seokjin, meu ex-namorado, costumavam ser. Não estava tentando parecer boa o bastante para ninguém, enfiada em vestidos caros e maquiagens estranhas para me encaixar no grupo dos herdeiros promissores da cidade. Aturando uma conversa fútil, música chata e gente mesquinha cheirando a perfume caro.

— Essa aqui é pra garota sentada bem ali, aquela mesmo, que ainda está descobrindo o que é música boa de verdade! — Jungkook anunciou no microfone, antes de tocar Owner of a Lonely Heart do Yes pra mim. Adorei a música, mas não tanto quanto o adorei, coisas que não admitiria nem para mim mesma no espelho.

No fim daquela noite, ficamos chapados nos fundos do clube Skank e nos beijamos pela primeira vez, Jungkook tinha gosto do chiclete de cereja que havia mascado durante o show inteiro, cerveja ruim e erva.
E aquela foi definitivamente a minha certeza de que havia perdido o juízo de vez, quando aceitei sua carona para casa e automaticamente deixei que também fizesse parte de minha vida.

Descobri que ele tinha só vinte e cinco anos, um espírito adolescente que nunca o abandonava e uma boca extremamente suja, todos os porras, cacetes e caralhos pareciam seus advérbios de intensidade favoritos. Eu que nunca tinha ouvido um palavrão sequer vocalizado por Seokjin, decorava as criações de Jungkook na hora da raiva, palavrões montados em frases sem sentido que soavam certas e engraçadas demais.

Me acostumei com seu Dodge Dart 64 de tintura desbotada, motor barulhento e com um banco manchado por molho de burrito, o baixo preto a quem ele havia batizado de Asia e as fitas penduradas no retrovisor. Me apaixonei com a mesma facilidade com que ria de suas piadas sem graça e me enfiava em sua jaqueta jeans azul-saturno, quando Owner of a Lonely Heart se tornou a nossa música tema e quando seus beijos só despertavam em mim uma estranha vontade de tirar a roupa.

Invadi sua casa, sua cama e seus lençóis, amei seu gatinho de estimação chamado Soju e o pequeno santuário de bugigangas musicais que enchiam as prateleiras e paredes.

Gostei do seu cheiro de perfume barato, da pasta de dente colorida e das outras tatuagens cafonas escondidas na altura do quadril.
Jin odiava rock, barulho, tatuagens e gente suada. Jungkook tocava em uma banda, ouvia as canções no último volume, tocava instrumentos imaginários debaixo do chuveiro e sonhava em ser um rockstar.

Passei a entender algumas coisas sobre o amor quando amei Jungkook. Passei a amar as pequenas coisas que eram tão dele, mesmo quando queria que fossem só minhas: o seu amor pela música, o som estranho da sua risada e modo como ele adorava tudo sobre à vida. Cada mínimo detalhe dela. Era aquela jaqueta azul-saturno, o modo como cortava o cabelo e o seu gosto discutível para sabores de geleia.

Era sua obsessão por cantores desconhecidos e artistas de rua, a maneira sensual que ele segurava o baixo, como seu sorriso ainda parecia tão infantil e como os seus gemidos sempre pareciam sussurros. 

Não era sobre o seu olhar parecer uma constelação inteira, nem as mesmas coisas melosas que estava cansada de ler a respeito, mas sobre como não existia um comparativo quando se tratava dele.

E enquanto o vejo ali, dançando no meio da sala-de-estar, depois de tropeçar em um sapato largado e soltar um "caralheta", que me lembro do motivo dele ter sido meu primeiro desejo para o ano novo.

Pink Floyd pode até ser melhor do que Yes, mas nada é melhor do que você. 










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