Star Wars
Lorena
Já eram dez da noite quando a sétima mensagem da Geovana chegou, sem que eu lesse nem uma delas. Tentava me concentrar no material da especialização em proteção digital que estava cursando. Acontece que ficou difícil, quando a oitava mensagem chegou.
Abri o celular e as li em sequência:
"A portuguesa chegou, vou tentar tirar uma foto para voce".
"Olha ela, amiga... Sou mais voce"
Seguia uma foto de uma moça sexy, de cabelos pretos lisos e repicados. Era bonita, mas nada de extraordinário. Um tipo comum como eu.
"Lory, ela é estranha, meio sonsa, sabe?"
"Ei! Está demorando! Cadê voce?"
"Lorena, que horas vai chegar?"
"Estou na sua porta. Abre."
Soltei o ar com força e levantei justo no momento em que a campainha do interfone tocou. Era a Geovana e minutos depois ela chegava na porta da minha casa.
─ Que diabo está fazendo assim, de camisolão? ─ Trocamos beijos rápidos. ─ Vamos! Vamos! A festa está animada, mas faltando voce. ─ Ela estava animada.
─ E o que irei fazer lá, Gio? Olhar na cara da minha rival e sofrer?
─ Não... Mostrar ao Arthur que voce é melhor que ela, estudar o inimigo. Nunca usou essas estratégias?
Eu caminhava para meu quarto, escorregando nas meias soquete que usava.
─ Nunca pensei que fossem úteis.
Sentei na cama e tomei a apostila, fingindo voltar a estudar.
─ Ah, qual é, Lory?! Vamos lá! ─ Gio abriu meu guarda-roupa e retirou um cabide, olhando um vestido azul nele pendurado. ─ Além do mais, não tem apenas ela. Arthur convidou uns amigos do hospital... São interessantes.
Revirei meus olhos, mas ela não viu porque estava compenetrada retirando outro cabide do armário, desta vez, com um macaquinho preto de alcinhas, o qual ela decidira que eu deveria vestir. Colocou a roupa sobre a cama e eu a observava, sem crer.
─ Esse macaquinho fica um tudo em voce! Como estamos meio informais, acho que fica legal se for com um tênis gracioso como esse. O que acha? - Falava sem me olhar, largando o tênis cor de chumbo no chão e abrindo novamente meu armário. Gio tinha a expressão travessa, divertindo-se, ao pegar minha caixa de bijuterias.
Não sei onde estava minha cabeça quando concordei com aquilo. Só sei que em dez minutos estava escovando meus cabelos, para deixá-los mais sedosos, e caprichando no perfume.
Minutos depois chegávamos à casa do Arthur e a primeira pessoa que vi foi a tal Mônica, conversando com o Adriano e o irmão.
Entrei, cumprimentando os amigos do Arthur que estavam na sala. Gio não estava errada, eram bem interessantes. Quando saí na direção da varanda, vi que Arthur já me olhava e tinha a Mônica ao seu lado. Ele usava uma camisa jeans com uma calça branca e estava de tirar o fôlego.
Beijei o Adriano e depois o Arthur, então, ofereci meu mais belo sorriso à Mônica, que me olhava com simpatia.
─ Lory, essa é a Mônica... ─ Arthur nos apresentava. ─ Mônica, esta é...
─ A famosa, Lorena! ─ Ela falava com um sotaque forte, mas totalmente compreensível. Estava entusiasmada. ─ Enfim, a conheci!
Mônica era realmente simpática e me abraçou apertado.
─ Como vai, Mônica?
─ Estou bem, e voce?
─ Um pouco cansada, mas bem. ─ Olhei furtivamente para Arthur e ele me devolveu um olhar estranho, fixo demais. Tentei ignorá-lo. ─ Como foi de viagem?
─ Tranquila. Estava ansiosa para chegar, mas foi tudo bem.
E enquanto Mônica me contava sobre a aventura de chegar a um país novo e "pitoresco" como o Brasil, eu sentia o olhar de Arthur sobre mim. Sentia-o escanear meu rosto e isso me incomodava, então, sendo até mal-educada, tirei a minha atenção da Mônica e o encarei, flagrando-o.
─ Tudo bem, Arthur?
Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu, constrangido, escondendo-se atrás de um gole de sua cerveja.
─ Está tudo bem, amor? ─ Mônica segurou em seu braço, preocupada.
─ Está sim. ─ Arthur sorriu, cínico. ─ Estava aqui pensando no brinco da Lorena. ─ Instintivamente, toquei meu brinco e lembrei que fora um presente seu. ─ Lembra Lory, quando te dei?
─ Lembro, claro. Foi em meu aniversário de vinte e três anos.
Ele lembra disso?!
Gio se aproximou com uma taça de vinho e me ofereceu.
─ Estou dirigindo, Gio. ─ Avisei, descartando a bebida.
─ Eu levo voce para casa. ─ Olhei para a cerveja em sua mão e Arthur completou, meneando a cabeça e novamente erguendo a sobrancelha, maliciosamente. ─ Pago a multa e acumulo os pontos, se nos pegarmos.
─ Ah, se há uma chance de voce se ferrar, beberei sim. ─ Lhe sorri, antes de pegar a taça da mão da Giovana e beber o vinho.
E assim, depois de trocar mais algumas palavras com a Mônica, pedi licença e me afastei. Não estava suportando vê-lo acariciar o braço da namorada e muito menos os olhares apaixonados que trocavam. Sentei em um banco na sala e fiquei na companhia do Lauro, fazendo questão de ficar de costas para o casal.
Algum tempo depois, eu já estava interagindo com os dois rapazes, amigos do Arthur do hospital onde ele trabalhava, antes de viajar. O Sérgio, particularmente, chamou a minha atenção. Era um moreno muito gato, de olhos esticados e um cavanhaque de matar. Descobri que é cirurgião, solteiro e que, inclusive, "mexendo os pauzinhos" para conseguir uma vaga temporária para o Tutie, lá mesmo no hospital.
Sérgio parecia ser um cara muito gentil, atencioso e acabei me envolvendo em sua conversa inteligente. Vez ou outra, Gio se aproximava e fazia um elogio ao Sérgio, que modesto, diminuía suas glórias. Esta era a maneira da minha amiga me dizer "fisga logo!".
E quando eu já estava relaxada, em uma conversa animada sobre Fernando de Noronha com o Sérgio e a Gió, Arthur e Mônica chegaram e logo se colocaram à par do assunto.
─ Estou louca para conhecer as praias brasileiras. Vocês têm um litoral bastante vasto, não é verdade?
Sentia o olhar do Arthur sobre mim, mas quando o fitava, ele o desvia. Estava sério, calado demais. Imaginei se estaria aborrecido comigo por ter dito inicialmente que não viria.
─ Podemos ir à casa da praia no sábado. ─ Gio sugeriu, animada.
─ Eu e o pai falamos sobre isso ontem, Gio. ─ Finalmente Arthur se manifestou, ainda mantendo-se estranho, cabisbaixo. ─ Iremos passar o réveillon na casa da praia.
Levei a taça de vinho aos lábios na intenção de me abster daquela situação. De forma alguma conseguia construir a cena onde eu, Mônica e Arthur passávamos o réveillon juntos.
─ Excelente ideia! ─ Gio se animou, gesticulando excessivamente, como costumava fazer quando estava excitada. ─ Podemos ir todos! A casa é grande!
─ Você irá gostar, Sérgio. ─ Acrescentou Adriano, ao sentar no braço do sofá, ao lado da namorada. ─ O pôr-do-sol é lindo e dá para ver mesmo da varanda de casa.
Eu já tinha ido algumas vezes à esta casa e tinha lembranças maravilhosas de lá. Me deu saudade dos dias em que eu, Arthur e Adriano até pegávamos onda juntos. Quero dizer... Eles pegavam ondas, eu levava caldo.
─ É uma ótima ideia. Vou precisar ajustar meus plantões. ─ Sérgio acrescentou, verificando seu celular. Provavelmente olhava sua agenda.
Mônica cochichou no ouvido de Arthur e ele lhe sorriu e depois beijou-lhe rapidamente. Fitei minhas mãos sobre meu colo instantaneamente, quase sem pensar.
─ Voce irá, não é Lorena?
Fui pega de surpresa e ergui os olhos para Sérgio, que me perguntou. Ainda estava pesando os prós e os contras de ir nessa viagem e precisei me forçar para não olhar o Arthur. Pareceria que eu estaria lhe pedindo permissão.
─ Ainda não sei, Sérgio.
─ Ah não, por favor... ─ Mônica, ao meu lado, pousou a mão em minha coxa. ─ Diga que irá, por favor!
Por que diabos aquela mulher parecia tão gentil e carinhosa comigo? Ela deveria saber que eu quero o homem dela. Me incomodava tanta atenção.
─ Eu realmente não sei, Mônica. Preciso ver o que meus pais irão fazer.
Arthur estava calado demais, quieto demais, me deixando alerta.
─ Lory, voce nunca passa réveillon com seus pais. Vamos, por favor! ─ Gio suplicava e eu não queria me comprometer, não queria fazer planos.
Na verdade, o silêncio de Arthur me incomodava demasiado. Em outro momento, ele teria sido o primeiro a insistir. Mais que isso, ele não aceitaria a minha dúvida.
A noite seguiu ordinária. Sérgio me fez companhia o tempo inteiro e descobri nele um sujeito muito agradável, além de sedutor. Mesmo sem saber, ele me ajudou a suportar a tortura de ver as carícias e os segredinhos trocados entre Mônica e Arthur.
E no final das contas, foi Sérgio ─ que não estava bebendo ─ quem me levou para casa, e com muito gosto, dispensei a ajuda do Arthur. Ele seguia sério demais, frio demais e eu não estava com disposição para descobrir o motivo. Isso ficou em minha cabeça os dois dias seguintes, e na véspera de Natal, recebi a visita inesperada do casal do ano.
Eu estava muito à vontade em casa, havia levantado há pouco e tomava um achocolatado enquanto estudava uma apostila de algoritmos para uma prova. E foi usando apenas um conjunto de short doll de malha e meias soquete que abri a porta, certa de que eram meus pais, já que o interfone não havia tocado.
─ Bom dia.
O sorriso perfeito de Arthur encheu meu dia. Ao seu lado estava Mônica, tão sorridente quanto. Fiquei desconcertada e sem saber o que fazer, então, apenas abri mais a porta, dando-lhes entrada para o lobby.
─ Bom dia. Que surpresa... ─ Eles também estavam à vontade, não tanto quanto eu, óbvio, mas Arthur usava bermuda e t-shirt, e Mônica um vestido curto. Reparei que tinha uma tatuagem no tornozelo que parecia uma pimenta, mas evitei olhar demais. Percebi também que o Arthur estava animado, bem diferente da última vez em que tínhamos nos visto.
─ Levei Mônica para apresentar aos seus pais.
Entendi porquê não haviam tocado o interfone e senti raiva, confesso. Ele não tinha nada que apresentá-la aos meus pais.
─ Eles são incríveis, Lory! ─ Mônica segurou minha mão, numa intimidade que não lembrava de tê-la dado. Apenas fui educada e não recuei. ─ E são tão carinhosos com o Arthur!
Sorri, com sincero orgulho por meus pais serem tão importantes para o Arthur, mas continuava achando desnecessário tê-la levado em um território tão nosso. Mais até do que a minha própria casa.
Logo meus olhos cruzaram com os do Arthur e corei, ao lembrar que estava em trajes mínimos.
─ Desculpem o pijama, mas acabo de levantar.
Sem a menor discrição, os dois me olharam de cima a baixo e tratei de levá-los à sala o quanto antes, falando sobre o quanto era legal morar em cima dos pai, blá, blá, blá... Apenas para disfarçar meu constrangimento, visto a situação inusitada.
Mônica observava tudo em minha casa. Seus olhos atentos só não viam a mão do seu namorado pousar na base da minha coluna e ali ficar, queimando minha pele, quando paramos no centro da sala. A porta da varanda estava fechada, mas as cortinas ficaram abertas, com o sol da manhã clareando os tacos de madeira polida.
─ Lory, trouxemos uma coisa para voce. ─ Arthur retirou a mão das minhas costas e enfiou nos bolsos de trás da bermuda. Só então percebi a sacola em sua outra mão.
Eu já havia comprado o seu presente de natal, mas sinceramente, sequer havia lembrado da Mônica. Por isso, não o citei.
─ Obrigada. Não precisavam se incomodar.
Ele sorriu, plácido, e encostou a boca em meu ouvido.
─ Ela escolheu, mas eu aprovei. ─ Me arrepiei com seu hálito quente dançando em meu ouvido.
Segurei a sacola nas mãos e tentei ser simpática, mas se o presente fora uma tentativa de me deixar feliz, falharam. Há cinco anos o Arthur me dava presentes escolhidos por ele, e eu guardava cada um desses como tesouros.
─ Obrigada.
Abri o pacote que havia dentro da sacola e me surpreendi com o biquíni branco. Olhei para ele com uma enorme interrogação no olhar. Um biquíni?! Ele jamais me daria um biquíni!
─ O que achou? É mais um convite do que um presente! ─ Mônica estava sorridente e ao mesmo tempo parecia insegura. Entendi que eu mesma não parecia muito feliz com o presente, por isso, tratei de forçar um sorriso e sabe-se lá por quê, abracei a garota.
─ Obrigada, é lindo!
Seus abraços eram apertados e me incomodavam. A cada vez que me abraçava, minha consciência me lembrava de que se tivesse oportunidade, eu tiraria seu namorado.
Quando finalmente a Mônica me soltou, abracei o Arthur e senti todo meu corpo vibrar. Abraçá-lo tinha um quê de conforto, uma sensação de plenitude. Eu não queria soltá-lo, enquanto me abraça com suavidade. Infelizmente, querer nem sempre é poder.
─ Então, irá passar o réveillon conosco? ─ Mônica mostrava-se ansiosa. ─ Acabo de saber que seus pais irão passar a virada do ano em um clube, com um grupo de amigos idosos.
Ela piscou um olho para mim e me senti numa armadilha. Eles estavam me cercando, embora Arthur nada tenha dito, apenas me olhava curioso.
─ Querem um suco, um café, algo assim? ─ Desconversei.
Mônica aceitou e Arthur se ofereceu para ir buscar a bebida. Sentamos lado a lado no sofá, eu e minha rival.
─ Acho que voce ficará muito bem nesse biquíni. É decente e muito bonito.
Segurei a calcinha do biquíni e sorri, pensando que não ficaria tão decente assim, mas agradeci.
─ Lorena... ─ Mônica começou a falar, enquanto mexia nas franjas da almofada sobre o sofá. ─ Sei que acabo de chegar, mas parece que a conheço há anos. ─ Seus olhos brilhavam e me fitavam com admiração. - Escutei Arthur falar tanto de você, que houve um tempo em que até sentia ciúmes.
Eu a escutava sem saber o que dizer. Apenas deixei que falasse. Ela prosseguiu:
─ Agora entendo a relação de vocês e já não tenho o menor ciúme. Era uma grande besteira. ─ Disse sorrindo, mas me machucou. Se ela não sentia mais ciúme era porque estava segura demais do amor do Arthur, ou porque não me via capaz de ameaçá-la. Doeu de verdade. ─ Mas preciso confessar... Estava muito curiosa para te conhecer e gostaria de conhecê-la ainda mais.
Mônica me olhava com carinho e me senti culpada. Estava claro que o discurso era também para me convencer a ir à praia com eles e, embora eu não estivesse inclinada, sou uma manteiga derretida.
Arthur voltou da cozinha, entregou o copo de suco à sua namorada e sentou na mesa de centro, entre eu e Mônica. Achei aquilo simbólico demais.
─ Está bem, passarei o réveillon com vocês. ─ Que diabo eu estava fazendo?!
Mônica comemorou e Arthur apenas sorriu, sem muito entusiasmo.
─ Então, serão oito pessoas, correto? ─ Ela contou, recebendo a confirmação do Arthur.
Franzi o cenho, me perguntando quem eram as oito pessoas.
─ O Sérgio irá? ─ perguntei, num impulso.
─ Sim! ─ Mônica comemorou. ─ Não será fantástico?!
Observei Arthur forçar um sorriso. Ah! Como eu conhecia seus sorrisos forçados! Cada um deles, na verdade. Queria lhe perguntar por que estava tão apático, mas não queria fazê-lo na frente de Mônica. Pensei rápido.
─ Arthur, aproveitando que está aqui... Queria lhe pedir um favor. Poderia olhar meu chuveiro? ─ Foi a primeira coisa que lembrei estar com defeito em casa. Ele sempre resolvia esses pormenores para mim.
─ Claro. Quer que veja agora?
─ Mônica, se importa de esperar um pouco? Vou só mostrar a ele...
─ Sem problemas. Vou apreciar a vista. ─ E apontou para a varanda.
Me dirigi ao banheiro, sendo seguida por Arthur. Entramos e encostei a porta, surpreendendo-o.
─ O que está havendo? ─ Fui direta.
Com a expressão confusa e surpresa, Arthur deu de ombros.
─ Do que está falando?
─ De sua cara de quem não está nem um pouco a fim de que eu vá para a praia. Se é assim, por que a visita? Por que o biquíni? Por que a insistência?
─ Voce entendeu errado, Lory.
Seus olhos desviaram para o lado e quando os acompanhei, vi minha calcinha pendurada no gancho. Arranquei a peça de lá e obtive sua atenção novamente.
─ Eu te conheço, Arthur Cabral, e sei que está incomodado.
Ele coçou a cabeça, mais um sinal de que algo estava errado.
─ Juro que é impressão sua, Lory. ─ E com um braço, envolveu meu pescoço e me puxou contra seu peito. Seu perfume me entorpecia, me tirava o juízo. ─ É claro que quero que vá.
Me afastei, saindo dos seus braços. Estreitei os olhos, fitando-o fixamente por alguns instantes, analisando-o. Com as mãos no quadril, Arthur sustentou meu olhar, desviando-o apenas para os meus lábios, mas logo retornando a me encarar.
─ Muito bem. O que tem seu chuveiro?
─ Acho que queimou. - Eu ainda o analisava. Ainda encarava seus olhos de gato. ─ Não quer esquentar.
Arthur entrou no box e começou a mexer no chuveiro. Fiquei logo atrás dele, caso precisasse de algo. Não demorou e logo o desastre estava feito: A água que estava no cano vazou e, ao desviar, Arthur livrou-se dos chuviscos, que vieram direto em mim.
─ Puta merda! ─ gritei.
─ Ah, não! ─ E gargalhou, virando o rosto para o lado. ─ Não quero ver isso.
Olhei para mim no mesmo instante em que Mônica chegou na porta do banheiro. Minha blusa estava colada, molhada e transparente.
─ Mônica, me dá essa toalha, por favor. ─ Eu estava aturdida.
Com os olhos arregalados, ela me estendeu a toalha, com a qual me cobri imediatamente.
─ Pronto, Arthur, seus olhos já estão fora de perigo. ─ Saí do box aborrecida, sem saber se era mais por estar molhada ou se por ele ter desviado o olhar da forma como desviou.
Fui para o quarto seguida por Mônica.
─ Posso ajudar, Lory?
Retirei a blusa molhada, irritada demais.
─ Pode pegar aquele sutiã para mim? ─ E apontei para a peça pendurada na cabeceira da cama.
Ela me trouxe a peça e eu a vesti sob o olhar pasmo de Mônica.
─ Desculpe tudo isso. Arthur me tira do sério, às vezes.
─ Eu te entendo. ─ Ergui os olhos para a sua frase. O que ela entendia? Conhecia ele há apenas alguns meses!
Vesti outra blusa seca.
─ Ei, garota do lava-jato, a sua resistência já era. ─ disse Arthur, ao colocar a cabeça dentro do quarto e me mostrar a pequena peça de metal. ─ Quer que compre outra para voce?
─ É o mínimo que poderia fazer, não é Arthur? ─ Eu ainda estava puta da vida!
Ele sorriu, ainda me escarnecendo e abaixando a cabeça para disfarçar.
─ Ok. Vamos, Mônica. ─ Se aproximou de mim e beijou minha testa rapidamente. ─ Vou deixar ela em casa e volto com sua resistência.
Eu apenas o olhava, furiosa. Então, Mônica me abraçou, assim do nada, e eu não pude me esquivar.
─ Estou feliz que irá à praia conosco.
Lhe sorri de volta, tentando ser amável.
─ Eu também. ─ respondi.
Partiram, enquanto Arthur gritava que sabia o caminho da saída. Soltei o ar com força e me deixei cair na cama. Ele detonava meus nervos, meu equilíbrio, minha paz.
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