Capítulo cinco
A encarava espantada mal podia acreditar em que meus ouvidos registravam. Movi-me tensa tentando entender onde ela queria chegar, mas era quase impossível para mim compreender. Obviamente que não aceitarei fazer isso, trocar de lugar com ela para me casar por qual razão? Essa moça está delirando. De qualquer modo não queria nem saber sobre o que ela estava falando.
— Desculpa senhorita Moretti, não vou fazer isso.
— Sabia que não aceitaria minha proposta tão generosa.Por isso, já antecipando sua recusa, preparei uma surpresa para você, apenas para incentiva-la a colaborar.
Ela pegou o celular do bolso e abriu um video. Mostrou-me. Me vi entrando em sua suíte e roubando uma joia. Naquele momento a minha ficha caiu e entendi tudo que ela fez.
— Essa não sou eu, é você.
— Oh! É mesmo? Quem irá acreditar nisso?
— Você não pode fazer isso.
— Tanto posso que farei, se não colaborar com minha proposta, irá para a cadeia.
— A senhorita está louca, não posso ocupar seu lugar, nem ao menos a conheço.
— Sou Chiara Moretti, meu pai é... digamos, um empresário poderoso e fui prometida a casamento para um dos sócios dele nos negócios. Esse tipo de arranjo e bem comum no nosso meio. No entanto, não quero me casar com nenhum velho. Por isso, você fará isso em meu lugar.
Estava casa vez mais chocada com as revelações daquela moça, isso tudo só pode ser um pesadelo. Era simplesmente surreal ocupar o lugar dela, ainda mais para casar com alguém que nem conheço. Meu Deus! Que tipo de pessoas são essas? Cautelosa, tentei argumentar.
— Senhorita Moretti, entendo que precisa de ajuda, mas não vou participar disso. Comunicarei seus planos para a administração do hotel. Eles deduzirão que tudo isso foi armando por você já que somos muito parecidas.
— Não perca seu tempo, ninguém nos viu juntas a não ser o meu segurança que é meus cúmplice. O horário das imagens coincidem com o horário em que mandei que fosse limpar meu quarto. Se você não colaborar com meu plano, uma pessoa que contratei irá se passar por mim e te acusará de roubo. Quando verificarem as câmeras, jamais duvidarão que não é você. Ninguém do hotel me viu, cheguei tarde no dia que me hospedei e tenho certeza que ninguém lembrará da minha aparência naquele dia. O plano é perfeito. Além do mais, eu sou uma hóspede e você a camareira, em quem acha que acreditarão?
Ela Inclinou-se para frente e aproximou-se de mim, eu estava paralisada de horror:
— Não tente fazer nada, pense na sua mãe, que está tão doente, imagine ver a filha indo para a cadeia.
— O que você sabe sobre minha mãe?
— Tudo que preciso saber.
— Deixe-a em paz.
— Deixarei, é só colaborar.
— Mas como farei isso?
— Será muito fácil, querida, eu lhe direi exatamente o que terá de fazer.
— Mas ninguém acreditará que eu sou você, pelo menos as pessoas da sua família e seu noivo.
— Não seja tola! Com as minhas roupas, ninguém suspeitará de nada. Sobre o meu noivo, esse então nem desconfiará, ele é um velho e nem ao menos nos encontramos pessoalmente.
— Como assim? Você não conhece seu noivo?
— Ainda não oficializamos o casamento, tudo acontecerá depois que eu voltar dessa viagem.
— Onde é que você mora?
— Em Chicago.
— Não posso ir para Chicago, tenho uma vida aqui, e minha mãe precisa de mim.
— Não se preocupe com sua mãe, ela ficará bem.
— Sinto muito, Senhorita Moretti, mas essa proposta é absurda.
— Tudo bem, a cadeia é um ótimo lugar para passar, vejamos... os próximos dez anos. Saiba que farei de tudo para que seja condenada, querida e sua mãe ficará sem assistência, de qualquer modo.
Senti que estava atada, a expressão do rosto dela e o modo frio como agia, não dava margem para recusas, ela havia preparado tudo para me convencer a concordar com ela. Tensa, apertava as mãos uma nas outras, essa garota é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer. Ela tinha o controle absoluto de tudo.
— Por quanto tempo será essa troca? Eu precisarei me casar de verdade?
— Exatamente, mas não precisa se preocupar, não dormirá com ele, é só um casamento de fachada, ele é bem velho, sabe, e nem funciona mais, se é que me entende.
Ela fez um gesto com o dedo, mostrando que ele não ficava ereto.
— Sobre o tempo, dependerá do velho, quando ele morrer eu volta e trocamos de lugar de novo. Penso que logo ficará viúva, se tivermos sorte.
Fiquei horrorizada como ela desejava abertamente a morte do noivo, mesmo que seja um casamento arranjado. Por isso mais que nunca a persuadirei desistir disso, não quero ocupar o lugar de uma pessoa assim. Continuei meus argumentos.
— Mas ficarei apavorada, e se alguém me fizer perguntas que eu não souber reponder?
— Como já disse, te passarei todas as informações necessárias. Mas terá meu contato direto, se tiver passando por alguma situação que não sabe como resolver, me envia uma mensagem, mas jamais deixe alguém saber. É tudo muito simples.
— Para mim não parece tão simples assim.
— É claro que é, tenho certeza que gostará de se passar por mim, viverá no luxo, terá joias e roupas de grife, melhor do que a cadeia, não?
Suspirei fundo, estava em um beco sem saída. Ninguém acreditará em mim e provavelmente irei para a cadeia sem nenhum direto de defesa, afinal de contas sou apenas a camareira e ela uma cliente rica do hotel. Por outro lado o que ela estava me pedindo era perigoso e extremamente irresponsável. Nenhuma das alternativas eram boas para mim, por isso, decidi fingir que aceitava a troca. Contarei tudo o que estava acontecendo para minha mãe e juntas encontraremos uma solução. Talvez ir embora, mas até essa opção não era viável, se ela me denunciar, serei foragida da polícia. Deus Meu! Estou realmente encrencada.
— O que eu preciso fazer?
— Saiba decisão. Vamos começar pelo seu cabelo, embora sejamos parecidas, algumas coisas precisam de ajustes, por sorte tanto eu como você mantemos o cabelo cumprido. Iremos para um salão de beleza fazer um corte como o meu e clarear um pouco os fios. Em seguida a maquiagem e minhas roupas. Depois faremos um teste.
— Que tipo de teste?
— Na hora você saberá.
Chiara me levou para um salão de beleza exclusivo, ela havia reservado às próximas horas somente para que nós fôssemos atendidas. O cabeleireiro não questionou absolutamente nada, de certo ele achava que éramos irmãs gêmeas. Além do cabelo, fizemos maquiagens iguais e trocamos de roupas. No final, nós duas estávamos nos olhando no espelho. O cabeleireiro comentou embasbacado:
— Meu Deus! Incrível, vocês parecem espelho da outra.
— Você acha? — Chiara perguntou com satisfação.
— Absolutamente, eu não saberia distinguir quem é quem. Acredito que vocês devem até confundir seus pais.
— Você acha que somos irmãs gêmeas?
— E não são? Só gêmeas idênticas tem tamanha semelhanças uma com a outra.
Eu também estava embasbacada, vestida com as roupas dela praticamente nada nos diferenciava. No entanto o que mais me intrigou foi o comentário do cabeleireiro, e isso me deixou com a pulga atrás da orelha. Se realmente ela for minha irmã gêmea, apenas uma pessoa pode esclarecer esse enigma, minha mãe.
— No entanto, temos personalidades muito diferente.
Ela comentou cheia de sarcasmo, mas o que achei estranho foi ela não corrigir o Cabeleireiro e lhe contar que não somos irmãs. Tudo isso era muito esquisito.
Saímos do salão e o motorista dela nos olhou confuso, nem mesmo ele saberia dizer quem é quem. Então ela parou em sua frente e lhe questionou:
— O que achou?
— Espantoso, Senhorita Moretti.
— Como sabe que eu sou a Senhorita Moretti?
Ele olhou para mim e me avaliou de cima a baixo com olhos de cobiça e maliciosos. Imediatamente ruborizei acanhada e baixei a vista. Então ele comentou:
— A senhorita jamais ruborizaria sobre o olhar de um homem.
Ela sorriu, voltou-se para mim e perguntou:
— Me diga, qual a sua experiência com os homens? Não vai me dizer que ainda é virgem?
Corei mais ainda e fiquei sem jeito por ela fazer esse tipo de pergunta tão íntima na frente daquele homem. Fiquei quieta. Ela aproximou-se mais de mim e começou a gargalhar.
— Não acredito, você nunca transou? Teremos que resolver isso.
— O quê?
— Você se passará por mim, e virgem é a última coisa que sou. Bruno resolverá isso para gente.
— Por que eu? Não gosto de inexperientes.
O motorista se manifestou:
— Cala a boca e faça o que eu mandar. Os outros seguranças não sabem da troca, achariam estranho quando eles a comecem e podem desconfiar. No entanto você sabe de tudo, por isso vai tirar o cabaço dela.
— Só um minuto, não vou transar com ninguém, você é louca?
Eu estava horrorizada pelo rumo daquela conversa.
— Não estou te dando opção, é melhor colaborar, se não for por livre vontade, irá a força. Ele tem um pau enorme.
Ela olhou para o motorista e salivou.
Engoli em seco, meu coração batia forte. Agora mais que nunca tenho que me livrar dessa louca, vejo que corro perigo. O motorista parecia que não gostou muito da ideia. Ele aproximou-se dela e a segurou no braço:
— Senhorita Moretti, deixa-lhe falar um instante.
Ele a levou próximo ao carro e praticamente cochichou, mas eu conseguia ouvi-lo perfeitamente.
— É melhor você inventar que fez à cirurgia para voltar a ser virgem, não quero transar com ela, lembra do nosso pacto? Exclusividade.
— Eu sei, mas esse é um caso que não esperava, tudo precisa ser perfeito nesse plano. Como adivinharia que a idiota era virgem?
— Os seguranças nem saberão a diferença, deixa que me encarrego de "soltar" para eles que você voltou a ter cabaço.
— Não sei.
— Faça isso por mim, doçura, sabe que o meu pau só quer você, hum! Lembra do nosso acordo para ajudá-la?
— Lembro perfeitamente!
Eu estava enjoada ouvindo tudo aquilo. Que tipo de relação que ela tem com esses homens?
— Está bem, acho que isso não será um grande problema afinal.
Chiara, soltou-se do homem e andou até mim, eu estava paralisada de medo, minha garganta apertava.
— Vamos!
O motorista já havia aberto a porta do carro. Fiquei em pânico.
— Não irei a lugar nenhum com vocês.
— Será que Bruno terá que usar outra arma em
você?
— Não transarei com ninguém.
— Está bem, se não quer, não precisa.
Olhei em direção do homem e esse abriu o blazer deixando a vista a pistola. Sem alternativa, entrei no carro. Já no interior, ela começou a me falar da família. Pelo celular me mostrou algumas fotos e explicou algumas características. A primeira imagem era de um homem forte com uma expressão marcante. Senti um calafrio na espinha ao observá-lo.
— Esse é meu pai, se chama Vittorio Moretti, ele tem descendência italiana e é bem... grande.
Mudou para outra foto e uma mulher muito bonita com um sorriso tímido apareceu:
— Essa é minha mãe, Sophie Moretti. Talvez vocês se darão bem, ela é tão tapada quanto você.
Essa garota tinha uma maneira estranha de falar sobre os pais. Mas ao olhar a foto da mulher senti uma ligação tão forte com ela, era como se eu a conhecesse.
Chiara continuou me mostrando outras fotos, me falando superficialmente de cada uma das pessoas. Por último, me apresentou a foto de um senhor. Ele tinha uma aparência bem fragilizado e estava sentado em uma cadeiras de rodas.
— Esse é Marcolino Cazier, o seu noivo.
— Ele não é meu noivo, é seu noivo.
— Agora é seu, faça bom proveito.
— Como você tem coragem de enganar as pessoas assim, se não quer casar com ele, é só dizer que não quer.
— Não entrarei em detalhes com você, só quero que saiba de uma coisa, não deixe que ninguém desconfie que você não seja eu, tenho certeza que não gostará da reação do seu noivo.
Suspirei fundo desanimada.
Nas horas seguintes, ela já havia me esclarecido alguns pontos importantes, me entregou seu próprio celular, com o número que eu pudesse contacta-la caso precisasse de ajuda.
— Agora é a prova final. Está vendo aqueles homens, são meus seguranças. Você irá até eles e pedirá para te levar até o cassino. Usará minha identidade. Eu estarei logo atrás de vocês, observando tudo.
— Não conseguirei fazer isso.
— É claro que conseguirá. Seja gentil com eles. A partir de agora você é Chiara Moretti. Acho bom não ficar com essa cara de idiota, levanta a cabeça e olhe sempre altivo, essa é sua primeira lição.
O motorista abriu a porta e eu desci. Estava com as pernas bambas e a garganta seca. A porta do veículo se fechou. Vi meu reflexo no vidro escuro. Meu estômago apertava de nervoso. Arrumei a bolsa dela nos ombros e apertei a alça.
Caminhei até o grupo de homens que assim que me viram, ficaram todos apostos. Limpei a garganta antes de pedir:
— Eu gostaria de ir até o cassino.
— Claro, Senhorita Moretti.
Um deles abriu a porta para eu entrar no veículo. Achava tudo aquilo estranho, ela deve ser realmente muito rica para precisar de tantos seguranças. Em fim, entrei no carro. Havia uma divisória que deixava a parte de trás do veículo luxuoso, privativo. Percebi que dois deles entraram na frente e um terceiro atrás. Fiquei assustada com aquele homem enorme e armado sentado do meu lado. Assim que o carro moveu-se, o homem me olhou malicioso.
— Quer que eu te coma, agora?
— Como?!
— Ora, não se faça de desentendida, Senhorita Moretti, estou prontinho para você.
O homem colocou a mão entre as penas e apertou o volume, eu estava em choque.
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