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13. O segredo é a alma do negócio.

Os dias passam e logo as pessoas esquecem de Aline e da recompensa por ela oferecida. Pois, a vida precisava continuar principalmente numa estrutura como a torre onde cada pessoa tem um papel a cumprir na luta pela sobrevivência da humanidade.

Luta essa que começa na procura por uma ocupação, todos os serviços na torre são vitalícios e raramente alguém é promovido. Então quando uma vaga é aberta a disputa por ela é feroz. Chegando a ser relatado casos de violência física entre os candidatos. Claro que há exceções, existem ocupações exercidas pelas mesmas famílias há gerações sendo motivo de orgulho dessas.

Por isso, a mulher de Wagner se espantou quando um dia seu marido sem nenhum aviso disse que iriam se mudar para o andar de agropecuária e passariam a criar vacas. A família de Wagner tem trabalhado como carcereiros na torre desde sua fundação e mesmo o seu filho já falava que seria carcereiro como o pai, ele próprio se orgulhava dos serviços prestados ao povo da torre, o que só tornava aquela mudança repentina ainda mais estranha.

Mesmo com os pedidos de sua esposa, Wagner estava irredutível. Inconformada com a situação, a mulher pediu que ele explicasse o motivo de tudo aquilo e mesmo achando que seria melhor levar aquilo para o túmulo, ele decidiu contar enquanto Wagner fala, sua memória o leva de volta ao começo daquele dia.

Naquela manhã, ele foi para seu trabalho como sempre no quartel-general da guarda da torre, um serviço que exercia a mais de dez anos que herdara de pai que antes foi do avô. A função se resumia a monitorar os presos que aguardavam julgamento ou transferência para o tártaro, além de claro de resolver brigas entre eles e acompanhar as vistas dos defensores e parentes.

Enquanto estava sentado em sua mesa preenchendo alguns formulários, Wagner percebeu uma sombra bloqueando a luz. Olhando para cima, ele se deparou com um homem de face magra, de pele pálida e cabelos sebosos que o fazia lembrar um cadáver. Ele estava vestido como um capitão, no entanto, sua farda era toda preta e trazia com ele uma maleta.

— Posso ajudá-lo?

— Estou aqui para ver um preso. — O homem entrega um documento para Wagner, que confere e faz uma chamada enquanto encarava o estranho que sorria como se obrigado. Assim que confirma as ordens ele se levanta e acompanha o homem a uma das salas de interrogatório, ao abrir a porta eles veem Augusta que está algemada à mesa.

— Vejam só realmente o mundo não dá volta ele capota, quem diria que um dia eu veria o grande Augusto, opa desculpe Augusta enjaulada como um animal. — O homem fala enquanto coloca a maleta que carregava sobre uma mesinha próxima.

— Como tem passado? Primeiro-sargento Gabriel.

— Não sou mais sargento como pode ver, fui promovido a capitão, tudo graças a gentil e atenciosa orientação da senhora e claro aposentadoria precoce.

— Olha um dos poucos arrependimentos nessa vida e o der dado um jeito a essa sua personalidade asquerosa quando tive oportunidade.

— Nossa, isso vindo da pessoa que foi conhecida como o carrasco sangrento chega a ser um elogio.

— Eu nunca fui aquela pessoa.

— E sim, você e pode mudar o cabelo, a voz até de sexo, mas nos dois sabemos o que você fez. — Gabriel abre a maleta e começa a tirar diversos instrumentos médicos de dentro.

— Minta o quanto quiser para si não faz diferença, a verdade é que você é um monstro assim como eu. — Gabriel escolhe um pequeno alicate em meio aos instrumentos e se aproxima de Augusta.

— Agora parece que você tem um segredo que não quer compartilhar. — Gabriel agarra a mão da mulher e com o alicate segura uma de suas unhas. — Então seja uma boa garota e me conte oque está escondendo. Augusta encara Gabriel sem dizer nada.

— Se é assim que você quer que seja. — Gabriel puxa o alicate com força arrancando a unha de Augusta que geme de dor.— Foi uma falta dezenove e depois vou cortar sua carne e se não for o suficiente quebrarei cada osso de seu corpo a menos que decida falar o que me diz?

— Eu digo. Vai se fuder filho da puta!

— Você primeiro querida. — Gabriel arranca mais duas unhas da mão de Augusta. Wagner, que observava tudo calado, caminha em direção a porta.

— Onde pensa que vai?

— O senhor claramente não precisa de mim, então vou voltar para meu posto.

— Não, não, meu bom amigo.  — Gabriel aponta o alicate ensanguentado para Wagner, que sente vontade de vomitar. — Eu preciso que você anote o que a prisioneira relatar em detalhes.

— E se ela não falar. — Ao escutar a pergunta de Wagner, Gabriel sorri novamente como se fosse forçado.

— Então precisamos garantir que ela vai falar, não é verdade? — Quando saiu da sala de interrogatório mais tarde Wagner tinha certeza que nunca mais voltaria, ele iria criar vacas e se não conseguisse a vaga aceitaria limpar a merda delas ou qualquer outro serviço desde que nunca mais tivesse que voltar aquele lugar.

À noite, enquanto Wagner tentava descobrir como se cria vacas, M13 estava fazendo a manutenção de seu equipamento quando escuta alguém bater na porta.

— Pode entrar! — A porta se abre revelando uma moça de cabelos loiros com sardas. — Oi Cassandra aconteceu alguma coisa?

— Nada, não é que o senhor Hassum mandou te chamar para ir à casa dele. Disse ser importante. — M13 se levanta animada e troca de roupa, finalmente ela teria algumas respostas. Ao sair do seu quarto, ela passa em frente ao de Aline e pensa em chamá-la para ir junto.

Desde a briga entre elas, Aline havia mudado de quarto e estava evitando M13 como se ela tivesse uma doença incurável.

— Talvez seja melhor assim. — A garota  abandona a ideia de chamar Aline e desce as escadas correndo. Ela sabia que um dia as duas teriam que se separar e o ódio de Aline faria o processo menos doloroso e no final M13 já estava acostumada a ser odiada. Chegando no salão, ela se depara com Camila que relaxava tomando um chá enquanto lê um livro.

— Aonde vai?

— O velho Hassum me chamou na casa dele.

— Sério? Ele não é de fazer isso deve ser importante. Tente não demorar, a janta está quase pronta.

— Está bem. — M13 alcança a rua e sem perder tempo vai em direção a casa do senhor Hassum que era um pouco mais afastada. Quando finalmente chega, percebe que o lugar está às escuras. Ao se preparar para invadir M13 é atingida por algo buscando a origem do ataque. Ela então vê o senhor Hassum que sinaliza a chamando para uma construção próxima.

— Cale a boca pirralha, não posso arriscar de sermos vistos. — M13 não sabia o porquê, contudo tinha certeza que o senhor Hassum estava falando sério. — O que está acontecendo para que tanto mistério? — O idoso olha para os lados e pede que M13 entre na construção e a guia até uma sala secreta onde se via milhares de livros e outros itens. Ele indica um lugar para a garota se sentar e senta-se na escrivaninha onde começa a mexer em uma pilha de papéis, os entregando a M13.

— Como sabe, sou um devoto de  Toth e fiz da busca pelo conhecimento minha missão de vida. — Hassum toca um pingente com a imagem de Ibis antes de continuar falando. — E por Isaac dividir a mesma sede nos tornamos amigos. A pedido dele pesquisei a respeito da história da torre e tudo ligado a sua criação, oque inclui a caixa que você me trouxe. Entretanto, agora preferia nunca ter me envolvido. Hassum aperta o pingente como se tentasse calar Toht e o que ele representava.

— Não estou entendendo nada, fala de uma vez o que está acontecendo? — Hassum solta o pingente e respira profundamente de forma resignada.

— Está bem como as lendas dizem que os deuses inspiraram os antigos para construir a torre e salvar a humanidade e de como forma de gratidão eles retomaram as velhas crenças.  Pois bem, o que pouca gente sabe é que não foi inspiração, mas sim os deuses em pessoas que ajudaram a criar a torre.

— Olha não sei o que você anda colocando naquele seu chá, mas é melhor parar. Daqui a pouco vai dizer que existe vida fora da torre. — M13 se levanta para ir embora, no entanto, é impedida por Hassum que a segura pelo braço.

— Não sou  louco e verdade e posso provar.

— Como?

— Nos papéis que lhe entreguei ao desenho da caixa que trouxe.

— Isso não prova nada.

— Deixe-me terminar,  parece que se for colocado uma certa joia no espaço indicado ela vai revelar toda a verdade.

— Certo e cadê a tal joia especial? — Hassum sorri e aponta o dedo para M13, que olha confusa.

— Está com você.

— Não, eu não tenho...  — M13 se lembra da pedra preciosa na corrente em seu pescoço entregue por Isaac que era a prova do líder da guilda dos ladrões. Ela tira a joia do pescoço e olha para a caixa procurando o espaço que Hassum havia falado. Assim que encontra ela sente seu coração.

— Bom, vamos ver no que dá. — A garota coloca a pedra vermelha no lugar e deixa a caixa sobre a escrivaninha se afastando. Os minutos passam enquanto M13 e Hassum prendem o fôlego esperando até que desistem.

— Por que não aconteceu nada, será que está quebrada? — Hassum começa a revisar sua pesquisa enquanto M13 pega a caixa e repara em um símbolo que lembra a letra "M" e o toca.

Sem aviso a caixa começa a brilha  a assustada, ela solta a caixa e busca proteção com Hassum que parecia prestes a infartar. Partes da caixa começaram a se mover freneticamente, fazendo com que ela fosse de um lado para o outro da sala até que parasse completamente.

— Caralho, pensei que ia explodir.

— Oque em nome de Seth você fez pirralha?

— Nada eu só toque e aí bam! — Hassum pega a caixa com cuidado e a recoloca sobre a escrivaninha.

— Parece diferente.

— Sim, o que são esses riscos?

— Não sei. — Como atingido por um raio, Hassum abre espaço sobre a escrivaninha jogando tudo no chão e colocando um pedaço de papel e tinta sobre ela.

— O que está fazendo?

— Sei o que é isso! E uma mensagem cifrada. — Hassum passa tinta na caixa e começa a marcar um lado de cada vez sobre o papel, parando ao final do processo.

— Não está errado. Que tal desse jeito? Talvez se eu virar assim... Merda assim também não que porra!

— Ei velhote, que tal começar pelo lado do "M"? — Hassum acena concordando e retoma o processo de molhar a caixa de tinta e colocar sobre o papel, eles acabam repetindo o processo diversas vezes ainda ate obter o resultado esperado.

— Então o que diz?

— Não me apresse. Aqui fala sobre uma guerra entre os deuses.

— Que guerra? Quais  deuses?

— Não sei ao certo. Também diz sobre a caixa, e da desgraça dos deuses e dos homens. Isso é tudo o que entendo.

— O que não ajuda muito. — M13 sente como se estivesse sobre areia movediça e que não importasse o quanto se esforçasse cada vez mais afundava.

— Calma pirralha  disse que era o que eu conseguia, mas sei de outra pessoa que pode ajudar.

— Quem?

— Esse e o problema.

Vou contar um segredo para vocês Juro que não sei o que acontecer a seguir essa historia tem vida própria. Mas uma coisa não e segredo eu odeio o Gabriel e espero que ele pague por tudo o que esta fazendo. E vocês o que acharam do capítulo? Comentem aí e não deixem de votar valeu até a próxima.

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