Capítulo 14. A Colisão Do Meteoro
Encostado à mesa da delegacia, Nicholas tomava o seu café matinal. Sua paixão pelo líquido era grande, e o fazia acordar durante as exaustivas manhãs e após as longas horas de trabalho noturno. Helen entrava na delegacia, trajava o velho sobretudo preto, condizente com o trabalho que exercia no local.
— Estou curiosa para saber o motivo desse encontro tão repentino pela manhã.
— Já, já, você saberá. Espere a chegada dos outros.
Os outros que adentravam o local eram Virgílio, Enrique e Robert. Cada um tomou sua posição para a devida reunião. Virgílio mandou uma piscada de olho para Helen, a qual o ignorou. Não existia nenhuma espécie de relação entre os dois. Virgílio acreditava que suas insistências poderiam gerar algum romance futuro. Robert carregava livros, era um ávido leitor de autoajuda e outros gêneros, como históricos e religiosos. Naquele momento, folheava um exemplar do "O homem e suas ovelhas". Quanto a Enrique, jogou-se na cadeira e puxou um belo maço de cigarros do bolso de sua calça. Não era o primeiro daquele dia, e nem seria o último. Nicholas iniciou a discussão:
— Preciso deixá-los atualizados das informações que recebi. Estive com o secretário do prefeito, ele confirmou as minhas suspeitas e trouxe várias outras.
— Finalmente tomamos um rumo nessa empreitada nesta cidade de merda! — gritou Virgílio.
Enrique não segurou os risos. Após um leve tempo de convívio entre Enrique e Virgílio, tornaram-se amigos, compartilhavam dos mesmos pensamentos e atitudes.
— Aberração. — criticou Helen.
A essa altura, Nicholas já percebia as dificuldades que teria em impor o mínimo de respeito entre a sua equipe. Semanas se passaram de uma investigação que não levava a nada, e decisões suas fizeram com que as horas de trabalho de cada um ali presente se estendessem ainda mais.
— Tenham calma, por favor. O que vou falar é muito sério. Não estamos lidando com meros ladrões e trapaceiros de rua. A situação é bem mais complicada, envolve política, assassinatos e o destino dessa cidade.
Houve uma pausa, e, a partir deste momento, Nicholas pôde pautar as informações que obtivera.
— Como sabem, tive uma conversa com Marco. Ele me falou que sua mudança de cargo não passou de uma atitude política, por parte do, então, Diogo; agora prefeito desta cidade. Na verdade, Diogo faz parte da organização por trás do assassinato do prefeito Ted. Esta organização é uma entidade religiosa dessa cidade, localizados na conhecida Fazenda Santa. — afirmou Nicholas.
— E qual seria o motivo para executarem o prefeito de uma cidade? — perguntou Helen.
— Marco não me falou nada sobre essa questão. Eu acredito que seja alguma divergência quanto a maneira que esses religiosos agem aqui dentro da cidade. Alguma inconformidade. — respondeu Nicholas.
— Acredito que apenas o fato de manterem as mulheres sob vigilância, seja uma dessas questões. — falou Helen.
— Não discordo. Ainda há mais uma coisa: existem mais integrantes e eu preciso saber quem é quem naquele lugar. Quem é o responsável por realizar tais atrocidades. — pautou Nicholas, levando as mãos aos cabelos. Uma ação que sempre fazia quando precisava pensar.
— Eles possuem um líder, talvez? — perguntou Robert.
— Possuem. Ele denomina-se "companheiro". Falam que é quase um santo dentro da fazenda. "Uma espécie de João Batista que anuncia a volta do profeta", como me disse o Marco. Precisamos descobrir quem é este homem, obter provas o suficiente para prendê-lo. A ele e ao Diogo. — respondeu Nicholas à pergunta de Robert.
— Então qual será o próximo passo? — perguntou Virgílio
— Ao final do dia de hoje irei ter um novo encontro com Marco. Em sua casa. Ele me passará mais detalhes. Peço total segredo agora. O prefeito não pode nem sequer desconfiar que me encontrei com Marco.
A partir desse momento, Nicholas tinha traçado os seus objetivos. Ele já sabia o que acontecia na cidade, apenas necessitava saber em qual etapa do jogo estava. Sentia que ainda tinha muito a ser descoberto e, ainda mais, tinha a leve sensação de estar imerso em uma grande arapuca. Sozinho, Nicholas não conseguiria e, a partir do momento que deixou a sala, tinha em mente que apenas Helen conservava o mínimo de respeito por ele.
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