Capítulo 13. Submersão da fada
No fundo do lago, amarrada a uma cadeira, Iara se debatia e contorcia-se. A situação era de extrema perturbação, mas ela sabia que necessitava manter-se calma. Antes de submergir, Iara respirou o mais fundo que podia. Ela lembrou-se que desde de criança, sempre foi considerada uma boa nadadora e mergulhadora. Era muito fácil para ela manter-se por dois ou três minutos submersa. Uma vez ela salvou um amigo do afogamento, enquanto nadavam em um lago na época de verão na pequena cidade que morava. Aquela situação trouxe um status que nem mesmo ela esperava. Seus amigos brincavam que ela seria uma salva-vidas, bombeira, médica; mas nenhuma dessas profissões chamava-lhe a atenção. Seu desejo maior era ser uma policial renomada e, por esse desejo, lutou toda vida. Sempre que falava a seus pais que queria ser policial, era repreendida.
— Ser policial não é coisa para mulher. — diziam eles.
— Melhor ingressar na medicina, ou quem sabe possa casar com... — falavam.
Mas ela nunca deixou um encalço qualquer pará-la. Quando estava determinada, seguia até o final. Seus pais eram pessoas ricas da alta sociedade. Com certeza, fariam o impossível para Iara ter um futuro brilhante. Todavia, nada que eles queriam atraía o desejo dela. Lutou, formou-se em direito, prestou exame e entrou para a renomada Academia da Polícia Federal, ligada diretamente ao Governo Federal.
A mãe de Iara tinha-lhe dito uma vez que o significado de seu nome era "senhora das águas", "beleza da água". De fato, ela sempre gostou de nadar, surfar. Praia, mar e sol eram a sua cara. Queria que a situação agora fosse diferente. Ela queria estar, neste momento, tentando sobreviver a uma onda gigante de Búzios. O quanto o seu nome poderia lhe trazer sorte hoje? Apenas o tempo diria.
Iara estava, agora, a lutar pela sua vida. Chegou ao lugar que queria chegar. Era uma policial de grande renome. Sua carreira dependia desse momento. Precisava viver, precisava sair dessas amarras. Com a força dos braços, começou a puxar a corda. Apesar do movimento não surtir o menor efeito, pois por estar amarrada no pescoço, não conseguia ver como estava atada aos pés e abdômen. A visão que tinha a sua frente trouxera um leve desespero. Um total de oito cadeiras encontrava-se ali, submersas. — Será que mais pessoas tinham sido jogadas dessa maneira no lago? — Pensou Iara.
Desde a sua submersão já se haviam passado dois minutos. A situação era desesperadora. Iara então lembrou-se de uma velha técnica que aprendeu na polícia. Parou um instante todos os seus movimentos, e começou a retrair o abdômen, junto a esse movimento, retraía também seu corpo, depois, forçava as cordas para frente com os membros. A intenção era fazer com que os nós perdessem força e Iara conseguisse desamarra-los. Após alguns segundos, passou sua mão direita pela corda e com a outra mão puxou a corda do braço esquerdo. Por estar a tanto tempo submersa, começou a engolir água. Restavam poucas cordas agora, a última do pescoço deixou marcas que Iara veria no futuro.
Ao terminar, retirou-se da cadeira e subiu à superfície. A subida foi rápida e ela usou a pouca força que ainda lhe restava.
Na superfície, todos aguardavam e olhavam com uma expressão de surpresa.
Então, Iara ouviu o grito estridente do homem loiro:
— Ela voltou, a santa que trará o salvador aqui está!!
Iara desmaiou.
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