Eu não conseguia entender como o Zeca aguentava essas saídas à noite e parecia não se sentir atropelado por um trem no outro dia. Se ele se sentia assim, não transparecia, coisa que eu não conseguia disfarçar muito bem.

Era normal me ver bocejando o dia inteiro, sem ânimo para fazer absolutamente nada e caindo no sono nos momentos mais inoportunos possíveis.

- Você não acha, Helô? - perguntou a Sara.

- Hã? - indaguei, recobrando a consciência. – Do que você está falando?

- Eu, hein! - exclamou a Iolanda. – Estava pensando na morte da bezerra?

- Não. Só estava um pouco distraída – respondi.

- Você anda bem distraída ultimamente – completou a Sara, cruzando os braços – Distraída e sonolenta.

- E desde quando distração e sonolência são motivos para todo esse alvoroço? - perguntei na defensiva.

- Você está doente? - tornou a Iolanda, colocando a mão na minha testa. – Você está meio pálida, olhando por esse ângulo.

- Eu estou ótima! - exclamei, de saco cheio.

- Acho melhor falar direto com o Tonho – sugeriu a Sara, como se não tivesse me ouvido. – Ele vai saber o que fazer.

Já havia algum tempo que a Sara estava dando uma de amiga superprotetora. E isso estava me deixando de saco cheio.

Ela tinha que se decidir de uma vez se queria fazer o papel da amiga ou da irmã mais velha. As duas coisas, não dava. E na boa, de irmão mais velho superprotetor, eu já estava muito bem servida.

- Não! - exclamei, levantando num salto. – Vocês não vão falar com Tonho coisíssima nenhuma. Eu estou bem.

- Só estamos fazendo isso porque somos suas amigas - insistiu a Iolanda.

- Se vocês são realmente minhas amigas, vão acreditar no que eu estou dizendo e me deixar em paz.

Saí dali e procurei o canto mais remoto da casa, onde eu pudesse cochilar em paz, sem que ninguém desse pitaco na minha vida.

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Capítulo atrasado (só pra variar), mas postado.

A Sara já está começando a desconfiar da Helô. Até quando ela vai conseguir manter esse segredo?

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