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Capítulo LI - BRUNO

Nós sabíamos que não tínhamos a menor chance contra o médico. Sabíamos melhor ainda que não tínhamos chance contra o médico e uma garota poderosa da segunda geração. Precisávamos da Nice para poder acabar com esse plano maluco. Só Deus sabe o que aconteceria se ele conseguisse concluir seu plano nojento de formar uma terceira geração. E eu tenho ânsia de vômito só de lembrar que era esse o plano inicial.

Estávamos no nosso quarto, tentando planejar alguma estratégia de entrar naquele lugar sem ser notados. Como alguém não notaria uma garota como a Nice, ou o Zeca e seu meio-braço? Ou mesmo eu, que vivi minha vida toda lá? Precisávamos de um plano sem erros.

- E se a gente entrasse pela estação de tratamento de água? - indagou a Malu. – Daquela vez foi mole.

- Mole? - perguntou o Zeca, alarmado. – Eu tirei o ombro do lugar! Não foi nada mole.

- Além do mais, agora que eles sabem que aquele lugar estava vulnerável, devem ter reforçado a segurança - acrescentou a Helô.

Eles continuaram sua discussão, enquanto eu me distraí por alguns minutos. Todos aqueles planos eram ridículos e sem sentido. Nenhum deles tinha conhecimento de causa o suficiente para entrar e sair daquele hospital sem ser nato. Mas eu tinha.

- Na verdade, tem um lugar - disse, interrompendo uma discussão patética sobre os turnos serem de oito ou seis horas. – Eu morei lá a vida toda e conheço aquele lugar como a palma da minha mão.

- E que lugar é esse? - indagou o Zeca.

- Toda a parte de alimentação do hospital é terceirizada. As enfermeiras servem, mas não são elas quem prepara as refeições - comecei, visualizando o refeitório na minha mente. – Na verdade, o hospital nem mesmo tem uma cozinha. A comida é entregue por um caminhão todos os dias às onze, às cinco e às nove.

- E você está sugerindo que nós entremos pelo caminhão? - perguntou a Malu.

- Mais ou menos isso.

- A gente já tentou entrar disfarçado no hospital e você sabe o que aconteceu – lembrou o Zeca, bocejando.

- Mas desta vez nós temos a Malu – bocejei também.

- Eu já estava lá da primeira vez – ela revirou os olhos. – Você não lembra?

- É claro que eu lembro! Vocês acham que eu sou idiota? O que eu estou querendo dizer é que dessa vez você sabe que consegue persuadir qualquer pessoa. Você persuadiu até o médico!

- Você persuadiu o médico? - indagou a Helô, pasma.

- Mas vocês sabem que a cada vez que a gente consegue fugir de lá eles aumentam ainda mais a segurança - opinou a Malu.

E ela estava certa.

- E se a gente simplesmente desistir? - sugeriu a Helô. – Nós não somos obrigados a nada, não é?

- Nada disso! - exclamou o Zeca, enfático. – Até dois dias atrás nós não tínhamos nenhuma pista sobre essa criança. Agora que nós temos você quer desistir?

- Desculpa, eu só achei que não deveríamos nos arriscar desse jeito se não temos um bom plano.

- É para isso que estamos aqui, não é? - acrescentou a Nice, abrindo a boca pela primeira vez na noite.

- Esse plano do caminhão de comida é a nossa melhor chance. Só precisamos aperfeiçoá-lo - insistiu o Zeca, otimista.

Seu otimismo era louvável, mas eu sabia que as coisas não seriam tão fáceis para nós. Elas nunca foram e não seriam agora. Estávamos fadados as dificuldades, afinal.

********************

Finalmente as coisas estão começando a clarear, mas isso não significa que eles estejam perto de uma saída. O que acham?

Capítulo postado aos quarenta e cinco do segundo tempo, devido ao bug do Wattpad. Só consegui atualizar agora, mas antes tarde do que nunca.

Não esqueçam do voto e do comentário. 

Beijo

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