Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

I

Londres, 1960.

___


Estamos indo fazer mais uma visita ao nosso pai. Depois da Segunda Guerra, a saúde dele nunca faz foi a mesma e, pelo menos uma vez por ano, ele cede à fraqueza e precisa ser internado no Hospital de St. Mary.

A distância entre nossa casa e o hospital é de apenas algumas quadras, o que leva Emilia e eu a optarmos por sempre fazer o trajeto a pé. E, hoje, meu amigo Ludovico decidiu vir conosco. Dr. Wagner também lhe é como um pai, explica-se.

Emilia apressa os passos, mas agarro seu ombro e a contenho.

- Calma, irmã! O hospital não vai fugir da Praed Street.

- Se continuarmos nessa lerdeza, o hospital já vai ter virado ruínas quando chegarmos lá.

Dou uma risada que vibra pelos ares frios da cidade. Do meu outro lado, Ludovico não esboça reação alguma; caminha em passos lentos, com o olhar baixo, as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

- Em que você tanto pensa? - pergunto a ele, intrigado. Os comentários de Emilia sempre lhe provocam divertimento.

Ludovico demora a perceber que falo com ele. Então ergue os olhos negros e carregados de surpresa, como se apenas agora lembrasse que está nos acompanhando.

- Ah... Teorias, Keller - responde, franzindo o cenho. - Ontem, durante um quase atropelamento, notei a existência de um fenômeno curioso. Agora não consigo parar de teorizar nesse fenômeno. Está martelando minha cabeça.

- Jesus, você poderia ser mais entediante? - Emilia vira-se para ele, desgostosa. - Não sei por que meu irmão insiste em ter um amigo cientista!

Ludovico perde imediatamente a introspecção e dá uma gargalhada. O riso dele chama a atenção de alguns transeuntes, que nos envia olhares de censura. O pós-guerra deixou os britânicos muito sisudos.

"E se soubessem que estamos indo visitar um doente?", pergunto-me, irônico. Achariam ainda mais desrespeitoso rir nessas condições.

- E você é muito insolente para uma moça de quinze anos - devolve Ludovico. - Não sei por que Keller insiste em ter uma irmã assim.

- Não dou a ele muita escolha - ela ri. - Qual o nome da teoria que você está inventando?

- Teorias não são inventadas! - Ludovico fica sério, quase ofendido. - Elas são minunciosamente formuladas, a partir de observações feitas ao longo...

- Tanto faz. Qual o nome?

- Por conta de sua insolência, jamais te contarei.

Emilia para de sorrir, e seus olhos faíscam com tal intensidade que expulsam todo o cinza dos ares da Grã-Bretanha.

- Estou brincando! - Ludovico apressa-se em dizer, acuado. - Ainda não dei um nome à teoria.

Emilia dá um sorriso vitorioso. Encaro meu amigo e dou de ombros.

- Você não é páreo para a "filha da guerra" - digo, dando-lhe um tapa nas costas.

"Filha da guerra" é o apelido carinhoso de meu pai para Emilia, e possui um significado quase literal, visto que ela lhe nasceu em plena Segunda Grande Guerra. Durante uma campanha na Alemanha, o velho Wagner se apaixonou por uma atriz, que veio a morrer em Londres pouco após o fim do conflito. Eu tinha sete anos quando ele chegou em casa trazendo uma criança nos braços. A única coisa boa que aqueles anos de terror lhe deram.

Em silêncio, prosseguimos caminhando pelas ruas cinzentas e abotoadas de Londres. Ludovico, à minha esquerda, volta a imergir nos próprios pensamentos, e Emilia se preocupa unicamente em nos forçar a andar mais rápido. Deixo escapar um bocejo. Devíamos ter pegado um táxi.

"Todos têm uma tragédia a contar. Qual é a sua?".

A frase salta em minha mente sonolenta, e me pergunto onde a ouvi. Na verdade, devo ter lido-a nalgum livro que concluí recentemente. Decido que não vou tentar lembrar qual: a experiência me ensinou que isso só acontece quando o acaso nos faz pegar no livro novamente.

Entramos pela Praed Street e vemos o grande Hospital de St. Mary surgir adiante. Imediatamente, notamos um movimento incomum na calçada à frente do edifício. Ao que parece, está acontecendo um espetáculo de rua. Vários londrinos, a maioria visitantes que acabaram de deixar o hospital, fecham um grupo em torno de algum artista e aplaudem modestamente.

- Ciganos! - exclama Ludovico, seu rosto jovem se iluminando.

De fato, é uma cigana quem está fazendo malabarismo com tochas e arrancando aplausos dos espectadores. Aproximo-me da calçada e contemplo aquela jovem de pele morena, olhos de mel e brincos de argola que tilintam ao ritmo de seus movimentos.

Meu coração para.

É a mulher mais linda que meus olhos já contemplaram.

Nós três nos juntamos aos espectadores. Ficamos assistindo a artista lançar tochas no ar e apará-las de volta, enquanto seus pés desenham uma dança exótica pelo chão. É fascinante a forma como os olhos dela se movem rapidamente, pululando, cheios de expectativa, das tochas para a plateia.

Ludovico aplaude com vigor. Nem parece um rapaz de vinte e dois anos, mas um moleque de quinze. A cigana o nota - como se fosse possível não notá-lo! - e sorri, sem vacilar um gesto no malabarismo. Em seguida, a atenção dela passa para mim.

Bom Deus, como são lindos aqueles olhos! Como me enchem de vinda, ao entrarem em contato com os meus! Desejo contemplá-los por toda eternidade, alimentar-me de seus mistérios, flutuar para sempre no torpor daquela magia...

"Esse é o irresistível poder de uma melodia alegre, de uma dança saltitante!", penso tolamente.

Estou, sem sombra de dúvidas, apaixonado pela melodia daquele olhar.

Não resisto e dou um passo inconsciente em direção à cigana, atraído por seus olhos e pela sensualidade de seu sorriso. Mas então, auspiciosamente, como uma feiticeira que sabe o momento certo de cessar o encanto, ela tira os olhos de mim e passa-os para Emilia, que está aplaudindo com entusiasmo idêntico ao de Ludovico. Meu coração se entristece, subitamente faminto do magnetismo daquele olhar.

O momento de distração que passa nos encarando, todavia, custa caro à cigana. Ouvem-se vários murmúrios de espanto quando ela tropeça em si mesma e vai ao chão. As tochas caem ao seu redor, e uma delas aterrissa na barra de seu vestido vermelho.

Salto imediatamente ao seu socorro. Chuto as tochas pra longe de seu vestido, acertando um dos espectadores, e a ajudo a se levantar.

- Obrigada, gadjo! - agradece ela, as mãos sustentando-se nas minhas. Seus olhos de mel, agora tão próximos, fazem derreter meu coração. - Eu não devia ter me distraído! Minha curiosidade em ver a reação da plateia é meu maior defeito...

- Duvido que você tenha algum defeito, senhorita! - discordo, meu rosto a alguns centímetros do dela. - É graciosa até na forma de cair.

Ela me encara analiticamente por um minuto. Então, enfim, sorri, seus olhos luzindo mais que os brincos em suas orelhas.

- Não sei o que deixa mais encantada: se sua gentileza ou seu senso de humor, senhor!

- Não me chame de senhor, não sou rico o suficiente.

- Vê? - ela amplia o sorriso. - Está a caminho do hospital?

- Sim. Viemos visitar nosso pai.

- O que ele tem?

- É um veterano da guerra. Os alemães não conseguiram matá-lo, mas fragilizaram a saúde dele. Desculpe-me a ousadia, senhorita, mas posso saber o seu nome?

Ela solta minhas mãos, leva as dela aos cabelos e os ajeita, com um sorriso enlevado.

- Thessalia.

- Prazer, srta. Thessalia. Meu nome é Keller.

Ao ver que a cigana está bem e que o espetáculo acabou, os espectadores começam a se dispersar; alguns deles se dirigem à entrada do hospital, e a maioria parte rumo à saída da Praed Street.

Emilia cutuca meu braço discretamente, dando a entender que quer entrar logo no St. Mary.

- Ludovico - chamo, procurando meu amigo. - Acompanhe Emilia lá dentro. Daqui a pouco alcanço vocês. Vou, ãh... Conferir se a Srta. Thessalia está bem.

Ludovico assente, com um meio sorriso. Sabe bem que só quero ficar mais algum tempo com a cigana. Leva a mão à aba do chapéu, cumprimentando Thessalia, e então some com Emilia rumo à recepção do St. Mary.

- Não se detenha por minha conta, Sr. Keller - diz Thessalia, abaixando-se e começando a apanhar as tochas. - Já me sinto recomposta...

Agacho-me ao lado dela.

- Vai realmente me negar o prazer de te ajudar?

Thessalia vira suavemente o rosto para mim.

Então abre um sorriso que me faz perceber, no mesmo instante, que acabei de encontrar a mulher com quem um dia vou me casar.


**********

Gadjo: não-cigano.


***

Hey, pessoal!

Vou estar postando às quartas e domingos. São apenas oito capítulos, e só não posto de uma vez porque dificulta a divulgação.

Obrigado a todos por sua leitura!

Um grande abraço, e que Deus esteja com vocês! <3

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro