Capítulo XVIII - Aquelas reuniões familiares com parentes que tentam te matar
"O destino conduz o que consente e arrasta o que resiste."
Séneca
Cinco anos, dois meses e 4 dias atrás.
Yokumiru Mera tinha orgulho de seu trabalho na Comissão de Segurança Pública. Ele podia dizer que em seus seis anos de trabalho ali dentro havia participado de algo grande e que fazia realmente uma diferença na sociedade.
Ainda assim, em casos como aquele, ele sempre tinha vontade de arrancar os cabelos e sair correndo daquela específica divisão. Já há algum tempo ele queria ser transferido para a organização dos exames de licença provisória. Era uma grande responsabilidade, mas era bem melhor do que a dor de cabeça que era lidar com as quebras do estatuto.
Um caso como aquele, por exemplo, sempre o deixava exasperado. Ele não entendia o que levava as pessoas a acharem que podiam quebrar a lei e se fantasiarem de heróis sem uma licença, tentando fazer justiça com as próprias mãos. Era absurdo em si, mas vindo de alguém com apenas meses antes de se formar em uma escola de heróis? Descobrir que uma criança que mal havia saído das fraldas vinha brincando pelas costas da comissão assim era humilhante. Há dois anos com a licença provisória, mas ainda havia um ano de vigilantismo nas costas do moleque, que encarava o júri da comissão como se não pudesse estar mais entediado.
O motivo não podia ser mais ultrajante também: ― Estava demorando demais.
Parecia claro que o garoto não entendia o que era ser um herói. A opção havia sido jogada a ele, e aceita como se ele não tivesse algo melhor a fazer. Um desperdício de uma mente brilhante e uma quirk poderosa.
Por Yokimiru, ele já havia sido expulso da escola e jogado na prisão, mas o tremendo potencial que seria perdido havia impedido esse destino. E assim, teria que ver o malcriado sair com alguns meses de serviço e um beliscão no pulso. Ao menos ele achou que seria o caso até ler o contrato.
Ele teria que se formar e cumprir seu serviço como herói e se colocar a serviço da comissão para qualquer missão, mesmo depois disso.
― Os termos estão expostos. Caso seja acordado, o réu em questão entrará pelo estágio da comissão, como pena pela transgressão nos próximos meses. Caso não exista acordo, ele será julgado de acordo com as normas previstas no estatuto.
A presidente deixou claro que não havia escolha, todos na pequena sala fitaram o adolescente e seu represente esperando alguma discordância, mas não houve nenhuma.
― Vou deixar claro que esse acordo só existe em vigência do grande potencial que o réu carrega, e eu espero, de verdade, não termos mais problemas com isso, ou as consequências não serão tão abrandadas. Você tem uma família que não tem obrigação nenhuma o ajudando e segurando suas costas, não desperdice isso.
Yokimiru não ficou surpreso quando o acordo foi assinado, não havia muito que pudesse ser feito. Para ser justo, o garoto não parecia se importar também. Daria tudo para saber o que se passava na cabeça de alguém assim.
Acordo assinado e a papelada passada, ele guiou o infrator até seu escritório, porque claro que deixariam a responsabilidade em cima dele. Ele o seguiu com a mesma cara de tédio pelo corredor e sentiu sua sobrancelha tremer com isso. Ele já sabia exatamente quem colocar como babá desse problema.
Por sorte esse agente em especial estava no Japão pela semana, e a comissão, como detentora do estágio do garoto poderia o mover para onde quisesse nos próximos meses.
Algumas telefonemas depois e uma batida na porta e ele tinha suas duas grandes dores de cabeça na mesma sala.
Hisashi Midoriya entrou na sala como se fosse dono do lugar, como de costume. O sorriso amistoso e as roupas casuais podiam enganar qualquer um que não soubesse quem ele realmente era. Não era por nada que o homem era o favorito em ser enviado para as missões mais perigosas e o fato de seu tempo de punição estar acabando estava deixando os cabeças inquietos, por várias razões.
A reverência seria respeitosa, se não conhecesse o sujeito. Logo viu os olhos vermelhos estudando o adolescente que o fitou de forma curiosa.
― O que temos aqui, Mera? Me trouxe um passarinho de presente?
Pela primeira vez no dia, com toda a condenação, o garoto parecia intrigado. As asas dele se expandiram um pouco na sala pequena em desconforto. Ele podia pressentir o predador a sua frente. Bom.
― Midoriya, esse é o recurso que falei, ele...
― O recurso.
O homem o interrompeu e olhou com desdém pela escolha da palavra. Respirou fundo.
― Ele...
― Eu sou Hawks.
Sua sobrancelha tremeu com a nova interrupção.
― Hawks, hn?
Olhos vermelhos mediram o outro e Yokimuro quase jogou as mãos para o alto, já que ia ser ignorado.
― Não pode usar seu nome de herói aqui dentro, passarinho.
Pelo menos ele havia lido a ficha que havia enviado. Menos mal.
― Vou te chamar de Ícaro. Um nome próprio para alguém com tanta pressa.
As asas do outro se expandiram mais e viu um sorriso maroto no rosto dele, embora os olhos ainda fossem calculistas.
― Não sabia que ia perder meu nome com minha liberdade.
― Vamos esperar que não perca a vida também.
O homem falou isso com um sorriso no rosto, os olhos vermelhos espremidos e a mão no ombro do garoto. Viu com cautela as penas dele mudando de forma, se afiando. Talvez não tivesse sido uma boa ideia.
― E por isso vou ser sua babá, Ícaro.
As penas suavizaram levemente e o garoto olhou para cima, a expressão curiosa.
― E como posso chamar alguém que vai me prestar esse maravilhoso serviço?
Midoriya arregalou os olhos em falsa surpresa, a boca abrindo levemente enquanto pegava uma bala do pote na sua mesa sem cerimônia.
― Não te falaram? Que rude.
O homem sorriu largo e Yokumiru suspirou. Realmente uma má ideia.
― Pode me chamar de Dédalo.
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Atualmente
Suas asas se esticaram em um voo raso pelas ruas de Kyushu. Sentia como se tivesse negligenciado a área, com tanto tempo que passava em Hosu ultimamente. Precisava compensar sua ausência patrulhando em dobro.
Observou a rua abaixo, pousando no prédio mais próximo a rua central. Abaixo as pessoas acenavam e tiravam fotos e respondeu de volta.
Novamente sentiu culpa pela ausência, mas não havia nada que pudesse ser feito.
Podia sentir o peso no bolso da jaqueta e tirou de lá a foto. Envelhecida e amassada onde a pegava constantemente, diferente das outras bem guardadas, essa sempre levava consigo, por alguma razão que não entendia bem. Talvez fosse o sorriso no rosto das pessoas nela, talvez porque fosse a menos manchada de sangue que conseguiu recuperar. Ele já havia memorizado tudo nela, mas principalmente o bebê com tufos esverdeados e sorriso enorme nos braços da mãe. Ele não devia ter nem dois anos nessa imagem. Era difícil ver esse bebê alegre em quem ele havia se tornado.
"―Quer ver fotos da melhor coisa que já fiz na vida, Ícaro? Enquanto esses caras não aparecem. "
Izuku Midoriya tinha o sorriso do pai e a mesma propensão a tomar decisões estúpidas.
Não devia se surpreender com isso.
"―Esse é meu sol. E a mãe dele. Linda demais. E logo vou ver eles de novo."
Era irônico como ele havia enchido tanta a paciência de Hawks e seu filho tinha feito a exata mesma coisa. Karma realmente vinha para todos.
"―Então esse é o verdadeiro Ícaro."
Podia ouvir a risada dele agora, como anos atrás.
"― Não, Ícaro só tem um. E meu sol... Você não tem ideia. Aquele garoto... Meu sol seria Hefesto. Observa esses olhos, Ícaro. Ele parece fofo, mas chutaram ele do Olimpo por ser diferente. Os idiotas não veem a verdade."
Guardou a foto com cuidado.
Dédalo. Na época ele havia levado como brincadeira, só depois havia percebido o recado por trás da escolha dos nomes. Hawks havia entrado em um labirinto naquele dia e sua única chance de saída havia morrido.
Hawks estava preso.
"― Qual verdade?
― Hefesto é o deus que cria, o primeiro inventor. O mecânico, o ferreiro. Esse é meu garoto. Mas sabe do que mais Hefesto é deus? Do fogo. E fogo tem tanto potencial para criar como para destruir, se o deixar sem controle."
Não importava em que universo, Hawks sempre migrava para o fogo como uma mosquito em direção a luz.
Afinal, era assim que Ícaro caia.
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Shinsou não conseguia se concentrar na conversa ao redor. Por um lado, ficava aliviado que o plano A de Midoriya havia funcionado e não precisaram migrar para o B, ou pior, o C.
Havia ficado surpreso por Aizawa-sensei ter cedido tão rapidamente. Havia alguma história ali que não sabia direito. Talvez perguntasse mais tarde, se sobrevivesse a esse dia.
A disputa por onde ele iria sentar não durou muito, já que ele circulou pelo ônibus distribuindo equipamentos e ignorando Iida que reclamava sobre segurança. Desconfiava que se fosse qualquer outra pessoa Aizawa teria reclamado, mas o homem parecia apenas ignorar a interação deles no momento.
A conversa deles circulava em sua cabeça constantemente, por cima das explosões de Bakugou e as conversas incessantes ao redor. Midoriya até agora havia previsto tudo o que aconteceria, o que não o tranquilizava muito. Para todos ao redor ele parecia despreocupado, conversando e respondendo perguntas curiosas das meninas, mas Shinsou notava os ombros tensos dele quando fitou o relógio de forma disfarçada.
Ele não estava feliz com alguma coisa.
Shinsou apertou os localizadores em seu bolso. Um botão e tudo poderia ficar bem. Então por que não se sentia seguro?
Quando eles chegaram a unidade não teve muito espírito para apreciar o lugar como os outros. Por um momento esperou ter vilões os esperando e soltou o ar quando viu o Thirteen no portão.
Empalideceu quando viu que All Might não estava lá e que não chegaria. Olhou brevemente para Midoriya, mas a expressão dele estava indecifrável.
― ...Antes de começarmos uma coisinha ou duas, ou três. Elas estão aumentando!
Notou por baixo do macacão dele algo brilhar, só então reparando que ele usava algum tipo de roupa por baixo. Ao lado dele Uraraka conversava sobre o herói e para qualquer um ele parecia interessado.
― ...Esse é um poder que pode facilmente ser usado para matar pessoas. E sendo assim, ele não é diferente da quirk de ninguém aqui...
Em qualquer momento o discurso teria batido em casa, tudo aquilo que sempre quis ouvir, mas esse sentimento era nublado enquanto observava Midoriya olhar fixamente algo a frente, circulando ao redor do grupo sem ninguém o notar.
O viu colocar um capacete estranho, o visor dos olhos acendendo com uma luz avermelhada de scanner em direção ao plaza.
Iida batia palmas e Uraraka praticamente pulava no canto.
― Certo, a primeira coisa que precisam saber é...
― Eraserhead-san.
A voz de Midoriya era estranhamente calma para a situação, principalmente tendo interrompido o professor de forma abrupta.
Aizawa-sensei também deve ter percebido pelo tom que havia algo de errado, ainda mais ao ver o que Izuku usava.
― Há algo errado. No plaza.
Em segundos tudo mudou. O viu arregalar os olhos e empurrar os alunos mais próximos para trás. Sentiu seu coração acelerar, procurando o que eles haviam visto.
― SE JUNTEM E NÃO SE MOVAM. Número Thirteen, proteja os alunos!
Shinsou tocou o localizador no bolso, seus olhos procurando Midoriya mesmo por trás do visor. A postura dele parecia pronta, mesmo quando se deixou ser empurrado atrás dos professores. Os dois ficaram lado a lado e sentiu a mão em seu ombro estranhamente calmante, o fazendo soltar a respiração que tinha presa.
Era Nora ali, não Midoriya. Alguém que tinha patrulhado meses nos piores bairros da cidade, que arriscava sua vida toda noite.
― O que é isso? É como o treino do exame de admissão!?
― Não se mexam, eles são vilões!
E assim o caos começou.
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A boa notícia é que Izuku estava certo, Shigakari ainda era totalmente previsível.
A má notícia é que Izuku estava certo.
E ele realmente queria estar errado dessa vez, porque aquela situação havia se escalado rapidamente. O monstro estava ali, podia ver mesmo naquela distância. O mesmo monstro que o perseguia em seus pesadelos, onde via seus amigos se reduzirem a uma criatura daquelas.
Era muito pior do que podia ter previsto. Não havia chances de luta. Eles tinham que sair dali. Agora.
Shinsou o olhou em pânico com a mão no bolso e xingou baixo por isso. O sensor de invasores não estava funcionando, provavelmente alguma quirk que bloqueava a saída do sinal. Se estava espalhada pelo platô, os localizadores não funcionavam ali dentro ou mesmo por um certo radio de distância.
Alguém teria que levar o localizador não só para fora, mas para longe para dar certo. Ele tinha um meio rápido de tirar alguém de dentro, mas não até o prédio central.
O homem dos portais estava ali, então quem quer que levasse o localizador teria que ser um ataque rápido que ele não pudesse reagir, ou ele traria a pessoa de volta imediatamente. Alguém rápido.
Sorte que eles tinham alguém assim.
Shigakari continuava o monólogo e tentou ignorar o pânico com a voz dele tão perto, sabendo que estava protegido por trás do capacete por enquanto. Eraserhead iria entrar sozinho no meio dos vilões e sentiu sua ansiedade aumentar. Teria que agir imediatamente. Com sorte eles não saberiam a quirk das pessoas ali, mas até agora eles não tinham tido exatamente sorte. O número de vilões era bem maior do que havia imaginado, a distância até o prédio central estava além do que havia planejado.
Só tinha uma chance de fazer aquilo certo.
Sentiu Catchan passar entre suas pernas, um miado de curiosidade em direção a criatura no plaza que não conseguia entender.
― Hichan.
O outro o olhou, a mesma expressão assombrada de antes.
― Plano F.
― Eu odeio o plano F.
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Thirteen começou a guiar os alunos para a evacuação, e não foi nenhuma surpresa quando uma massa escura interrompeu a saída de todos.
― Muito prazer, somos a liga dos vilões. Perdoem a nossa intromissão, mas queríamos fazer uma visita a Academia.
― Bom, chegaram em um momento errado, não acha?
Shinsou colocou um sorriso zombeteiro no rosto, em falsa calma. Thirteen o mandou recuar, mas continuou firme. Se fizesse aquilo certo, poderiam escapar agora dali.
O homem o fitou em silêncio.
E isso confirmava se eles sabiam sobre os alunos.
E lá se vai o plano F.
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Um pequeno detalhe pode mudar tudo.
Uma diferente motivação gera um novo rumo.
Se em outro universo Shigakari apenas se importou com um cronograma, sedento pelo fim do símbolo da paz, nesse ele também procurou saber sobre os alunos da classe, a procura de um certo alvo específico que esperava estar ali.
Algo aparentemente simples, mas que o levou a saber intimamente sobre os alunos, inclusive o que cada um deles podia fazer.
E esse detalhe, aparentemente pequeno, faria toda a diferença.
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Seria o plano G, então.
Izuku teria rido em outra situação em como alguns alunos o rodearam por ser, aparentemente, o elo mais fraco. Sentiu seu coração aquecer com isso, ainda mais por eles estarem apavorados.
Pelo menos assim os colocou onde queria, os mais próximos dele teriam mais chances. Era um jogo arriscado, se desse errado e alguém caísse estaria nas suas costas.
Contou ao redor rapidamente. Ele conseguiria tirar pelo menos 3 dali, talvez 4. Catchan tinha seu limite e viajar acompanhado era algo que ele só tinha feito com Izuku até agora. Quirks não combatentes não tinham chance contra os vilões, não quando eles tinham a vantagem do conhecimento sobre elas.
E ainda tinha o plano I. Izuku realmente não queria usar esse plano, mas se não pudesse tirar eles ali de dentro, a ameaça seria colocada para fora.
― Hichan, só vai funcionar longe daqui. Vou te tirar daqui, peçam ajuda.
― Eu odeio o plano G, também.
Thirteen gritou para se afastarem e viu Kacchan fazer exatamente o oposto disso. E com ele foi Eichan e Uraraka. Com isso ia embora o plano G.
― Bem, H agora.
Izuku sabia que Kacchan sabia se cuidar, mas ainda assim o medo quase o paralisou no lugar quando o viu sumir em um portal com mais cinco alunos, incluindo Souchan.
Não podia perder mais tempo.
Antes que o portal levasse mais alguém ele ergueu a mão, analisando o corpo como havia feito noite passada. A única parte que parecia corpórea era seu alvo.
― Ei, fumacinha.
― Perdão?
A voz ofendida se fez por alguns segundos até Izuku ativar o repulsor. Um tiro de luz vermelha na armadura ao redor do pescoço e o outro voou pelo platô para longe, a baixa densidade dando um efeito muito melhor que o esperado.
Os outros olharam ao redor estupefatos por alguns segundos. Conseguia ver a massa voltando a se formar e xingou baixo.
― Não temos tempo, ele logo vai voltar. Iida-kun, vem cá. Eu tenho um plano, se me permite, Thirteen-sensei?
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Quando Kurogiri retornou ao portão central, furioso como poucos vezes havia se sentido na vida, piscou aturdido ao ver um dos alunos sumir no ar. Por sua contagem rápida faltava mais dois. Tentou trazer de volta os que tinham fugido, mas eles já estavam fora do seu alcance, por alguma razão.
― Por que ele não levou todo mundo!? Por que o maldito gato não voltou?! Traga o maldito de volta! Era minha vez!
Um garoto nanico gritou apavorado. Kurogiri o engolfou no portão e jogou em uma das zonas, seus olhos amarelos procuraram o autor do desastre. O aluno extra a qual quirk não estava nas fichas.
― Você!
Viu a mão dele se erguer novamente, mas dessa vez estava preparado. O engolfou em um portal rapidamente o jogando onde sabia que lidariam com ele.
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Shigakari não sabia bem o que pensar da situação.
Por um lado, All Might não estava ali, nem player 2. Ele havia armado todo o campo, mas o herói número um não havia aparecido. Por outro, as perdas iriam ser um ataque direto ao símbolo da paz. Ele sabia as quirks dos pirralhos, ele sabia todas as fraquezas. Ele tinha todos os bônus e sabia os hacks.
Eraserhead grunhiu de dor e ouviu os cracks quando o Noumu quebrou o braço dele como um graveto. O herói era bom, tinha que admitir. Ele sabia como lutar, mas não teria uma vitória ali.
― O poder de apagar quirks, apesar de incrível não é tudo isso. Quando encara uma força esmagadora você não passa de alguém sem quirk, sem individualidade.
Seu diálogo e um dano maior ao herói foi interrompido por um portal abrindo a frente deles e uma figura caindo no meio dos vilões que ainda estavam de pé depois de passarem por Eraserhead. Shigakari olhou interessado a armadura verde escuro com algo que pareciam raios e luzes vermelhas a cortando, culminando em uma luz que saia da palmas das mãos do pirralho derrubando vilões ao redor. Não lembrava de ver nenhuma quirk assim na ficha.
Coçou o pescoço estressado. Não gostava de surpresas assim. Era trapaça!
Outro portal abriu atrás de si: ― Shigakari Tomura.
―Kurogiri, já eliminou Thirteen?
― O impossibilitei de se mover, e um dos garotos morreu na zona das enchentes, mas ainda há uma quantidade considerável de estudantes sobrando e alguns escaparam.
Shigakari sentiu seu sangue gelar, uma risada subir por sua garganta. Não, isso não estava nos planos.
― Kurogiri, seu desgraçado! Se não fosse responsável pelos portais eu te matava! Como deixou isso acontecer? Se deixou cair pelo garoto da lavagem cerebral? Seu idiota!
― Há uma quirk não contabilizada, um aluno não previsto. E alguém tem uma quirk de teleporte, que tirou alguns alunos da entrada e parece estar movendo outros das zonas para fora.
Shigakari olhou para a direção que o outro fitava e arregalou mais os olhos vendo os vilões caídos. O estilo de luta não era normal, não era como um estudante. Um herói? Eles tinham colocado um herói no meio dos alunos? E que quirk era aquela?
Abaixo do Noumu Eraserhead renovou a luta, a visão do aluno em perigo ativado seu espírito. Heróis. Deu um suspiro exasperado.
―Vamos voltar. Mas antes disso...vamos deixar um recado aos heróis. Vamos esmagar o máximo deles possível. Começando por esse maldito.
Kurogiri abriu o portal e estendeu a mão, pronto para sentir o pó entre seus dedos estendidos para as costas do pirralho. Seu sorriso se abriu no ataque surpresa, mas nada aconteceu.
― Como você é legal, Eraserhead. Noumu.
O crack audível foi seguido de um grito a sua frente. Um bastão se estendeu de forma abrupta na mão do garoto e foi de encontro a seu rosto antes mesmo que ele se virasse. Uma mão se estendeu em sua direção e sorriu. Ele não havia visto sua quirk funcionando e tudo o que precisaria era de um toque.
De surpresa um pé se plantou em seu estômago e a mão desviou abruptamente para seu pulso, livrando seus dedos. Foi puxado para fora do portal direto ao chão perdendo o ar com a pancada violenta.
Olhou para cima e viu as luzes vermelhas onde devia ser os olhos do pirralho, linhas se acendendo no rosto dele rapidamente. Nos segundos que tomou fôlego para reagir com o ataque repentino sentiu o aperto em seu pulso e um girar limpo.
― Argh! Maldito!
O pirralho havia quebrado seu pulso, sem hesitação. Se não fosse a dor teria rido.
― Um tanto brutal para um herói.
Uma mão enluvada se agarrou em sua cabeça e sua testa foi ao chão da mesma forma que a de Eraserhead havia ido segundos atrás.
Viu a substância negra abrir abaixo dos dois em um portal.
― Não se meta, Kurogiri!
Não aceitaria essa humilhação. Não seria surrado por um filhote de heróis.
Chutou o outro, mas sua posição não tinha vantagem e sua outra mão era inútil. Era como ele soubesse! Cada ataque seu era bloqueado rapidamente. Sua testa foi levada ao chão novamente se mordeu a língua com o ataque, a mão em seu rosto se deslocando.
― Pai! Não!
Seu rosto ficou vermelho em fúria.
―Noumu!
Um vibrar no ar e um estalo pela pancada brutal, o corpo voou para longe do seu e escorregou no chão. Ouviu com satisfação o gemido e logo a figura monstruosa estava em cima do filhote de herói, a mão enorme imobilizando o maldito no chão, o esmagando.
Sorriu em satisfação, se erguendo segurando o pulso quebrado. Ouviu um grito alto quando a mão apertou mais a figura no chão.
―Pare.
Ordenou à criatura. Não seria assim que mataria o maldito, era fácil demais.
―Shigakari Tomura, não temos tempo.
―Pro inferno, Kurogiri!
Grunhiu se aproximando do garoto. Havia sangue por todo lado. A seu comando ele se afastou e Shigakari imobilizou a figura patética no chão, facilmente dessa vez.
―Quero ver sua cara antes de destruir você.
O corpo abaixo do seu se movimentou com mais rapidez tentando fugir e deu uma risada.
Tocou a máscara com quatro dedos, sentindo mais raiva ainda quando a dor do movimento o tomou. Com o capuz caído podia ver que havia um capacete, que parecia ter aguentando boa parte da força bruta do Noumu.
Impressionante, mas não resistiria àquilo.
O quinto dedo desceu e sorriu mais ao ver o material desintegrando.
―Com ele vai seu rosto, seus olhos e nariz, sua garganta e...
Sua voz morreu quando o rosto abaixo surgiu. Os olhos verdes cobertos de lágrimas, a cicatriz no rosto e o sangue. Como um deja vu de anos atrás, ele estava ali.
―Player 2?
Olhou aturdido por alguns segundos.
E começou a gargalhar de verdade.
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Izuku sabia que seus planos funcionais haviam reduzido drasticamente.
Shigakari ver seu rosto só podia gerar dois resultados, e como não havia se transformado em pó ainda, as chances é que algo pior o esperava.
―Player 2.
O homem parou de rir, o rosto divertido acima do seu.
― Que surpresa. Ao menos vou sair com um prêmio daqui. E não perdeu a surpresa que trouxe para você!
Nada bom, nada bom. Onde estava esses heróis? Eraserhead estava em estado grave, alguns alunos estavam ainda espalhados pelas zonas e não sabia o que havia acontecido na entrada quando foi jogado ali.
Izuku continuou parado, fingindo que estava em um estado bem pior do que realmente se encontrava. Sua armadura tinha absorvido quase todo o impacto, mas não queria ter um novo round. Se Shigakari pensasse que estava caído iria baixar a guarda. Sentia a energia voltar aos poucos ao uniforme danificado. Mais um pouco e teria bateria para pelo menos um ataque grande, talvez dois.
―Mas antes disso.
O homem pareceu pensativo, o rosto maníaco acima do seu. Um rosto que um dia havia olhado e visto traços do seu pai nele. Que um dia havia realmente se agradado em ver.
― Uma lição a ser aprendida. Noumu.
Izuku um dia havia gostado muito de Shigakari, se compadecido com sua história, em como ele havia sido manipulado. Como ainda estava sendo manipulado. Os dois eram parecidos, sentia que havia tido mais sorte.
― Mate Eraserhead...
Nesse momento ele estava longe de ser uma das suas pessoas favoritas.
— MIDORIYA!
Hichan? A voz do Hichan? O que ele fazia ali dentro? Tinha o enviado para a fora, porque ele havia voltado? Onde estava Catchan? Disse para ele cuidar de Catchan!
"Peguei você."
— DEKU.
Ele reconheceu a voz de Kacchan e mais alguém, mas não virou para ver quem era. Sentiu seu coração acelerar no peito, os olhos arregalando.
—Noumu, ataque.
Izuku não ia deixar. Seus olhos furiosos, focados.
—IZUKU!
Shigakari gritou quando torceu seu braço e deslocou seu ombro, os olhos arregalados nos seus quando finalmente o tirou de cima dele e o jogou longe com um ataque do repulsor, a força o dando impulso em direção ao herói desacordado.
O visor caiu em pedaços enquanto corria, totalmente desintegrado. Depois ele diria que seu corpo se moveu por conta própria, ele nem mesmo lembraria em como chegou tão rápido ali. Seus olhos captaram o Noumu que vinha em sua direção, e sabia que dessa vez não escaparia apenas com algumas costelas quebradas.
Naqueles segundos Izuku ponderou suas decisões, ainda assim se manteve firme entre o monstro e Eraserhead, a adrenalina percorrendo seu corpo enquanto se preparava para um último truque.
Firmou os joelhos no chão e abriu a palma da sua mão, a energia percorrendo as linhas da armadura e focando naquele último ataque.
Apenas para o punho gigante parar de forma abrupta, um grito horrendo fazendo seu cabelo voar ao redor do seu rosto.
Izuku observou, aturdido, olhos arregalados e respiração entrecortada. Por um momento pensou que Shigakari havia parado o ataque, uma voz que tentava sufocar em sua mente lhe dava essa esperança.
Ouviu um som grotesco acima e ergueu os olhos para o rosto deformado, o encéfalo a mostra e a língua protruída, uma baba escorrendo pela boca aberta, entre dentes pontiagudos.
— Noumu! Ataque! Ataque!
Shigakari gritava furioso de algum lugar. O monstro ergueu uma mão gigante em direção ao homem e o viu ser jogado longe por uma força invisível.
Izuku prendeu a respiração, seu coração voltou a bater ainda mais rápido em seu peito.
Um novo chiado grotesco, as vozes e gritos por seu nome ao redor sumiram. Ele nem mesmo percebeu o homem atrás de si que acordava. Seus olhos olhos estavam nos olhos verdes do monstro.
— I...Zu...ku.
A mão que segurava o propulsor tremeu. Um som estrangulado saindo da sua boca, confuso.
"E não perdeu a surpresa que trouxe para você"
O chiado agora vinha do seu próprio peito.
A criatura se agachou mais, a respiração a sua frente, a língua perto do seu rosto, e ainda assim não conseguia se mover. Respirar.
— Bo...yo.
Sentiu seus joelhos cederem, seu estômago embrulhou e vomitou no chão em um arfar doentio.
Izuku ouviu ao longe um som ainda mais grotesco do que da criatura à sua frente. De um animal ferido e encurralado. Traído. Um grito horrorizado e quebrado do tipo que só ouvia em seus piores pesadelos.
Seu grito.
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As portas de USJ se abriram com um estrondo furiosos.
All Might havia chegado.
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Aizawa sentia sua mente flutuar, uma dor intensa em seu corpo. Seus olhos piscaram tentando voltar ao foco, mesmo que voltando ao foco significasse a dor ser ainda mais intensa.
Alguém precisava dele. Seus alunos precisavam dele.
Um grito que arrepiou sua espinha o fez piscar em consciência. Um timbre infantil seguido de um soluço, que o perseguiria por anos à frente. Arregalou os olhos e ofegou, olhando selvagemente ao redor e focando com horror nas figuras à sua frente.
"Merda."
O monstro tinha uma mão erguida, um dedo gigante tocando o rosto da criança de joelhos no chão. Ele reconheceria aquele cabelo verde em qualquer lugar, mesmo empapado de sangue e poeira como estava.
"Mova. Corra. Izuku, corra."
Ele parecia paralisado, por alguma razão. Via os ombros tremerem, ouvia os soluços.
— DEKU!
Mais crianças vindo em direção ao monstro. Ao monstro que havia feito aquilo com ele, o que ele faria com seus alunos?
Se obrigou a ficar consciente, colocando seu último esforço na sua arma de captura em direção a criança problema. Ele precisava distrair a criatura para que ele fugisse.
No momento em que as faixas se enrolaram no garoto e puxou, All Might estava ali. Nunca imaginou que ficaria feliz em ver o desgraçado. Ouviu um grito animalesco da criatura quando o garoto foi puxado e o som do impacto quando o herói colidiu com o monstro, poeira e debris voando.
Sentiu o impacto do corpo vindo contra seu peito e rolou no chão o cobrindo, mesmo com o protesto de cada ferimento seu. No seu peito sentiu a criança se espernear, parecendo finalmente sair do torpor.
Por alguma razão ele começou a gritar pelo nome ao qual chamava Bakugou em desespero.
— Kacchan! Kacchan!
— Midoriya, sou eu. Midoriya. Izuku!
— O que...?
A voz confusa de All Might o fez erguer levemente o rosto. A criatura havia sumido. O portal havia a tirado de lá?
—NÃO! NOUMU?!
O grito do vilão o deixou ainda mais confuso.
Aizawa tentou focar ao redor, mas sentiu sua consciência sumir. O corpo abaixo do seu relaxou, talvez apagado. O apertou mais forte, se encolhendo ao redor dele.
Tudo escureceu ao seu redor e não viu mais nada.
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Quando os heróis chegaram em cena, a luta já havia acabado. Os vilões principais haviam fugido e os que estavam no platô se entregaram ou estavam inconscientes.
Thirteen estava em mau estado, mas o pensamento rápido dos alunos havia impedido o pior e ele se recuperaria. Dos poucos alunos ainda dentro da facilidade, a maioria tinha apenas ferimentos leves, exceto por dois deles.
Izuku Midoriya havia sofrido da força bruta do Noumu, e mesmo que não estivesse em estado tão grave como Aizawa, nunca era agradável ver um estudante machucado.
Minoru Mineta foi encontrado no fundo do lago na zona da enchente. Morto.
Shigakari havia falhado na sua missão de destruir All Might, mas havia conseguido algo ainda mais severo no ataque.
Depois desse dia, U.A nunca mais seria a mesma.
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Dois dias depois
Yagi conseguia sentir cada ano que tinha nas suas costas naquele momento.
Enquanto Nezu tentava lidar com o estrondo da imprensa, pais preocupados e a investigação policial regada por depoimentos de crianças extremamente traumatizadas, Yagi lidava com o peso da própria falha. Uma falha que havia causado a morte de um aluno. Uma criança.
Toda a situação havia lhe dado uma urgência ainda maior de passar a tocha adiante. Jovem Togata ainda não havia lhe dado uma resposta definitiva, o que havia sido uma surpresa. Pensara que o garoto estaria ansioso com a oferta, por tudo o que Osamu havia falado, mas ele parecia hesitante.
"Depois do festival. Avalie os outros alunos, se depois ainda tiver certeza que me quer..."
Uma oferta surpreendentemente madura de alguém que havia pego uma quirk problemática e a transformado em uma ferramenta incrível que lhe levara ao topo entre os alunos.
Olhou para a figura desacordada na cama e um pensamento lhe veio à mente que talvez tivesse encontrado outra opção para fazer a oferta.
Algo em comum entre os depoimentos havia sido a importância do jovem Midoriya em toda a situação. Sem a intervenção dele o número de fatalidades poderia ter sido maior. Um garoto sem quirk, que não era nem da classe de heróis, que estava apenas no lugar certo na hora certa (ou errada, não conseguia não pensar nisso) havia feito algo que ele, o herói número um, falhou de forma miserável.
A conversa com Naomasa no dia anterior dançava em sua mente. Seu amigo havia sido um dos primeiros na cena, e o responsável pela investigação.
"— Ele moveu os elos mais fracos para fora da zona de combate, instruiu os restantes em tarefas, conseguiu chamar ajuda e armou os estudantes com o que precisavam. Foi um pensamento rápido para alguém sem histórico de combate, que nem mesmo está no curso de heróis. E também...
— O que? No que está pensando?
— Eu tive...informações sobre algum problema com a liga, a possibilidade de algo acontecer. Esse localizador... O que sabe sobre Izuku Midoriya? De verdade?"
A pergunta havia o intrigado, mas mais que tudo um sentimento estranho de orgulho estava em seu peito. Olhando para ele assim, na cama, era difícil de acreditar no que ele era capaz. Tocou o rosto do outro levemente, tirando o cabelo do rosto desacordado.
Chiyo havia falado que os ferimentos dele estavam curados, mas que o choque da situação havia o mantido mais desacordado do que o esperado.
"Jovem Midoriya..."
— Quem é você?
A voz desconfiada o fez olhar para trás de onde estava sentado e ver dois pares de olhos curiosos. Um deles reconhecia da classe A, Jovem Shinsou. Ele parecia ainda mais cansado do que o normal. Naomasa havia dito que o garoto havia retornado para a zona de combate para guiar a polícia, sendo quem acionou o localizador fora de USJ.
Ele havia ido contra ordens e entrado, mas Nezu havia considerado a situação punição o suficiente.
A outra aluna ele não conhecia bem, mas havia a visto com Jovem Midoriya algumas vezes, incluindo no fatídico dia na delegacia. Ela o medira brevemente, mas logo estava do lado da cama do amigo, sentando sem cerimônias do lado e abrindo a bolsa pesada que trazia.
— Hatsume, não...
Gatos e mais gatos começaram a sair de dentro e pular na cama. Shinsou grunhiu, olhando em sua direção alarmado. Yagi piscou surpreso e deu uma pequena risada, coisa rara nos últimos dias.
Shinsou pareceu relaxar um pouco com isso.
—Sr...
—Toshinori. Sou professor aqui também, jovem Shinsou.
O garoto o olhou surpreso e então assentiu. O que quer que ele fosse falar foi interrompido por uma voz rouca vindo da cama.
—Ele é meu amigo, Hichan.
Yagi sentiu seu coração saltar, vendo olhos verdes o fitando entre a montanha de gatos na cama. Chiyo não ficaria nada feliz se visse aquilo.
O que Chiyo não soubesse não a machucava. Ou o machucava.
— Jovem Midoriya, é bom ver você acordado!
O garoto sorriu em resposta, os olhos cansados.
—Izuku, eu fui alimentar seus gatos.
A voz de Hatsume era divertida. Os dois pareciam bem familiares um com o outro.
—Uhum...
— E tinha um gato novo lá. Bem grande.
Os olhos do garoto ficaram ligeiramente alarmados.
— Ele não atacou, não é?
— Unum. Bem dócil.
A garota sorriu e tinha a sensação que estava perdendo uma piada. Ao seu lado Shinsou também parecia confuso, os olhos estreitando de forma desconfiada.
— Os outros adoram ele, principalmente o mal-humorado.
Jovem Midoriya fez um som de entendimento, seus ombros relaxando na cama. A expressão dele no entanto mudou por segundos, os olhos ficando extremamente tristes.
— Posso saber o nome do novo gato?
O viu abraçar o gato amarelo com mais força, um preto e maior que os outros ronronando em seu peito.
— Eu...
A voz cortou um pouco e ele pigarreou, mas podia ver os olhos dele marejados, o rosto mais pálido.
—Taka.
Hatsume ficou em silêncio, o sorriso morrendo.
— Oh.
Os dois não falaram mais nada.
Shinsou suspirou e sentou na cama, brincando com os gatos. Yagi notou a forma como os três pareciam à vontade, uma mão dele segurando o tornozelo do jovem Midoriya em conforto. Um leve sorriso adornou seus lábios, a imagem dos três juntos tirando um pouco do peso nos últimos dias.
Quando moveu as cortinas para sair e deixar os três sozinhos viu jovem Bakugou recostado na porta de forma silenciosa. Os olhos vermelhos encontraram os seus em curiosidade, mas ele não se moveu.
Sentiu seu coração pesar no peito ao lembrar dos depoimentos, em como o garoto havia sido jogado na zona que mais lembrava seu terrível trauma de anos atrás. Ainda assim, ele havia sucedido e estava no meio do plaza quando chegou. Yagi odiava aqueles vilões um pouco mais com isso, o quão vil era manipular a dor de alguém dessa forma?
Quando passou pela porta novamente foi surpreendido ao ver mais alguém no corredor sentando nas cadeiras.
— Jovem Todoroki?
O garoto ergueu os olhos, a expressão desconfiada.
— Veio visitar Jovem Midoriya?
Yagi sorriu, mesmo quando o outro respondeu apenas com um pequeno aceno.
— Ele já acordou.
Outro aceno e o garoto se moveu. Era uma criança diferente, aquela. Principalmente diferente do pai. Yagi se sentia um pouco culpado em pensar que isso era definitivamente algo bom.
Ignorou o argumento que começou assim que o garoto entrou.
Aquela geração prometia muitas coisas.
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Notas finais
....Pobre Takashi.
Pobre Izuku.
Breves explicações, embora vá explicar algumas coisas no próximo capítulo, mas só para não gerar dúvidas: Então, os vilões sabiam das quirks, logo sabiam onde colocar os estudantes. Tsuyu foi para a zona do fogo, Catchan a tirando de lá rapidamente. Sem Tsuyu ou Izuku com Mineta, ele não conseguiu escapar da zona de enchente a tempo. The grape is dead.
Apesar da mudanças das localizações a maioria se deu bem, com apenas mais dificuldades, essas mudanças foram as mais relevantes, no entanto. Sobre Aizawa, Izuku interrompeu o pior, então ele ficou menos quebrado no que no canon, mas ainda se machucou bastante.
E sim, Dadzawa achou que Izuku estava chamando Kacchan, mas ele chamou Catchan...fácil de confundir. Resultados diferentes.
Eu definitivamente deveria colocar uma nota maior aqui, mas não durmo desde sexta, então é isso. Dúvidas nos comentários, mais explicações nos próximos capítulos.
Possibilidade de erros ortográficos que serão posteriormente corrigidos pela mesma razão.
No próximo capítulo: Consequência de Usj, Izuku e seu Noumu, Todoroki e suas teorias, Naomasa e Izuku tem uma conversa, Shigakari, Dadzawa e um personagem importante vai dar as caras.
Não me deixem no vácuo, aceito feedback.
P.S: Fiz um modelo da armadura que Izuku estava usando, logo posto na minha página ou Tumblr para quem quiser conferir. É uma mistura de blade de marmora, jaspion e homem de ferro e aranha de ferro tremenda, mas vá lá.
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