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Capítulo III - Que tipo de herói você quer se tornar?

"Uma pequena variação nas condições em determinado ponto de um sistema dinâmico pode ter consequências de proporções inimagináveis."

A teoria do caos

Izuku foi o primeiro a perceber, embora tivesse certeza que Kacchan já havia se dado conta, mas não queria assumir a fraqueza.

Kacchan ignorar as pessoas nem sempre era por ele ser rude ou se achar superior. A forma como ele falava alto demais, nem sempre era para chamar atenção para si. A irritação dele com Izuku 'falar baixo demais de propósito' era algo estranho, com a frequência que se repetia, e o fato de que tinha certeza que seu tom de voz era normal.

A principio pensou que ele ter parado de reclamar de seus sussurros era resignação, mas Katsku Bakugou nunca seria uma pessoa resignada.

Ele não estava o ouvindo, era isso.

Izuku contou a ele, que tentou arrancar a sua cabeça. O canal normal falhando, contou a sua mãe, que contou a tia Mitsuki, que o levou arrastado ao hospital.

-As explosões causaram isso. – Tia Mitsuki explicou depois. – A audição dele está deteriorando. Ele vai usar o aparelho auditivo e aprender sinais. O médico disse que em alguns anos ele vai perder totalmente, tem que começar a adaptação logo.

Era mais fácil falar do que fazer, claro.

Kacchan não queria assumir 'a fraqueza', e por isso não ia as aulas ou deixava o aparelho em casa ao sair. Izuku ficava surpreso de ele não ter explodido, mas até Kacchan entendia o conceito de dinheiro e o quanto seus pais gastaram com aquilo.

Ainda assim, a paciência de Tia Mitsuki não era infinita – era bem pequena na verdade -, ainda mais quando ela estava preocupada com o 'pirralho'. As ameaças falhando, ela e sua mãe juntaram armas e fizeram o plano mais simples e perfeito na situação.

Matricularam Izuku para aprender sinais, e comentaram o quanto ele tinha talento aprendendo.

-Nem pensar que esse nerd maldito vai passar de mim nisso!

No mesmo dia Kacchan começou a frequentar as aulas e tirar as melhores notas, porque claro que ele seria bom nisso também. Ser melhor do que Izuku em algo sempre fazia o truque.

E Izuku apenas ficava feliz em ajudar e aprender algo novo.

O aparelho começou a ser utilizado com o tempo, a necessidade falando mais alto que o orgulho. E sendo Kacchan, depois dos sussurros iniciais, ninguém ousou falar nada. Izuku sabia que quando ele começasse a precisar de um interprete nas aulas seria outra luta, e estava curioso em como suas mães iam o usar nessa.

Izuku só esperava que ele não explodisse o aparelho que ele estava criando para ele no natal, com a ajuda de Dr. Shinsou e sua mãe. Talvez se ele não contasse que foi ele que criou, ou se tio Masaru o entregasse em seu lugar ele aceitaria sem muito estardalhaço.

Izuku ficava satisfeito se ele usasse, ele não precisava saber que era dele.

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Levando em conta que Izuku havia sido o único da sala que havia se dado ao trabalho de aprender sinais para falar com ele, talvez ele aceitasse o presente de qualquer forma.

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Aconteceu um dia antes do natal. As ruas cheias de pessoas comprando presentes no último momento, crianças apontando as vitrines, pessoas vestidas de Papai Noel. Era engraçado como o costume ocidental havia sido incorporado por ali.

Izuku não gostava de multidões no geral. Se sentia nervoso, desde que havia se perdido da sua mãe aos sete anos no meio de uma passeata e quase sido esmagado em meio aos corpos, e por isso andava sempre agarrado a ela como um coala nervoso.

Kacchan parecia estar achando isso hilário. A raiva de ter que sair com os dois a mando da mãe para buscar uma encomenda esquecida momentaneamente. Achava até que havia o visto tirando uma foto da cena, mas o ignorou. Se oka-san não ligava, queria que Kacchan se explodisse.

"Kacchan se explodisse."

—Está rindo de quê, De... – uma olhada para sua mãe que os ignorava - nerd?

—Piada interna, Kacchan.

—Ham?!

—Garotos. – Sua mãe os calou suavemente, olhando o catálogo de uma das lojas. – Já buscou tudo o que precisava Katsuki, querido?

—Sim, tia Inko.

Hum, parece que a única pessoa com que Kacchan era respeitoso era sua mãe.

—Agora só falta uma coisa. Porque vocês não me esperam naquele café e pedem algo enquanto eu vou buscar?

—Vai buscar meu presente e não quer que eu descubra de novo?

—Você não tem graça Izu-kun.

Izuku sorriu angelicalmente.

—Katsuki, por favor?

Foi o único aviso que teve antes do outro agarrar seu braço e o arrancar dela com uma expressão satisfeita.

—Vá com ele. – O arraste – Peçam algo e não saiam até eu voltar.

—E se uma luta de heróis...

—Principalmente em uma luta de heróis. Katsuki, querido?

—Eu controlo o nerd.

Kacchan parecia muito, muito satisfeito pelo poder recebido de o controlar.

Sua mãe sabia ser cruel.

—Cuidem um do outro.

E com isso sua mãe sumiu dentro de uma das lojas, e Kacchan o arrastou -literalmente – em meio à multidão.

Em outro universo, eles teriam ido ao café e se bicado como duas velhas até sua mãe chegar. Naquela noite as duas famílias teriam comemorado o natal juntas, e Izuku receberia o kit de mecânica que havia sonhado por meses, comprado a custa de horas extras da sua mãe e contribuição dos Bakugos.

Em outro universo, um ataque de vilões havia sido facilmente controlado com a ajuda de Endeavor, e um dos membros da gangue com uma quirk poderosa, mas não controlada, havia sido apagado e apreendido antes que entrasse em desespero para fugir, prevenindo um dos maiores desastres dos últimos trinta anos envolvendo o descontrole de uma quirk em um adulto.

Nesse universo Endeavor decidiu que iria voltar mais cedo para casa para treinar seu filho.

.................................................

Os gritos na multidão começaram de forma repentina, antes que atravessassem a rua para o café. Os dois garotos pararam de forma abrupta, confusos.

Um corpo pareceu voar e bater em um dos prédios.

Explosões. Correria ao redor.

—Vilões!

Alguém gritou e o caos se instalou por completo.

Izuku sentiu a mão em seu braço apertar com mais força e começar ao o arrastar mais rapidamente antes que fossem esmagados.

—Droga, nerd. Respira.

Queria retrucar que era mais fácil falar do que fazer, e que criar uma explosão na cara de alguém não era a maneira mais ortodoxa de tentar parar um ataque de pânico.

Embora tenha funcionado.

Kacchan o arrastou entre as pessoas, explodindo o caminho deles. Izuku olhou para trás por um segundo, para o prédio em que sua mãe havia entrado.

Seus olhos então catalogaram rapidamente a situação.

—Droga, Deku! Olha para frente! Não vou te arrastar se cair!

Um homem estava no meio da rua, gritando. Coisas voavam ao redor dele, uma força invisível e esmagadora empurrando carros nos prédios ao redor, destruindo tudo pelo caminho.

O próximo prédio na sua linha era justo o que sua mãe havia desaparecido, e não a vira saindo. Com um impacto daquela magnitude ele desabaria. As pessoas estavam entrando no prédio procurando abrigo, ao invés de sair e fugir, e bloqueando a entrada de quem havia percebido e estava tentando fugir do desastre.

—O que diabos eles estão fazendo!? – Pelo grito frustrado, Kacchan havia percebido o problema também. As pessoas corriam sem ordem, empurrando umas as outras. Crianças choravam ao redor, e mais vilões e heróis apareciam no terrível caos que se formava.

Um empurrão mais forte na multidão e a mão dos dois se soltou. Ouviu explosões e o grito furioso de Kacchan, mas não retornou.

Fazendo o caminho inverso, seus pés o guiaram quase de forma automática em direção ao prédio em que vira sua mãe entrar.

Controlou o pânico na multidão, seu corpo pequeno passando por entre as pessoas, até ver os cabelos verdes dela. Passou por baixo das pernas das pessoas que tentavam entrar no prédio procurando abrigo.

—Vocês tem que sair! – gritou ao redor. – Saiam do prédio! Oka-san! Por aqui!

Os olhos dos dois se encontraram, e ela correu. Sentiu os braços dela ao redor dele no mesmo momento em que sentiu o tremor em todo o prédio.

E tudo desabou em cima deles.

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Inko Midoriya sabia que sua quirk não era muito impressionante. Puxar pequenos objetos em sua direção não era o sonho de todo mundo, apesar do quanto Hisashi e seu bebê elogiavam isso, e explicavam todas as coisas que ela podia fazer com esse poder tão pequeno.

Eles eram os homens da sua vida, então não levava tão a sério. Isso até Izuku lhe mostrar a pulseira, naquela mesma manhã.

— Foi isso que me fez experimentar da última vez? – Sorriu divertida. Apesar de admitir que o último projeto dele era impressionante, apesar de alguns desastres iniciais.

Ele assentiu entusiasmado, colocando a pequena pulseira de metal em seu pulso.

— A quirk da Oka-san funciona como um campo eletromagnético certo? Mas com polaridade diferente, por isso oka-san só consegue atrair as coisas. Isso é como se...como se aumentasse o tamanho do campo atual? Assim oka-san pode atrair coisas de mais longe, e mais pesadas.

Seu bebê era impressionante.

— Quer testar?

— Claro, Izu-kun. Sempre.

Para ver ele sorrir, sempre.

Para ver ele continuar sorrindo, ela o segurou forte nos braços quando o tremor e o estrondo começaram. E ela sabia, que por mais que quisesse ter esse poder, nunca conseguiria segurar um prédio na cabeça deles, os pedaços de concreto que caiam.

Então ela fez o que podia fazer, abraçando seu filho e puxou.

A parede próxima virou em direção aos dois ao seu comando como um abrigo, enquanto o concreto caia em cima deles segundos depois.

.......................................

Izuku acordou em uma tumba de concreto. Havia poeira e escuridão e não conseguia respirar direito.

—Shh, tudo bem.

—Oka-san?

A voz dela estava estranha, um pouco arfante. Ausente. Sentiu os braços ao redor dele o apertarem um pouco em resposta e tentou controlar sua respiração.

Aos poucos lembrou do que aconteceu. O ataque, o desabamento.

Tentou se mover, mas ao esticar sua perna ela bateu em algo duro. Sua mãe o soltou devagar e procurou o celular em seu bolso, que obviamente estava sem sinal ali, e ligou a lanterna.

Seu coração comprimiu ao ver sua mãe. Havia sangue em seu rosto, e as pupilas estavam estranhas, uma delas dilatada. A perna dela também estava em um ângulo que seria impossível normalmente. O lugar era do tamanho apenas suficiente para os dois ficarem sentados sem baterem a cabeça.

— Oka-san... – tentou segurar um soluço, mas nunca havia conseguido antes, não conseguiria agora.

— Está tudo bem, Izu-kun. Vai dar tudo certo.

A voz dela não parecia exatamente confiante, mas assentiu.

—Ferimentos na cabeça sangram bastante. – Falou tentando ele mesmo soar confiante. – E logo os heróis vão chegar aqui. Foi logo na porta, eles acham a gente rapidinho.

— Tem razão, amor.

A voz dela estava tão estranha. Grogue. Se aproximou novamente, a ajudando a recostar as costas no concreto. Sabia que tinha que mantê-la acordada até a ajuda chegar.

—Katsuki?

— Ele não estava no prédio. – Assegurou. – Ele está bem. É Kacchan.

— É..é sim.

—E logo vão achar a gente, e vamos sair daqui. E vou entregar meu presente a ele. E ele vai fingir que não gostou.

Sua mãe sorriu.

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Os vilões foram apreendidos apenas quando Eraserhead chegou no local e conseguiu parar a quirk em descontrole.

Quando isso aconteceu, a rua parecia um campo de batalha. Dos vinte heróis no local apenas dois haviam tido a ideia de ajudar as pessoas a saírem do local e trabalhar em resgate, os outros parecendo mais preocupados em quem derrotaria o vilão, ou esperar alguém que tivesse a quirk certa para agir.

Aizawa estava bem irritado, para dizer o mínimo com isso.

Vinte heróis, e ainda assim a contagem de mortos já passava de 50 pessoas, fora as que ainda estavam presas nos escombros, quando a noite chegou, eles continuaram as buscas, mesmo que as chances de encontrar alguém vivo estivessem caindo rapidamente.

Para piorar a situação, começou a nevar forte.

—Maravilha.

—Se ao menos All Might estivesse no Japão. – Alguém lamentou, e abriu a boca para retrucar algo quando ouviu.

—Ouviram isso? Calados.

Os sons eram intermitentes, e ficavam mais fortes a medida que se aproximavam.

Pequenas explosões.

Não esperou para ver se alguém vinha com ele.

Os sons vinham de um carro preso na entrada de uma das lojas. Concreto havia caído em cima dele e o amassado, mas aparentemente alguém havia o usado como abrigo.

—Estamos aqui. – Assegurou quem quer que fosse, mais heróis finalmente saindo do torpor e fazendo algo de útil.

Mic havia surgido do seu lado no mesmo instante, o ajudando a empurrar o concreto.

As explosões aumentaram ainda mais em resposta, e quando uma das paredes foi erguida do carro, uma mão pequena surgiu entre o metal torcido, explosões surgindo em sua palma. Daquela distancia podia ouvir a respiração pesada e palavras abafadas.

—Ei, ei. – Mic assegurou. – Vamos tirar você daqui.

Aizawa procurou a pessoa entre os escombros, encontrando olhos vermelhos em um rosto infantil. Notou as torções no metal como uma gaiola, claramente criadas de forma proposital. Um pequeno abrigo.

Criança esperta.

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—Os heróis vão chegar logo.

Izuku repetiu, enquanto tentava criar alguma entrada de ar sem causar um desabamento maior. Havia cuidado dos ferimentos dela com o que tinha em mãos, mas não havia muito o que pudesse fazer. Não podia entrar em pânico, não quando o ar ali era limitado. Sua mãe estava calada, os dedos passando em seu cabelo de forma calmante enquanto trabalhava.

— Porque é isso que os heróis fazem, certo? Eles salvam pessoas, certo...? Oka-san?

— Certo.

A voz dela parecia tão ausente. Conseguiu mudar mais um pilar, prendendo a respiração e fechando os olhos quando sentiu o pequeno tremor ao redor. Não havia trazido nada de útil para aquilo. Ele sempre trazia algo na mochila, e justo naquele dia a única coisa que tinha era o presente de Kacchan...

— Eles vão chegar.

Só precisava encontrar uma maneira de eles o ouvirem.

—Os heróis vão vir, Oka-chan.

............................................

Quando amanheceu, as chances de encontrarem alguém vivo haviam caído ainda mais. Todos os que haviam sido encontrados na noite estavam mortos, exceto pela criança no carro, que havia sido levado ao hospital com uma concussão e um ombro deslocado.

As pessoas estavam morrendo sufocadas ou esmagadas, e eles não conseguiam fazer nada. Nezu havia enviado um dos seus alunos do primeiro ano, Mirio Togata a seu pedido, e sob sua supervisão o garoto estava atravessando o concreto e procurando sobreviventes.

E com um senso de Deja vú, ele ouviu os sons. Dessa vez, pancadas ritmadas em metal. Mic estava a seu lado em um instante, também tendo ouvido. Antes mesmo de localizarem o ponto ao certo, uma mão surgiu de uma pilha de concreto.

Uma mão pequena.

—Merda.

Aizawa se aproximou já gritando pelos outros, e no mesmo momento a mão agarrou a sua em um aperto desesperado.

—Peguei você.

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O garoto não largou Aizawa, e ele não teve o coração para o obrigar a isso. Os outros podiam lidar as buscas por alguns instantes, e ele confiava em Mic com Togata.

As crianças geralmente não tinham essa reação quando o viam, isso era o Mic. Ele era intimidador demais para isso, e ainda assim o garoto havia se agarrado a ele, os dois sentados em um pilar de concreto enquanto eles procuravam a mãe.

Devia o obrigar a entrar na ambulância, mas algo nos olhos do garoto havia o feito recuar. Os olhos verdes fitavam os movimentos com afinco. As mãos dele estavam feridas onde tinha escavado seu lugar para fora do túmulo de concreto para buscar ajuda.

O garoto havia salvo a si mesmo, para buscar ajuda para a mãe. E Aizawa raramente pedia coisas com fervor, mas seria o seu presente de natal acharem a mãe daquela criança viva.

—Você tem problema com olhos ressecados, certo?

A voz dele estava embargada, e Aizawa foi pego de surpresa com a pergunta. O garoto ainda fitava onde Mirio havia sumido no concreto.

—Hum. – Grunhiu em resposta.

—E.eu tenho uma ideia, para seus óculos, para ajudar nisso.

Aizawa fitou bem o garoto, os cabelos sujos de poeira de concreto, a mão agarrada em seu braço, os lábios tremendo e enrolado no cobertor em uma das noites mais frias do ano, esperando para ver se a mãe estava viva ou morta.

E tentando não pensar nisso.

—Sou todo ouvidos.

..................................

Eles encontraram Inko Midoriya protegida pela parede de concreto, pilares ao redor segurando a estrutura, e um pequeno túnel criado através do entulho até a superfície.

.........................................

Katsuki acordou com um grunhido e silêncio ao redor. Terrível silêncio. Tentou abrir os olhos, a respiração acelerando, quando sentiu uma mão em seu ombro.

Piscou grogue, e encontrou os olhos verdes familiares perto do seu rosto. Sentiu alivio, e depois raiva. A ultima coisa que havia visto do idiota era ele sumir na multidão.

—Deku!

Piscou aturdido quando não ouviu a própria voz. Isso nunca tinha acontecido antes.

As mãos do idiota tocaram seu rosto e focou nos lábios dele enquanto ele pronunciava as palavras devagar enquanto  fazia os sinais de mãos já conhecidos.

'Sem pânico.'

—Idiota, maldito, como pede isso depois de...o que aconteceu...por que não ouço quase nada? Eu ouvia mais antes...

Ele não ia chorar. De jeito nenhum.

Deku beliscou sua bochecha e estapeou a mão dele. Então notou os olhos vermelhos dele. Um curativo na bochecha, outro nas mãos. Ele não estava com roupas de hospital como ele.

E a expressão dele...

Então ele lembrou.

—Tia Inko?

O viu desviar o rosto e seu coração acelerou mais.

Ele falou algo, que claro que não ouviu. Fechou os olhos tentando se acalmar ou acabaria explodindo alguma coisa. Sentiu algo em sua cabeça e agarrou a mão do nerd, o olhando em aviso. Ele o ignorou, a mesma expressão errada de antes. Ia arrancar o que fosse, mas então ele ouviu os sons do mundo.

Alivio.

—Melhor? – a voz do outro estava tão quebrada quanto ele parecia. – Era seu presente, eles acharam minha mochila. Não vai funcionar quando perder de vez, a concussão fez com que a audição piorasse ainda mais, mas por enquanto vai servir. E ele parece um fone de ouvido, e tem desenhos de explosões, e esse controle aqui serve para você controlar o volume e...

—Deku!

Ele se calou, a mandíbula trincada. Os ombros abaixaram e ele soltou o tal controle em sua mão.

—Deku, cadê tia Inko?

—Ela...ela está viva. Mas a pancada... não sabem quando vai acordar. Podem ser meses, ou anos ou...

Merda.

—Ela vai acordar. – A voz dele quebrou e Katsuki desviou os olhos – Ela vai acordar logo, Kacchan.

Ele não sabia o que dizer

Cuidem um do outro.

—O hospital ligou para tia Mitsuki. Ela vai chegar aqui logo, com os hospitais lotados eles não sabiam onde encontrar e...

— Deku. – Sua voz saiu mais suave do que em anos. Um pouco perdida. Ergueu a mão para tocar no braço do outro, mas a parou antes disso.

Ele odiava Deku. Ele era irritante e um merdinha que só arranjava problemas e queria ser melhor que ele.

Odiava Deku.

Ele achava que odiava Deku.

— Foi a quirk de um vilão que saiu do controle. – a voz do outro soou mais vazia e tão, tão errada. – As notícias...eles disseram que pode ter mais de 100 mortos. Tinha vinte heróis, Kacchan, e eu sei que eles não podem salvar todo mundo, mas alguns deles...alguns deles nem tentaram.

Pela primeira vez não fez graça quando ele começou a chorar. O nó em sua garganta aumentando.

— Eles queriam vencer o vilão. E eles venceram o vilão, mas 100 pessoas, e Oka-san...Você quer ser um herói que vence, né Kacchan? E quem vai salvar as pessoas?

Os olhos verdes o fitaram com intensidade, cheios de lágrimas. Alguém bateu na porta, e viu um homem com uma pasta. Deku o fitou, e então se ergueu.

Katsuki olhou atordoado, ainda mais quando percebeu que havia agarrado o braço do outro sem perceber.

— Quem...?

— Assistente social. – O homem falou. – Vamos, Midoriya.

— Não...espera.

— Está tudo bem, Kacchan. Eles estão tentando falar com o otou-san, só enquanto oka-san não acorda.

Ele soltou a mão dele hesitante, o vendo limpar o rosto.

—Só...pense no herói que quer ser, certo?

Assentiu, ainda sem saber o que falar.

Deku sumiu pelo corredor segurando a mão daquele estranho.

E ele só o veria dois anos depois.

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Sua mãe não estava feliz.

Eles haviam o levado para casa, e ela não estava nada feliz.

Katsuki estava sentado no sofá, e sabia que eles pensavam que ele não podia ouvir os dois sem usar o aparelho, mas ele conseguia ler os lábios bem já há muito tempo.

-Eles não conseguiram contato com Hisashi?

-Hisashi foi dado como desaparecido nos Estados Unidos há mais de um ano, Masaru! Eles nem mesmo checaram direito antes de o despachar com o primeiro que aparecesse!

—É o tio dele, Mitsuki.

—Um tio que ele nunca viu na vida. Takashi não fala com Inko há mais de dez anos. Eu era a primeira da lista se algo acontecesse com Inko, Shinsou era o segundo. Merda, Takashi não estava nem no quinto lugar e eles o despacham com ele sem CHECAR A PORCARIA DA LISTA.

—Mitsuki, se acalme.

—E depois nem mesmo sabem onde ele mora, eles nem mesmo olharam isso. Ele pode estar na porcaria de qualquer lugar do Japão a esse ponto! E sabe o que é mais fodido? Eles fizeram isso porque Izuku não tem uma quirk. Você viu, não viu?

O rosto do seu pai estava triste e cansado.

—Eles agiram como se tivessem feito um favor para mim. Eles saem por aí despachando crianças sem quirk para o primeiro que aparecer, sem checar nada. Eles nem mesmo se perguntam se não é estranho alguém chegar lá pedindo uma criança sem quirk! Eu vou colocar a policia no rabo desses filhos da mãe!

Sua mãe sentou no sofá, e tentou não desviar os olhos quando ela começou a chorar. Ele contava nos dedos de uma mão quantas vezes havia a visto chorar, e nesses dois dias havia sido já duas vezes.

—Ele nem mesmo vai poder visitar Inko. E quando ela acordar e me perguntar, eu não vou saber onde o filho dela está, porque esses filhos da puta o despacharam nas mãos de um estranho que a própria irmã tinha medo dele. A esse ponto eu não sei nem se vamos o ver mais. E Inko...

—Nós vamos.

Seus pais o fitaram, o rosto dos dois surpresos por ter entendido a conversa. Quase revirou os olhos com isso.

—Nós vamos ver Deku em dois anos.

—Katsuki... – a voz do seu pai era suave, como quando era criança e ele queria contar algo sério sem o magoar.

Trincou os dentes, tentando não explodir nada e piorar a situação.

—Deku disse que ia para a U.A. E aquele merdinha não desiste, ele vai para a U.A, e eu vou chutar a bunda dele lá. Em dois anos.

Ele não esperou uma resposta e subiu para o quarto.

Os fones de ouvido estavam na mesinha. Era algo ridículo, com desenhos mal feitos de explosões, e o filho da puta tinha transformado os protetores em formato de orelhas de gato como piada.

Ele os colocou e abaixou o volume, não querendo ouvir mais nada dos pais, mas achando conforto em ter o troço na cabeça.

Eles não conheciam o nerd como ele. Deku era como uma barata, que sobrevivia a tudo, se adaptava em qualquer lugar. Uma barata voadora, pior ainda. Irritante e difícil de derrubar.

Ele iria visitar tia Inko pelo nerd, e treinar, passar na U.A em primeiro lugar e o rever em dois anos.

Cuidem um do outro.

E quando ele o encontrasse, ia lhe dar uma rasteira pela piada e por fazer sua velha chorar.

.....................................................

Quando entrou no quarto de Inko e viu o estranho, Keito ficou surpreso.

Naquela semana ela havia recebido visitas frequentes, mas todas eram de Mitsuki, ou das pessoas no hospital. Todos haviam ficado de coração partido pelo o que havia acontecido, e irados quando souberam que Izuku havia caído entre os dedos do sistema e ninguém sabia do paradeiro dele.

Não desistiriam de encontra-lo, ele devia isso a Inko. Até lá, cuidaria da mãe dele enquanto ela não acordasse. Os ferimentos dela eram muitos, mas estavam quase todos curados. Para sua surpresa, alguém havia enviado Recovery Girl outro dia para ajudar, e isso havia salvo a vida dela, sem dúvidas. Ainda assim, ela não acordava.

—Dr. Shinsou.

—Quem é você?

O desconhecido se virou, e encontrou o que nunca esperava ver na vida: alguém com os olhos mais cansados do que ele e Hitoshi. Em outra situação teria rido disso.

—Aizawa. – O homem se apresentou. – Estava envolvido no resgate.

Ah, algum dos heróis. Claramente um pouco conhecido. E pelo interesse dele, isso explicava a visita inesperada de Recovery Girl também. E também porque haviam o deixado entrar.

—Como ela está?

—Geralmente só damos noticias para familiares, mas como salvou a vida dela. – Deu um suspiro exausto. – Estável. Sem sinais de acordar.

O homem assentiu, como se já esperasse isso. E talvez sim, se houvesse realmente enviado a heroína até eles.

—E o garoto?

Keito mediu o homem cuidadosamente. Ele parecia casual, o rosto estoico, mas reconhecia bem os sinais.

Ele estava preocupado.

—Conheceu Izuku?

O homem assentiu, e então apertou algo nas mãos. Estranhamente, um par de óculos. Óculos familiares.

E Keito reconheceu o herói por isso, notando a faixa por baixo da roupa. Era o mesmo pelo qual seu filho era tão obcecado: Eraserhead.

—Ele causou uma impressão. – O homem comentou. – Não é todo dia que um garoto de 12 anos faz o que ele fez.

—Ele é um bom garoto. – Keito concordou. – Excêntrico, inteligente. Determinado e teimoso demais.

Os lábios do homem se curvaram um pouco.

—Criança problemática.

Tinha que concordar, e apesar da situação conseguiu sorrir.

—Eles não encontraram o pai. – Respondeu a pergunta, agora que sabia quem era. – Um tio apareceu e o levou. Não sabem para onde.

O homem pareceu surpreso com isso.

—Os registros?

—Eles perderam. Talvez nem fizeram. -Pausou controlando a raiva. – Ele não tem quirk, acharam que estavam fazendo um favor.

A expressão do homem escureceu. Bom.

—Hum...Pode me dar um endereço desse lugar?

Keito sorriu.

—Com prazer.

—E quanto as despesas da Sra. Midoriya, vou deixar meu contato.

Antes do homem sair, conseguiu um autografo.

Hitoshi ia ficar feliz quando recebesse, pelo menos.


..........................

Notas finais

Arte desse capítulo por Crazy Clara

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