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Prólogo

A noite estava amena, comum num mês de setembro em solo lusitano, ainda assim Glória precisara de um casaquinho de licra fino para lhe tapar os braços. Os seus pêlos por alguma razão estiveram eriçados durante o dia inteiro, e a sensação de estar sendo vigiada não a largara nem um segundo.

Olhara de um lado para o outro, para os carros estacionados perto de sua casa, mas não vira ninguém. Em sua casa, Amilcar adormecera no sofá vendo televisão.

Glória aproveitou a deixa para mandar uma mensagem de seu telemóvel e ir encontrar o seu destinatário.

Como sempre, ele não se atrasara.

O mesmo motel de sempre, no mesmo quarto de sempre.

Ele não estava feliz.

Ao longo dos anos ele vinha se apagando mais e mais. Na juventude ele era uma pessoa reluzente, a sua alegria de viver a contagiava, mas agora ele se transformara na sombra de sua sombra. Alguém que ela conhecia apenas.

Ela apaixonara-se por o homem que escalava montanhas, que era seguro de si mesmo, que amava a aventura. Onde ele se perdera?

Fôra por causa dele que ela entrara para o Clube da Caça ao tesouro e que ela descobrira que afinal gostava daquilo.

Então a vida acontecera e ela largara a sua mão para casar com Amilcar.

Haviam-se passado trinta e cinco anos e ela não conseguia perceber porque havia escolhido Amilcar, aquele homem barrigudo, de olhos esbugalhados por quem não se lembrava de alguma vez se ter sentido atraída.

O homem a quem sempre amara estava à sua frente e era o oposto de Amilcar.

O homem à sua frente envelhecera bem, os cabelos grisalhos só lhe davam mais charme, ou então era meramente o que sentia que lhe dava aquela visão agradável.

Dos olhos dele escorriam lágrimas grossas.

Glória o abraçou, mas ele a afastou, não de forma violenta, apenas não queria o conforto dela. Naquele momento aquele abraço parecera uma piada.

Ela era a culpada por ele estar assim.

— Não dá mais.

— Por favor, não — ela implorou.

Porém ele não poderia ceder. Já cedera por tempo demais. O seu psicólogo estava abalado. Não estava a conseguir viver na casa onde vivia. Parecia que tudo nalgum momento iria ser devorado pelas sombras contidas dentro de si. Ele não aguentava mais carregar o fardo que Glória lhe colocara em cima há dez anos atrás.

— Eu tenho insónias — explicou — A minha mulher já anda a desconfiar. Diz que eu ando esquisito. A cada vez que ela me pergunta e eu lhe minto, eu sinto-me um lixo. E eu minto-lhe há demasiados anos. Um casamento não é isto.

— Isso nunca foi um casamento.

Ela aproximou-se, olhando em seus lábios.

— Podia ter resultado, se ...

— Não fosse eu? — indagou Glória.

— Sim. Tu tinhas saído da minha vida e então voltas-te... naquela noite.

A noite em questão era o tormento de sua vida, a razão de suas insónias e ainda assim, a lembrança que um grande amor nunca se esquece. Ele nunca esquecera Glória. Poderiam passar vinte, trinta, cem anos, que ele nunca esqueceria.

Ela sublinhou com seus dedos o queixo do homem. Estavam levantados ao lado da cama do quarto.

Ela queria poder consumir aquele amor, mas sabia que estava ali para falar com ele, para o convencer a ficar calado, por si e por a pessoa que prometera há vinte-e-seis anos, proteger.

— Ele...

Glória parou de falar, ficou estática olhando para ele.

Aquele era o momento ou nunca.

Se ele soubesse talvez ele não falasse sobre aquela noite, talvez ele a entendesse e talvez... nunca mais falasse consigo.

Esse era um risco que ela teria de correr.

Fechou os olhos e lançou as suas palavras no ar pesado daquele quarto.

— Ele é teu filho.

— O quê?

Ele queria acreditar que não ouvira aquilo, porque queria acreditar que Glória não seria cruel ao ponto de não lhe contar aquilo, durante toda uma vida.

— Diz-me que isso é uma tentiva desesperada para que eu não conte nada!

— É uma tentativa desesperada para que não contes nada, mas não deixa de ser verdade. Nunca reparas-te nele? Na silhueta atlética que ele tem, o gosto por corridas matinais, os olhos dele...

Ele vira, sim, mas nem por um momento ele cogitou que pudesse ser pai do filho de Glória.

Seria demasiado cruel da parte dela.

O problema dele, é que ele continuava vendo à sua frente a Glória que ria, que o beijava na boca e que pulava do precipício para o mar, buscando adrenalina.

Hoje em dia, ela mudara o cenário à sua volta para a adrenalina continuar lhe fervendo na pele. Uma adrenalina obscura que se alimentava da luminosidade das pessoas.

Assim como ele.

Ela dizia que sempre o amara, apesar de ter casado com Amilcar, mas todo o brilho que ele tinha tido ela viera pé ante pé sugar.

Porquê é que ele sempre se recusara a acreditar, no quão má ela era? Todos à sua volta tinham razão. Ela era uma pessoa má, muito má mesmo.

Quando estava a ponto de sair da porta daquele quarto de motel, uma mão enluvada tapou a sua boca.

Foi tudo tão rápido que o homem que estava com Glória não teve tempo de raciocinar ou sequer pensar numa maneira de se defender. E Glória muito menos.

Enquanto Glória era puxada para fora dali, o homem que ela dizia amar, sentiu uma pancada na cabeça e desmaiou.

Quando acordou estava dormindo em cima da cama do motel, sozinho.

As mãos e os pés não estavam atados, a boca não estava tapada. Ele estava bem, estava tudo bem, mas onde estava Glória?

Lembrou-se da conversa que os fizera ir até ali. Como alguém conseguira entrar, completamente vestido de preto? Como passara na recepção? E porque ele tinha saído impune daquela situação?

Ao levantar-se, o seu olhar se cruzou com uma folha colada na parede bem à sua frente.

"Toda a gente tem que lidar com as consequências de seus atos"

Os seus olhos se arregalaram, o coração bateu descompassado, o medo fez as suas mãos suarem, porque naquele momento apenas uma certeza tomou conta de sua mente.

E ele... ele não sabia o que se passaria consigo, mas talvez o melhor fosse se esconder, porque a verdade é que no fim das contas ele se tornara um cúmplice quando concordara guardar em segredo algo tão aterrador que o fazia querer estar no lugar de Glória.

Será que um dia seria a sua vez de ter que lidar com as consequências de seus atos?

Tinha medo...

E o medo o fez arrancar a folha da parede.

Antes de dobrar a folha e meter no bolso das calças, viu o que estava escrito na parte de trás.

Numa letra arredondada, até bonitinha, um nome estava escrito.

Um nome que ele nunca esquecera.

De facto o passado voltara, para assombrar todos aqueles que tinham a sua participação naquela noite horrorosa... há dez anos atrás.

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