Capítulo 6
Charlie
Ela estava estranha. Tinha chegado aqui e não respondeu a nenhuma das minhas provocações, nem mesmo piscou quando usei o apelido que dei para ela.
Agora não estava nem conseguindo me concentrar direito para fazer as pesquisas, passo a mão pelo rosto e tiro o computador do colo para me levantar.
-Vou pegar alguma coisa para beber, quer algo?- pergunto.
-Suco.- ela murmura concentrada.
Assinto distraído e saio do quarto, passo pelo corredor e vou até as escadas para descer rapidamente. Não aguentava mais ficar naquele quarto com aquele silêncio todo.
Entro na cozinha e pego dois copos, abro a geladeira e pego a caixa do suco de laranja nova que Adam comprou junto com as outras coisas.
-E aí?- Evie entra na cozinha.
-Oi.- sorrio.
-Ryan tá aqui?- pergunta.- Tentei ligar, mas ele não atendeu.
-O ensaio da banda ontem deu dor de cabeça.- explico.- Tá lá em cima.
-Ok.- ela olha para os copos.- Becca tá aqui?
-É.- assinto já sabendo que Ryan deve ter falado para ela.
-Boa sorte.- Evie dá tapinhas no meu ombro e desaparece.
Sorrio com raiva e pego os copos para logo subir as escadas de novo, entro no quarto e vejo ela na mesma posição e com a mesma cara de quando sai.
-Que foi? O papai não liberou o dinheiro para as unhas?- pergunto.
-Vai se ferrar, Charles.- ela fala com a voz rouca.
-Que bela resposta.- coloco o copo na frente dela.
Becca me encara e então pega o copo para tomar um gole, percebo que tem um vermelho na maçã no rosto dela. Sento na borda da cama e ela me encara com desconfiança.
-O que você tem?- pergunto.
-Nada.- ela dá outro gole no suco.- Podemos terminar logo isso?
-Como quiser.- me levanto e volto para o lugar.
Ela cruza as pernas em cima da cadeira e volta a fazer o trabalho, abaixo meus olhos para o computador e fecho o site depois de pegar o link antes de abrir outro.
Faço as coisas no automático, já fiz tantos trabalhos desse professor que já sei como ele gosta de tudo. É a mesma coisa que Becca está fazendo no dela, então vai ser fácil juntar.
-Só por curiosidade.- falo calmo.- O que você tem?
-Qual é o seu problema, Charles?- ela fala com raiva.
-É por que eu gosto de saber se você já tá mal o suficiente para só provocar de leve.- explico e ela me mostra o dedo do meio.
-Muito cavalheiro.- ela sorri.
-Quem te deu um tapa no rosto?- pergunto.- Foi em fuma briga com garotas ou transou com alguém que tinha namorada ou foi sua colega de quarto...
-Vai se foder, Charles.- ela bufa.
-Não sei por que está tão estressada.- mexo os ombros.- Você sempre tem tudo de mão beijada, o que o papai não quis dar?
Ela levanta e arregalo os olhos quando se aproxima tão rápido que tenho sorte de tirar os dedos do computador antes dela fechar com força e tirar do meu colo.
-Não fale coisas que você não sabe, Charles.- ela sussurra.- Eu não ganho tudo de mão beijada, é melhor rever a porra das suas ações.
-Quer dizer que a Mercedez lá fora foi você quem comprou sozinha?- levanto a sobrancelha.- Ou esses sapatos caros?
-Idiota.- ela se ergue e pega as coisas.
-Não acabamos.- me levanto.
-Acabamos.- ela começa a ir na direção da porta.
-Becca, vai demorar mais tempo para...
Paro tudo quando ela se encolhe quando vou tocar seu ombro, meus olhos observam os dela e então o vermelho no rosto dela, franzo as sobrancelhas e Becca parece perceber que eu percebi.
Ela engole em seco e então abre a porta do quarto para sair, seguro a borda da porta e respiro fundo percebendo que forcei a barra demais.
Ouço a porta da frente bater e passo a mão pelo rosto em frustração, fecho minha porta também e sento na cama me sentindo um grande idiota.
Olho para a escrivaninha e vejo que esqueceu alguma coisa, é como se fosse uma pulseira de fitas roxa e branca com alguns pingentes de bolinha.
Me levanto pegando a pulseira e vejo pela janela que ela já entrou no carro e se mandou, amanhã eu devolvo a pulseira para ela na aula.
🥁
Becca
Volto do banho e vejo Evie deitada de bruços na cama enquanto escreve algo, fecho a porta com cuidado e deixo as coisas de banho em cima da escrivaninha.
-Gina deixou para você.- ela aponta para o iPood azul escuro na minha cama.
-Ah, ok.- pego uma calcinha.- Ela passou aqui?
-Não, encontrei com ela no almoço e ela me deu já que estamos juntas.- Evie fala distraída.
-Entendi.- visto a calcinha por baixo do roupão.- Quer tomar um café qualquer dia desses?
-Claro.- ela levanta a cabeça e me encara com os olhos brilhando.- Tenho uns quarenta minutos antes da minha aula amanhã.
-Ótimo, você me diz o horário certo e eu te encontro naquela cafeteria no centro do campus, ok?- pergunto pegando o top atlético.
-Ok.- ela fica vermelha quando tiro o roupão.
Me viro para a parede e coloco ele antes de pegar a calça legging e uma blusa mais solta para fazer minha corrida. Preciso distrair um pouco a cabeça e esse é um bom momento para uma corrida.
Sento na cama e coloco os sapatos, olho para meus pulsos e percebo que minha pulseira não está comigo, arregalo os olhos e me levanto rapidamente.
-Merda.- pego o iPood e os fones.- Tchau, Evie.
-Tchau.
Abro a porta e fecho rapidamente antes de começar a correr pelo corredor, chego no início do prédio rapidamente e calculo o tempo que demora para a casa de Charlie.
Mexo nos cabelos os amarrando do jeito que dá e começo a correr pela calçada, preciso pegar essa pulseira logo. Nunca perdi ela e é a única coisa que minha mãe deixou para mim.
Controlo minha respiração e minha velocidade e vai escurecendo mais na medida que eu começo a me aproximar da casa de Charlie.
Vejo os carros na frente da garagem e subo as escadas para me apoiar na porta e apertar a campainha umas duas vezes antes de começar a recuperar meu fôlego.
A porta abre e vejo Adam, ele olha para mim da cabeça aos pés e engulo em seco sentindo minha boca seca, não consigo falar e ele abre espaço.
-Tudo bem?- ele pergunta.
-Tudo.- assinto seguindo ele até a cozinha.- Deixei uma coisa aqui.
-Claro, por que você está fazendo um trabalho com Charlie.- ele pega uma garrafa e joga para mim.
-É mais ou menos isso.- bebo tudo de uma vez.- Ele tá aqui?
-Tá lá em cima, mas tá dormindo.- explica.
-Você pode subir e pegar?- pergunto.
-Eu não, Charlie fica irritado quando acordamos ele.- ele balança a cabeça.- Vai você.
-Que corajoso.- murmuro saindo da cozinha.
Subo as escadas em silêncio e vou até a porta do quarto de Charlie, abro lentamente e entro pela brecha que consegui fazer.
Olho pelo quarto e vejo a pulseira em cima da escrivaninha, mordo o lábio e pego ela me sentindo melhor, consigo colocar ela no pulso e me viro para ir.
Tropeço em alguma coisa e caio na cama, Charlie solta um ruído de dor e apoio minhas mãos onde tem os travesseiros para levantar a cabeça e o encarar.
-Becca?- ele parece surpreso.
-Bosta.- sussurro tentando me levantar.
-Espera.- ele fala rápido.- Espera, porra...Ai!
Ele senta rapidamente e caio sentada no colo dele, minhas mãos vão para os ombros nus dele e vejo a careta de dor dele quando percebo que bati meu joelho em seu pau.
-Desculpa.- falo baixo.
-O que você tá fazendo aqui?- ele não me olha.
-Eu vim pegar minha pulseira.- mostro o pulso e ele observa.
-E você pretendia cair em mim antes ou depois?- ele fala irritado.
-Ah, seu imbecil.- começo a me levantar.
-Eu sou o imbecil por ser acordado e ainda ter que levar uma joelhada no pau?- pergunta.
-É.- ajeito minha legging.- Foi sem querer e você vem falando merda.
-Claro.- ele levanta pegando uma camisa.- Quem deixou você entrar?
-O fantasma da casa.- abro a porta do quarto dele e começo a ir.
-Ele fica de férias nas sextas.- Charlie me segue.
-Ele abriu uma excessão para mim.- desço as escadas.
-Ah, você deve ter sido muito gentil.- ele fala sarcástico.
Reviro os olhos e abro a porta colidindo com alguém, Taylor me segura pelos quadris para eu não cair e sorri para mim, só aceitam caras bonitos nessa casa?
-Oi...
-Para com isso.- Charlie afasta ele de mim.
-Ah, você não deixa nada, Char.- Taylor faz bico.
-Ela vai sugar sua vida.- ele explica e sorrio.
-E depois usar seu sangue para me tornar jovem e bonita para sempre.- completo.
-Caralho.- Taylor ri.- Vocês usaram minha maconha?
-Cai fora!- Charlie o empurra para dentro.- Cade o seu carro, princesa?- ele usa o apelido idiota que me deu.
-Eu vim correndo.- desço as escadas.
-Não quer carona?- pergunta da porta.
-Não precisa se preocupar.- viro para ele.- Tem muitos doidos na rua, se ouvirem suas orações talvez eu seja sequestrada.
-Engraçada.- ele sorri mexendo a cabeça.- Vou mandar uma mensagem e se não responder em duas horas, eu ligo pra polícia.
-Que seja.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro