LOST NARRANDO

   Era um labirinto sombrio, as folhas secas embaixo dos meus pés estalavam conforme eu corria para achar a saída, gritos e uivos eram ouvidos atrás de mim.

    
Paro abruptamente quase caindo em cima do corpo ensanguentado do meu irmão, aquele cujo morreu num engavetamento causado por mim a uns dois anos atrás. Se eu não tivesse saído dirigindo bêbada..

Lost: Sammy!!! --- chamei, mas era óbvio que ele não me escutou por não estar mais aqui.
     
Vozes entraram na minha mente, fantasmas abomináveis errantes que me faziam querer morrer.
   
"Culpa sua" 

"Ele morreu por você"

  "Deveria estar no lugar dele"

"covarde"

"assassina" 

 
   Me afastei rapidamente, era demais pra mim, porém um buraco abriu no chão fazendo meu corpo cair no vácuo.
   
  Imagens de meus pais felizes com meu irmão, e depois da súbita mudança.

O mar de sangue veio a tona no meu corpo me fazendo sufocar, porém passou logo e eu tossi tentando trazer oxigênio a meus pulmões.
   
Lâminas se prenderam ao meu corpo cortando minha pele e penetrando nela.
   
  Mas então tudo sumiu, um baque veio quando encontrei o chão. Levantei tonta e com extrema dor, a minha esquerda estava uma menininha de costas, exatamente parecida comigo.

Lost: hey menina?

    Ela se vira, estava toda cortada coberta de sangue e fazendo mais cicatrizes com a faca na mão.

???: Isso dói..mas alivia, agora entendo porque você faz..As lâminas são nossas únicas amigas, volte para elas Lost, ninguém vai te ouvir gritar mesmo..só elas entendem...

Lost: Não são minha amigas, são minha válvula de escape. E eu estou começando a odiar isso.
   
Ela pula em mim cortando meu rosto e rindo diabolicamente.
 
   Então o chão se abre novamente e eu caio por sob um céu azul arroxeado, logo abaixo de mim estão espinhos pontudos.
   
  Assim que meu corpo se encontra a eles sinto uma dor aguda e vejo todos os meus membros perfurados.
   
  Acordo rapidamente e me pego segurando um pedaço de vidro coberto com meu líquido ferroso, meus pulsos estavam totalmente rasgados e uma poça de sangue estava sob meus pés, logo abaixo haviam cacos da janela quebrada, essa que não me lembro de ter quebrado.

Jovem: Ai meu Deus! --- Diz a ruiva vindo até mim --- O que você fez?

Lost: Eu não fiz nada. --- Olhei para o sangue escorrendo do corte fundo.
    
Logo ela retirou o objeto e deu pontos no meu pulso. Após isso eu fui mandada para casa novamente, desta vez sem o Jorge.
       
    Minha mãe estava isolada no quarto assim que cheguei, eu nem liguei, fui até o armário e vasculhei a procura de algo forte para beber, mas eis que um barulho na porta me fez estremecer.
   
  Peguei uma faca e fui olhar pela persiana, mas o alarme apitou me fazendo pular. A porta da frente foi aberta, mas por quem?
     
Segurei firme a faca e corri até la para olhar. Contudo o telefone tocou, peguei ele e vi que estranhamente era o número do meu celular. Atendi:

Ligação ON

Lost: Quem é?

Toby: Se esqueceu de mim? Era de esperar de uma fraca suicida, que apenas se importa com ela mesma.

Lost: Eu não sei o que você que de mim..mas...Me deixa em paz!

Toby: Não, esse joguinho está mais interessante. Me diga, você tem medo de escuro?

   Ele gargalha e toda a energia da casa apaga me deixando na completa escuridão. Então ouso passos correndo bem perto de mim, movimentei a faca, mas não tinha nada.

Lost: O que você quer de mim?

Toby: Quero sua vida! Seus gritos quando meu machado estiver entrando na sua cabeça.

Lost: Você acha mesmo que eu vou gritar? Eu não tenho medo da morte, ela é a única certeza que temos.

Toby: Mas que belas palavras, elas irão ficar ótimas na sua lápide. --- Então a ligação cai

LIGAÇÃO OFF
    
  Algo me joga no chão e corta minha perna, grito de dor acertando minha faca na coxa dele.

Toby: Sua mãe foi mais fácil de morrer. --- Rosna --- Pra uma suicida até que você gosta de viver.

Lost: Não é que eu queira, a morte ainda não me notou. --- Levanto rapidamente, mas tropeço no centro de sala.

Toby: Não adianta fugir dos seus medos. Você esta sozinha aqui --- Ele se levanta e me prende no chão com o pé

Lost: Ninguém nunca está sozinho de verdade, não quando se tem demônios na mente.

Toby: Acha que seus demônios são perversos, podes crer que os meus são mais.

Lost: Não Toby, a verdade é que você cria eles, alimenta com seus medos e frustrações, você faz eles ficarem horríveis e decide se tomam conta de você ou não.

Toby: Acha que sua filosofia vai te salvar?   Você só está falando coisas que não me interessam.
 
  Meu corpo tremia e meu sangue gelou,  eu queria morrer, sim, mas não por alguém que parece tão perdido e magoado quanto eu.

Lost: Pode não interessar, mas no fundo você sente algo, e isso o faz não querer me matar ainda.

   Sou pega pela gola e suspensa no ar, ele parecia tão fraco por não ter muitos músculos, mas agora vejo que estava errada.

Toby: Não pense que pode ler através de mim com esses belos olhinhos azuis. Você não me conhece, e não vai querer conhecer.

Lost: A única coisa que eu sei é que ninguém vira um monstro do nada, e você teve um lado bom, e com certeza ainda tem.
 
  Ele me joga na parede e me prende.

Toby: Não eu não tenho, e se tivesse ele estaria mais perdido que você! Não vá achando que pode me ajudar, porque não pode.

Lost:  Todos nós queremos ajuda, só não sabemos como pedir.

    Ele enfia o machado no meu ombro me fazendo berrar de dor.

Toby: Isso é o que eu quero ouvir da sua boquinha linda. Uma garota tão quebrada, que usa as lâminas e palavras bonitas para esconder sua dor, não conseguirá ajudar ninguém que precisasse, porque gente como você é egoísta.

    As palavras dele doem mais que o machado, lágrimas caem dos meus olhos nesse momento.

Lost: Não somos egoístas, só não sabemos como lidar com tudo isso que sentimos.

Toby: Então aprenda a lidar antes de pensar em querer me ajudar.
   
Sinto uma dor forte, logo depois minha visão vai escurecendo enquanto sinto a mão dele nos meus cabelos.