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O vento soprava frenético bagunçando os cabelos negros da pequena, seu olhar confuso dizia claramente não saber onde residia atualmente. Tudo ali era sombrio, nuvens escuras preenchiam o céu profundo, pétalas caiam perdendo a cor até chegar ao chão em forma de cinzas ainda mornas, tudo ali deixavam Lost mais apreensiva.

Seus pés descalços tocavam o chão maculado fazendo o solar doer um pouco, ela se perguntava o que fazia ali, e onde "ali" era. Parecia a terra de seus pesadelos, um lugar onde os sonhos eram escassos, os monstros vaganando livremente pelas ruas com seus sorrisos de empatia.

Por vezes Lost desejou morrer, mas agora não sabia se isso fora o certo a se pedir em tantos anos.

O cheiro pútrido misturado ao frescor de rosas era nauseante, porém não poderia ter tal flor plantado naquele solo infértil. A solidão era demasiadamente inevitável e junto dela a decepção por não ter salvo ele...
Aquela figura que não conseguia se lembrar, só sentir o peso no peito da perda de algo grande.

Então ela olhou grunidos vindo de um dos prédios e ao fazer desejou ser cega.

Pois ali se viam criaturas sedentas por sua pele, ao constatar não ter suas facas, então ela correu até não poder mais, se escondeu atrás de um dos carros em ruínas e ficou ali.

Vozes começaram a cochichar em seu ouvido trazendo mais dúvidas a ela.

💭Ele precisa de você..💭

Quem precisa?¿

💭Saudade..💭

De quem?¿

💭Angústia..💭

Por quem?¿

💭Lágrimas..💭

Pelo que choro?¿

Vários sussurros irritantes rondavam sua mente, mas nada dela se lembrar, mesmo forçando não conseguia. Então desistiu perante o cansaço e a dor nos pés feitas pelas cinzas.

Uma mágoa mal disfarçada fez parecer em sua face pálida, aproveitando a ausência de pessoas para explodir em lágrimas, essas as quais não sabia porquê deachos estava as derrubando, simplesmente queria chorar na tentativa de aliviar a dor que cada vez aumentava no peito.

- Lost.. --- Uma voz masculina ao longe chamou

Rapidamente limpou o rosto num solavanco, procurou ao redor de onde poderia vir aquela voz, sendo que só silhuetas deformadas e humanoides passavam se arrastando.

Um rapaz ao longe prendeu sua atenção, mas quem seria ele?¿ Sem pensar suas pernas começaram a correr na direção dele.

O sentimento desconhecido tomou conta de seu corpo, talvez saudade? Quem sabe. Embora correndo Lost não conseguia alcançar o tal rapaz, algo a impedia, e foi então que mãos másculas seguraram em sua cintura e uma vez que parou de correr, aquele rapaz atualmente desconhecido sumiu em cinzas também.

A pequena olhou surpresa para a figura alta em sua frente.

Lost: Sammy? --- sua voz saiu rouca

Sammy: Você demorou minha menina --- Sorriu ele charmosamente.

Lost: Demorei? Mas onde caralhos estou? --- Indagou sem floreios

Sammy: Como assim onde? Na rua da nossa casa! Anda, vem que já está ficando tarde. --- Respondeu a puxando

Lost não estava entendendo nada, mas sabia que aquilo não poderia ser real, afinal seu irmão morto estava bem na sua frente.

Lost: Ah que ótimo, eu morri então? --- Pergunta irônica

Ele riu como se ela tivesse contado a maior piada do mundo.

Sammy: Não sua tolinha --- Tocou a ponta do nariz dela --- Você está entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Lost: Então estou na fronteira? --- Suspirou pesadamente.

Ao chegarem na tal casa, Sammy abriu a porta e pareceu que o mundo todo mudou, Lost se admirou com as coisas idênticas da sua casa quando mais nova, pela janela podia ver que tudo mudou, agora não eram mais prédios em ruínas, e sim o bairro em que morou.

Lost: Sammy. Preciso voltar. --- Respondeu com veemência indo até a cozinha.

Ivna: Voltar? --- Se espantou a mãe com uma voz suave --- Mas você acabou de chegar. --- Um sorriso doce pintou seus lábios rosados

Lost quis chorar, fazia muito tempo desde que via sua mãe sorrir daquele jeito.

Ivna: Vamos, sente e come, fiz o seu favorito --- Guiou a filha com delicadeza até a mesa farta de tudo o que gostava.

Aos poucos aquele sentimento de saudade foi sumindo, ela estava feliz com aquela família, até voltou a sorrir, coisa que não fazia a muito tempo.

Lost: Mãe como você está? --- Questionou com um olhar analítico

Inva: Como assim? Eu estou muito bem. --- Ri fazendo o prato da filha --- Fiz torta de brigadeiro pra sobremesa.

Lost: Parece deliciosa --- Sorri comendo, suas papilas gustativas dançavam com a gostosura que sentia, parecia que não tinha comido a semanas, anos.

Lia: Hey mana, você pode me ajudar com as roupas?

Sammy: Não! Ela vai jogar vídeo game comigo. --- Faz bico

Ivna: Calados! A irmã de vocês acabou de chegar, precisa descansar.

Pela primeira vez ela estava se sentindo em casa, com uma mãe amorosa e irmãos que a notavam, Lost estava feliz, mas porque então ela sentia que faltava algo?

O almoço acabou e eles foram se divertir até a noite, sempre com jogos que Lost gostava, farra de filmes, festas e danças pela casa. Tudo estava perfeito. Então ambos se jogaram no sofá rindo até chorar.

Ivna: Então filha, pretende ficar não é? --- Perguntou com expectativa na voz

Lia: Siiim devia ficar com a gente! Podemos paquerar os garotos.

Sammy: Epaa olha la! Vamos para várias festas!

Lost: Ficar? --- Para a pequena aquela ficha não tinha caído.

Ivna: Como você está na fronteira, tem o direito de ficar ou de voltar.

Sammy: Devia ficar, aqui haverá pessoas que te amam, alegria e tudo o que quiser.

Lost: Tudo o que eu quiser..? --- Sussurrou insegura --- Isso parece bom demais pra ser verdade. Qual a porra da pegadinha?

Ambos olharam pra ela confusos e tristes pela forma com a qual falou.

Ivna: Ela que tem que resolver agora, por hora vamos aproveitar nossa menina aqui! --- Diz mudando o clima da conversa

Uma música começou a tocar no rádio e a mãe a puxou para dançar.

Lost: Ai meu Deus!!! É Bad Blood da Taylor!!

Ivna/Lia/Sammy: VAMOS DANÇAR!!

Enquanto Lost se deixava levar, mesmo que ainda receosa, pela família que sempre quis ter, mal sabia ela que tudo aquilo causaria sua oficial morte iminente.

TOBY NARRANDO

Ainda com os curativos sobre meu corpo, caminhei mancando e adentrei na sala onde vi aquela abobalhada deitada numa maca.

Slender: Não devia estar aqui. --- Indaga acariciando os cabelos de Lost

Merda! Tire suas mãos dela!!!!

Toby: Essa deveria ser a minha fala. --- Tento manter o som sério e calmo, porém elevo um pouco a voz diante a cena.

Slender apenas sorri em deboche e coça o queixo

Slender: Não se apegue demais a ela.

Toby: O que quer dizer?

O albino passa por mim com as mãos nos bolsos, para a centímetros distante.

Slender: Digamos que ela está bastante distante.

Agarro o ombro dele assim que tenta sair pela porta.

Toby: Ela morreu? --- Torci constantemente para que ainda houvesse esperança.

Espera o que eu estava dizendo? Eu quero mesmo que ela viva?

Merda!

Para onde você foi, Lost?

Por que você mexe tanto comigo garota tonta? O QUE EU DISSEEE?? APAGUEM ISSO!!

Slender: *ri* Olha so mais que situação. Nunca pensei que se importante com os humanos. --- ironiza

Toby: Ela é..diferente.

Mais de diabos!!!

Slender: Um aviso, a esperança para nós não existe. Não seja imprudente garoto, você já foi melhor. --- Diz ele em tom imponente

Toby: As vezes precismos nos arriscar para saber dar valor ao que perdemos. Lost me ensinou isso.

Slender me olha em contragosto

Slender: Suspira pesadamente antes de falar - Aparentemente o corpo dela está aqui, porém a alma não. Está lutando contra o inevitável.

Toby: Engraçado você me dar conselhos, porque eu não estou nem ai pra eles! De agora em diante eu digo o que fazer, eu tomo controle da minha vida! --- Rebato com ferocidade

Um apito insuportável toma conta da minha mente me fazendo gritar e se ajoelhar no chão.

Slender: Não ache que pode se livrar de mim tão fácil. Ponha uma coisa nessa sua cabeça, sua mente me pertence assim como seu corpo, e a menos que você morra, nunca estará livre de mim. --- Rebate com a face seria enquanto diminui o apito gradativamente.

Toby: Me diga onde ela está! --- Ordeno em veemência com a respiração ofegante.

Ele passa a mão nervosamente nos cabelos brancos.

Slender: Em uma das muitas coleções do Offender. --- Responde por fim.