Momo On

Eu e Lisa estávamos dentro da empresa do papai, como somos filhas do dono, não precisávamos esperar a boa vontade dele de autorizar a entrada. Pegamos o elevador e fomos para o último andar onde se encontrava o escritório dele.

Assim que chegamos, a secretária ligou para o seu escritório para avisá-lo que estávamos aqui e que o assunto era importante. Quando ele finalmente autorizou nossa entrada, entramos em sua sala e trancamos a porta.

- O que fazem aqui? Aconteceu alguma coisa? - Eu não disse nada, apenas segui até ele e sem pensar duas vezes, dei um soco em seu rosto, fazendo o homem cair com tudo pra trás e sua cadeira ir de encontro com ele - O que é isso?? - Ele disse me olhando furioso.

Lisa estava do outro lado da sala, destruindo cada canto daquele escritório, seus documentos estavam sendo rasgados, seus quadros quebrados, seus ternos cortados. Ela estava com sangue nos olhos.

- LALISA, PARE COM ISSO AGORA - Quando ele iria se levantar, dei outro soco em seu rosto o fazendo cair novamente no chão - O QUE ESTÃO FAZENDO?

- QUANDO PRETENDIA NOS CONTAR? - Ela disse vindo em nossa direção.

- Do que está falando, sua louca? - Quando ele se levantou, ele me olhou imediatamente, pronto para me atacar e esmurrar a minha cara.

- SOBRE A MERDA QUE VOCÊ FEZ COM DAHYUN. DAYEON É TEU FILHO E VOCÊ JOGOU PRA MIM CUIDAR DELE, ASSIM COMO TENTOU FAZER COM O BEBÊ QUE DAHYUN ESTÁ ESPERANDO.

- Ela contou pra vocês? Aquela vagabunda, EU DEI TUDO DO BOM E DO MELHOR PRA ELA E AQUELA INGRATA CONTOU.

- FOI O CHANYEOL QUE CONTOU A VERDADE, ELE DISSE TUDO, TUDO. VOCÊ ESTUPROU ELA VÁRIAS VEZES, SEU CRETINO.

- Ela é mulher, ela nasceu pra servir as necessidades de nós homens - Peguei seu computador e joguei no chão com toda minha força, o aparelho quebrou e espalhou peça por peça por toda parte da sala - MOMO - O homem fechou seu punho e socou meu olho com toda força me fazendo virar o rosto com tudo para o lado. Não obtive nenhuma reação no momento, apenas virei meu rosto e olhei para o homem com todo ódio que eu sentia.

- VAI SE FUDER, EU VOU MATAR VOCÊ - Me joguei nele e caímos juntos no chão, fiquei por cima, então eu tinha mais vantagem - O CHANYEOL SAIU IMUNE, MAS VOCÊ NÃO VAI SAIR.

Comecei a direcionar vários socos em seu rosto, eu não estava ligando para mais nada, não estava ligando que ele era meu pai, não ligava que ele tinha o mesmo sangue que eu. Eu só queria matá-lo com minhas próprias mãos.

Lisa não ficou por trás, ela me ajudou dando chutes em seu corpo e batendo nele com o telefone do escritório. Sim, ela é maluca.

Papai estava completamente roxo e todo ensanguentado, ele já estava velho, eu só o ataquei porque tinha certeza que ele não tinha forças suficiente para me deter.

Eu luto boxe, tenho o corpo definido, meu pai é apenas um velho rico com uma barriga de whisky.

Assim que olhei para o homem completamente destruído e sem força alguma, me levantei e fiquei olhando para ele.

- Você merece muito mais que isso - Me ajoelhei em sua frente e agarrei a argola de seu palitó com as duas mãos, o puxei com tudo fazendo nossos rosto se aproximarem - Eu vou falir essa empresa e fazer uma nova com o meu próprio suor, enquanto você vai apodrecer na cadeia e virar mulherzinha naquele lugar.

- Eu...eu vou te...eu...

- Você não vai nada, a polícia já está a caminho - Lisa se aproximou mais de papai e sorriu largo - Temos provas o suficiente que você é o culpado, conseguimos as gravações de seguranças daqui desse lugar e mandamos para a policia. Aproveite enquanto pode, papai - A loira disse rindo e pisou no estômago do meu pai com seus saltos vermelhos e bem pontudos.

- Filha...da puta - Ele tossiu algumas vezes antes de olhar Lisa - Você está grandinha demais para continuar mentindo - Ele riu sem vontade- Você não é, e nunca será minha filha, Lalisa - Ele apontou para sua gaveta, Lisa foi até lá e abriu vendo que ali havia vários papéis - Aí está a prova de que você não é minha filha.

Após olhar para vários papéis, a loira pegou uma folha e começou a ler. Sua expressão havia mudado, seus olhos estavam arregalados e suas mãos trêmulas.

- O que diz aí, Lisa? - Me levantei olhando para ela esperando alguma resposta. Até que ela se virou pra mim e me olhou assustada - Lili...

- Eu...eu...- Os olhos dela começaram a ficar vermelhos igualmente seu nariz - Eu não sou a filha dele...ele...ele não é meu pai, Momo - O homem começou a rir baixinho enquanto via nós duas surpresas.

- Me dá isso aqui - Peguei o papel de sua mão e comecei a ler.

No documento mostrava o nome e uma foto de Lisa criança registrado como  "Lalisa Manobal", e do lado o nome e a foto da mamãe como "Yoona Manobal".

- Manobal... Manobal? Por que o nome da mamãe está Yoona Manobal e não Hirai Yoona? Que porra é essa?

- Tem outro documento que responde a sua pergunta - Lisa voltou sua atenção nos papéis até achar a resposta para aquilo. Assim que ela achou, começamos a ler juntas.

A verdade era que, papai havia registrado Lisa como sua filha assim que ela completou um ano. Lisa era apenas uma criança, ela não lembrava que papai apareceu em sua vida bem depois do seu nascimento.

- Registrei Lisa porque engravidei sua mãe, sua mãe estava grávida de você. Seu avô havia me obrigado a casar com sua mãe assim que ele descobriu a gravidez, ele também me obrigou a registrar Lisa como minha filha, mas pra isso, obriguei sua mãe a mudar o nome dela e o seu sobrenome.

- Por isso que...você nunca fez questão de me amar.

- Eu nunca liguei pra você pelo fato de você ser mulher. Momo não é diferente, eu só não tratei ela igual eu trato você, porque ela nasceu com um pau, não tem como ela virar uma putinha para os homens.

- FILHO DA PUTA, VOCÊ NÃO SABE COMO EU ME SENTIA HORRÍVEL EM SABER QUE VOCÊ ME AMAVA MAIS DO QUE AMA LISA.

- Eu não amo a Lisa, ela é apenas uma filha que eu nunca quis ter e que registrei obrigadamente.

- Muitos dizem que é horrível não ter um pai, mas sabe o que é mais horrível que isso? É ter um pai e ele ser tão ausente que nunca poderei contar com ele pra nada. Era pra você ser meu herói, papai, assim como todos os pais perfeitos são. Mas você foi o primeiro homem que me decepcionou.

- Não venha com essa baboseira, Lalisa. Você está sendo dramática igual a sua mãe. Eu sempre te dei coisas que você precisava, eu não te dava amor, mas eu te dei comida, te dei lar, TE DEI
ROUPAS E CARROS MESMO VOCÊ NÃO SENDO MINHA FILHA.

- MAS VOCÊ ME MALTRATAVA, VOCÊ NÃO ME DAVA AMOR. UMA FILHA NÃO DEVERIA IMPLORAR AMOR PARA O SEU PAI.

- EU NÃO SOU SEU PAI.

- Eu estou conseguindo conquistar tudo sem você, papai. E estou conseguindo conquistar tudo pela mamãe - Lisa virou as costas e secou as lágrimas que haviam descido enquanto discutia com o homem que continuava jogado no chão - A polícia já está aqui - Ela disse assim que olhou para a janela, vendo várias viaturas em frente a empresa - Vamos, Momo - E assim, Lisa saiu do escritório, deixando apenas eu e ele.

- Você merecia algo pior, a cadeia ainda é um lugar tranquilo. Você deveria morrer na cadeira elétrica - Fechei meu punho com força e me virei de costas para ele, pronta para ir embora com a loira - Você prejudicou a vida da minha irmã, você não sabe o quão doloroso foi todos esses anos, vendo Lisa olhando para a janela até o dia cair esperando por você, ela implorava para você parar de ser aquele pai ausente que você sempre foi. Você escolheu a sua felicidade, e decidiu que nós três não iríamos fizer parte disso. Prometo que nunca irei te visitar, papai. Prometo que não estarei no seu funeral - Então, com essas últimas palavras, decidi seguir o meu rumo junto com Lisa.

(...)

Nayeon On

Assim que cheguei ao hospital, fiz vários exames e tomei a pílula do dia seguinte, para que não engravidasse daquele delinquente.

O doutor havia dito que os resultados dos exames sairiam daqui há 12 horas e que eu precisava descansar nesse período de tempo.

Eu ainda estava nervosa com o acontecido, Jennie havia me explicado tudo assim que eu acordei na cama do hospital. Mamãe estava bem, mas ela precisaria ficar mais dois dias de repouso por conta da falta de açúcar no sangue.

Não via Momo desde quando aquilo aconteceu, e já se faziam 18 horas desde a última vez. Contei toda aquela situação para mamãe e ela me deu vários conselhos, eu pretendia seguir todos, mas eu precisava de um tempo só pra mim.

- Irei ficar com a tia Im, tudo bem? - Assenti e recebi um beijinho na testa - Eu te amo, tome cuidado - E assim, Jennie não se encontrava mais aqui.

Decidir ir para casa a pé, não queria gastar minhas economias com o uber, já que minha casa não é assim tão longe do hospital.

Infelizmente começou a chover no meio do caminho, a chuva era forte e provavelmente passageira. Mas isso não me fez desistir de ir a pé para casa. Agora eu me encontrava na chuva, em uma rua escura e completamente vazia, apenas passavam carros em alta velocidade e pessoas correndo da chuva.

Abaixei minha cabeça e me permitir chorar, as lágrimas desciam pelo meu rosto junto com as gotas da chuva. Eu estava tremendo de frio, eu estava de braços cruzados para tentar me aquecer, mas nada ajudava.

- NAYEON - Arregalei os olhos e parei de andar assim que ouvi a voz daquela mulher. Me virei lentamente até que a encontrei no meio da rua em plena tempestade, completamente molhada, segurando um buquê de flores e com uma expressão preocupada.

Momo estava vindo em minha direção, mas ela parou assim que eu dei sinal para que ela parasse.

- O QUE VOCÊ QUER COMIGO? - Gritei para que ela escutasse. O barulho da chuva e dos carros eram altos e era complicado de ouvir.

- EU ESTAVA INDO AO HOSPITAL PARA TE VISITAR, O QUE FAZ AQUI?

- ESTOU INDO PRA CASA, MOMO. ME DEIXE EM PAZ - Vi o seu olhar afundar, seu buquê completamente molhado igualmente ao seu terno preto.

- QU QUERIA DIZER UMA COISA PRA VOCÊ. QUERIA DIZER O QUE SINTO.

- MOMO, POR FAVOR. ESTÁ CHOVENDO, VÁ EMBORA - Disse me virando de costas para ela. Eu sei que ela fez aquilo tudo por causa de Chanyeol. Mas ela deveria ter me dito tudo, ela deveria ter confiado em mim, ela deveria ter fingido que me magoou. Se ela tivesse me contado, iríamos criar um plano para desmascará-lo, a gente não estaria nessa situação se ela não tivesse mentido.

- EU SINTO SUA FALTA, TODOS OS DIAS - Assim que me virei para ela novamente, nossos olhos se encontraram pela primeira vez naquele dia. Seus olhos brilharam, um sorriso triste se formou, me dando um aperto no peito - EU NUNCA VOU PARAR DE SENTIR SUA FALTA. EU TE AMO, NAYEON. EU TE AMO 24 HORAS POR SEGUNDO. EU SOU FELIZ PRA CARALHO POR VOCÊ EXISTIR - Momo abriu os braços e fechou os olhos sentindo a chuva cair em seu rosto - EU ESTOU COMPLETAMENTE APAIXONADA POR VOCÊ, E POR TODOS OS SEUS PEQUENOS DETALHES.

Assim que ela voltou a me olhar, não pude conter o sorriso que se formou em meus lábios. Ela sorriu, assim que viu minha felicidade.

- VOCÊ TAMBÉM ESTÁ APAIXONADA POR MIM, IM NAYEON? - Sua voz era de alegria, e o seu sorriso contagioso me fez sentir felicidade.

- É DIFÍCIL NÃO SE APAIXONAR POR VOCÊ, HIRAI MOMO - Assim que terminei minha frase, Momo veio correndo em minha direção, ela correu como se não tivesse fim.

Quando Momo já estava perto o suficiente, ela me abraçou com toda sua força, demonstrando saudade com seu toque físico. Ficamos abraçadas por exatamente dois minutos, até que Momo se distanciou. Ela pegou em minha cintura e me beijou. Aquele beijo tinha tudo, saudade, perdão, angústia, medo e entre outras coisas. Mas o que aquele beijo mais transmitia era amor.

- Eu penso tanto em você, isso me deixa louca - A mulher sussurrou em minha boca me fazendo sorrir.

- Você é a pessoa que eu nunca mais quero perder - Então nos beijamos mais uma vez.

O beijo molhado por conta da chuva me causou borboletas no estômago.

As minhas borboletas na barriga não estão mais mortas, elas ressuscitaram, elas estão vivas novamente graças a ela.