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06 - LUTO E VINGANÇA




PELOS MESES QUE SE SEGUIRAM, Oberyn e Lyanna estabeleceram uma espécie de rotina e boa convivência. Ele não a tocava sem permissão, não insinuava nada a respeito da vida sexual e permitiu que ela tivesse o espaço que precisava para lidar com o luto. Não esperou que ela ficasse encantada com a paisagem e a arte de Dorne e não tentou consolá-la com palavras. O que o Príncipe fazia era aceitar o silêncio de Lyanna, se juntava com ela aos treinos da manhã e do fim de tarde quando a ensinava alguns macetes que combate que ele conhecia e, por fim, compartilhava com ela as notícias e as estratégias que estudavam a respeito do seu irmão Robb.

Para Lyanna mais difíceis eram as noites quando ela custava a dormir ou tinha pesadelos constantes. Seus sonhos voltaram a ocorrer com maior frequência e intensidade. Por muitas vezes sonhava ser uma loba que foi deixada em uma ampla jaula. Podia sentir o aroma de petricor, carne fresca e algo que a lembrava do Norte. A paisagem era de uma densa floresta e por vezes a angústia subia-lhe pelo peito a fazendo uivar, seu lamento ecoava pela floresta.

— Vai ser impossível chegar no Norte com esse lobo selvagem. — Ela ouviu um homem murmurar, ele atravessou seu campo de visão parando a uma distância segura das jaulas enquanto a observava.

— Vamos torcer para ninguém sair das estradas principais e nos encontrar. Vamos continuar cobrindo os nossos rastros. Não precisamos ir muito ao Norte, somente encontrar Robb Stark e deixar que ele se vire com o lobo. — Respondeu uma segunda voz masculina.

Em sonhos assim ela possuía emoções primordiais, cruas e impetuosas. Queria se libertar da jaula e despedaçar aqueles homens, queria correr pela floresta e uivar até encontrar o restante da sua matilha. Queria caçar nas terras distantes e frias do Norte onde reconheceria cada pedaço do chão que percorresse. Sentia a violenta necessidade de voltar para casa.

E então acordou arfando, abriu os olhos sentindo o ar preencher os seus pulmões e passou a reconhecer o seu quarto em Dorne. Aos poucos tomou consciência do abraço de Oberyn fazendo seu corpo relaxar, escutou a respiração serena dele e aquilo a acalmou até que fechou os olhos e voltou a descansar.

Em uma das manhãs embaixo do sol escaldante de Dorne, Oberyn observava Lyanna com a mesma intensidade que reservava para seus oponentes na arena. Havia algo de indomável nela, algo que ele reconhecia e respeitava. Nos meses que se seguiram à chegada dela a Dorne, ele havia aprendido a se aproximar de forma cuidadosa, sem pressioná-la. Seus treinos matinais e vespertinos se tornaram uma espécie de ritual entre eles, onde as palavras eram poucas, mas a comunicação acontecia nos olhares, nos movimentos e nas pausas silenciosas entre uma lição e outra.

E se aprende muito sobre o inimigo apenas o observando. Oberyn aprendeu que o mesmo poderia ser aplicado a uma esposa.

Ele não precisava que Lyanna falasse sobre seus pesadelos para saber que eles a atormentavam. Oberyn também conhecia o peso dos sonhos ruins, a sensação de ser arrastado para um abismo de memórias e de lutos não resolvidos. Ele tinha seus próprios demônios, é claro, mas aprendeu a domá-los com o tempo, a moldá-los para se tornarem parte de sua força. Ainda assim, ele sabia que não poderia oferecer essa solução para Lyanna. Ela precisaria encontrar seu próprio caminho, ou, como parecia ser o caso, de volta ao frio e distante Norte.

— Você luta como se tivesse algo a provar, mas também como se estivesse se contendo de alguma forma. — Comentou Oberyn um dia, após um momento de treino intenso. Ele viu a raiva arder e se apagar por um instante nos olhos de Lyanna antes de ela a esconder, recuando um passo e tentando recompor sua postura. — Não estou te criticando. Apenas observando.

— E o que você vê? — Ela perguntou, a voz dura como aço.

Oberyn sorriu de lado, um sorriso que raramente mostrava, um que carregava mais dor do que charme.

— Vejo uma loba presa em uma jaula. — Ele disse, as palavras suaves, porém sinceras. — E vejo que, em algum momento, essa loba vai precisar escolher entre se libertar da jaula ou se vai permitir que a jaula quebre o seu espírito.

Lyanna desviou o olhar, seus olhos escuros fixos em algo distante, para além das muralhas de Dorne, além dos desertos e das montanhas. Oberyn sabia que ela estava pensando no Norte, em sua casa, em sua família. Ele podia sentir a distância entre eles crescer naquele momento, um abismo coberto de neve e gelo. Mas ao invés de insistir, ele apenas se aproximou e tocou-lhe o rosto.

— Quando estiver pronta, estarei ao seu lado, seja para quebrar a jaula ou para enfrentar o que quer que esteja do outro lado dela. — Ele afirmou com a voz baixa, quase um sussurro.

Nos dias seguintes, a rotina entre eles prosseguiu. Mas havia algo diferente no ar, uma tensão nova, uma promessa não dita. Oberyn percebia os olhares furtivos de Lyanna, as perguntas que ela não fazia, as respostas que ele não oferecia. Eles estavam se movendo em direção a algo inevitável, mas nenhum dos dois sabia ao certo o que seria. Talvez fosse uma explosão de emoções, um confronto de forças, ou talvez algo mais profundo e inesperado.

Oberyn não podia negar que sentia algo crescer dentro de si, algo que não experimentava há muito tempo. Ele estava acostumado a viver no limite, a flertar com o perigo, mas havia uma vulnerabilidade em sua relação com Lyanna que o deixava inquieto. Ela era uma tempestade, uma força da natureza que poderia tanto curá-lo quanto destruí-lo, e isso o atraía mais do que ele gostaria de admitir. Conhecer e estar em contato com o que atormentava a alma de ambos era em parte se reconhecer nos olhos um do outro, mas também passar a perceber que o afeto crescia. E construir afeto entre eles era se permitirem terem mais alguém que poderiam perder.

Em uma noite, enquanto caminhava pelo castelo, Oberyn encontrou Lyanna sentada sozinha, olhando para as estrelas. Ele se aproximou, silencioso como uma sombra, e se sentou ao lado dela. Por um longo momento, eles ficaram em silêncio, apenas compartilhando a noite. Tinham ficado muito bons em interpretar os silêncios um do outro.

— Quando eu era criança, minha mãe costumava me contar histórias sobre as estrelas. — Oberyn disse finalmente, quebrando o silêncio. — Ela dizia que cada estrela era uma chama, um espírito antigo que nos guiava na escuridão.

Lyanna olhou para ele, surpresa com a confissão. Oberyn raramente falava sobre sua mãe, sobre sua família além de Elia.

— E você acredita nisso? — Ela perguntou, curiosa e um tanto cética.

Oberyn sorriu novamente, aquele mesmo sorriso que lhe oferecera antes, o que escondia uma tristeza.

— Não sei se acredito. Mas gosto de pensar que as estrelas são algo mais do que apenas pontos de luz no céu. Gosto de pensar que, de alguma forma, estamos todos conectados a elas. — Ele deu de ombros.

Lyanna assentiu, voltando a olhar para o céu. Oberyn podia ver a tensão em seus ombros, a batalha interna que ela travava. Ele não queria apressá-la, mas também sabia que o tempo estava correndo.

— Quando partirmos para o Norte, você estará pronta? — Ele perguntou suavemente, sem tirar os olhos das estrelas.

Lyanna respirou fundo, e Oberyn pôde sentir a mudança nela, um endurecimento, uma resolução que ele sabia que vinha de uma dor profunda.

— Eu estarei. — Ela respondeu com a voz firme, mas com um tom de tristeza que não passou despercebida.

Oberyn sentiu o coração fervilhar ao ouvir a resposta, mas ele apenas assentiu aceitando as palavras dela. Eles estavam entrando em um território perigoso, cada passo precisava ser calculado e sua posição geográfica tornava difícil qualquer tentativa de alcance ao Norte. Mas, como sempre, Oberyn estava disposto a arriscar tudo.

Porque essa era a natureza dele. E talvez pudesse ser a de Lyanna também.

Oberyn permaneceu ao lado de Lyanna enquanto ela fitava o céu noturno, perdido em pensamentos que raramente compartilhava com alguém. Havia algo em Lyanna que o fazia recordar de Elia, sua irmã. Ele não falava sobre isso, não ousava, mas a comparação estava sempre ali, submersa em sua mente voltando à superfície a cada instante quase o afogando.

Elia havia sido gentil, amorosa e graciosa. Havia uma doçura nela que contrastava com o fogo de Dorne, uma suavidade que havia sido destruída de forma brutal e cruel quando Porto Real caiu. Lyanna, por outro lado, era uma tempestade gelada em forma humana, mas havia momentos em que ele via a mesma tristeza nos olhos dela, a mesma dor reprimida, o mesmo desejo de lutar contra um destino que parecia decidido.

Ele não conseguia evitar a associação que fazia das duas e em certa parte sabia que sua projeção era devido às suas próprias questões. Em Lyanna ele via uma alma atormentada, alguém que assim como sua irmã havia sido vítima das circunstâncias, mas também da crueldade de pessoas que estavam no poder. Mas ao contrário de Elia, Lyanna ainda estava viva, ainda tinha a chance de lutar e de sobreviver no meio de tudo aquilo. E Oberyn não queria que o destino a tratasse da mesma forma que tratou Elia.

Sua mão instintivamente tocou a mão de Lyanna, o gesto tanto para confortá-la quanto para ancorar a si mesmo. Lyanna virou o rosto na direção dele, seus olhos refletindo as estrelas, mas também uma dor profunda que Oberyn conhecia muito bem.

— Você me lembra minha irmã, Elia — Ele disse finalmente, a voz baixa, quase um sussurro. — Não pela aparência ou pela personalidade, mas pelo que carregam dentro de si. Essa tristeza, essa força contida, essa... vulnerabilidade. É como se o mundo tivesse sido injusto demais com vocês, e agora tudo o que resta é um desejo desesperado de lutar contra isso.

Lyanna não disse nada, mas Oberyn viu o reconhecimento nos olhos dela. Ele nunca havia falado sobre Elia dessa maneira, nunca havia permitido que sua dor emergisse tão claramente. Ela era a razão pela qual ele continuava a lutar, a viver. O fantasma de Elia o assombrava todas as noites, o lembrando do que ele havia perdido e do que ainda precisava vingar.

— Quando Elia morreu, uma parte de mim morreu com ela. — Continuou ele, virando o rosto para o céu, como se as estrelas pudessem oferecer algum conforto. — Mas a outra parte, a parte que sobreviveu, ficou obcecada com a ideia de vingança. Eu preciso encontrar uma forma de fazer justiça pelo que aconteceu com ela.

Oberyn respirou fundo, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer. Ele não sabia como Lyanna reagiria, mas também sabia que ela merecia saber a verdade e que havia alguém que poderia entendê-lo, seria ela.

— Foi por isso que eu me casei com você, Lyanna. Não porque fui obrigado, nem por qualquer desejo momentâneo. Foi uma estratégia. Os Stark estão em guerra, e eu vi uma oportunidade. Se eu me aliar a sua família, se eu me tornar parte da sua causa, eu poderei estar mais perto de alcançar a vingança que venho buscando há tanto tempo. A oportunidade veio, Cersei não percebeu, mas ela me entregou o que eu precisava.

Lyanna permaneceu em silêncio, absorvendo suas palavras. Oberyn sabia que havia se precipitado em revelar isso tão abruptamente, mas ele não queria enganá-la, não quando ela já havia passado por tanta coisa.

— Mas... — Ele acrescentou, suavizando o tom. — Não pense que isso significa que não me importo com você. Pelo contrário. Eu vejo em você algo que não vi em mais ninguém desde Elia. E isso me assusta. Eu não sei o que significa, nem o que fazer com isso. Mas sei que quero que você sobreviva a tudo isso. Quero que você lute e quero estar ao seu lado quando isso acontecer.

Oberyn sentiu o peso das suas palavras pairar entre eles, o silêncio quase insuportável. Mas ele não podia recuar agora. Lyanna precisava saber a verdade e ele precisava enfrentar o que quer que viesse a seguir. Se ele havia aprendido algo em sua busca por vingança, era que o caminho raramente era fácil, e as escolhas que faziam ao longo dele eram sempre carregadas de dor.

Finalmente, Lyanna falou. Sua voz era firme, mas com um traço de compreensão:

— Você não precisa me proteger, Oberyn. Eu sei o que está em jogo. E se você está em busca de vingança, então é isso que faremos. Mas não deixe que seu desejo de vingança o cegue para o que está bem diante de você. A vingança não trará sua irmã de volta. E não me trará de volta o Norte.

Oberyn reconheceu a verdade nas palavras dela. Ela era mais sábia do que ele imaginava. Talvez, no final das contas, ela fosse capaz de salvá-lo, de uma forma que ele nunca imaginou possível. Mas no momento tudo o que ele podia fazer era segurar aquela mão e se preparar para o que o destino lhes reservava. Eles estavam em um caminho perigoso e a única certeza era que, acontecesse o que acontecesse, eles estariam juntos em sua vingança.


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