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Capítulo 9Família I

Joaquim subiu pela rua movimentada e digitou o código de acesso no ecrã do portão. Ouviu o clique liberando a sua passagem e fechou atrás de si. O sistema trancou automaticamente.

– Onde o senhor se meteu? – ele ouviu a voz do pai. Nem se abalou com o tom ríspido.

–Estava na biblioteca, pesquisando. Não sei se se lembra – disse Joaquim, indiferente. – Mas as aulas presenciais recomeçaram hoje.

O pai encarou-o, pensativo. – Claro que me lembro.

Joaquim riu alto. – Claro que se lembra.

– Custava avisar?

– Achei que você não notaria – e seguiu para o corredor lateral da casa, onde o pai mandara instalar um chuveiro para a higienização. Ali ficava um banco, onde apoiou a mochila, e um cesto para a roupa (quem saísse de casa já deixava a roupa limpa esperando). De modo que Joaquim arrancou a roupa, a máscara – jogando tudo no cesto; colocou os sapatos numa bacia, onde despejaria mais tarde a água morna com sabão. Ato contínuo, ligou o chuveiro e começou a se lavar.

O reservado contava com água quente e ficava protegido do vento por uma colunata decorativa, servindo também para não ser visto da rua. O pai passou por ele e entrou na casa, deixando o filho em paz para concluir o processo.

Joaquim ensaboou os cabelos, depois foi descendo da cabeça para os pés como lhe foi ensinado. Enxaguou-se rapidamente, pegou a toalha, enxugou-se e jogou a toalha úmida dentro do cesto.

Vestiu a roupa de ficar em casa, penteou os cabelos com os dedos e levou o cesto de roupa contaminada para a área de serviço anexa. Virou-o, derrubando a roupa lá dentro; depois despejou sabão líquido, um pouco de amaciante, e pôs a máquina para funcionar... Só então, ocupou-se dos sapatos. Retirou-lhes as palmilhas, as quais, ele atirou dentro da máquina, e os lavou rapidamente. Colocou os calçados para secar no balcão externo, ao lado do irrigador de plantas e das ferramentas de jardinagem que há muito, o pai não usava...

Entrou em casa, sentindo o aroma do jantar pronto. Ficou espantado. O pai fazendo o jantar era uma raridade.

– O que houve? Ganhou na loteria? O vulcão Vesúvio voltou a funcionar? Um cometa vai acabar com a vida na terra em dois dias? Descobriu que está em estágio terminal? Um maremoto vai afundar o continente?

– Terminou? – Casimiro observou o filho tomar fôlego e pegar a bombinha que ficava em casa (ele tinha outra na mochila). O rapaz aspirou profundamente.

–Não entendi a sua reação – comentou.

– Nada, esquece! – Joaquim suspirou, indeciso... Acabou dizendo, num impulso: – É um milagre ver você fora do escritório.

A expressão de Casimiro anuviou, compreendendo.

– Isso vai mudar, eu prometo.

Joaquim revirou os olhos. Já ouvira aquela promessa antes.

– Como foi na escola? – quis saber o pai.

– Ah, o mesmo de sempre.

– Mesmo de sempre? Como assim? É o primeiro dia pós Pandemia!

Joaquim nada disse. Apenas encolheu os ombros.

– E essa pesquisa...? – Casimiro franziu a sobrancelha, preocupado que o filho fosse parar no meio de alguma aglomeração.

–É sobre o Egito Antigo.

– É para fazer em grupo?

– É.

O pai provou o suflê com a colher e disse: - E as medidas sanitárias?

– Tá tudo certo, pai... Todos os cuidados foram tomados. Tanto pelo colégio, quanto na biblioteca.

– E quanto a você?

Joaquim balançou a cabeça. – Acredite, não tem alguém mais cuidadoso do que eu. Nem mesmo você.

– Ah, nisso eu acredito... – O pai riu. – E terminou o trabalho?

– Se fosse pra fazer sozinho, eu já teria terminado. Mas depende dos outros quatro. Acho que vamos terminar em mais um dia, ou dois.

Joaquim observou a travessa de macarronada recém-saída do forno. – Posso fazer a salada?

– Eu estava contando com isso – disse o pai, com um pequeno sorriso.

Joaquim não quis pensar na súbita e inesperada camaradagem entre os dois. Aprendeu com o tempo a não esperar muita coisa; já tivera esperanças no passado e o pai novamente mergulhara em seu trabalho. Joaquim estava tão acostumado que passou a curtir a solidão como uma forma de liberdade.

Com um suspiro, pôs-se a catar os legumes e verduras da geladeira, os quais eles deixavam previamente higienizados e organizados, quando faziam as compras de supermercado.

Pai e filho trabalharam em um silêncio agradável.

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Rosa chegou em casa e tirou a máscara com cuidado. Higienizou as mãos, tirou os sapatos, calçou os chinelos na porta, e seguiu direto para o banheiro.

– Oi mãe, cheguei! – disse em voz alta. Recebeu uma alegre resposta da cozinha. Rosa entrou no banheiro, fechou a porta, e deixou a mochila num canto, onde também amontoou a roupa. Não iria lavar a mochila todo dia, assim, foi juntando as suas mochilas antigas de escola. Poderia usar uma por dia. E lavaria todas de uma vez só, no final de semana.

As roupas voaram para o cesto de roupa, enquanto ela ligava a ducha quente. Lavou-se da cabeça aos pés, enrolou-se na toalha e foi para o quarto onde Bebete, a cachorra da família estava esparramada sobre a cama. A cachorra apenas abanou o rabo.

– Que bela recepção – reclamou Rosa, fingindo estar decepcionada. Mas, no final, estava aliviada; a cachorra estava bem o suficiente para subir sozinha na cama. Ela já tinha doze anos de idade e andava com sacrifício.

Rosa tirou o pijama para fora do armário e antes de vesti-lo, passou creme no corpo.

–Como foi o seu dia? – perguntou Rosa, fazendo um afago na cabeça da idosa cadela. Em resposta, Bebete abanou o rabo de novo.

Rosa fez festa para a cachorra e foi até a cozinha, onde estavam a mãe e a avó.

– Netinha querida – disse a velhinha sorridente.

– Mãe, bota a máscara – ordenou Elaine, zelosa.

– Mas eu acabei de ser vacinada!

– Por isso mesmo, vó! – Comentou Rosa, acenando de longe. – Tem que dar tempo para o organismo produzir o que tem que produzir. A vacina leva algum tempo para começar a fazer efeito.

– Além do mais, – argumentou Elaine – a gente ainda não está vacinada. E sua neta esteve na rua.

Resmungando, Letícia acabou recolocando a máscara.

– Quando a senhora voltar para os seus domínios, pode fazer o que bem entender, mas não aqui – completou Elaine.

A avó de Rosa vivia num anexo, na parte de trás do terreno da casa.

– Não é fácil lembrar de tantas regras, querida – disse a velhinha.

– Eu sei, mãe – respondeu Elaine. – Mas é para o seu bem. Eu prefiro bancar a carrasca e manter a senhora viva, do que ficarmos melosas e arcarmos com as consequências.

– Mamãe tá certa! – disse Rosa, pegando uma maçã do cesto.

– O jantar já vai sair – alertou a mãe, olhando torto para a maçã.

– Sobremesa – argumentou Rosa.

– Como foi na escola? – Quis saber Elaine.

– O mesmo de sempre. Só que agora, com máscara. Digamos que as coisas só estão mais descaradas agora. Sem trocadilho.

– Você é impossível – disse Elaine, rindo.

– Pelo menos a equipe do colégio está se esforçando para nos manter seguros e não criar uma defasagem em nosso aprendizado.

A mãe meneou a cabeça – Ai deles! Eu não pago para que eles façam corpo mole. E se tiver qualquer coisa que coloque você em risco, você tem que me avisar, entendeu? Você não vai colocar os pés em lugares sem segurança sanitária.

–Tá tudo certo, mãe! Estou bem vigilante!

-Promete?

-Prometo – Rosa revirou os olhos.

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Mayo decidiu ir para casa só para conferir se o pai estava por lá. Muitas vezes ele saía com o pelotão em exercícios secretos. A vila militar ficava às moscas. Calhou, porém, de dar de cara com o pai irado, esperando por ele.

– Onde se meteu, seu moleque! – perguntou Antenor, dando-lhe um cascudo assim que ele entrou.

Antenor espirrou álcool no filho e nas próprias mãos. Mayo começou a tossir. Quando o acesso de tosse acabou, ele respondeu:

– Eu estava fazendo um trabalho de escola.

– Até essa hora? – o pai olhou para o relógio de pulso, descrente.

– Estávamos na biblioteca, na Casa da Vida.

O pai sentou-se diante da televisão. – Tem comida na geladeira, se quiser – e voltou a assistir seu programa, como se Mayo não existisse.

Ainda com o tapa reverberando em sua nuca, Mayo tirou a máscara e foi para o banheiro, tomar banho e trocar de roupa. Ele apostava que a comida disponível era em embalagem de isopor barata, com dois dias de geladeira. Deve ter trazido do último exercício, o que sobrou, pensou.

– Não quero você na rua até tarde – ouviu o pai dizer, da sala.

Estranhou a súbita preocupação. Porque o pai iria se incomodar com suas saídas? Nunca ligou antes.

– Eu sei me cuidar – ousou dizer.

A resposta foi uma gargalhada. – Não tem nada a ver com sua capacidade de se defender, seu arrogante. Estão acontecendo manobras das forças especiais e talvez eles usem a mata ao redor do rio... E eu sei que é onde você costuma se enfiar com o rabo entre as pernas.

Mayo parou com a mão no registro de água. Voltou alguns passos e olhou pela fresta da porta. O pai continuava sentado, olhando para a TV.

– Como sabe que eu vou para lá?

O pai riu baixinho. – Acha mesmo que não sei aonde você vai? Eu sei tudo o que preciso saber. E a propósito... Trabalho de primeira naquele container.

Mayo ficou sem ação, por algum tempo. Aquele era o seu refúgio, e em um único dia, foi violado duas vezes. Primeiro, por Joaquim e depois, descobre que o pai já esteve lá.

– Os exercícios acontecerão na mata. – insistiu o pai, pousando os olhos frios nele. – Dá um tempo nesse seu lance de brincar de casinha. Entendeu?

– Sim, senhor – disse Mayo, entre dentes.

– Ótimo – o pai voltou a se concentrar na televisão.

Sentindo-se humilhado, Mayo fechou a porta de vez e ligou o chuveiro.

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Sol cumprimentou alegremente os tios gêmeos e suas esposas. Cada casal tinha uma cabaninha dentro do terreno que fora de seus pais. Contudo, a terceira cabana era a mais deteriorada, pois Asana ficara viúva e tinha debilitações físicas. De modo que mãe e filha dependiam da ajuda dos tios gêmeos. O ponto de encontro da família era o galpão aberto, onde cozinhavam para toda a comunidade cigana que vivia naquela área, nos festejos do Sosso Baclâno, ou de Santa Sara Kali.

No entanto, desde que a saúde da mãe se deteriorou, Sol e a mãe, Asana, viviam de favorno quarto dos fundos de um dos irmãos. Assim, ela ficava mais perto e tudo estava à disposição para atender a irmão mais velha. Recentemente, Asana tinha machucado a bacia e estava se recuperando. Era uma mulher obesa e a recuperação estava sendo lenta e dificultosa.

– É você quem está aí, Solzinha! – chamou sua mãe, do cômodo de trás da casa de Mário e sua esposa, Dulce.

– Sim, mama!

–Vem me ajudar – pediu Asana, em tom urgente.

– Claro... – Sol resmungou. Mal chegava em casa e era essa a rotina. – Disfarçou o desânimo por trás de um sorriso radiante.

– Como foi na escola? – quis saber a mãe, apontando para a muleta. Sol pegou a muleta e passou para ela, que se apoiou de um lado com a filha segurando-a do outro, pelo braço.

– Para onde, mama?

– Banheiro – ela apontou com o queixo. – Então?

– Nada demais. Foi o de sempre, só que mascarados. – Ela soltou uma risada breve.

– E aquela sua amiguinha?

– A Rosa? A gente almoçou junta e temos aquele trabalho que lhe avisei, pelo Whatsapp da família. Por isso cheguei agora.

– Sei, sei... Sem problemas.

– Sabe, mãe – disse Sol, olhando pela janela minúscula do banheiro. – Um dia eu serei rica e não teremos mais que depender da caridade dos outros.

– Não fale assim, minha filha. Ainda bem que pudemos contar com seus tios e esposas. E se não fosse a bolsa de estudos, você não estaria naquele colégio. Temos muito a agradecer!

– É, eu sei – respondeu Sol, um pouco envergonhada. – Mas um dia, não precisaremos mais mendigar. As cartas me contaram.

A sobrancelha da mãe levantou, ela não disse nada. Sol percebeu que ela estava aborrecida com algo.

– Que foi, mama?

– Não se deve olhar o futuro de maneira tão fútil, minha filha. As cartas não são calculistas... Nós as interpretamos com nossos olhos humanos.

– O que quer dizer, mama?

– Que o futuro a Deus pertence, minha filha! – disse Asana, rindo da expressão confusa de Solimar. Sua filha era tão jovem e ainda iria passar por tantas experiências... Muita coisa para aprender... Ela só pedia a Serva de Deus Emília, que fosse um aprendizado suave, não turbulento ou doloroso.

No entanto, ela bem sabia que todos os aprendizados edificantes da humanidade se processavam mais pela dor, do que pelo contentamento.

Sol ajudou a baixar a saia da mãe, que desabou pesadamente sobre a privada. Estava apurada para fazer xixi, esperando a chegada da filha. Não queria importunar o irmão e a esposa a toda hora.

Depois de ajudar a mãe a se limpar, com a ajuda de Dulce, Sol preparou a comida e lhe deu na boca. Depois a ajudou a voltar para a cama. Limpou o quarto, o banheiro e só então, ocupou-se de si mesma. Exausta, ela foi para o banho.

Chorou debaixo do chuveiro. E essa foi a primeira vez que ela ouviu o estranho som, vindo de lugar algum. Semelhante ao grasnar de um pato.

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Bárbara entrou na casa e escutou música alta. Engoliu em seco. O padrasto devia estar bêbado, de novo. Ela conhecia os sinais. Não pensou em mais nada, a não ser o refúgio do quarto. Correu como uma louca.

– É você Babinha – soou a voz odiosa e engrolada.

Ela sentiu ânsia de vômito, mas não se permitiu parar para vomitar antes de chegar ao próprio quarto. Tirou a chave da mochila – trazia sempre consigo –, ouvindo os passos no tapete e nos degraus. Rápidos demais para um bêbado. Mas eram sempre rápidos demais... Ela se desesperou, mas conseguiu pegar a chave. Destrancou, entrou voando, e trancou a porta a tempo.

Os passos pararam do outro lado.

– Abra a porta, Babinha.

Ela achou que fosse destripar o mico ali mesmo. A maçaneta girou devagar. Depois com força. – ABRA A PORRA DA PORTA, SUA VADIA!

A jovem se apoiou na borda da cama. Alguns minutos se passaram. Ele acabou desistindo. Bárbara vinha conseguindo evitá-lo, desde que a mãe saiu em viagem.

– Dois meses, – Bárbara estava contando – dezoito dias e cinco horas...

Não, ela não estava contando o tempo para sua mãe alienada voltar para casa.

Aquele era o tempo que faltava para Bárbara completar dezoito anos.

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