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Capítulo 5 Conexões de uma lavanderia

Utilizar o vestiário pela primeira vez foi um verdadeiro acontecimento. Só podiam entrar quatro alunos de cada vez, para tomar banho em baias alternadas. Quatro rapazes na ala masculina e quatro garotas na feminina. Havia um funcionário da limpeza a postos do lado de fora para organizar as filas.

Tudo muito organizado. Ao mesmo tempo, havia tentativas, erros e reformulações. Rosa acreditava que o banho, após a aula de educação física, era um desses casos para reformulações. A conta da logística e do tempo não estava fechando.

Levou mais tempo que o normal para acessar o vestiário. Rosa apostava o seu almoço como seriam todos dispensados das aulas de matemática, inglês e biologia... E que estas, faltantes, seriam repostas virtualmente, com as instruções enviadas via Whatsapp.

Ela deu mais uma olhada em seu relógio de pulso. Estava ficando para lá de irritada.

Se fosse como ela estava imaginando, os professores gravariam a aula e enviariam o link para acesso no Youtube. Por essas e outras razões, a direção não havia descartado totalmente o ensino à distância.

Ainda mais que a pandemia estava longe de acabar, como muitos diziam. As pessoas que acreditavam nisso eram avestruzes com as cabeças enfiadas na terra. E o pior é que tinha até médico avestruz. Não dava para confiar totalmente na opinião deles, porque não tinha como saber se eram negacionistas... Até que fosse tarde demais.

Rosa finalmente entrou na fila do vestiário feminino, pisando no risco amarelo que demarcava a distância a ser mantida entre ela e a colega à frente. Olhou casualmente para o vestiário masculino e flagrou Mayo sozinho, olhando-a fixamente. Por um instante, foi distraída pelo fato de que ninguém quis entrar na fila com ele. Inclusive Thiago e Joaquim – os dois preferiram tomar banho de álcool ali fora e seguir direto para a sala de aula. Quando passaram por Mayo, porém, este tirou o isqueiro e brincou de acender.

– Cuidado senão os dois pegam fogo – zombou o bad boy.

– Não usamos álcool em gel – disse Thiago entre dentes. – Com álcool normal não tem perigo, depois de seco.

– Nunca se sabe – comentou Mayo baixinho.

Joaquim não entrou na troca de farpas, mas acelerou o passo, visivelmente assustado.

De repente, ouviram soar uma voz familiar que paralisou todos os alunos.

– O senhor gosta de provocar o Caos, não é, Senhor Bustamante. – A pose de Mayo foi por terra ao perceber que Henrietta estava parada atrás dele.

– Caramba! – ele desabafou. – A senhora parece uma assombração. Está em todos os cantos!

– Tenha isso em mente, sr. Bustamante.

E assim ela se foi. Quando o bad boy voltou a encarar Rosa, ela estava rindo da sua cara. Mayo estreitou os olhos e a garota imediatamente se recompôs, assumindo uma expressão de candura.

A fila andou... Rosa e Sol não tiveram a mesma sorte que Mayo – precisaram dividir o vestiário com as chatolinas Clarice e Ingrid. Rosa preferia mil vezes Bárbara e Teodora. Não eram tão malas sem alça quanto as outras duas.

Com um olhar de entendimento, elas avançaram.

– É o que temos para o dia – cantarolou Sol, baixinho.

Os vestiários convergiam para um pátio interno comum, onde ficavam os varais, com uma claraboia central a fornecer a luminosidade diurna. Os varais se estendiam pelas laterais do pátio, onde os fios eram pendurados de sorte a aproveitarem a sustentação das colunas. Máquinas de lavar roupa foram colocadas num recuo de parede, do outro lado.

Rosa achava o ambiente agradável, apesar de parecer meio sinistro para a maioria de seus colegas. Mas para ela, não, ainda mais que as freiras mandaram colocar bancos de praça para que os estudantes, professores e funcionários aguardassem a roupa ser lavada nas máquinas; também instalaram duas televisões e um cesto cheio de revistas, como distrações. A última novidade era a máquina de café.

Tudo muito vip, pensou Rosa, desdenhando de um jeito tipicamente adolescente, ou seja, do tipo: debocha, mas bem que gosta. Só que no caso de Rosa, o "desdenhar" era a sua marca registrada. A primeira reação a tudo. No final das contas, ela bem que gostava dos ambientes do colégio. Sentiu falta de estar lá.

Escutou a risada estridente de Clarice e acelerou o passo. Saudade de estar no colégio não significava saudade de estar com os colegas pentelhos. Melhor fazer tudo rápido para se livrar de ser alvo de Clarice e suas chacotas.

Sol a alcançou e cada qual se despiu e colocou as roupas suadas em uma máquina de lavar roupa.

A utilização das dependências que demandam custos, como sabão em pó, máscaras e álcool extras – até mesmo a cantina do colégio, tudo somado ao valor fixo da mensalidade. Os pais poderiam pagar mais barato ou mais caro, dependendo do consumo dos filhos no colégio. Fora a testagem para COVID-19, que agora também está incluída, para fins de admissão em atividades físicas. Todos os pais pagavam, porque interessava garantir a saúde dos filhos e da família como um todo.

Rosa estava ciente de que tinha muita sorte na vida. A maioria dos estudantes não passava por todo esse cuidado, nem na rede privada, nem na rede pública. (Muitas escolas públicas não contavam nem com papel higiênico ou sabonete para lavar as mãos, quem dirá máscaras, álcool e testes).

No Colégio dos Anjos, as medidas de segurança sanitária eram seguidas à risca, independente do que dizem os malucos trambiqueiros à solta, comandando o país. "Com a ajuda de um crescente séquito de talibãs customizados", pensou Rosa.

Indignada com os absurdos que via todos os dias, não só pelos meios de comunicação, mas nas ruas... Rosa acabou desistindo de assistir noticiário e passou a se esquivar das pessoas fanáticas que cruzavam o seu caminho. Só queria ouvir música, e assistir filmes.

Sua mãe começou a chamá-la de cabeça de avestruz. "Não adianta enfiar a cabeça num buraco, minha filha".

Elaine vivenciou a ditadura, na infância. Na época, sua mãe, Letícia, era uma jovem articulada que combatia a desinformação do governo. A adolescência de Elaine foi muito diferente da mãe. Os jovens eram "alienados felizes" e viviam para uma cultura pop anos 80, totalmente importada. Mas, teve algumas surpresas desagradáveis, como o sequestro das economias dos cidadãos brasileiros. O famoso roubo das poupanças. Quantos grupos metidos neste esquema se beneficiaram da desgraça do país? Ah, tinha gente graúda. Muito além de graúda.

Os jovens dos anos 1990, a fase adulta de Elaine, viveram um marasmo provocado pela falta de identidade nacional e pelos desgastes econômicos desde o roubo das poupanças e as decisões malogradas de governantes posteriores. Mas, da metade da década até o boom do milênio, houve um sopro de reconstrução.

Os anos 2000 tiveram outro boom de euforia... Mas dizem que os governantes desde então "não tiveram tempo suficiente" para consertar as burradas anteriores. O Palácio do Planalto virou uma grande festa no parque de diversões do dinheiro público. Se já era antes, agora a coisa acontecia na cara dura, favorecendo o levante do povo e consequentemente, a entrada de outro maluco no poder, talvez muito pior, que está terminando de destruir tudo... Pois é...

Brasil sempre ladeira abaixo...

Quem aproveita a mamata, elogia, quem não aproveita, mete o pau. Ninguém pensa na nação como um todo, só nos seus interesses. Os de esquerda, os de direita, os do centrão. Cada qual só enxerga o seu lado, formatados pela corrupção que dita os interesses de cada grupo. A política é um jogo tão sem caráter e sem vergonha, que Rosa não curte nem pensar no assunto.

Agora, a mãe e a avó queriam que a garota se posicionasse politicamente, como elas fizeram no passado. Rosa revirou os olhos só de pensar na questão. De que adiantaria se posicionar? O Brasil era um país destruído social, educacional e politicamente. E ela não se sentia nada "cívica", com tudo o que estava vendo e vivendo.

Cristo não conserta aquilo, concluiu a garota, só o V de Vingança e uma montanha de dinamite.

– Acho que até a Venezuela tá melhor que a gente... – resmungou consigo mesma, enrolando-se na toalha.

Escutou um pigarrear atrás de si e deu um grito quando viu Mayo parado, ainda vestido com as roupas de educação física, olhando para ela.

– Vai de retro, assombração! – reagiu, revoltada.

– Acho que você não entendeu que é para tomar banho primeiro, trocar de roupa e trazer a roupa suja pra cá... DEPOIS de se vestir– disse ele, em tom normal.

– E você tá fazendo o que aqui, então?

Ele cruzou os braços, a diversão dançando em seus olhos.

– Estou impedindo que os outros quatro caras venham até aqui trazerem as roupas para lavar, porque as duas princesas decidiram fazer as coisas ao contrário – respondeu, apontando para a porta dos chuveiros masculinos.

Sol e Rosa olharam naquela direção, então, saíram gritando e segurando as pontas das toalhas. Entraram no corredor dos chuveiros femininos como duas flechas. Mayo não pode deixar de rir diante da situação. O que as duas lunáticas estavam pensando?

– Sem noção – murmurou. – As duas!

– Aí, cara! – chamou um dos garotos da ala masculina, com a cabeça pra fora da porta. – Vai deixar a gente passar agora?

Mayo indicou o pátio com um gesto amplo. – É todo de vocês.

Ele fechou as máquinas de lavar que as duas deixaram abertas, e colocou-as para funcionar. Foi até a porta dos chuveiros e gritou para o lado feminino: – Princesas!

– O que é? – berrou Rosa, beligerante.

– Pus as máquinas para funcionar. Não esqueçam, número cinco e oito.

– O quê? – gritou Sol, cuspindo água debaixo do chuveiro. – Pra quê?

– Para o tíquete de saída – Mayo explicou, pacientemente.

– Ah, tá... – Rosa acabou respondendo; a ficha caindo.

Sol encolheu os ombros e continuou se ensaboando. Do outro lado, Clarice e Ingrid fofocavam sem parar... Afinal, Mayo todo prestativo, dando recadinhos a Rosa, era um prato cheio para especulações dos mais variados tamanhos e cores.

– De nada – disse Mayo tamborilando os dedos de leve no batente, antes de voltar para o banheiro masculino.

– Obrigada! – ouviu a resposta de Rosa, enquanto se afastava. Sorriu consigo mesmo, pensando que já era um começo.

Já na ala masculina, Mayo tirou as roupas e amontoou tudo sobre o banco. Pegou a pochete, onde trazia seus artigos de higiene e foi para a ducha.

Mayo carregava um segredo desde o primeiro ano do ensino médio – quando seu pai militar se mudou pela milésima vez, arrastando o filho rebelde a tiracolo para o interior do Rio Grande do Sul.

O garoto vivia muito bem em Belo Horizonte; a primeira cidade onde se ajustou depois de tantas mudanças. Daí, veio a ordem e Mayo pensou em fugir... Algo, porém, acabou freando as suas intenções de desaparecer no mundo. Ao chegar na nova escola, ele se apaixonou por uma magrela e foi amor à primeira vista.

Em tese, ela não tinha nada que o atraísse.

Nem curvas, nem cabelão, nem coxão, nem peitão... Não era extrovertida, nem simpática; e, talvez, que Deus o ajudasse, nem fosse inteligente. Nunca ouviu Rosa dizer nada de notável. Era como se ela fizesse questão de se esconder. E mesmo assim, ele era atraído para ela como se fosse um ímã.

Que vexame!

Tinha aquele Thiago no meio do caminho... No começo, achou que fosse o namoradinho. Depois, pensou que fosse o amiguinho gay. Depois descobriu que Thiago não era gay e que a amizade dos dois era sólida. Dessas bem raras, que alguns mais radicais diriam não existir entre um homem e uma mulher. Talvez no caso dos dois funcionasse porque ela era sem graça. Não oferecia perigo às garotas com quem Thiago costumava sair. E ele já saiu com todas as gostosas do colégio. Inclusive as chatas.

Mayo achou que Thiago pudesse ser como aqueles caras que gostam de ter alguém "sem sal" por perto para desabafar e, ao mesmo tempo, não correr o risco de se envolver ou ter o próprio brilho obscurecido. Fosse qual fosse o lance dos dois, Mayo descobriu que eram amigos desde quando usavam fraldas.

Benza Deus! Era tipo um trio de criancinhas que cresceram juntas: Solimar, Thiago e Rosa.

Bom, ele nunca teve nada disso em sua vida, exceto o dever, a rotina militar, e a pressão de ser o filho do capitão. Ele parou de corresponder aos níveis de exigência do pai, já na creche. Virou bad boy de propósito. O pai desistiu dele e passou a ignorá-lo, tratando-o como um apêndice.

Aquilo que o Capitão Bustamante não compreendia, ele simplesmente ignorava.

Os dois viviam na mesma casa – lá na vila militar da Marinha. Tomavam o mesmo café da manhã. Seguiam com suas vidas sem muito papo. Talvez fosse diferente se a mãe ainda estivesse viva, refletiu Mayo, com tristeza. A mãe fora a verdadeira luz em suas vidas. A agregadora!

Quando Irene morreu subitamente, de um processo de câncer que tomou seu organismo de assalto, o capitão se tornou um sujeito cruel e amargurado. Passou a viver para o trabalho, ao passo que o filho ficou solto por aí.

Mayo terminou de se enxaguar e viu o inspetor espiando da entrada.

– Ué, podem entrar quatro... – comentou. – Cadê os outros?

– Preferiram me deixar a vontade – Mayo deu um sorriso largo, enquanto passava a toalha pelo corpo. – Estão esperando do lado de fora. Sabe, meus colegas são muito educados – ele aproveitou o momento e apontou com o queixo para o pátio comum, de onde zuniam as máquinas de lavar roupa. – Não acho certo essa porta ficar destrancada, enquanto as meninas estão do outro lado.

O inspetor verificou a porta. – De fato. Não deveriam ter acesso ao mesmo tempo que os rapazes. – Vou trancar. Os garotos podem lavar a roupa depois.

– Concordo – disse Mayo vestindo a roupa limpa, antes de colocar a máscara extra. De repente, ele percebeu que o inspetor olhava absorto para a maçaneta da porta.

– O que tá pegando? – Mayo quis saber.

– Não me lembro dessa porta ter ficado aberta. De jeito nenhum...

Mayo deu de ombros e se foi, pensando que o problema era do funcionário, não dele.

Ao sair pelo outro lado, acenou para os garotos da fila, que correram para dentro. Mayo riu-se, andando de volta para o bloco de edifícios onde teriam as próximas aulas. Quer dizer, teriam, se não fosse o tempo que levaram para cumprir as medidas sanitárias. Com uma olhada no relógio do celular, ele calculou que só dava para pegar as instruções com os professores antes de soar o sinal.

Ao menos, ele não teria que voltar ao vestiário para buscar as roupas secas... Enfiou tudo numa sacola plástica tipo ziplog para lavar quando chegasse em casa. Assim, correria menos risco de exposição e contato com o vírus. O último informativo que leu falava sobre carga viral...

No final das contas, Joaquim estava certo. Não era tão surtado quanto parecia. Quer dizer... Ele era surtado. Mas isso não significava que não tivesse razão.

Torcendo o nariz, Mayo imaginou que Thiago e Joaquim estivessem fedendo a suor e álcool. Motivo extra para pegar no pé dos dois. Ainda mais agora que descobriu que o grande e atlético Thiago se borrava de medo dele.

O colégio todo se borrava, aliás.

Mayo suspirou, imaginando que teria de voltar ao vestiário para ter certeza de que Rosa estaria bem. De uns tempos para cá, vinha sendo acometido pela compulsão insana de proteger o alvo do seu afeto. Algo nefasto estava prestes a acontecer, e sentia que só ele poderia impedir. Loucura total!

Melhor não voltar à lavanderia depois. Afinal, nada aconteceria a Rosa nas dependências do colégio. O melhor que poderia fazer era reprimir os impulsos stalkers para não comprometer sua fama de mau.

Reputação é tudo, no ensino médio. Ele conquistou uma relativa paz ao ser temido pelos outros adolescentes. Fama de mau, beleza, mas fama de esquisito apaixonado por esquisita, nem pensar!

– Aí, esquisito – Thiago surgiu do nada, ultrapassando Mayo. – Acho que você deixou cair isto.

O altão lhe entregou o caderno, onde Mayo compunha e anotava seus poemas e letras para músicas. Irado, Mayo puxou o caderno da mão do outro, com força.

– Tu não tinhas desistido do chuveiro e voltado para a sala?

– Mudei de ideia – ele encolheu os ombros, as sobrancelhas franzidas. – Bom, na verdade, o professor mandou a gente de volta porque estávamos empesteando a sala. Joaquim se negou a sair da sala, mas eu decidi ir para o banho.

Eles caminharam lado a lado por alguns segundos.

– Não precisa agradecer – disse Thiago, em tom de reprimenda. Os dois se encararam, meio que de igual para igual, já que regulavam em peso e altura. – E se quiser conquistar a Rosa com essas letrinhas bregas que você escreve, já vou avisando que ela prefere "Simple Mind".

Ato contínuo, Thiago saiu correndo antes que Mayo o acertasse com um soco no meio da cara.

– Relaxa, ô, bad boy!!! – gritou Thiago, a uma distância prudente. – Seu segredo está seguro comigo.

E foi-se embora deixando um Mayo completamente desconcertado.

Sem dúvida, era um grande segredo, já que nem o pai sabia que Mayo tocava baixo e compunha canções de amor. Ninguém sabia. O garoto bad boy tinha um lugar secreto: um container abandonado do lado de fora da cidade, no meio do mato.

A quarentena serviu para mantê-lo ocupado. Ele aprendeu na internet, coletou sobras de construção e reformou o lugar sozinho, aos poucos. Criou uma espécie de tiny house ou tiny cabin – tal e qual, assistiu no Instagram.

Viver com o básico e buscar o isolamento na natureza, estava na moda.

Mayo abraçou a ideia. Depois da reforma, levou suas coisas para lá – aquelas coisas que o pai não podia ver. No container, o rapaz tinha sossego para compor, cantar, tocar e escrever. E absolutamente, ninguém ficava sabendo.

Até agora...!

Seu segredo estava ameaçado por causa de um sabichão.

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