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Capítulo 10Família II

Ingrid era imbatível na quadra e fora dela. O problema é que não via a si mesma longe dos esportes. E a pandemia havia perturbado o seu lugar no mundo. Ah, claro que ela se manteve em forma. Primeiro, correndo no terreno ao redor de casa; fazendo abdominais e alongamentos sem fim; usando a parede da casa vizinha para treinar saques e jogadas... Mas ela queria mais. Queria a bola, queria o seu time de volta para comandar, e queria o campeonato para conquistar.

Ela passou pelo pai. Eriberto era professor de educação física. A filha cresceu sob sua liderança e competitividade. Tanto que a esposa, Matilda, sempre dizia que pai e filha eram muito parecidos. Até mesmo quando se matavam. Nenhum dos dois aceitava perder; sempre querendo dar a última palavra.

–E aí? Como foi? – indagou ele, à sua espera.

Ingrid sabia muito bem que o pai estava interessado em saber da aula de educação física, e não das aulas normais.

– A professora pegou COVID.

O pai e a mãe pararam o que estavam fazendo para encará-la.

Satisfeita por ter chocado os dois, Ingrid começou a trocar a roupa no corredor lateral, para não entrar em casa com a roupa da rua.

– Como assim? – O pai não escondeu a incredulidade. – Ela foi dar aula com COVID?

– Não, pai! Ela avisou que estava com COVID. A aula foi ministrada por Henrietta Casas. Que, por sinal, só nos mandou pegar a bola e jogar, sem nenhum tipo de aprimoramento de táticas ou preparação para o campeonato. – Ela parou de fazer o que fazia, e comentou com tristeza: – Acho que nem vamos ter campeonato.

O pai olhou para os pés, calçados com franciscanas.

– Melhor que seja assim, sem COVID por perto. Quanto às estratégias, eu mesmo posso treinar você.

Revoltada, Ingrid o encarou: – O senhor ouviu o que eu disse? Não vai ter campeonato tão cedo!

– Não diga besteira, minha filha – ele gesticulou. – A pandemia não vai durar para sempre.

A esposa, Matilda lançou-lhe um olhar eloquente. Eriberto fingiu não ver.

Ingrid suprimiu um suspiro exasperado. Não gostava de discutir nem pandemia nem estratégias de jogo de vôlei com o pai. Os dois nunca concordavam... Mesmo assim, ela ficou quieta. Juntou a roupa no colo e seguiu de calcinha e sutiã para o banheiro.

O celular tocou no bolso da calça. Ela pescou o aparelho. Olhando no visor, viu que era mensagem de "Zap" da Clarice. "Pode conversar?" Ingrid ignorou, sabendo que Clarice logo iria atrás de Teodora... A filha do prefeito tinha uma vida privilegiada e era a típica "pobre menininha rica". Qualquer um servia para desabafar suas ladainhas sem fim, desde que a pessoa estivesse à mão, para massagear o seu ego.

Acontece que hoje, Ingrid estava muito cansada para tolerar a garota. Teodora era farinha do mesmo saco. Ela que aturasse sua alma gêmea em frivolidades. O telefone apagou e a pergunta de Clarice ficou sem resposta. Pelo menos, sem a resposta óbvia.

Na verdade, Ingrid ainda estava ressabiada por saber que Clarice fez intrigas em relação ao seu interesse por William, um garoto popular no colégio. Ingrid não sabia que ele era o ex de Clarice e que ela ainda queria o garoto por perto.

Quando descobriu que Ingrid gostava dele, Clarice foi lá e fez uma fofocaiada no ouvido de William, levando-o a recear qualquer relação com a capitã do time de vôlei. Clarice pintou-a como uma verdadeira megera.

O erro de Clarice foi achar que Ingrid nunca descobriria. Pois Teodora fez questão de lhe contar tudo, em primeira mão, louca para ver o circo pegar fogo.

Com a pandemia, Ingrid conseguiu evitar um confronto direto com Clarice. Ela se conhecia, e tinha certeza de que se enxergasse a Clarice pela frente, iria lhe arrancar os cabelos. Mas a pandemia lhe deu o tempo necessário para esfriar a cabeça...

E se o William caiu na conversa dela, Ingrid decidiu que ele não valia o esforço. Iria jogar o jogo social até a formatura, então, nunca mais teria que olhar na cara dos dois, outra vez.

O celular deu sinal de vida, outra vez. Desta vez foi Teodora mandando uma mensagem: "A chata da Clarice não para de encher! Quer que a gente vá na casa dela... O que você acha?"

Ingrid aprendeu a não confiar em ninguém. Sabia que se falasse mal da Clarice, Teodora iria concordar pela frente, mas contaria tudo pra outra, pelas suas costas. Como fez com ela.

Pegou o celular e teclou uma resposta. "Meu pai não deixa, por causa da pandemia". E desligou. Pegou o álcool, higienizou o celular, as chaves e foi para o banho.

Enquanto ligava o registro da água, pensou que deveria começar a fazer o trabalho de história sozinha. Era melhor carregar o grupo nas costas, do que se incomodar com a convivência. Depois colocaria o nome das duas, e todo mundo ficaria contente.

As duas prevalecidas dariam graças a Deus, isso sim!

De repente, o telefone voltou a tocar. Sem paciência, ela pensou em desligar. Olhou de relance pelo ecrã e viu o nome de Bárbara – sua amiga para todas as horas.

Ingrid atendeu rapidamente.

– Alô.

Do outro lado, escutou a respiração da amiga e entendeu que ela estava em perigo.

– Bárbara, você está segura?

– Por enquanto.

Ingrid fechou os olhos. O padrasto de Bárbara devia estar bêbado, outra vez.

– Quer vir para cá?

Bárbara quase chorou de alívio. Seus olhos ficaram cheios de lágrimas... Mas ela se controlou e respondeu, num sussurro: – Sim.

– Estou te esperando... – disse Ingrid.

–Tá... – Bárbara desligou, pegou algumas mudas de roupa, a mochila da escola e organizou tudo. Então, abriu a janela com cuidado, para não fazer barulho. Deslizou pelo telhado baixo e saltou para o quintal.

Caminhou pé ante pé para o portão lateral que dava para um declive cheio de mato e pedras. Logo mais, ela estaria na rua lateral da Praça de Vila Luiza. Andou alguns quilômetros, até alcançar a casa de Ingrid.

Quando chegou lá, a amiga estava na porta, esperando por ela. Devia estar vigiando a rua da janela. Tremendo de frio, Ingrid se balançava de braços cruzados, em seu pijama e dentro de suas pantufas quentes.

Ingrid se deu conta que a amiga saiu de casa como estava.

–Vamos, vamos!

Bárbara seguiu a amiga para dentro. Ingrid trancou a porta e fez sinal de silêncio. Bárbara lançou um olhar para a sala e percebeu que os pais de Ingrid estavam assistindo televisão. As duas subiram pé ante pé para o quarto de Ingrid. E em lá chegando, começaram a rir baixinho enquanto fechavam a porta e tiravam suas máscaras.

Lá embaixo, Matilda olhou para Eriberto e comentou:

– Outra vez a menina se esgueirando para dentro da nossa casa.

– Isso não pode continuar... – Com um suspiro, ele se levantou. – Vou ligar para o padrasto dela para dizer que a garota está aqui.

– Querido, aquele homem não presta. Ele...

– Não quero ouvir. Não é problema nosso. Vou ter uma conversa muito séria com Ingrid, amanhã, quando ela voltar da escola. Não podemos nos envolver nesse tipo de problema.

A mãe ficou calada. Imaginou se fosse a sua filha no lugar de Bárbara, mas não tinha coragem de confrontar o marido, como Ingrid costumava fazer.

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No quarto, assim que Ingrid fechou a porta, encarou a amiga em silêncio.

Bárbara caiu no choro. E Ingrid a consolou com um abraço. – Vem, vamos arrumar a sua cama.

Aquela rotina já era conhecida das duas. Assim como a forma de deixar a casa no dia seguinte, pela manhã, bem cedo, sem que os pais de Ingrid soubessem. Bem, elas achavam que eles não soubessem.

– Falta pouco amiga – disse Ingrid, pegando um dos travesseiros e passando para ela.

De fato, quando Bárbara completasse 18 anos, herdaria todo o dinheiro de sua bisavó. E seria uma jovem rica. O padrasto abusador não teria mais controle sobre ela. Ele bem que tentou fazê-la passar por incapaz para obter o controle do dinheiro. Mas não conseguiu. Então começaram os abusos. E as tentativas de fazê-la perder o controle na frente dos outros. Ele conseguiu a primeira vez, quando a abusou com 11 anos. Conseguiu a segunda vez, quando a abusou no mesmo ano. Mas não conseguiu pela terceira vez, quando a garotinha se tornou uma especialista em fugas e esconderijos.

Agora teria que encontrar outro lugar, já que Mayo tomou conta do container abandonado. Mas ela ainda podia recorrer à amiga Ingrid, embora os pais dela não acreditassem que o padrasto de Bárbara pudesse ser um cara perverso. Ele era considerado o melhor dos homens, naquela cidade.

– Estou fazendo o nosso trabalho em grupo... – Ingrid comentou.

– Eu ajudo, me diz o que fazer...

Ingrid não esperava outra coisa da amiga. – Comecei um esboço, mas acho que teremos de ir à Casa da Vida amanhã, para terminar, Não posso inventar tudo.

Bárbara arregalou os olhos. – Você inventou?

–É eu tive uma ajudinha... Me inspirei num livro que eu estava lendo da Colleen Houck: Deuses do Egito!

– Ah... A professora vai sacar. Aquela mulher não parece ser desse mundo...

–Verdade... Sabe que o vovô foi o cara que carregou as malas dela, quando Henrietta Casas chegou à cidade...

– Nossa! Isso deve ter sido há muitos anos... – disse Bárbara, esquecida de sua própria miséria.

– Foi sim – Ingrid sorriu. – Ele disse que ela não envelheceu nadinha desde que chegou.

– Também acho que ela está bem conservada – concordou Bárbara.

– Bom... Leia o rascunho que fiz e me diz o que você acha? – disse Ingrid, jogando o caderno sobre a cama.

Bárbara pegou o caderno e tentou se concentrar. Estava tão cansada, que a vista parecia meio embaralhada. As duas discutiram os pontos principais do trabalho e decidiram o que precisavam fazer, quando fossem à biblioteca, no dia seguinte.

Avaliando a amiga, por um instante, Ingrid comentou:

– Esse primeiro dia de aula presencial foi puxado... – Fora o que Bárbara passava em casa, com o padrasto, todos os dias. Mas isso, Ingrid não precisava mencionar, nem repetir. Era a única que sabia do calvário de Bárbara.

Ou a única que acreditava.

– A gente estava desacostumada a sair de casa – ela acrescentou, num tom leve e gentil. – Melhor dormir, Barb, pois o dia de amanhã promete ser tão puxado quanto.

Ingrid apagou a luz e o quarto mergulhou na abençoada escuridão.

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Clarice andava entediada. Aborrecida e entediada. Nem a presença constante de William fazia com que se sentisse contente. Os troféus que conquistava – sociais, principalmente, costumavam bastar para lhe massagear o ego. Além do mais, o pai viúvo e rico deixava que a filha fizesse tudo o que tinha vontade, desde os cinco anos. Uma forma de compensação por sua ausência.

Clarice não se importava, realmente, desde que ele mantivesse o cartão de crédito com um limite razoável e sempre aberto para os seus gastos.

No entanto, ela se sentia inquieta desde a pandemia. E em nada resolvia ter o pai autorizado a reforma do seu quarto. Ademar Zincão Soares, o "megaprefeito" como ficou conhecido, contratou o melhor arquiteto do estado para ampliar o closet da filha, e instalar uma banheira do tamanho de uma pequena piscina, em seu terraço privativo. Sim, o quarto de Clarice era o principal da casa. O pai e a irmãzinha de oito anos dormiam em quartos menores, na parte de trás. Eram quartos ótimos, mas a suíte era dela. Só dela.

Hoje, Clarice percebeu que nem os habituais mimos do pai estavam funcionando. Ela estava se sentindo desgostosa. E para piorar, as amigas pareciam evitá-la.

Ela sentia cheiro de fofoca no ar. E bem poderia imaginar de onde vinha. Da chata da Rosa! A doentinha não gostava de ouvir umas boas verdades e tinha que difamar os outros. Rosa tinha inveja de Clarice, não havia dúvida. Era tão óbvio que qualquer um poderia perceber.

A maluca estava interessada no bad boy, ainda por cima. Talvez Clarice devesse chegar primeiro e conquistá-lo, só pra que a esquisitinha entendesse qual é o seu lugar, no grande esquema das coisas.

A campainha lá embaixo tocou, fazendo um pomposo "ding-dong". Ela voltou a passar creme no rosto. Logo mais, alguém batia na porta do seu quarto.

– Entre – disse ela, sem parar de distribuir o creme pelo rosto.

Teodora entrou.

Ademar, sempre educado e galante, trouxe a mochila que a amiga trouxe para passar a noite. Teodora agradeceu e pegou a mochila ficando vermelha como um pimentão. Clarice achou graça. A amiga ficava daquele jeito como todas as garotas da escola. Não era para se gabar, mas o pai era um tremendo galã e ainda batia um bolão.

Sorrindo, Clarice se deu conta do quanto o pai tinha puxado a ela.

– Vamos, entre! – ela gesticulou para a amiga.

– Sua mãe não empombou de você vir? – Quis saber Clarice.
Teodora encolheu os ombros. A mãe deprimida, Geovanna, só dormia o tempo todo e para se levantar da cama, era na base de muito medicamento.

– Digamos que ela nem vai notar.

– Em coma, é? – A outra debochou. Teodora não riu junto com a amiga. Sentiu raiva. Especialmente quando Clarice perguntou: – Fez alguma coisa da pesquisa?

– Não.

– Acho que vamos ter que apelar para a diligente Ingrid, não é mesmo? – comentou Clarice, de maneira calculista. Teodora não revirou os olhos, mas bem que teve vontade. – Bem, já que está aqui, sente-se perto de mim e me conte o que eu não sei sobre todo mundo...

Claro, era para isso que Teodora servia. Para trazer informação. E como toda garota popular, informação valia ouro para se manter no topo. Com um suspiro derrotado, Teodora se sentou no sofá e começou a falar.

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Thiago derrubou a revista de ficção científica sobre o peito e adormeceu, ainda com os óculos no rosto. O pai passava pelo corredor, parou e contemplou o jovem com carinho. Seu filho. Não havia o que Augusto não fizesse pelo seu único filho. E a pandemia era uma nuvem que pairava sobre eles. Desde que a loucura da quarentena começou, Augusto não dormia direito, com medo de adoecer e faltar para o filho. Só crescia o número de crianças e adolescentes que assistiam o coronavirus varrer a família inteira da face da terra. Eram agora os órfãos da COVID, entregues a um sistema de adoção já saturado.

Outro de seus medos era que o filho não recebesse a vacina em tempo. Estava se arrastando a pouca vergonha das vacinas e sua distribuição aloprada do governo.

Ele estava certo de que não era o único pai apavorado do país, ou do planeta. Por sorte, era um pai privilegiado, que podia suprir conforto e alguma segurança para seu rebento. Tornou-se pai solteiro, estando despreparado, mas enfrentou tudo e todos para que seu filho crescesse feliz e com saúde. Além do mais, ele o educou com esmero, procurando prepará-lo para a vida... E o filho nunca o decepcionou.

Thiago era cuidadoso, sim, mas estava de bem com a vida. Não demonstrava metade dos medos e das nóias de seu velho pai.

Não que Augusto fosse velho. Mas olhando para Thiago, uma réplica de si mesmo na adolescência, ele às vezes se sentia um velho.

Entrou no quarto, tirou os óculos do filho adormecido, com cuidado; em seguida, guardou a revista na estante. Sorriu ao lembrar de que Thiago era tão vaidoso que não gostava que os outros o vissem usando óculos de grau. A cirurgia da miopia teve que ser adiada, por causa da pandemia. Os dois conversaram e o garoto achou melhor esperar. Afinal, só precisava dos óculos para ler, mesmo.

Passando a mão pelo cabelo de Thiago, Augusto sorriu e murmurou:

– Boa noite, meu filho!

Thiago virou-se de lado e deu uma roncadinha. Augusto sorriu com carinho e saiu, fechando a porta suavemente.

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