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9 - Um presente para você!

Após um banho quentinho depois do intenso treino, vesti minhas peças íntimas e saí enrolada em um roupão até o vestiário feminino. O recinto era preenchido por fileiras de armários avermelhados, alguns bancos de cor escura, as paredes pigmentavam um tom acinzentado e o piso negro completava o contraste. Caminhei entre os armários até encontrar o meu e vi Ísis sentada em um banco adiante.

As fechaduras eram leitores biométricos e com minha digital tive acesso ao armário de número doze. Peguei uma calça cirre preta, uma regata fechada com gola curta do mesmo tom e minhas botas coturno.

— Ísis, encontrei você — A voz azucrinante de Ethan ressoou atrás de mim.

— O que você quer Ethan? — ela perguntou rudemente, calçando suas botas.

— Você está sendo requisitada na sala de reunião C — expôs o garoto, sustentando o peso de seu corpo em um dos armários ao meu lado — Está pegando pesado no treino, Lany. Sua bunda está... agradável. — Senti a queimação da intensidade do seu olhar mapeando meu físico, principalmente meu traseiro, revirei os olhos com sua atitude impudica.

— Ethan... — pronunciei seu nome, fechando a porta do armário em um baque. — Se quiser posso te passar minha lista de exercícios, mas acho que não vai funcionar para o que você precisa realmente que cresça — debochei, descendo o olhar para o ponto central em seu quadril.

O garoto emitiu uma gargalhada curta e ardilosa. Inspirei o ar profundamente, moderando-me para não expressar o quanto eu não o suportava quando se comportava de modo tão mesquinho e babaca. Meus nervos estavam à flor da pele, era um péssimo dia para ele resolver sequer respirar perto de mim.

Ele aproximou seu corpo do meu, mantendo o rosto próximo e me fazendo sentir sua respiração quente chocar contra minha pele, no entanto não me movi.

— Faz tanto tempo assim? Se tiver esquecido, posso te relembrar que nunca tive problemas de tamanho. — disse quase em um sussurro, repleto de segundas, terceiras e até quartas intenções. Você poderia esperar qualquer coisa vindo de Ethan Watkis. — Você sabe onde me encontrar.

Ele lançou uma piscadela e eu estreitei meu olhar, encarando o profundo daquelas íris castanhas. Eu sabia bem que ele não tinha mesmo problemas algum, de forma alguma. Seu corpo era irritantemente perfeito, mas eu jamais admitiria em voz alta e isso, de alguma forma, o divertia. O que me tirava do sério. E me irritava ainda mais ter a plena consciência que ele sabia o que eu realmente achava dele, talvez eu tivesse deixado isso claro quando o procurei em várias noites diferentes.

— Você está no vestiário feminino, dá o fora! — ordenei em tom baixo, porém irredutível, arrancando um sorriso pretensioso de seus lábios antes que ele se virasse e fosse em passos lentos até a saída.

— Não sei como você ainda não deu um soco na cara dele — Ísis comentou, levantando do banco e desembaraçando seu cabelo com os dedos.

— Acredite, tenho muito autocontrole — respondi e a garota soltou uma risada curta antes que eu voltasse para o banheiro.

A verdade era que todos os contratempos daquelas últimas horas requisitaram muito mais da minha energia, a ponto de não afrouxar com as provocações do garoto manipulador de ar. Meus ânimos se sustentaram graças às intensas horas de treino e isso era o que me mantinha sã naquele momento, não seria Ethan que conseguiria atrapalhar todo meu esforço em esquecer os detalhes da conversa com Dylan e principalmente não lembrar de certos olhos acinzentados que continuaram gravados no fundo da minha mente.

Eu ainda podia sentir as fumaças de suas palavras brincando com meu inconsciente.

Quando terminei de me vestir, cruzei os corredores até o elevador, tendo como destino final o refeitório no sexto andar. Assim que as portas abriram passei por algumas mesas e fui direto à cantina. Peguei uma bandeja e servi minha refeição, sábado era o único dia que faziam lasanha, então usufruí da ocasião para pegar uma fatia generosa e escolher os demais acompanhamentos.

Meu estômago agitou com o aroma delicioso exalado no ambiente. O almoço era a hora que meu apetite estava em seu ápice, sempre me dei o prazer de nutrir-me um pouquinho mais do que nos outros horários. Explorei o local com meu olhar até encontrar Boris e Noah sentados junto.

— Garota, você arrasou na luta contra a Arya — Boris enalteceu no momento que sentei ao seu lado e de frente a Noah. — Seus movimentos foram muito bons, seu combate corpo a corpo também, aquele salto que você deu? Fiquei impressionado, você claramente andou treinando muito enquanto eu estava de férias.

— Arya acabou de ingressar em nosso grupo, não foi nem uma luta justa — respondi e dei de ombros. — Ela ainda não tem experiência e por ser uma flamer ela é quase toda previsível, não foi difícil e não acho que isso seja de fato uma vitória. Você sabe muito bem que eu treino desde os doze anos, algo que 90% das pessoas aqui só começou com dezesseis.

A risada sarcástica de Noah me obrigou a encará-lo com uma sobrancelha arqueada.

— Incrível como você não sabe ouvir um elogio e apenas agradecer. — Ele gracejou e eu mostrei a língua em resposta.

— Até parece que você não sabe como ela é — disse o homem ao meu lado e o outro concordou. — Mas então, quando vai nos contar o que rolou ontem? Você e Dylan. Claro, estou me referindo ao que conversaram, mas se quiser contar detalhadamente tudo o que fizeram no carro dele, por mim não tem problemas. — Um sorriso presunçoso despontou em seus lábios roliços.

— Não aconteceu nada do que está imaginando — enfatizei rapidamente — Já faz um tempo que eu não tenho mais ficado com Dylan. Ele apenas me contou algumas coisas que eu não sabia sobre o Carpe Noctem e sobre o... — interrompi minha própria sentença ao insinuar citar o nome de quem eu menos queria no momento.

Soltei um longo suspiro, decidida a expor o conteúdo da minha conversa com o presidente. Contei tudo para ambos, incluindo sobre o julgamento por combate. Noah já estava a par sobre o assunto por ser um dos que trabalhavam diretamente com nosso chefe, então não foi nenhuma novidade. Entretanto, Boris ficou um tanto estarrecido.

Eu passara metade do período diurno sem relembrar das insônias durante a noite antecedente, sem pensar no que aconteceu na boate e principalmente sem recordar daquela sensação que penetrou meus muros mentais e me deixou paralisada no clube noturno.

Não vou mentir, a minha ideia inicial era ter evitado ao máximo tocar no assunto para não me afundar em meu próprio desespero, um sussurro sombrio estava sempre ali presente, me dizendo que eu era uma idiota que agora dependia dos outros para salvar minha bunda, acompanhado de um tic tac suave que parecia contar cada hora perdida da minha própria vida.

De repente, ao relatar tudo para meus amigos, minha pele também vibrou em resposta quando pensei naquele estremecimento que senti quando Zyan simplesmente tocou em mim. Céus, minha cabeça estava em um processo de erupção, eram tantas informações, vindo de tantos lados, de tantos jeitos e golpes, eu não sabia mais o que fazer.

Como consequência, um sabor amarescente sobressaiu em meu paladar e levou meu apetite embora. Empurrei o prato de comida discretamente, ou pelo menos achei que tivesse feito isso, pois Noah percebeu meu desconforto e prontamente desviou o assunto.

— Pensei que você e Dylan já estavam firmando algo sério a essa altura — comentou, mexendo uma pequena colher em seu milk shake enquanto me observava com cautela.

— Não mesmo. — Balancei a cabeça — Não quero saber de namoro por um bom tempo, estou bem assim. Gosto de me divertir e às vezes ele precisa de uma distração de tanta responsabilidade, fico mais que feliz em ajudá-lo com isso... mas é apenas isso. — consegui finalizar, por incrível que fosse, com um tom sério.

— E encontrou mais alguém? Alguém novo? — Boris perguntou, seu rosto virado para mim, mesmo que ele estivesse saboreando seu enorme prato de comida.

Olhei em volta do refeitório antes de retornar a atenção para minha lasanha quase intocada, me obriguei a pegar uma porção com o garfo e levei a boca, mastigando calmamente antes de balançar a cabeça em resposta.

— Acho que vai ter que expandir sua busca, suas opções de novidades masculinas estão ficando cada vez menores nesse instituto — O homem dos olhos esmeraldas que ainda me fitavam ironizou, lancei um olhar estreito a ele, depois de engolir minha saborosa refeição.

— Eu não acho, ainda tem muito a ser explorado. Por exemplo, eu ainda não conheci as suas habilidades — comentei, arqueando a sobrancelha e esbanjando um sorriso perverso. Ele me encarou por alguns segundos, os olhos estreitados me repreendendo em silêncio.

— Você é como uma irmã para mim — falou firmemente. — Isso nunca vai acontecer.

— Como você pôde fazer isso comigo? — levei uma mão ao peito em um ato dramático — Meu coração está sangrando por ouvir isso! Pensei que eu tivesse uma chance — A voz falsamente melodramática que fiz se derreteu quando Boris começou a gargalhar do meu lado, não consegui segurar e o acompanhei.

Noah apenas balançou a cabeça e continuou tomando seu milk shake com a colherzinha. Algo realmente mundano, mas agradável de ver. Eu não precisava explicar que era apenas uma brincadeira, os dois que estavam comigo me conheciam o suficiente para saber que Noah realmente era como um irmão que eu nunca tive.

Eu jamais, em hipótese alguma, dei ou daria em cima dele de forma maliciosa, apenas lançava algumas chacotas para deixá-lo constrangido ou envergonhado, mas por pura diversão apenas, nunca tentei nada e nem mesmo ele. Olha que tivemos muitas oportunidades para isso.

Ele cuidou de mim e Safira quando perdemos nossos pais, ele deixava de estar com sua família para ficar com nós, me ajudou a voltar para os trilhos e me firmar financeiramente até conseguir dar conta de tudo sozinha. O homem já tinha algumas décadas de vida e sempre soube exatamente o que fazer ou falar para melhorar qualquer situação de merda que eu me encontrasse.

Noah era essencial tanto para mim quanto para Safira. Ele se aproximou da minha irmã com muita cautela e ela o abraçou em sua vida, eu não poderia ser mais grata a tudo que ele fez por nós. De todos meus amigos, minha conexão com Noah era algo que poucos entendiam.

Enquanto muitos iam e vinham, ele foi aquele que ficou. Talvez o garoto não soubesse disso, mas ele esteve comigo até mesmo quando meu ex tinha me deixado em cacos, algo que sangrei por muito tempo, já que não consegui contar a ninguém tudo o que tinha acontecido, mas mesmo sem saber, ele pegou cada pedacinho meu e juntou um por um.

— Alanys? — Virei meu rosto para olhar a figura feminina que tocou meu ombro sutilmente.

A mulher era loira, seus cabelos bem ondulados se aproximavam do centro de suas costas, uma franjinha reta e cheia acompanhava seus traços físicos. Pelo uniforme que ela usava e o crachá fixado na altura do peito, identifiquei que era uma das recepcionistas do IEPL.

— Sim?

— Chegou um presente para você. Pedi que deixassem em seu quarto, tudo bem? — perguntou gentilmente.

— Claro, muito obrigada — agradeci com um sorriso que foi retribuído, em seguida a loira acenou para meus amigos e afastou-se em passos céleres.

— Um presente? Você não tinha dito que não estava vendo ninguém ultimamente? — Boris indagou curioso.

— Eu juro! Não faço ideia de quem seja, vamos lá descobrir — convidei, terminando de comer rapidamente meu cheesecake. Eu tinha devorado a lasanha sem nem perceber enquanto refletia sobre a importância do Noah na minha vida.

Como eu disse, ele sempre me ajudava, me tirando dos pensamentos soturnos para que eu conseguisse pelo menos terminar a refeição.

— Bom, eu tenho que voltar para o meu trabalho, encontro com vocês depois — Noah levantou, despedindo-se de mim e acenando para o mindhunter.

No instante que Boris consumiu toda sua refeição, disparamos pelo recinto. Ele parecia mais empolgado que eu e sua ansiedade me contagiou de certa forma. As portas do elevador abriram e demos de cara com Ísis, não deixamos ela sequer entrar no refeitório e a conduzimos junto a nós até o térreo.

Atravessamos os corredores atrás da recepção até chegar em outro que conectava com a torre ao lado, era onde ficavam os alojamentos. Naquele segundo prédio não possuía recepção e sua entrada era concedida por voz. Assim que alcançamos a ala B, invadimos o elevador e subimos até o andar vinte e um. Paramos diante de uma porta branca. Usei minha digital no leitor e digitei a senha no painel para destrancar o quarto.

Eu praticamente nunca usava o aposento, então o local era bem vazio, contando com poucas roupas e sem nenhum objeto sobre as mesas. O dormitório era montado com uma cama queen-size, frigobar, guarda-roupa, banheiro, janela extensa do chão ao teto com visão para a cidade e uma escrivaninha com notebook. Um espaço ideal apenas para dormir mesmo.

Em cima da cama, estava uma caixa de tamanho médio, toda preta e enlaçada por uma fita dourada bem chamativa. Desviei meu olhar para meus amigos que sentaram pela extremidade da cama, um pouco longe do embrulho.

— Bem elegante — comentou a ruiva, cativada com o refinamento do presente.

Notei que havia algo preso pelo laço existente no topo. Aproximei-me e reparei que era um cartão, puxei com cautela e admirei o acabamento fino. Muito requintado para ser de alguém que eu conhecia, exceto Dylan, mas por que ele me mandaria um presente e não entregaria pessoalmente? Não havia nada escrito na frente do cartão, então virei para o verso.

Meus olhos esbugalharam e meu âmago se retorceu em amargura. Era impossível o que estava diante dos meus olhos. Não, não, não! Devo estar começando a ver coisas. Continuei repetindo isso a mim mesma e me amaldiçoando baixinho.

— O que foi, Lanys? De quem é? — Boris perguntou.

Precisei de segundos para ler e reler as letras gravadas no mesmo tom de dourado que a fita da embalagem. Não queria acreditar na audácia e na ousadia, ao mesmo tempo que estava curiosa e com receio de desvendar o mistério do conteúdo da caixa. Engoli seco enquanto flashes cintilavam em minha cabeça, transportando com si imagens do remetente.

Um arrepio congelante subiu pela minha espinha, advertindo que nada de bom poderia vir dessa pessoa, ainda mais quando a destinatária era eu.

— Alanys? — Ísis me chamou, despertando-me do inebriante lapso sombrio que eu estava. Ergui meu queixo e troquei olhares entre os dois sentados a poucos metros de mim.

— É do Zyan.

Ambos tiveram a mesma reação que eu: olhos arregalados, um tanto boquiabertos, e completamente surpresos. De repente, nossa euforia e curiosidade se converteu em pânico e receio. Era indescritível a negatividade atraída por um único ser, pior era não conseguir discernir meus próprios sentimentos.

Estava tudo tão confuso. O que ele queria? Era um lembrete do combate? Ele não poderia ter pensado que eu esqueceria, poderia? Ou será que era o anúncio oficial sobre o julgamento? Alguma tradição que eu desconhecia? Deuses! Muitas dúvidas.

Eu não sabia como exatamente tudo funcionava, então não podia descartar a possibilidade de dentro daquela caixa ter todas as informações: a data escolhida por ele, suas regras e talvez mais alguma coisa que ele quisesse me atormentar. Estava tudo ali, o choque da realidade, saber que meu inferno pessoal teria uma data definida para início.

Eu duvidava muito que Zyan me matasse logo após cruzar a fronteira, ele com certeza faria questão de se divertir muito com meu sangue antes.

— Você vai abrir? — Ísis perguntou com os olhos fixados no objeto ao nosso meio.

— E se for um explosivo? — Nosso amigo indagou.

— Não é como se fossemos morrer, certo? Iríamos nos curar e ele sabe muito bem disso — respondi, sustentando a firmeza em minha voz. Na verdade, eu não tinha convicção de mais nada quando se tratava dele.

Puxei a caixa cautelosamente. Respirei fundo e elevei a tampa com muito cuidado enquanto meu coração agitava em ansiedade. Um formigamento quente dançou sobre minha pele quando fui aos poucos percebendo o que estava acontecendo.

Naquele momento, tive certeza que o prédio inteiro escutou os gritos de Ísis quando o conteúdo foi exposto a nós. Ela e Boris saltaram da cama, ambos ficando de pé no canto do quarto, completamente atônitos e encarando a cena de horror.

Meu coração bateu freneticamente, eu estava sobressaltada e ao mesmo tempo inerte. Meus membros não me obedeciam mais e não era capaz de sequer falar. Senti minha garganta arder e um nó se formar ao fundo, meu estômago nauseou e tudo o que comi me deixou enjoada.

A tarefa mais difícil foi segurar as lágrimas que começaram a se formar em meus olhos. Senti meu rosto acalorar e no instante que estive apta a me mover, levei minhas mãos à boca, sem conseguir emitir nenhum som.

Meus olhos se recusaram acreditar no que estava diante deles, a covardia me alcançou e me fez desviar, não conseguia sequer encarar mais a cena que me assombraria pelo resto da minha vida. Zyan não me mandou um presente, não era um lembrete qualquer... ele me mandou a cabeça do barman. O mesmo barman que havia me avisado para ir embora do Carpe Noctem.

Ele era só um humano.

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