Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

16 - Vigia noturna

Vinte quatro horas se passaram vertiginosamente, no entanto foram o suficiente para que eu descansasse e revigorasse as energias. No segundo dia útil, no alvorecer do sol, no momento que meus olhos abriram eu soube que já era hora de encarar minha realidade de novo.

Não pude deixar de reparar alguns olhares e burburinhos enquanto cruzava os corredores do IEPL em direção ao refeitório. Não soube dizer como os fofoqueiros ficaram sabendo sobre o ocorrido na arena, mas a informação alcançou seus ouvidos intrometidos e, mais uma vez, eu me tornei o centro da atenção no instituto.

A primeira vez que isso ocorreu foi quando descobriram que eu era uma lighter. Eu tinha apenas dez anos. Tive que aprender a lidar com os holofotes até o instante em que soube como ignorá-los. Ou pelo menos não me importava mais. Meus amigos também dominavam com maestria a habilidade de fingir que nada estava acontecendo, eles me receberam com sorrisos simpáticos e olhares ordinários.

— O que vamos fazer hoje? — Boris foi o primeiro a puxar assunto quando o silêncio começara a se tornar desagradável. — É sexta gente, dia de Freya. Deusa do amor, da sensualidade, da fertilidade... — mencionou a última característica com tom insinuativo — Vamos animar.

— Bom... eu vou curtir o amor, a sensualidade e a fertilidade fazendo a vigia da barreira hoje. — Ofereci um riso fraco para o garoto ao meu lado. — Fui escalada para o turno desta noite — revelei ao checar novamente a informação em meu relógio e pude ouvi-lo bufar.

— Brian terá folga amanhã, podemos planejar algo depois. Podemos planejar algo simples para hoje, o que acha Boris? — Ísis perguntou e ele super concordou com a sugestão.

Conversamos sobre coisas triviais até terminarmos de mordiscar o que deveria ser um café da manhã. Meu relógio apitou e percebi que tinha esquecido completamente da consulta médica, então me despedi rapidamente dos meus amigos e saí correndo para o elevador.

Ao chegar à ala médica, fui até a recepção, assim que uma das recepcionistas permitiu, andei até a sala do Dr. Castiel. Aquele não era meu dia de consulta habitual, mas Dylan insistiu, a ponto de chegar a ordenar, que eu fizesse uma rápida visita ao meu médico, pelo menos para termos certeza que estava tudo certo comigo e com meus poderes.

Foram longos minutos realizando diversos diagnósticos, levando agulhadas, fazendo coletas e seguindo todas as diretrizes. Castiel sempre sabia como tornar esse momento monótono em algo descontraído e o diálogo sempre fluía entre nós. Ele me perguntou sobre tudo o que aconteceu na arena e, com ele, me senti confortável para falar a respeito.

— Eu conheço o Vincenzo — ele falou e eu arqueei a sobrancelha, esperando que continuasse. — Ele foi um dos meus mentores quando atravessei a fronteira para terminar a faculdade de medicina. — Sorriu, seus olhos brilhando com as lembranças do seu tempo universitário. Que a propósito, eu não estava ciente de muitas coisas.

— Não sabia que para se formar precisava ir para o norte — comentei confusa e ele deu uma risada simpática.

— Precisamos entender todos os tipos de portadores para conseguir ajudar vocês, isso inclui também os portadores de sombra e, você sabe... A regra da fronteira não é aplicada a humanos — relembrou.

— Você tem um ponto — concordei. — Ele e Zyan pareceram ser muito próximos, eles possuem algum parentesco? — Desviei meu olhar para a prancheta em suas mãos, tentando não demonstrar muito interesse no assunto.

— Não — negou, concentrado em suas anotações. — Eles se conheceram um tempo depois do Zyan perder sua esposa. Foi Vincenzo quem apresentou os irmãos Sartori para ele e o ajudou na sua época de luto, então é natural que tenham um respeito grande um pelo outro.

Ponderei a informação. Um pensamento sussurrou em minha mente, algo relacionado ao ancião ter começado a envelhecer. Zyan sabia que seria questão de tempo até perder uma pessoa que claramente era importante na vida dele, e eu tive certeza que isso só fez o mútuo sentimento entre eles se intensificar.

Todos nós tínhamos nosso prazo no mundo, mesmo que alguns ainda conseguissem viver muito mais que outros, mas o Pai das Sombras... era imortal. Um dom que vinha com benefícios, mas também atuava quase como uma maldição.

Nós nos mantemos silentes por alguns segundos. Fiquei atenta, observando meu médico terminar suas anotações antes de erguer o olhar para mim.

— Vou prescrever alguns suplementos para você tomar — decidiu. — Seu corpo ainda está fraco e precisamos repor algumas vitaminas necessárias para que se recupere. Sei que estou pedindo muito, no entanto preciso que evite ao máximo o uso de seus poderes, pelo menos durante esse fim de semana — finalizou.

Todo o fim de semana? Isso seria algo difícil de cumprir, ainda mais sendo uma especialista, eu vivia diariamente em contato com meus dons. Porém estava ciente que retrucar não adiantaria em nada.

— Tudo bem — concordei e esperei que terminasse o que estava fazendo.

Ele me explicou detalhadamente sobre como tomar as medicações e uma requisição já havia sido enviada para o laboratório, eu só precisava passar lá mais tarde antes de ir embora. Após isso, nos despedimos e eu corri para fora daquele lugar.

Durante o treinamento no período vespertino, Marcellus me proibiu de acessar minha luz e me pôs para treinar com sacos de pancada. Não me importei muito, aliás, adorava esmurrar alguma coisa de vez em quando, era uma ótima terapia para mim. À medida que as duplas terminavam o treino e iam embora, a sala ficava cada vez mais vazia e espaçosa até o final, restando apenas eu e meu instrutor. Tínhamos alguns minutos, então ele aproveitou para me ensinar alguns movimentos e lutamos um pouco.

— Você tem um bom posicionamento corporal, se conseguir usar isso ao seu favor, pode poupar bastante a utilização dos seus poderes, até mesmo durante um combate — Marcellus disse, retirando as fitas enroladas em volta de seu pulso.

— Foi o que tentei fazer na arena — informei, arrancando as luvas meio-dedo das minhas mãos. — Mas ao mesmo tempo me senti vulnerável. — Exalei um forte suspiro, meu peito subindo e descendo por conta da respiração ofegante.

— Tente escolher uma arma. — Apontou para um canto onde havia uma exposição de diversos tipos de lâminas — Comece a treinar com elas, acho que está na hora de sair da sua zona de conforto. Pode ser útil.

Não era uma má ideia. Eu nunca tinha tentado lutar com armas exceto a minha string. Todo portador forjava sua própria arma a partir de seus poderes, mas isso não nos impedia de aprender a manusear e gerar outras. Inclusive, alguns, como Brian por exemplo, eram ótimos utilizando diversos tipos de espadas e lâminas. Tudo bem que as habilidades dele de warrior davam uma certa vantagem, mas ele realmente se dedicava a ser cada vez melhor.

— Alanys — Marcellus me chamou e eu voltei a fitá-lo. — Quero que saiba que estou muito orgulhoso, você progrediu bastante nos últimos anos. — Seu elogio me fez sorrir timidamente antes de agradecê-lo. — Conte-me... como foi a sensação? — seu sorriso iluminador denunciou nitidamente ao que se referia.

— A sensação de lutar pela minha vida e ter que nocautear a filha do homem que mais odeia lighters do mundo inteiro? — repliquei com um leve toque de ironia. — Tão assustador quanto conseguir escapar de uma guilhotina no último segundo — respondi séria, ao mesmo tempo que o ajudava a recolher os tatames.

— Fala como se lutar com ela não tivesse sido o maior problema, e sim, lidar com o pai dela — comentou, empilhando os acessórios no canto.

— Viper tem seus pontos fracos — apontei. — A arrogância é um deles, ela subestima seus oponentes.

— Zyan também tem.

Virei-me, no mesmo instante, de frente para ele, interessada em saber até onde aquela conversaria chegaria.

— Quais?

— As pessoas costumam temer ele por um bom motivo — disse ao se aproximar. — Só que suas atitudes são guiadas por seus ideais — enfatizou, com o olhar atento sobre mim. Engoli seco e torci para que minhas feições não denunciassem o quanto estava contente em ter aquela conversa. — E também pelo coração.

— Coração? — repeti, o canto dos meus lábios repuxando com deboche. — Pensei que ele tivesse perdido isso — pronunciei inconscientemente.

— Você não perdeu o seu, mesmo quando sentiu que todo o seu mundo tinha desmoronado, indo embora junto com as pessoas que amava — observou, um sorriso leve no rosto e então se afastou, retirando-se do salão e deixando seu ar enigmático para trás.

A lembrança veio com uma pontada azeda de melancolia. Eu soube que ele havia se referido aos meus pais, se ele soubesse a metade do que a perda deles realmente causou na minha vida... Nada os traria de volta, nada traria aquela garota que eu era antes de volta.

Entretanto, nunca usei meu luto e minha dor para descontar em pessoas que não tiveram nada a ver com isso. Não me tornei insensível a esse ponto. Essa era a evidente divergência entre eu e Zyan.

Verifiquei a hora em meu relógio e notei que já estava próximo ao horário do meu turno, o que me fez correr para o banheiro feminino. Tomei um banho rápido e vesti uma calça preta, com uma regata simples e uma jaqueta de couro por cima, deixando o zíper completamente fechado. Calcei minhas botas antes de correr até o elevador e descer para a garagem.

— Obrigada por ter me esperado — agradeci no momento que vi Arya à minha espera no jipe. Entrei no veículo e coloquei o cinto.

— Não por isso, vi que estava bem focada no treinamento — a garota brincou e eu não pude evitar de sorrir.

Ela deu partida e saímos do prédio. Os carros velozes do instituto e a estrada exclusiva para a fronteira facilitaram nossa chegada. Arya parou em frente aos portões e aguardou liberarem nossa passagem. A ruiva de cabelos curtos seguiu a trilha entre a floresta até nosso ponto de vigia. Assim que chegamos no local, ela estacionou próximo às árvores e descemos do veículo.

Eu tinha levado um tablet para passar o tempo, peguei meu rádio e caminhei até a base do rochedo. Sentei no chão e recostei em uma pedra gelada. Arya veio em minha direção com uma lanterna na mão, o que me fez soltar uma breve risada.

— Você não é uma dominadora de fogo? — gracejei com a cena.

— E onde você quer que eu coloque fogo? Na floresta? — retribuiu a brincadeira com um sorriso divertido.

— Verdade — respondi. Estava muito escuro e as únicas coisas que iluminavam o espaço eram os faróis do jipe, Arya tinha os deixado acessos. A luz da lua refletia nas copas das árvores e nas pedras acinzentadas, mas não era o suficiente. — Tecnicamente, eu não deveria usar meus poderes, mas acho que precisamos dele.

— Não faça isso — disse, me repreendendo rapidamente. — Vamos procurar lenha e acender algumas fogueiras nesses pontos. — Apontou para os locais, um próximo ao rochedo e um próximo a barreira.

Concordei e deixei meu tablet e rádio no chão. Saímos à procura de galhos caídos e qualquer outra coisa útil. Reunimos tudo o que conseguimos encontrar e montamos as fogueiras nos locais que Arya tinha indicado. Voltamos a sentar e enquanto ela lia um livro, eu pesquisava alguns artigos online.

As horas passaram vagarosamente e eu já estava ficando sem ideias do que fazer para não desfalecer de tédio. Tentei jogar algum joguinho idiota e descobri que não tinha paciência alguma. Arya estava completamente imersa em seu livro, lendo uma tragédia romântica e comentando sempre que alguma cena chamava a sua atenção.

Um toque alto fez meu coração disparar, a ruiva ao meu lado sobressaltou com o aparelho vibrando em seu bolso. Ela atendeu e após trocar algumas palavras, seu semblante alterou completamente.

— Lanys, eu preciso ir... Aconteceu algo com meus avós e e-eu... — gaguejou, a voz trêmula, e eu levei minha mão até a sua. Sua pele estava gélida, mesmo quando o poder do fogo circulava em suas veias.

— Tá tudo bem, pode ir. Eu consigo me virar. — Tentei tranquilizá-la.

Ela levantou e solicitou no rádio para que algum guarda do portão viesse buscá-la e levá-la de volta ao instituto, a decisão era que o jipe ficaria comigo. Assim que alguém afirmou que estava a caminho, eu levantei e a abracei, a garota estava apavorada e tremendo.

Limitei-me a não fazer perguntas e apenas deixá-la resolver o que fosse, deixei nítido todo o meu apoio, mesmo que não fossemos tão íntimas ainda. Eu entendia bem o quanto família era um assunto delicado. Em alguns minutos um carro se aproximou e a ruiva correu em direção a ele, logo o veículo se distanciou com velocidade, seguindo pela trilha por onde veio.

— Lanys? — Ouvi uma voz familiar me chamar pelo rádio.

— Brian? — respondi.

— Sim. Eu estou na guarda do portão hoje, se acontecer qualquer coisa aí me avise — informou.

— Entendido — confirmei e voltei ao lugar onde estava há minutos atrás.

Repousei o rádio ao meu lado e, no momento que toquei a tela do tablet, sons de galhos farfalhando vieram da floresta, atraindo minha atenção. Ergui meu olhar tentando enxergar além do breu, mas a mata era turva demais. Ouvi novamente o mesmo som e meus pelos arrepiaram e eu não soube dizer o porquê.

Um rosnado, longínquo e grave, me fez elevar rapidamente, jogando o tablet na grama. Corri até o jipe e capturei a lanterna mais forte que encontrei, adentrei a floresta com cautela, se fosse algum ser mágico eu precisava ter certeza que era um dos nossos. Tentei seguir os barulhos, a todo instante olhando para os lados e até mesmo para trás, não queria ser surpreendida pelo seja lá o que fosse aquilo.

Uma sensação estranha percorreu meu corpo, meus olhos estavam esbugalhados pelo medo. Mesmo em total silêncio, qualquer um poderia ouvir as batidas fortes do meu coração à medida que eu entrava cada vez mais na mata.

Vaguei entre as árvores, atenta a cada arbusto por qual passei, estava muito escuro e os enormes pinheiros dificultavam que a luz da lua iluminasse o local. Parei de andar quando ouvi um som em um amontoado de vegetal a alguns metros à minha direita, foquei minha lanterna e percebi as folhas farfalharem.

— Quem está aí? — indaguei, aproximando-me cautelosamente.

Meu coração estava prestes a saltar fora do meu peito, a cada passo respirei fundo, tentando manter a calma e controlar a ofegação. Pedi a todos os Deuses para que fosse apenas um animal inofensivo e nada mais. Estendi o braço até meus dedos roçarem nas folhas opacas, puxei elas rapidamente e quase congelei com o susto.

— Fadas? O que estão fazendo aqui? — Observei três pequenas criaturas, encolhidas e abraçadas entre si. Elas tiritavam e suas feições exalavam pavor.

Engoli seco quando percebi que seus olhares não estavam direcionados a mim e, sim, a algo atrás de mim. O pensamento óbvio veio à minha cabeça: o rosnado não poderia ter vindo das fadas.

— Saiam daqui, agora! — gritei para elas, que voaram no mesmo instante.

Virei rapidamente e entendi o motivo de tanto pavor. Entre as árvores e a penumbra, uma silhueta grotescamente enorme caminhou em minha direção, o animal rosnou enfurecidamente. Mirei a lanterna em sua face e contive o grito em minha garganta. Era uma besta Obscura.

Sua estrutura era igual a de um urso, a cor de seu pelo era um ébano tão profundo que deixaria a própria escuridão com inveja. Seus olhos rutilavam um tom violeta, algo que eu nunca tinha visto igual. Suas patas eram grandes e minha pele ardeu com o pensamento de ser facilmente dilacerada pelas garras grossas e afiadas nas pontas. Ele me encarou como se eu tivesse interferido em sua caça para o jantar e fez questão de exibir a fileira de dentes pontiagudos para mim.

Tateei lentamente a bainha da calça e recordei que deixei o rádio no chão ao lado da pedra. Engoli seco, naquele momento era só eu e o urso das trevas. Não tinha como pedir ajuda, eu não tinha escolhas, se quisesse sobreviver teria que usar meus poderes. Mas a luz da lua estava fora de alcance.

Segurei a lanterna firmemente, o suor em minhas mãos poderiam colocar minha vida em risco se eu a deixasse despencar. Olhei com cautela para o lado e assim que o animal bramou e avançou em minha direção, eu corri para o sentido oposto das fadas. Tive a sensação da terra vibrar sob meus pés à medida que o urso corria atrás de mim. Ele era muito mais rápido se eu continuasse seguindo em linha reta.

Decidi correr em curvas acentuadas ao passar por algumas árvores. Meu coração parou quando ele quase me acertou com uma de suas patas maiores que minha cabeça. Inclinei a tempo de sentir meus cabelos esvoaçarem com o sopro forte do ar de um tronco sendo quebrado ao meu lado.

— Puta merda, que espécie de brutamonte você é? — vociferei antes de voltar a disparar e o animal continuar me perseguindo.

Enxerguei de longe o limite da floresta e uma parte do jipe, olhei para cima e notei que aos poucos conseguia ver a lua novamente. Foquei em usar toda minha energia para correr até o campo aberto. A cada bramido enfurecido que o urso emitia, minha pele vibrava com o som, fazendo a tensão se acumular em meus músculos, mas a adrenalina me impedia de parar e me ajudava a ter fôlego.

A terra foi substituída pela grama do campo, continuei correndo em rumo ao local onde havia deixado o rádio, mas um passo em falso foi o suficiente para me levar ao chão. Caí com o rosto na grama, mas pela forte emoção não senti dor.

Virei de frente para o animal e, pela sua velocidade e aproximação, eu não tinha mais tempo.

O terror tomou conta do meu corpo e minha reação foi cruzar meus braços à frente do meu rosto e fechar os olhos, apertando-os com força. Pedi aos céus para que o corte de suas garras não doessem tanto, mesmo sabendo que isso seria algo impossível. Já estava preparada para ser esfolada pelo urso, era um futuro inevitável, mas então...

— Khaos!

Um silêncio.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro