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ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 2

But if I see you in my dreams tonight

Then maybe you were right

And I'll call you in the morning

In My Dreams | Canção de Ruth B


Ao abrir os olhos novamente, limpei a pequena lágrima que se formou e respirei fundo. Não havia mais nada para fazer ali, nem chorar. O sonho não chegou, mas o cansaço estava presente no meu corpo e mente. 

Olhei para o seu novamente e, então, ouvi o som de um galho se quebrando. Um passo, algo diferente de qualquer outra coisa que eu já tinha ouvido naquele lugar. Um sinal de vida.

Senti meu coração disparar em um misto de sensações. Mas a melhor delas, com toda a certeza, era a comprovação de que eu não estava sozinha. Claro, o pavor também corria pelas minhas veias, me fazendo pensar sobre o causador daquilo, ou se simplesmente era a minha mente me pregando uma peça.

Me sentei na grama apoiando-me nos braços e comecei a olhar ao meu redor até o encontrar.

Um par de brilhos dourados, quase brancos, ameaçadores, brilhando nas sombras.

Era assustador como aquilo era instigante, apenas dois sóis em meio a pura escuridão. Eu conseguia ver que a figura era alta e esguia, obscura. Como um lobo focado em uma presa.

Não consegui responder. Era como se minha voz tivesse sido roubada pelo meu nervosismo a cada passo que a criatura dava em minha direção, ficando mais visível sob a claridade das estrelas.

Seus olhos, então, refletidos pelo brilho das estrelas, deixaram a cor dourada e mostraram a cor de azul mais clara que já havia visto. Claros como o inverno, brilhando intensamente como um floco de gelo. O rosto que os acompanhavam era magro e anguloso, forte. Seu nariz era pontudo, forte, e os lábios pequenos e firmes, como se estivesse sério há muito tempo.

Os cabelos escuros eram bagunçados e acompanhavam o estilo gótico que seu traje emanava. Um grande sobretudo preto cobria outras peças escuras, com cobertura até o pescoço, além de pesadas botinas tratoradas. Sua expressão era melancólica, mas calma, como alguém que já havia visto de tudo. As mãos, apoiadas ao lado do corpo, lhe davam uma visão segura de alguém poderoso, sem medo.

Ele deu mais um passo a frente.

– Como fez isso? – ele me questionou. 

Sua voz era envolvente. Poderosa. Controladora. Eu conseguia sentir a sedução que ela me trazia com a sua gravidade. Senti a palpitação do meu coração disparando conforme ele me encarava. Era como se ele pudesse ver o fundo da minha alma e isso, por alguma razão, me deixava extremamente abalada.

– Eu fiz o quê? – retruquei. Percebi que não reconhecia nem minha voz mais, depois de todo aquele tempo sem usá-la. Um arrepio passou pelo meu corpo quando ele se aproximou mais e eu me levantei o suficiente para ficar abaixada, caso precisasse correr. Quem era ele? O que eu havia feito dessa vez?

– Quem é você? – perguntou ele novamente, de forma mais suave.

– Zoe – respondi diretamente. – Quem é você?

– Não sabe quem sou eu? 

– O Barack Obama que não é – comentei sarcasticamente, então me arrependi. – Nã-não, não sei quem você é.

Ele pareceu refletir um pouco. Sua postura era de alguém com autoridade, seu olhar, um pouco mais alto do que o meu, mostrava certa dominância. Os lábios finos e pequenos se apertavam, como alguém frustrado, de certa forma. 

– Tenho muitos nomes, Zoe, mas pode me chamar pelo que mais lhe aprouver – respondeu ele, se aproximando de mim mais um pouco. – Sonho, Morpheus, Oneiros, Kai'Ckul, Modelador, Oniromante, Tecedor de Histórias...

– Por qual posso te chamar? – perguntei, receosa de cada palavra poderosa que ele mostrava sobre si. Apesar de algo no interior da minha mente me dizer que eu o conhecia, outra parte simplesmente não sabia fazer a conexão.

Morpheus – respondeu ele, fazendo minha pele vibrar. O tom da sua voz aveludada era intenso e forte, de um jeito que nunca havia ouvido antes.

– O deus do sonhos? – perguntei, com a voz baixa como um sussurro.

– Sou algo muito além de um deus e aqui, me considero um Rei – disse, dando os ombros. Ele parecia estar curioso e arisco em relação à mim, como se eu representasse algum tipo de perigo. – Mas o nome não importa tanto quanto a minha função.

Só pela sua aproximação pude sentir seu poder emanando sobre mim.

– Então, estou sonhando? – busquei tirar minha primeira dúvida – Onde estou exatamente?

– Sim, está em meus reinos – começou ele, pausadamente, firmando as mãos contra o casaco. Então, abanou uma delas em direção ao espaço. – Aqui, no que chamo de Sonhar. O reino dos sonhos – suas palavras eram doces como mel, extremamente envolventes.

Sonhar. O reino dos sonhos.

– Por que? – questionei. – Como assim sonhando? Sempre estive aqui, sempre vim aqui para pensar. Não pode ser só um sonho.

 – Do que está falando? – perguntou o Rei dos Sonhos.

– Eu-eu sempre venho aqui, quase toda noite. Minha casa fica aqui perto, depois daquele morro – falei, apontando para uma pequena alteração no terreno plano há algumas centenas de metros.

– Você não pode passar todo seu tempo aqui, Zoe – disse ele.

– Do que você está falando? – o questionei. 

– Este é o Sonhar, Zoe. Humanos, animais e quaisquer seres vivos vem para cá quando adormecem – seus olhos intensos ainda continuavam fixos nos meus. A forma como ele pronunciou meu nome me deixou ainda mais nervosa.  – É aqui que moldamos quem vocês são e serão quando acordarem.

– Moldar? Sonhos moldam pessoas? – perguntei a ele.

– Ah, é claro que sim. É aqui que lhe trago esperança, permito que você desafie seus maiores medos e que encontre objetivos pelos quais vale a pena viver. Sonhos a tornam quem você é.

– Mas eu não posso estar em um sonho – isso simplesmente não funcionava assim.

– Pode e está – rebateu ele.

Então, colocou as mãos nos bolsos de forma descontraída, como se estivesse entediado. No entanto, sua expressão era totalmente diferente disso.

– E por que você está aqui? – retruquei.

– Foi você quem me chamou, Zoe – disse o senhor dos sonhos, fazendo uma micro-expressão com a sobrancelha. – Para falar a verdade, eu sou o mais curioso por aqui.

– Curioso sobre o quê?

– Sobre como conseguiu controlar seu próprio sonho a ponto de me trazer até aqui – continuou ele. – Já conheci outros sonhadores fortes como você, mas durante os últimos séculos não vi nada parecido.

– Séculos? Quantos anos você tem? – questionei, já não conseguia acreditar que o homem que aparentava seus trinta e poucos anos era bem mais velho do que parecia. – Ah, que pergunta idiota, você é um deus. Aliás, como eu deveria me direcionar a você... ao... senhor, vossa alteza, majestade?

Percebi seu olhar brilhar com humor, apesar de sua expressão não se modificar da seriedade.

– Pode me chamar apenas pelo meu nome, como eu lhe indiquei – respondeu ele, me olhando e então observando o céu estrelado. – Morpheus.

– Morpheus... – sussurrei, confirmando, sem deixar de observá-lo. – Eu não sei do que você está falando.

Ele parecia surpreso em falar comigo. Como se eu não fosse o que ele esperava. Era estranho ter essa sensação. Desviei o olhar para o céu.

Então, ficamos em silêncio por um bom tempo, ao menos, foi o que pareceu. Eu sentia a sua presença ao meu lado, mas quando o vi de relance, percebi que sua concentração estava no lugar, piscando lentamente para o meu paraíso particular. O rosto apontado para cima, o maxilar firme, mas a expressão serena.

– Eu preciso saber de uma coisa, Zoe – o Rei dos Sonhos falou com sua voz rouca.

– O quê? 

– Quem você é lá fora, no mundo desperto.

– Eu já disse, meu nome é Zoe – respondi novamente. – Se isso é mesmo um sonho, como eu sei o que é a vida real ou não?

– Você simplesmente sabe – Morpheus respondeu.

– E como você acha que vai descobrir algo sobre mim? 

Então, ele esticou a mão em minha direção. Os dedos finos e magros eram pálidos e suaves, sem arranhões ou cicatrizes.

– Me dê sua mão, por favor – pediu ele, com um tom de ordem. 

Eu estava com dúvida sobre o que isso poderia causar, mas pousei minha mão sobre a sua com desconfiança. Diferente do que ele me aparentava, era muito quente. No segundo seguinte, ele piscou e seus olhos brilharam em seu tom dourado novamente, então, me observou por alguns segundos antes de voltar ao normal.

– Você parece tão perdida... – sussurrou ele.

– Eu... não sei – respondi.  – Acho que estou...

– Há quanto tempo você está aqui, sozinha? – perguntou ele mais para si mesmo do que para mim, como se entendesse a sensação da solidão.

Senti a mão envolver a minha quase completamente. Isso me fez ficar vermelha. A sensação de sua mão que aparentava ser tão fria, ser tão quente e forte, me surpreendeu. Então ele fechou os olhos.

– Não sei... – respondi novamente, sentindo repetir aquela frase pela milésima vez, balançando a cabeça.

Naquele momento, o aperto ardido em meu peito voltou e se espalhou por minhas veias, fazendo todo o meu corpo queimar por dentro. Eu sabia que alguma coisa estava errada, pois minha cabeça começou a doer também. Arfei e tentei me soltar de Morpheus. As lágrimas começaram a surgir em meus olhos sem que eu as quisesse, com a dor se espalhando por meus membros.

– Pare, por favor – implorei, com a voz sofrida. – Não sei o que está fazendo, mas está doendo. Está me machucando.

Morpheus abriu os olhos, focando em minha direção e logo em seguida me soltou. Ele pareceu um pouco surpreso ao ver meus olhos marejados, abrindo a boca suavemente, pensativo, como se fosse falar alguma coisa, mas desistiu.

Apoiando-se na grama, ficou em pé, de costas para mim, o sobretudo intocado pela sujeira. Por alguns segundos, assim permaneceu.

– Não vou deixá-la sozinha aqui nem mais um segundo – afirmou ele. – Venha comigo. Precisamos encontrar você no mundo desperto, mas não posso deixá-la rondando sonhos sem supervisão.

– Você vai me tirar daqui? 

– Sim, Zoe. Você possui algum tipo de poder do qual preciso descobrir mais.

Morpheus se virou em minha direção e então estendeu sua mão novamente para mim. Engoli a seco. Não sabia exatamente onde estaria entrando, mas ali, naquele lugar, não era onde eu gostaria de ficar. A solidão era deliciosa, mas depois de um tempo, ela se tornava um fardo doloroso.

– Não precisa ter medo. Eu não vou permitir que fique sozinha novamente – seus olhos revelavam uma promessa selada. Pude sentir uma história, algo tão profundo e ardente que mexeu com suas emoções de forma intensa. Eu entendi, naquele momento, que Morpheus, o senhor dos sonhos, entendia a minha solidão.

– Para onde vamos? – perguntei a ele, limpando as lágrimas com as mãos.

– Para o que chamo de casa – respondeu o Rei dos Sonhos – Me permita levá-la para outra dimensão aqui no Reino dos Sonhos, Zoe.

Receosa, me vi desconfiando daquele homem-deus-entidade, mas eu não queria ficar nem mais um segundo ali, sozinha. Então, assim que envolvi sua mão com a minha, sentindo o calor do contato com a sua pele, senti seu corpo se aproximar do meu em um abraço intenso e em seguida o mundo inteiro girar e se dissolver, metamorfoseando-se em frente aos meus olhos.

Um novo mundo surgia em minha frente, entre linhas, cores e desenhos. 

É claro que muitas questões ficaram em minha mente: se tudo aquilo que eu vivi naquele espaço foi apenas um sonho, haviam tantas coisas que poderiam ser diferentes. Amigos, parentes e pessoas que eu poderia encontrar novamente em algum momento. Muitas surpresas me aguardavam, disso eu tinha certeza, mas não poderia conviver mais com o medo. 

Conforme eu fechei os olhos e inspirei o perfume adocicado e forte, também vi uma nova oportunidade.

Um novo sonho para explorar.

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