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ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 10

For all we know

And all we've shown

Crazy our survival

To keep from drowning

Drowning | Jensen Ackles


– Zoe – sua voz doce como mel me chamou.

Pisquei até me concentrar eu seu rosto forte e seu olhar marcante azul dourado me observando. Seus braços fortes e magros me apertavam suavemente, como se o desespero houvesse tomado conta.

– Como você está se sentindo, Zoe? – perguntou-me Morpheus. Então, ele olhou para a multidão que havia se formado em volta de nós e ordenou, suavemente: – Por favor, voltem aos seus postos, deem espaço para ela.

Sonhos e Pesadelos seguiram pelo salão rapidamente, temerosos de seu futuro caso negassem a ordem. Lucienne e Matthew, no entanto, se mantiveram ali, também expressando curiosidade e preocupação.

Minha cabeça doía e eu tinha certeza de que meu rosto expressava aquilo.

– Eu... – comecei a falar, mas ainda me sentia meio zonza.

Uma porta havia se aberto em minha mente. Memórias, lembranças e desejos... presente, passado e futuro agora se revelavam para mim. Era tanta coisa. Tanta informação. Tudo aquilo que eu havia esquecido.

A cama, a seringa, o frio, a dor e a escuridão.

Sentia que iria vomitar a qualquer segundo. No entanto, eu consegui fechar a porta por alguns segundos, me permitindo respirando fundo. Meu estômago se revirava como um festival, me impedindo de fazer outra coisa se não continuar ali, desabada nos braços do Rei dos Sonhos e dos Pesadelos.

– Eu... eu me lembro... – falei entre respirações profundas, olhando diretamente para Morpheus.

Vi suas sobrancelhas franzirem, então aliviarem, mas não disse nada. Sua expressão era de preocupação, havia algo por trás de seu brilho dourado que me fazia questionar minha própria segurança.

– Da sua vida desperta? – perguntou Lucienne, ao lado.

– Sim – lhe respondi, gemendo de dor. – De tudo.

Morpheus então me ajudou a levantar, com as mãos em meus antebraços e o rosto preocupado. Acho que em todo o tempo que estive perto dele, nunca o vi expressar tantas emoções de uma só vez. Seu toque era quente e firme, preparado para o caso de eu simplesmente tombar para trás novamente. 

– Então, essa é Zoe? – perguntou uma voz feminina delicada. – Olá, minha querida. Acho que já conheço você.

Atrás de mim, vi uma linda mulher negra, sorridente e simpática, com os braços cruzados. Ela falou a primeira frase diretamente com Morpheus, ao que eu percebi. Mas ao me olhar, soube exatamente quem ela era. 

– Minha irmã, por que está aqui? – perguntou o Rei dos Sonhos, ainda próximo a mim.

Aquela não era só uma simples pessoa como eu, mortal. Não era nem Sonho, nem Pesadelo. Ela era uma Perpétua e eu sentia exatamente qual deles era: a Morte em carne e osso. Porém, diferente daquilo que eu esperava, não era sombria, não tinha uma capa e muito menos uma foice. Ela não era esquelética nem fantasmagórica. Na verdade, era a expressão da bondade com um sorriso sincero e uma personalidade bem mais sociável que a de Morpheus.

– Fui convocada – respondeu ela, olhando para o irmão, se aproximando de nós. 

– Não, por favor, minha irmã – pediu o Senhor dos Sonhos com a voz levemente embargada, colocando-se em minha frente. 

Ela queria me levar? Era por isso que estava ali. Eu havia morrido no mundo desperto e agora estava de partida. Só podia ser. E a maneira como Morpheus estava me protegendo ia além de alguém em seu reino, era como se ele realmente se importasse comigo.

– Não vou levá-la, Morpheus – disse ela, simplesmente. – Disse que fui convocada, apenas.

Então, apoiou a mão no antebraço direito de Morpheus, como se para acalmá-lo. Lucienne e Matthew se mantinham no mais profundo silêncio, apenas nos observando, curiosos, ao longe.

– Olá – me disse ela, com o sorriso de orelha a orelha mostrando todos os dentes brancos e enfileirados.

– Olá – respondi, gaguejando um pouco com o nervosismo. Eu sabia, sentia em meu âmago quem era ela. – É uma honra conhecê-la, Morte.

– A você também, Zoe – continuou ela com um sorriso brando. Morpheus deu um passo para o lado e deixou que ela se aproximasse de mim. – Ouvi muito a seu respeito e também vi muito do que viveu. Lucienne, Matthew, por favor, podem nos deixar a sós?

– Claro, minha senhora, Mestre – Lucienne fez uma pequena reverência, assim como o corvo, antes de saírem do salão, deixando apenas eu, Morpheus e Morte ali.

– Peço desculpas pela pergunta, mas, se não veio me levar, quer dizer que não morri, então o que significa ser convocada? – a questionei.

– Acho que ainda não compreende nada sobre si mesma e seus poderes – respondeu ela. – Foi você quem me chamou, não intencionalmente, claro. Eu sou a Morte, eu sei quando uma vida começa e quando ela termina. Estive aqui quando o primeiro mortal foi criado e estarei aqui quando o último mortal morrer. Eu sou a guia. Esse é o meu poder.

A Morte então segurou minhas mãos. Uma sensação forte de poder passou por mim e senti meu corpo ficando mais leve. Eu conseguia entendê-la. Conectar-me com ela.

– Por que eu a chamei? – continuei. Ou como? Não fazia ideia.

– Porque já nos encontramos antes, há muito tempo – disse a mulher. Morpheus estava parado próximo a nós, sério e em silêncio. – Você e a sua alegria de viver sempre me divertiram. Nunca me viu como uma inimiga, mas como uma forma de fazer a sua estadia em terra firme valer cada segundo. Você viveu, viveu como ninguém. Amou, sonhou, desejou e construiu. E assim como muitos, também teve seu fim.

– Quando a visitei a primeira vez, ouvi um chamado. Não era uma ida, mas uma chegada, uma surpresa poderosa – contava ela. – Eu soube, no momento em que a vi, que era diferente de tudo aquilo que eu já havia visto em bilhões de anos.

– Mas eu sou mortal, não sou? – a questionei, franzindo o cenho. Engoli a seco e olhei de relance para Morpheus.

– Acredito que não – disse ela. – Mas confesso que também não sei sua denominação. Apenas o Criador pode nos ajudar com isso.

– Mas eu morri, não morri, lá fora, no mundo desperto – falei diretamente ao Senhor do Sonhar. Seus olhos pareciam brilhar suavemente, como em lágrimas.

– Eu... a vi morrer – respondeu ele simplesmente. Então encarou a irmã. – Mas aqui, ela não é apenas uma alma, eu sinto isso.

Morte assentiu.

– Zoe, não sente como somos opostas? – questionou-me ela.

Acenei com a cabeça que sim. Ali, com as mãos unidas, olhando em seus olhos, eu entendia. Eu conseguia sentir o seu poder passando por mim, como pequenas descargas elétricas, fazendo meus pelos do braço se eriçarem e meus cabelos esvoaçarem suavemente. Era estranho, mas confortável. 

– Eu represento a Morte, mas também a vida. Assim como Desespero também representa a esperança, Delirium o deleite e outros. Somos o símbolo do equilíbrio, de certa forma. Você tem um poder que ainda desconhecemos.

– O que isso significa, minha irmã? – Morpheus pergunta, com a voz rouca e melancólica.

– Precisaremos descobrir  – começou ela, sorrindo para o irmão. – Mas, você sabe bem como tal informação não deve sair daqui. Zoe tem um tipo de energia muito mais forte do que um sonho poderoso, um deus ou uma musa. Então, tome cuidado para quem isso será falado. De preferência, que não saia daqui.

– Eu a protegerei, lhe juro – prometeu Morpheus à irmã. Seus olhos azuis se prenderam aos meus selando o acordo, fazendo meu coração palpitar.

– Confio em você, irmão. Em breve, conversaremos – disse ela. – Agora, preciso voltar ao trabalho. Adeus.

E então, ela se soltou de mim, abraçou Morpheus e sumiu em um tipo de portal de luz, deixando nós dois mergulhados em um silêncio gigante. Meu coração parecia querer pular do meu peito, ardendo. Minha cabeça latejava de tanta informação.

Poderes. Morte. Acidente. Presente. Passado. Futuro.

Fiquei observando o piso, fitando o nada, ouvindo apenas os sons do meu próprio corpo. Era confuso. Mas também me gerava muita curiosidade. O que eu era? O que eu poderia ser? Eu precisaria descobrir isso. Encontrar o meu verdadeiro propósito.

– Como está se sentindo, Zoe? Imagino que seja muita informação para absorver – questionou-me o Senhor dos Sonhos pela terceira vez, com sua voz rouca em um tom baixo e suave, diferente do que estava usando antes. Ele se aproximou de mim, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Eu estou bem confusa... – respondi. – Mas não estou mais tão enjoada.

– E em relação ao resto? – me perguntou ele.

– Confusão parece fazer parte dos sintomas da minha existência, então, no momento, acho que preciso espairecer um pouco para não enlouquecer. Pois só o tempo dirá mais sobre tudo isso. Agora, não sei nem por onde começar.

Todas aquelas memórias pareciam um poço sem fim em minha mente... rodando, rodando e rodando. A cada momento uma nova informação surgia sobre o mundo desperto que me deixava um pouco zonza. 

– Acredito que sim. Mas você está bem? Depois de tudo o que aconteceu?

Ele parecia muito preocupado. Sua mão acariciou meu rosto e não pude deixar de me sentir ofegante. Aquele contato, tão delicado e suave, fazia meu corpo inteiro ficar eletrizado. A proximidade do seu corpo com o meu era o que mais me enlouquecia nesse momento e também o que mais me mantinha com os pés no chão.

– Eu estou. Convencida de minha partida do mundo desperto, por enquanto. A confusão das minhas lembranças já passou, pelo menos – respondi. Fitei seus olhos por alguns instantes, me perdendo na imensidão azul. – É como se eu pudesse respirar fundo depois de uma longa corrida.

Nossa. Como aquilo me deixava leve. Eu lembrava de quase tudo, mas de forma tão longínqua que não entendendo o quanto isso poderia fazer diferença na minha existência. Meus sentimentos estavam muito confusos.

– Fiquei... preocupado – disse ele. O rosto, robusto e simétrico, demonstrava tal sentimento.

– Mas agora está tudo bem... – falei, sorrindo. Então, segurei sua mão que estava em meu rosto, com delicadeza, tentando o deixar menos preocupado. – Você não vai se livrar de mim tão fácil, não se preocupe.

Então ele sorriu suavemente. Seus movimentos tão minimalistas mostravam sensações das quais eu me surpreendia em entender. Ele firmou seus dedos contra os meus com força, mas sem machucar.

O jeito que ele me tocava, o formato dos seus lábios e seu olhar intenso sobre mim me deixavam acesa. Eu queria beijá-lo. Então, eu queria que ele retribuísse. Inconscientemente, fui me aproximando lentamente em direção aos seus lábios, quando fomos interrompidos pelo som de uma corneta.

Era o som que Lucienne havia planejado para o início do baile de inverno. Depois de toda aquela bagunça, nem conseguimos terminar de organizar as coisas. Me distanciei e tentei disfarçar minha tentativa frustrada olhando para o chão.

– Lucienne – a voz do Senhor dos Sonhos retumbou pelo salão.

Ah, não, será que a Zoe tá bem? Será que ele está puto? – ouvi Matthew reclamar do outro lado da porta. – Vai cancelar a nossa festa? 

Cale a boca, Matthew, ele pode ouvir – rebateu ela. Então, abriu a porta, surgindo no corredor.

– Senhor, pois não? –Lucienne disse.

– Zoe já se sente melhor, mas acho que a festa seria uma boa ideia para que ela pudesse desviar de seus problemas um pouco – Morpheus ordenou. 

– Uhul! Quééé! Vamos curtir! – Matthew comemorou, fazendo uma dancinha com as perninhas finas e as asas escuras.

– Claro, mestre, terminarei os preparativos – Lucienne continuou, afirmando com a cabeça, em sua postura inigualável.

– Você vem também? – perguntei a ele.

Lucienne e Matthew também aguardavam aquela resposta. Pareciam curiosos dos acontecimentos que se seguiriam.

– Irei – respondeu ele simplesmente.

– Aí sim, hein! – o corvo disse animado, batendo uma asa na canela de Morpheus como um amigo que bate nas costas do outro para aprovação. Mas o Senhor dos Sonhos estreitou os olhos, como em dúvida do que fazer em relação àquilo. – Ah, desculpe senhor. Mil desculpas.

Ri em direção ao pobre corvo.

– Então vamos lá! – falei, empolgada e ainda muito reflexiva. Mas se não podíamos deixar outros saberem daquilo que conversamos, precisaríamos seguir com tudo.

A verdade é que eu não estava preparada para lidar com tudo aquilo de uma vez. A expressão que Morpheus fez com a minha animação era de desconfiança e eu sabia que era verdade. Mas de que forma eu poderia lidar com isso sem seguir com o plano? Eu decididamente precisava de um momento para fugir das loucuras e ser apenas... eu.

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