Uma nova criatura surge
Dan
Seguíamos viagem pela avenida principal, o carro nada mais do que era um simples HB 20S, estava bem cuidado e tinha algumas malas no porta-malas.
Abro o porta-luvas e vejo a carteira do motorista, que era um coreano, parece que vivia sozinho pois não havia fotos ou coisas femininas lá indicando que tinha namorada ou era casado. Ele era um empresário, não encontrei nada demais ou fora do comum.
Mexendo mais a fundo, encontro alguns pen-drives e coloco um deles no rádio do carro, já que não havia mais sinal de internet ou rádio naquele trajeto a qual estávamos.
Aparece no painel multimídia algumas pastas com músicas, imagens e vídeos. Toco sobre a pasta de músicas e vejo que ele separava por estilo musical, o que me fez pensar: ele deveria ter TOC, ou eu sou muito desleixado. Olha, tudo certinho e bonitinho."
Dante estava concentrado na estrada, com o braço esquerdo apoiado sobre a janela e a mão sobre sua cabeça, dirigindo apenas com a mão direita. Ele nem falou nada ao notar eu mexendo no rádio para colocar música.
Toco na pasta de músicas hip hop alternativo e coloco para tocar a música do Twenty one pilots - Ride.
Ajusto o volume do rádio, deixando no médio, para não incomodar meu irmão, não sabia o que ele estava pensando e nem como ele estava se sentindo. Não tivéramos essa conversa ainda um com o outro. Desde o momento em que tudo começou, não havíamos mais parado de correr.
Sou surpreendido ao ver ele começar a cantar junto com a música, fazendo um sorriso em meu rosto surgir e me juntar a ele na música.
Deixei as músicas na reprodução automática e seguia procurando no carro algo que pudesse nos ser útil. Retiro de minha bolsa um pacote Doritos e eu começo a comer, e meu irmão já chega metendo a mão no salgadinho, enchendo sua mão; fuzilo ele com meu olhar e ele diz, enquanto come de modo descarado:
— O que foi? Eu deveria pedir? — Logo em seguida ele ri.
— Não esperava respeito de você, na próxima eu queimo sua mão. Nunca fui de compartilhar nada e você sabe disso — digo e prossigo comendo.
Logo olho para ele enquanto ele mastigava o Doritos em sua boca, poderia ser o momento certo para uma conversa de irmão numa boa. Estávamos pela estrada, matando andarilhos, procurando respostas.
Até me lembra o seriado Supernatural, que eu acompanhava. Mas claro que eu seria o Dean, tenho um bom humor daqueles. Se bem que parando para pensar, pessoal, meu irmão tem mais do jeito do Sam.
Mas deixando isso de lado, respiro fundo enquanto devoro o restante do Doritos. No começo eu digo meio sem jeito, mas logo ele percebe que lá vinha uma daquelas conversas doidas minha e já começa a ficar com um olhar desconfiado.
— Dante, eu tenho uma pergunta para lhe fazer. Posso? — falo com ele de modo descontraído, como se estivesse soltando o fósforo em cima de uma garrafa de álcool.
— Claro, pode perguntar — diz ele, de modo normal e calmo, mas sabia que ele estava desconfiado de qual pergunta estava por vir de minha parte.
—Você nunca me disse como se sente desde que tudo isso começou sabe?... — Faço uma breve pausa e prossigo falando de modo que minhas palavras não parecessem um interrogatório. — O que você acha que será de nós agora? O que pensa que poderemos achar daqui para frente?
Ele dá uma risada breve e fica sério logo em seguida. Ele começa a falar, sem desviar a atenção da estrada à frente.
— Eu não tenho certeza de nada, Dan. Isso me preocupa muito, está tudo mudando e o que fazemos agora é só lutar em meio a tudo isso para sobreviver. Ao certo, espero que nós dois encontremos nosso pai. — Ele respira e logo olha para mim e fala, de modo determinado, brevemente: — E claro, precisamos achar nossas amigas viajantes no meio desse fim de mundo. Espero que, daqui para frente, não venhamos a encontrar muitas dessas coisas, que não entremos em apuros e possamos ter uma casa. Porque, de verdade, irmão, você está mais podre do que essas coisas.
Estava sorrindo e bem feliz ao ver que ele estava otimista quanto à nossa jornada, mas ele não perde a chance de me irritar. Semicerro os olhos e o intervenho, falando e o cortando no meio de suas palavras:
— Quem vê pensa que você está bem apresentável. Entre um andarilho e você, sou mais o andarilho.
"A sorte dele que ele estava dirigindo, senão eu o atacaria." Ele me interrompe logo em seguida, olhando para mim e falando, enquanto parava de rir e senti sinceridade em sua voz:
— Mas falando sério, irmão. Se nosso pai não estiver mais entre nós, sabe, como humano, isso significará que só teremos um ao outro.
Ele faz uma breve pausa; inclino a cabeça de lado para ter uma visão de seu rosto por completo e fico intrigado. Faço uma pequena observação no que ele dissera antes de deixá- lo prosseguir:
— Estou pronto para as duas coisas que disse, irmão. Teremos que um cuidar do outro, certo? Sabe que sou chato e irritante às vezes, também falo muito, mas gosto muito de você, seu antissocial — digo, dando um grande sorriso.
As pontas de meus dedos estavam alaranjadas devido ao pó do salgadinho no sabor queijo nacho, mas eu não ligava; olho brevemente para o lado de fora e vejo Dante encostar com o carro ao meio fio da estrada. Ele se vira, olhando para mim, e dá um soco em meu ombro, falando, com um sorriso de canto:
— É isso mesmo, lesado. Temos um ao outro, basicamente. Não confio muito em nosso pai, então meio que tenho a obrigação de cuidar de você. Trate de não morrer, beleza?
Afirmo com a cabeça que entendi seu recado e tocamos nossos punhos um ao outro. Ele desce do carro, indo até o porta-malas, abrindo-o e pegando algumas coisas; desço logo em seguida
para ver o que ele estava por fazer.
— O que vai fazer? — digo normalmente, olhando-o enquanto abria a bolsa e pegava uma shotgun.
— Irei deixar as mesmas carregadas e prontas para uso, meu caro — diz ele, normalmente.
— Precisa de ajuda? Eu estava pensando em ir relaxar um pouco tendo a visão do penhasco — digo, enquanto pego duas pistolas automáticas em minhas mãos, analisando-as e mirando sobre uma árvore, inclinando a cabeça levemente para o lado e semicerrando os olhos.
— Não... Pode ir lá, só fique atento cara a qualquer coisa. Se bem que daqui onde estamos tenho uma boa visão de onde você estará.
— Pode deixar, irei ficar com os ouvidos e olhos atentos. — Faço um sinal para ele enquanto sigo em direção ao porta-luvas do carro; sem abrir a porta, pela janela mesmo, estendo meu braço esquerdo e pego um pequeno caderno junto com uma caneta com o nome do escritório do dono do carro.
Caminho sobre a terra com poucas pedras sobre ela, sentindo a cada caminhar meu pé quase escorregando, mas era apenas em uma pequena parte do caminho.
Depois vinha apenas a terra e em alguns trechos um mato baixo até chegar na parte rochosa, onde me sento cuidadosamente à beira e fico olhando a visão do dia cinzento e o vento frio vindo em minha direção, balançando parte de meu cabelo que estava sobre meu rosto.
Respiro fundo e retiro de meu bolso da calça jeans meu celular e os fones de ouvidos, torcendo para que eles estivessem pegando. Para minha felicidade e sorte, estavam. Coloco-os em meus ouvidos e começo a escutar Paramore - Last Hope".
Abro o caderno e arranco deles as folhas que tinham algumas anotações do antigo dono, amasso com minha mão e as queimo, ficando apenas as cinzas em minha mão fechada; estendo-a para a frente de meu corpo, deixando que o vento as leve embora.
Começo então a pensar no que poderia escrever. Fico parado algum tempo ali pensando e admirando a visão à minha frente, procurando as palavras certas para iniciar a escrita. Tenho uma ideia de começar a registrar com palavras minhas todo o início de nossa jornada; dou um sorriso bobo em meu rosto e início a escrita, registrando nossas primeiras duas semanas e meia desde o surto dos andarilhos. Poderia ser divertido quando alguém encontrasse algumas anotações nossas, poderiam nos conhecer, conhecer nossa história e tudo o que passamos até aqui.
É sempre bom deixar registrado, algum dia alguém poderia ler e evitar cometer os mesmos erros ou até mesmo saber o que aconteceu e a origem de tudo.
Jogo-me de costas contra o chão, fitando a paisagem do céu, com o caderno e a caneta na página que escrevi, fico ali apenas curtindo a música. Logo vejo Dante se aproximando e me coloco de pé. Ele tira o fone de ouvido do lado esquerdo e fala, olhando para o caderno em minha mão:
— Já arrumei tudo, pode ficar com as pistolas até eu te ensinar a usar as shotguns e metralhadora. De início, usarei mais a Katana para poupar as munições. Não sabemos quando acharemos outra loja do tipo. E que diabos de diário é esse na sua mão, garoto? — diz ele, de modo sério, até chegar na parte do caderno que eu havia escrito; ele faz uma cara de confuso e surpreso.
— Tudo bem, sem problemas. — Faço uma pausa e prossigo falando enquanto fico ao seu lado, abrindo o caderno e mostrando a ele o que tinha escrito rapidamente.
— É um caderno onde estou escrevendo tudo o que estamos passando, sabe? Como começou e o que vimos até agora — termino de falar, animadamente, esperando o que ele tinha a falar, fechando o caderno e deixando ele ao lado do meu corpo.
Ele me encara e coloca a mão em seu rosto, fazendo cara de pensativo, falando, enquanto voltávamos andando até o carro:
— Resumindo, você tem um diário? — diz ele, sem expressar qualquer feição em seu rosto.
— Cara, não é um diário, é tipo um registro de nossa jornada — falo, corrigindo-o.
— Diário do Dan. É bonitinho, irmão — diz ele, rindo. Encaro-o, semicerrando os olhos, com uma expressão de "fala sério, cara". Adentramos o carro e prosseguimos com a viagem. A tarde passara tão rápido que não percebemos, logo somos pegos de surpresa.
Estávamos em uma estrada bem precária e havia sinais de que algo não muito bom havia passado por ali, sinais de que aquelas criaturas estiveram ali não fazia muito tempo.
Eu e Dante trocamos olhares e era notável o pôr do sol chegando. Dante acelera mais um pouco para sairmos logo dali. O local era cercado por um mato alto e ali parecia ser uma área rural, o que significava que qualquer local de auxílio para nós estaria muito longe.
Dante parece apreensivo e olhava para os lados à procura de algo. A noite começa a chegar, na estrada não havia iluminação alguma, decido não perguntar ao meu irmão o porquê de ele estar agindo daquele jeito. A estrada a nossa frente estava apenas sendo iluminada pelos faróis do o luar, que se escondia aos poucos entre as poucas nuvens que havia naquele céu pouco estrelado.
O carro começa a perder velocidade e o carro ia parando por completo, o LED do tanque de gasolina começa a piscar e fazer um "bip".
— Merda, merda, merda! A gasolina tinha que acabar em meio ao pior lugar do mundo? — diz ele, com o tom de voz elevado e com raiva, após bater com as mãos sobre o volante.
Ele olha para mim, enquanto tirava o cinto para descermos do carro.
— Pegue sua mochila e a bolsa de suprimentos, irei carregar minha bolsa e a de armas. Precisamos achar outro carro ou posto de gasolina mais próximos. Todo tempo que temos é precioso, não podemos desperdiçá-lo, Dan — diz Dante, de modo firme e sério.
Não o questiono, pois era visível em seu tom que ele estava levemente alterado e não sabia como ele poderia reagir. Respeito sua decisão, descendo logo em seguida do carro.
Coloco a bolsa em minhas costas e a de suprimentos de modo transversal, era o melhor a se fazer. Tínhamos que carregar elas conosco, já que não sabíamos se voltaríamos ao carro, deixar tudo para trás seria algo burro a se fazer.
A estrada estava escura devido à pouca iluminação, o ar frio da noite era notável pois me deixara levemente arrepiado. Olho para Dante e lhe pergunto, com a voz baixa e calma:
— Qual caminho faremos
— Está um pouco distante daqui, há uma pequena cabana que vi em um mapa alguns metros atrás. Com certeza encontraremos algo lá que nos auxilie. Iremos ao lado oeste, para ser mais exato.
Olho para o lado que ele apontara, mas não enxerguei muito, apenas dou de ombros, fazendo apenas um "okay".
— Fique com as duas pistolas automáticas, são as únicas aqui que sabe usar. Sempre soube que lhe ensinar a atirar na casa de campo do vovô não seria à toa. Queria que tivesse feito kendô comigo. Apenas não lhe ensinei a usar uma shotgun pela sua idade na época. Você poderia ser jogado para trás facilmente com o impacto do disparo — diz ele, de modo descontraído, enquanto adentrávamos a mata em direção à cabana que só ele vira.
Pego as pistolas, colocando-as atrás de minhas costas, dentro de minha calça jeans, cubro-as com minha camisa polo. Prosseguimos andando e vejo ele conferindo a sua espada, tocando sobre a lâmina com o dedo indicador e do meio, fitando seu reflexo e a guardando na bainha, logo ele a coloca em suas costas, na horizontal, entre as alças da bolsa.
Seguíamos andando a passos largos, pois tudo indicava que éramos os únicos ali e não sabíamos o que estava acontecendo sobre aquelas terras e o que nos aguardava a seguir.
Nosso primeiro contato com um herangno estava por acontecer e nos causar os primeiros danos de nossa jornada. A criatura faria nós levarmos nossos poderes ao limite para aniquilá-la.
Não estávamos muito afastados de sua localização quando ouvimos o seu primeiro grito e passos pesados se aproximando.
Dante e eu começamos a correr de imediato. Quando menos esperávamos, sou atingindo pelo punho da criatura, que me joga longe ao lado esquerdo, inclinando-se para trás e gritando enquanto olha para o céu.
Dante olha abismado e vejo pela primeira vez em seu rosto o olhar e feição de pavor. Meu corpo estava dolorido, como se estivesse com ossos quebrados por toda a parte, mas era a dor do soco e do peso do meu corpo que fora arremessado a alguns passos longe da minha antiga localização.
Isso tudo aconteceu na metade do caminho. Levanto-me, com dificuldade, em meio ao mato e vejo meu irmão desembainhar a espada com a mão esquerda e com a direita manipular o ar a sua volta.
O ar estava se reunindo em volta de sua mão, causando movimentos sobre o mato alto. Mesmo com medo, meu irmão transformara seu olhar em um olhar firme e determinado a exterminar aquela criatura, deixando o medo de lado, focando apenas em matar aquilo.
Escuto sua voz firme gritar de imediato, chamando a mim:
— Dan, não tenha medo, preciso de você aqui.
Busco a coragem de imediato e foco na criatura, quatro vezes mais alta do que eu, com braços deformados. Sua pele parecia a mistura de várias criaturas e tinha uma cor marrom e manchas pretas. Seu rosto parecia protegido por algo como corais e fungos verdes, seu corpo possuía pequenos furos que soltavam algum tipo de toxina.
Tudo que aquela fumaça que saia de seu corpo tocava estava por murchar e morrer, notamos isso devido ao mato a volta dele reagir de tal forma.
Olho para meu irmão, que faz um sinal para mim, comunicando-se por uma linguagem de sinais só nossa.
"Irei distrai-lo, use disso para bolar ataques simultâneos." "De fato conseguirei, acerte os poros de onde sai essa toxina com suas chamas."
Balanço a cabeça afirmando que entendi o que ele falou. A criatura parte para cima dele, que se defende com a lâmina da espada combinada com seu elemento ar. De primeira não funciona e meu irmão é jogado para trás.
Dante inclina o corpo para frente e usa da mão direita e os pés contra o chão para parar e não ir muito longe. Logo corre, usando do elemento em todo seu corpo para ganhar velocidade e combinar velocidade com força, dando mais impactos ao seu ataque.
Começo a pensar em ataques simultâneos e conjurar no ar à minha frente, pequenas esferas de chamas, umas dez; era o número de poros médios que soltavam aquele tipo de toxina do corpo da criatura.
Começo a criar uma à frente de meu corpo, deixando-a maior enquanto estendia meus braços, deixando as chamas nela arderem mais forte e altas, causando uma massa de calor quente no ar à minha volta.
"Isso vai te torrar todinho, filhote de monstro."
Mas não seria tão fácil assim se livrar dele. Aquela coisa iria esgotar até nossa última gota de poder elementar.
Pena que não percebemos isso antes.
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