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Soro elementar

Dan


O sinal do farol se abre e minha mãe sai logo em seguida com o carro, abandonando o morador de rua, que continuava falando em meio aos carros que prosseguiam seu caminho, ignorando-o por completo. Encosto novamente minhas costas no banco do carro, respirando fundo. Meu irmão olha para mim e fala, de um modo confuso:

— Que cara maluco! Não entendi o porquê de ele sair gritando sobre o caos etc. — Ele começa a dar uma breve risada, levando sua mão à boca e fala, debochando do susto que acabei de levar: — Mas foi engraçado o salto que você deu. O que achou que pudesse acontecer? Que ele fosse adentrar o carro como naqueles filmes de zumbi em que quebram o vidro com a cabeça e nos atacam?

Se ele soubesse do futuro, não falaria isso...

Olho para ele no mesmo instante deixando óbvio em meu rosto meu incômodo com tal comentário, meus olhos respondem com a expressão pois revirei os mesmos. Falo, então, com a voz baixa, ignorando-o, enquanto volto meu olhar para a janela:

— Idiota, se isso acontecesse você morreria primeiro.

— Chegamos, meninos — minha mãe fala, e no mesmo momento vislumbro o grande prédio espelhado da X-Bios.

— Espero que não fiquem se alfinetando lá dentro. — Ela passa um olhar para nós dois. — Não quero ter que puxar a orelha de dois rapazinhos lá dentro. — Minha mãe segue o caminho para o estacionamento e era visível o tamanho da fila que já se encontrava na frente do prédio, e parecia de estender aos poucos.

— Você já me conhece, mãe. Agora o Dan... — meu irmão fala, em um tom irritante, passando o olhar para mim, tentando me provocar.

— Santo Dante...

— Ainda bem que sabe, TapaDan.

— Vamos parando por aí? — minha mãe nos repreende, enquanto estaciona o carro e vai retirando o cinto. No banco do passageiro, ela pega sua bolsa, preparando-se para sair; fazemos o mesmo atrás. Antes de descermos, minha mãe se vira, olhando para mim, tocando em meu ombro direito. Dante já havia descido e mexia em seu aparelho celular do lado de fora.

— Querido, não se preocupe com o que aquele morador maluco saiu gritando. Tomamos um susto porque ele surgiu em meio ao nada.

— Eu sei disso.

— Mas não vamos deixar isso nos abalar, não é mesmo?

— Afirmo com a cabeça que sim. — Esse é o meu Dan. — Ela sorri para mim. — Será uma mudança boa, você verá — ela fala, enquanto passa sua mão esquerda sobre meus cabelos ondula- dos, deixando-os levemente bagunçados e rebeldes. Tiro a mão dela com um sorriso do tipo "para com isso, não sou mais uma criança." Ela sabia que eu ficava pensando demais em tudo que me acontecia. Mesmo eu não estando preocupado, ela me falou aquilo devido seu sentimento de mãe ter alertado que, por trás do meu rosto de tranquilo, eu estava pensativo sobre o que o mora- dor de rua havia dito.

Dante bate na janela naquele momento, apressando a gente.

— Achei que estávamos querendo tomar a vacina ainda hoje.

— Não me irrite, Dante — minha mãe fala, descendo do carro e faço o mesmo em seguida. Seguimos nosso caminho em direção ao elevador da garagem, caminhamos a passos largos e em silêncio, olhando para o amplo espaço bem iluminado. Em algumas quadras daquele estacionamento havia pôsteres holográficos mudando a imagem e informações sobre a empresa e como estavam as coisas lá em cima, informando o tempo de fila e mostrando em um gráfico que atualizava em tempo real a porcentagem de cada elemento e qual estava sendo mais despertado na população mundial. Olho para meu irmão que, assim como eu, estava ansioso.

Adentramos o elevador rapidamente; as laterais dele eram todas de vidro, o teto e chão era branco com pequenas linhas azuis. Estávamos ali junto a mais uma família, que aparentavam serem da classe alta de nossa cidade, digo isso pelas vestimentas e o modo como nos olharam. A postura diz muito da personalidade de alguém, mas personalidade não faz caráter.

Não levou sequer dois minutos e já estávamos seguindo caminho pelo grande hall adentrando o espaço. Acabamos pegando uma pequena fila para retirarmos a nossa senha em um dos pontos eletrônicos, e seguimos em direção à fila com a outra parte da população.

Os de classe alta estavam recebendo atendimento preferencial ou, como dizem, VIP. Minha mãe faz um breve comentário, assim como algumas pessoas na fila. Viro-me para olhar o que eles estavam falando, de modo curioso e nem um pouco discreto.

— Chega a ser ridículo o que um pouco de dinheiro e poder não faz — um senhor de idade murmura, de modo ranzinza, e demonstrava impaciência em sua voz.

— Como podem nos separar por classes? O pior é eles criando atendimento e fila entre pobres e ricos, no final das contas. O mundo não mudou mesmo — uma mulher baixa e com aparência séria reclamava, de modo rude.

Olho para Dante e ele me cutuca, chamando para olhar com ele através do vidro, e vemos algumas pessoas que já estavam lá dentro e recebiam sua dose.

Realmente fiquei impressionado com o modo que a vacina reagia e o modo da aplicação. Era uma injeção com micro agulhas, quase não se via as pontas. Uma garota com aparência de seus quinze anos de idade, de pele morena e cabelos longos e negros recebe a dose em seu sangue, a vacina começa a fazer efeito de imediato, logo uma das enfermeiras pede para ela fazer alguns movimentos e falar o que ela está sentindo. Não conseguia entender muito bem o diálogo entre as duas devido à espessura do vidro.

Mas a garota faz assim como pedido pela enfermeira, ela bate com o pé direito sobre o chão e uma fina camada de terra surge debaixo de seus pés, ela começa a manipular com a mão os pequenos grãos da terra, que flutuam à sua volta. Olho feliz e empolgado para Dante, que faz um comentário confiante e nem um pouco convencido.

— Espero que o meu seja água. A compatibilidade do soro deve me dar o poder que eu gosto, não é mesmo? O primeiro duelo será com meu irmão caçula.

Olho para ele, rindo, enquanto balanço com a cabeça negativamente, respondendo de imediato:

— Você está mais para elemento fogo. — Torno a olhar para dentro e sigo falando: — Não estou pensando em qual meu sangue é compatível... — sorrio, de modo convincente, e meu tom sai provocativo ao completar o que falava — apenas em como vou derrotar você em meu primeiro duelo.

Minha mãe então faz um sinal para nós prosseguirmos com a fila e não nos distrairmos demais, a fim de não atrapalhar o fluxo.

Não levou muito tempo até, para ser exato umas três horas em uma fila, em uma tarde ensolarada. Mas estávamos ansiosos e empolgados, assim como grande parte dos que se encontravam ali. Tinha uns chatos que ainda ficavam reclamando, mas ignorávamos para não sermos contagiados pelo mau humor deles. O que estávamos vendo no lado de dentro só alimentava nossa vontade de ter aquele soro em nossas veias.

Já teve vontade de voltar no tempo? Estou tendo uma grande agora!

Enfim, chegou a nossa vez. Minha mãe dá a uma das atendentes os documentos necessários para o preenchimento da ficha. Era uma mulher com aparência um tanto quanto intimidadora. Ela aparentava ter seus vinte anos, cabelo raspado do lado esquerdo, cabelos lisos e castanhos jogado ao lado direito, usava óculos e tinha olhos claros; ela tinha uma altura média, vestia um jaleco branco e um salto não muito alto.

Ela pega nossos dados junto à senha com minha mãe e pede para nós a seguirmos para dentro da corporação.

— Me acompanhem até o setor de vacinação, por favor. Me chamo Ray e vou guiá-los até lá. Por enquanto, passarei algumas informações a vocês.

Ela nos entrega um panfleto que contém informações da vacina elementar. Enquanto a seguimos, damos uma olhada nas informações que nele continha. Ela começa a dar algumas informações baseadas nas que estavam descritas no panfleto que havia nos entregue.

Ao adentrar a corporação sentíamos o ar gelado do ar-condicionado, o piso branco e bem encerado a ponto de refletir nossa imagem. O local todo era branco e bem iluminado, as faixas azuis que passavam em meio ao piso protegido por um vidro de espessura grossa, era um cabo transparente onde os dados e fonte de energia da corporação passavam. Era visível a troca de dados pois eles corriam por dentro dele em disparada aos computadores e equipamentos de rede.

O espaço era enorme, a frente do prédio era todo de vidro e dava visão ao lado externo, era algo a se admirar aquela arquitetura.

— A vacina elementar, como todos sabem, foi uma descoberta do Doutor Jay e sua equipe de pesquisas biológicas. Após eles estudarem a lenda das orbes elementares, enviaram escavadores aos locais para averiguar se tais histórias e a localização eram reais, e de fato eram. Após as buscas e com elas em mãos, eles a transformaram em pó. Com muitos estudos e testes, eles conseguiram fazer um soro ou, como eles apelidaram, a vacina elementar.

Após um breve caminhar conosco, nos juntamos a mais algumas pessoas e atendentes em frente a uma tela de vidro enorme no hall, que mostrava dados sobre a vacina e imagens de testes que foram feitos, era como uma espécie de slide.

Um holograma do próprio Doutor Jay surge ali em frente e prossegue com a explicação; todos ficam surpresos. Ele tinha a altura do homem e sequer parecia um holograma devido à tecnologia usada para tal. Não víamos de onde saíam as luzes que proporcionavam a imagem e som dele.

— Sejam bem-vindos à X-Bios Corporation. Me chamo Jay Smith, sou o doutor e cientista criador da vacina elementar.

— A atenção de todos, naquele instante, é voltada ao holograma. Comentários eram audíveis assim que ele começou a falar. O holograma iniciou a sua explicação e eu fiquei atento ao que era o soro elementar. — As orbes elementares eram apenas lendas, histórias fantasiosas de pedras mágicas que possuíam magia elementar dentro de si; seus dominadores poderiam controlar os elementos naturais como ar, água, fogo e terra. — O holograma começa a se movimentar enquanto fala a nossa frente. O grupo de pessoas com o qual eu e minha família estávamos permanece imóvel e focados na apresentação feita. — Mas eu, junto à minha equipe de cientistas, decidi aprofundar nossos estudos nessa "lenda", como era conhecida.

Descobrimos que, desde a época dos primatas, elas estavam escondidas bem em nosso meio, escondidas nas cavernas. Um deles achou uma delas, mas não possuía conhecimento de tamanho poder e nem de como dominar. Com o passar dos anos e das guerras, das mudanças no mundo, as orbes se mantiveram intactas e escondidas, ninguém havia de fato se aprofundado em suas buscas, apenas lendas eram contadas e tais histórias infantis eram passadas de geração em geração.

Mas, com os pequenos vestígios dessas histórias, conseguimos chegar até elas. Provas de vestígios históricos em imagens e escrituras nos levaram à tal expedição e ao sucesso de encontrá-las. Com elas em mãos, eu e os demais cientistas que se empenharam nessa pesquisa começamos a extração. As orbes possuem seus núcleos de poder, ele é pegajoso e pastoso, porém ao ser retirado da Orbe se desfaz na mão como areia que cai em meio a seus de- dos, tais resquícios foram utilizados na criação do soro. Após tal processo começamos a fazer testes em animais, que reagiram de forma positiva e não mostraram em teste algum surto ou problemas degenerativos. Eles mostraram mudanças no comportamento e quadro de saúde, claro, para melhor.

Os testes avançaram e foram feitos em humanos que assinaram o termo de riscos, e de imediato vimos os poderes compatíveis com o seu DNA se revelarem. Com as experiências de segurança feitas, vimos que um salto na biomedicina foi alcançado, e levamos até o governo e ao mundo o soro elementar. Um grande milagre contra doenças incuráveis, uma espécie de upgrade na humanidade, um experimento sem erros. — Vimos no telão serem mostradas imagens e alguns vídeos de tudo que o Doutor Jay falava, de modo simultâneo à sua explicação. — Por fim, todos sabem agora a origem do soro elementar, os benefícios e os procedimentos para sua criação. Agradeço a todos pela sua atenção e por fazerem parte dessa mudança. Sejam bem-vindos a uma nova era com a X-Bios. — O holograma do Doutor termina de falar conosco com uma feição de gratidão e sua voz calma, porém firme. Ele, então, some e cada atendente com seu grupo prossegue para a área de vacinação.

Com o panfleto em minhas mãos, sigo andando e atento a tudo que acontecia à minha volta. Dante se aproxima de mim e murmura algo:

— Mamãe ainda acha que nosso pai virá... — Ele estala os lábios ao observar nossa mãe olhando em volta para ver se tinha sinal dele, seguido por olhar a tela do celular constatando se havia chegado alguma mensagem. — Notou como ela estava durante a apresentação do Doutor? — Afirmo que sim com a cabeça e ele prossegue. — Isso é o que mais me irrita! Como ele pode ser tão sem noção? Cada vez que ele dá uma dessas conosco eu sinto pena por ele estar nos perdendo pouco a pouco.

Dante estava com as mãos em seus bolsos da calça, falava com uma expressão de desapontado por nosso pai furar mais uma vez em um evento importante para a família.

Ele tinha um leve rancor por nosso pai passar mais tempo longe da gente do que perto. Eu já havia me acostumado com a ausência do velhote e não me importava muito. Ele prossegue andando com uma cara séria e coloco minha mão direita em seu ombro e digo, sorrindo, tentando ser otimista:

— Ele que vai perder, podemos atacar ele de surpresa com nossos elementos, sabe, tipo uma brincadeira — falo, de modo descontraído, sorrindo amigavelmente, em uma tentativa de animar ele, mas ele dá um sorriso breve e sem graça com o que falei.

— Não seria de todo mal.

O caminho não foi muito longo pelo hall da entrada até chegar à área de vacinação. A atendente nos mostra onde devemos nos sentar. Havia muitas pessoas nas alas ao lado. Minha mãe acompanha a atendente, que leva ela até uma mesa. Nos sentamos nas cadeiras, bem macias por sinal, eu dormiria facilmente ali, um lugar silencioso daquele, com uma cadeira confortável dessa, que se ajusta a seu corpo, inclinando-se levemente para trás... Quem não?

À nossa frente, víamos os enfermeiros e todas as vacinas próximas a uma pequena mesa. Até onde notei, todas tinham um tom azul-celeste, era bem bonita, por sinal, e em frascos bem pequenos, com pequenas doses.

Olhava em volta e estava ansioso, perguntando a mim mesmo se aquilo iria doer, qual sensação eu viria a sentir e qual seria o meu elemento.

Mesmo eu dizendo a Dante que não pensava, estava ansioso, e lá no fundo pensando as coisas mais loucas com esse poder elementar. Porém, apenas o que me vinha à cabeça eram cenas de desenhos e animes que via, as cenas de batalha com poderes e tudo mais. Passo um olhar a Dante, que mexia em seu aparelho celular e parecia estar falando com nossa vizinha, que era sua paixão secreta desde a nossa infância. Dou uma risada. "Fala sério, além de stalker nervoso, você ainda não tem a coragem" pensava comigo. Minha mãe assina os papéis autorizando a aplicação da vacina em nós e logo ela se junta a mim e meu irmão novamente. A atendente faz um sinal aos enfermeiros, que pedem para nós estendermos o braço.

Respiro fundo e puxo a manga de minha camisa xadrez nas cores preta e azul, meu braço branquelo fica à mostra e coloco ele sobre o apoio. O enfermeiro passa um algodão com álcool na área onde ela seria aplicada, sinto o toque macio e molhado na região esterilizada e um friozinho logo em seguida. Ele sacoleja de leve a vacina, em seguida vejo as micro agulhas surgirem do frasco do soro; ele olha para mim e avisa que não sentirei as agulhas, e sim apenas o soro correr por todo o meu corpo até chegar em meu cérebro.

Engulo em seco e mordo os lábios, e ele aplica sem rodeios. Sinto as pontas das micro agulhas adentrarem a fina camada de minha pele; sentia o líquido correr por todo o meu corpo. De início, vejo o líquido azul brilhando por dentro da minha pele; logo, o líquido azul-claro some e sinto uma quentura percorrer todo o meu corpo. Começo a me colocar sentado e olho para o vidro da mesa em que meu braço estava e vejo meu reflexo. Meus olhos claros e verdes brilham brevemente em um tom vermelho escarlate. O enfermeiro olha para mim e pergunta se eu sinto alguma mudança. Olho para minhas mãos e falo, brevemente levantando meu olhar para ele:

— Sinto meu corpo mais quente do que o normal.

Levanto-me da cadeira e faço um estalar de dedos, vejo faíscas de fogo saírem em meio aos meus dedos. Sentia-me melhor do que nunca, com uma disposição enorme, estava emanando mais saúde do que nunca. Olho para Dante, que logo coloca suas mãos sobre a mesa e é levemente jogado para trás. Olho estranho para ele e falo, de modo breve e com um sorriso empolgado:

— Meu irmão é a Tempestade, dos X-Men? — Tiro uma com ele de imediato.

Ele diz, olhando para mim sorrindo em tom desafiador, com um olhar do tipo "Podemos iniciar um duelo aqui mesmo, quer testar a sorte?":

— O que o aprendiz do tocha humana está falando? —Ele retribui à altura.

Os enfermeiros, vendo que estava tudo bem conosco, logo anotam os elementos que se manifestaram por meio de nosso DNA. Olhamos a nossa mãe e logo vemos que ela não manifestou nenhum poder. Ela não demonstrava estar aflita ou cabisbaixa, mesmo assim sabíamos que ela gostaria de sentir as mesmas mudanças, como qualquer outro ali presente.

O enfermeiro explica a ela que em alguns casos se manifesta

apenas depois de vinte e quatro horas, ela afirma que entendeu e logo se levanta, agradecendo a eles. Eu e meu irmão a abraçamos, agradecendo por nos trazer ali para tomar a vacina. De modo carinhoso, levanto meu rosto e falo, ainda a abraçando, enquanto caminhamos em direção ao elevador:

— Mãe, acho que o seu poder não se manifestou ainda por ser algo bem poderoso, sabe? Algo raro, tipo algum poder que só uma supermãe tenha.

Ela sorri ao ver o modo como falei e logo diz, olhando para mim, dando um peteleco em minha testa:

— Bobinho, você que não bote fogo no apartamento! Faça isso e o dinheiro que recebe de mesada será anulado.

Adentramos o elevador rindo. Assim que saímos, todos seguimos nosso caminho até nosso carro. No estacionamento, pouco movimentado naquele horário, vemos duas irmãs junto a seu pai. Uma delas era um tanto quanto atrapalhada, a outra cheia de si, com seu poder elementar da água; vejo que a mais atrapalhada dominava fogo, assim como eu. Ao tentar acertar sua irmã, ela tropeça em uma das tartarugas do estacionamento, caindo de imediato ao encontro do chão.

A bola de fogo que ela manipulava, testando seu elemento, vem em nossa direção. Em um movimento rápido, estendo minha mão esquerda à frente de meu corpo, absorvendo o poder (como fiz aquilo, nem eu sei). Meus reflexos melhoraram, e nem sabia que nós podíamos absorver ataques de outros. Dante olhou impressionado, assim como minha mãe.

— Isso foi muito legal para ter vindo de você — Dante fala aquilo surpreso e minha mãe dá um peteleco em sua cabeça.

— Dá uma pausa, irmão mais velho chato. — Eles seguem andando e fico ali parado um pouco pensando, enquanto intercalo olhares na direção delas e fico olhando para minha mão, questionando como havia feito tal coisa. Noto que a irmã mais nova da garota a ajuda a se levantar.

Elas não estavam muito longe de onde minha mãe havia estacionado o carro. Falo, de modo simpático, ao chegar perto delas após uma breve corrida:

— Está tudo bem com você?

Ela se levanta, batendo com a mão em sua roupa, tirando o pó e sua irmã, uma garota que aparentava ter minha idade, cabelos longos e loiros, poucas sardas e um pouco menor do que eu, suas roupas tinham destaques de cores fortes como o pink e amarelo, mas puxado para o dourado justas em seu corpo realçando sua cintura. Ela tinha firmeza em sua voz ao se aproximar narrando como de fato rolou o ocorrido.

— Está sim, obrigado por se preocupar. Apenas um duelo bobo entre irmãs. Ei... Como conseguiu absorver o fogo que acidentalmente minha irmã disparou em sua direção? Ah! E desculpe o ocorrido, juro que minha irmã não estava tentando te matar.

— A garota cruza os dedos e fala, brincando: — Promessa da Diva Sue.

Levo a mão ao rosto na altura do queixo e digo, de modo pensativo, a ela:

— Também não sei, senti meus reflexos melhores e nem sei como fiz aquilo, mas foi interessante. Deve ser porque também sou do fogo. — Sorrio ao ver o jeito agitado dela e aceno com as mãos. — Que isso, quem nunca deu uma dessas, não é mesmo?

— Irmã, você entendeu? Porque eu não. — Ela olha para sua irmã, confusa após tudo que falei, e acaba arrancando risos de nós três.

A irmã dela fica vermelha de vergonha. Ela tinha cabelos longos e negros, sua pele era bem branca e seus olhos tinham uma cor roxa, tipo um violeta; ela tinha um corpo magro bem desenhado, que marcava bem em suas roupas no estilo gótica, era um pouco menor do que eu, sua voz era suave e eu a considerava fofa. Ela diz, baixo:

— Ah... Me... desculpe... Eu...

Me aproximo mais dela para tentar ouvir e logo ela dá alguns passos para trás. A irmã dela nos surpreende, dando tapinhas nas costas dela (ela era muito espontânea, e não guardava nada para si). Fala, de modo descarado:

Acredito que nunca tenha guardado.

— Ela precisa de estímulo para falar, sabe? Bem tímida a pequena Snow — a garota fala, de modo rápido e sem pausas, fazendo eu apenas afirmar que sim com a cabeça, mostrando que entendi o que ela havia comentado sobre a irmã.

— Me desculpe, sabe? Não foi minha intenção, sou atra- palhada.

Ela dá uma risada tímida, suas bochechas ficavam bem vermelhas com a situação, demonstrando a quão constrangida ela estava no momento.

— Tudo bem, sem problemas.

Ela se vira para a irmã e fala baixo novamente e fazendo um pequeno bico. — Você é a mais nova.

A irmã retruca em seguida, e logo o pai as chamas para partirem.

— Sou mais alta e forte, pequena Snow. E não retruque. Logo elas seguem para o carro. Ainda me questionava se de fato era quem eu pensava que eram. Elas acenam, dando um tchau, e vejo o que Snow fala, baixo, e acabo fazendo leitura labial.

— Até mais, Dan.

Dante logo me grita; minha mãe para com o carro no corredor e ele fala, debochando:

— Vamos logo, tapado. — Olho feio para ele e logo adentro o carro, vendo o sorriso idiota no rosto dele enquanto mexia em seu aparelho celular.

— Conhecia elas, querido? — Sou questionado por minha mãe e respondo que não com a cabeça. Estava pensativo e in- trigado em como aquela desconhecida sabia meu nome, se em momento algum eu havia me apresentado a elas e nem elas a mim. — Foi bem gentil da sua parte. Fico feliz em saber que um de vocês é cavalheiro.

— Ainda bem que sou eu. — Dante brinca com minha mãe, que gargalha de modo irônico e ele sorri ao ver que conseguiu o que queria.

Notei que minha mãe, nas paradas do semáforo, coçava seu braço no local onde ela havia recebido a injeção. Eu olhava aquilo, mas achava que não era nada demais, apenas um incômodo ou coceira na área em que foi aplicada.

Dante, agora ao meu lado no banco de trás do carro, fazia pequenas figuras com seu elemento ar. Já eu, ao contrário dele, havia deixado meu elemento quieto, iria testar ele no quintal de nossa casa, afinal de contas, conjurar fogo dentro do carro é pedir para que um acidente desnecessário viesse a ocorrer.

Mas algo estava me incomodando: mesmo minha mãe não falando nada, eu sabia que ela não estava muito bem desde que recebeu a vacina e não despertara a magia elementar por meio de seu DNA. Fora que ainda tinha o que havia acontecido há pouco e ainda estava martelando em minha mente.

Por que será que aquela garota do estacionamento me passava uma aura misteriosa que despertava minha curiosidade?

Assim que chegamos, minha mãe estaciona o carro ao lado da casa, sequer o colocando na garagem. Noto que ela desce rapidamente do carro e segue para dentro da nossa casa, um pouco afastada do centro e do atual apartamento em que morávamos.

— Por que estamos aqui? — meu irmão questiona, levemente incomodado.

— Querido, sem perguntas, ok? Vamos passar essa noite aqui, espero que compreendam e não fiquem fazendo tantas perguntas — Ela diz aquilo e segue caminho, parecendo cansada com alguma coisa. — Irei tomar um banho e preparar o jantar. Prometam não se matar até lá.

— Iremos tentar — falo alto, brincando, com um sorriso no rosto.

— É sério, Dan. — Ela entra dentro de casa após falar isso a vejo sumir por completo, passando pela porta da frente.

— Ela sabe que não gosto quando temos que ficar aqui

— Dante resmunga. — Mas vou tentar por ela. — O vejo suspirar e olhar para mim enquanto passa a mão direita em seus cabelos.

O sol ainda não havia ido embora por completo, o céu de cor alaranjada indicava o pôr do sol. Dante olha para mim, dando um sorriso desafiador.

— Topa um duelo estranho? — ele diz, de modo provocativo, já com o ar em volta de suas mãos formando círculos, demonstrando confiança em si. Sua voz sai um pouco séria, assim como meu olhar.

— Sabe que os mais novos superam os mais velhos — falo, aceitando o desafio dele.

Caminhamos até o quintal dos fundos, o vento morno do verão adentra o nosso quintal, as folhas das árvores balançavam, nossa vizinhança estava agitada e eram audíveis os barulhos de carros passando na rua, crianças e jovens se divertindo e rindo aos montes demonstrando seus poderes.

Meu irmão segue para o lado esquerdo e eu para o direito, ficamos um de frente para o outro. O sol ainda iluminava um pouco os fundos de nossa casa. Dante retirou sua camisa, exibindo seu porte, e já se posicionava em posição de ataque.

Dou uma risada, ajustando meus óculos e abrindo os botões de minha camisa xadrez, ficando mais à vontade e sentindo o vento adentrando a camisa e batendo em meu peito. Cerro os punhos, canalizando minha magia para eles. Não eram chamas muito grandes, pois era nossa primeira vez usando tal poder.

— Esse local nos traz algumas lembranças de quando mais novos, não? — Sorrio ao falar aquilo para ele, lembrando dos momentos em que vivemos juntos ali.

— Chega a ser um pouco nostálgico testarmos nossos pode- res pela primeira vez aqui, não? — Ele sorri, encarando-me.

— Talvez. — Dou de ombros. — É só visualizar na mente e surge no plano físico?

— Era o que o panfleto dizia, e basicamente foi o que o doutor esquisito falou — meu irmão confirma o que falei.

— Entendido. — Afirmo com a cabeça após falar aquilo e rapidamente avanço para cima de Dante. Não gostava muito de esperar, sempre fui de avançar sobre o inimigo, não dando tempo de ele sequer pensar em me atacar, saio correndo até ele e vou mirando em seu estômago com o punho esquerdo. Falo a ele, em um tom provocativo:

— Cuidado para não se queimar, irmão. — Estava determinado a mostrar que eu poderia ser melhor do que ele.

Ele recua para trás, evitando o golpe. Em um contra-ataque rápido, ele tenta acertar um chute em meu estômago e, em questão de segundos, coloco os braços na frente, fazendo um X, defendendo-me de seu golpe.

Sou empurrado para trás e sinto meus tênis escorregando sobre a grama molhada. Um sorriso determinado surge em meu semblante e logo nossos punhos se colidem. Era fogo versus vento. Um não queria perder para o outro, na primeira de muitas lutas entre nós.

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