Prólogo
— Ei, Dan! Cara, está me escutando? — Aquele baque havia me deixado tonto, tornado tudo a minha volta um pouco distorci- do, fazendo eu sentir o peso e a dor se alastrando pouco a pouco em meu corpo. — Preciso que se levante, eles estão chegando... Cara, me ajude! — A voz de Dante estava em um tom preocupado e saiu em um tom baixo, meio desesperada. Sinto suas mãos colocando meus braços em seu ombro enquanto sou erguido junto a ele. — Precisamos sair daqui agora! — Dante olhava para todos os lados enquanto seguíamos nossos caminhos. A dor era incômoda e difícil de lidar, mas eu e meu irmão não podíamos nos dar ao luxo de parar. Os sons das criaturas chegando perto de nossa localização tornava tudo pior em nossa situação atual.
— Você está um trapo, irmão. Como quer me ajudar?
— Olho para meu irmão, brincando com nossa situação, dando um clima descontraído no pior momento possível. Era incrível até para mim mesmo esse dom que eu tinha.
Seguia caminhando junto a meu irmão em meio ao clima frio daquela madrugada de céu claro e estrelado. A única iluminação presente era a da lua cheia, que pairava em parte dos campos de mato alto daquela fazenda abandonada. Para piorar tudo, sobre o mato alto pairava uma densa neblina e, à medida que íamos nos afastando, ela se tornava mais alta e densa, o que dificultava demais nossa visão.
Um grupo de andarilhos se aproximava de nós. Isso sem falar que nosso poder elementar estava se esgotando; tudo o que nos restava era apenas uma katana, minhas duas pistolas e duas grana- das restantes, o que não daria conta da quantidade que estava se aproximando de nós.
— Precisamos de uma rota de fuga o quanto antes, Dante. — Olhei à nossa volta à procura de qualquer coisa que nos servisse como um meio de fuga, mas estávamos longe da estrada principal, e ali sequer tinha qualquer meio de transporte. A mata alta dificultava a minha visão, já que eu usava óculos. Olhava rapidamente para todos os lados, aflito com nossa situação.
Abaixei meu olhar para a palma de minha mão esquerda e tento conjurar uma pequena chama, a fim de causar um incêndio a poucos metros dos andarilhos para dificultar a aproximação deles de nós.
Mas havia esgotado minha magia na batalha anterior contra uma criatura da X-Bios, desconhecida por nós.
— Se achar alguma coisa, não deixe de me avisar. — Dan- te ironiza em sua frase, mesmo com sua respiração acelerada e ofegante em meio a nossa fuga. Logo o vejo parando e olhando em volta em busca de algo. Fico intrigado com ele e pergunto sussurrando — O que você viu? — já segurando minhas duas
pistolas. Estava ao lado dele, podendo sentir o mato alto que pinicava minhas mãos, causando-me um incômodo com o qual tinha que lidar naquele momento. Conseguíamos escutar os gritos dos andarilhos enfurecidos à nossa procura, doidos para dilacerarem nossas carnes do local a qual nos encontrávamos.
Dante parecia estar escutando algo que eu não. Ele era mais focado e atento que eu nisso; eu ficava atento para qualquer movimento, mas minha preocupação estava na horda de andarilhos, que não estava muito longe de onde estávamos. E isso ficava óbvio a cada maldito minuto que parecia passar voando pelos meus olhos devido à sensação de medo que estava sentindo naquele instante.
Com um movimento rápido de Dante, ele me puxa para trás dele, com sua espada empunhada em sua mão esquerda. Vejo ele apontar, no momento exato, para o lado noroeste.
Um Andrigno surge, saltando em sua direção. Com o cabo da espada, ele bate sobre a cabeça da criatura, jogando-a no chão. Ela rapidamente se levanta, mostrando suas presas a ele enquanto babava e rosnava. Focou novamente em meu irmão, que se mantinha em sua posição, pronto para contra- atacar a criatura, que se mostrava preparada para outra tentativa de nos ferir.
Aponto de imediato com as pistolas para a cabeça da criatura; Dante acena com a cabeça, dizendo não. Com sua mão esquerda, toca em minhas mãos, abaixando-as, enquanto me alerta, sem tirar a atenção da criatura.
— Coloque o silenciador, idiota! Se fizer o menor dos barulhos irá dar a nossa localização exata aos andarilhos. — Dante tinha razão. Eu, no calor do momento, sequer havia cogitado tal coisa. Caso eu tivesse efetuado o disparo, agora mesmo poderíamos estar com a corda no pescoço. — Fique atento, ainda tem mais dois Andrignos se aproximando, um do lado leste e outro do sul. Não baixe a guarda.
Ficamos de costas um para o outro e a criatura salta na direção de Dante. Ele inclina seu corpo para trás, junto a suas duas mãos, segurando firmemente a espada e focando o corte na barriga do Andrignos.
A criatura trava a lâmina da espada com suas presas, com um contra-ataque. Dante desfere um chute, jogando o Andrigno de altura média para trás. Em movimentos rápidos, girando os calcanhares para frente, ele abaixa seu corpo, tendo uma visão melhor.
Dante desfere um corte na vertical sobre a cabeça, matando- o no mesmo instante. Após eu instalar o silenciador sobre as pis- tolas, olho para Dante, que limpava a lâmina de sua espada com um leve sacolejar, tingindo o verde do mato com o sangue sujo da criatura.
Escuto movimentos do mato atrás de mim, uma respiração pesada vai se aproximando, pouco a pouco. Dou dois passos para a esquerda e a criatura salta na minha direção anterior; miro com a arma sobre as patas e disparo, ela cai no chão de imediato e se levanta cambaleando. Seus olhos frios e sem vida miram em mim, lançando seu veneno. Recuo de imediato, lançando dois tiros em sua cabeça.
— Pelo visto, vai precisar de mim por um bom tempo... Suas espadas já não são tão rápidas quanto minhas balas. — Debocho com Dante, após matar um dos Andrignos.
Para a nossa infelicidade, os andarilhos estavam próximos, e ainda restava um Andrigno. Olho para Dante e aceno com a cabeça; ficamos de costas um para o outro, prontos para o próximo ataque.
Enquanto olhava para minhas mãos, em busca de um pouco da minha magia elementar, que estava por surgir de novo, disse, rindo, para ele:
— Se a gente morrer, saiba que... — Dou uma breve pausa, tentando pensar, no momento errado. — Droga, não sei o que falar, me deu um branco. — Dou risada de mim mesmo sobre a minha tentativa falha de se despedir do meu irmão, mas estava profundamente nervoso por não ter certeza do que poderia vir a acontecer e se iríamos conseguir, de fato, escapar dali vivos ou sem ferimentos graves.
Dante olha de canto de olho para mim com um sorriso do tipo "você é patético, Dan". Não levou muito tempo e os primeiros andarilhos chegaram até nós. Eles grunhiam e corriam em nossa direção de modo torto e desequilibrado, sedentos por sangue.
Dante corre na direção de dois, ao seu lado esquerdo. Dou dois passos à direita, atirando na cabeça deformada de dois deles, levando-os ao chão.
Meu irmão manipulava o ar. Vejo, de relance, ele se forçar a conjurar resquícios de sua magia elementar ao canalizá-la para a lâmina de sua katana, desferindo o corte na horizontal pelo ar em direção a cinco dos andarilhos que vinham até nós, partindo-os ao meio. Eu estava atirando com as duas armas simultaneamente, mirando atentamente neles e com tiros precisos, pois as balas estavam contadas e qualquer erro poderia se tornar fatal. A névoa fina acima do mato alto estava ficando mais forte, o que dificulta- vá minha visão e mira, para nos ajudar.
— Fique perto, Dan. Não podemos nos distanciar um do outro. Se eles nos encurralarem sozinhos, será o fim. — Dante fala
alto, quase que gritando comigo, preocupado com o rumo que a situação estava tomando. Afirmo que entendi com a cabeça, correndo em sua direção, mas sou puxado pelo calcanhar por um peregrino. Meu corpo cai contra o chão úmido e sinto o peso do meu corpo ao tombar no solo frio abaixo de mim. Olho para a direção dos meus pés, focando na criatura de olhos verdes esmeralda brilhando, enquanto seu rosto em estado de putrefação me encarava, pronto para me atacar. Parte da criatura já estava destruída, mas ela seguia seus instintos até o último momento. Rastejando parte de seu corpo sobre o meu em questão de segundos. Eu apenas conseguia sentir o medo e tensão do que poderia vir me acontecer.
Ele se preparava para me morder no calcanhar e lançar a contaminação Zyo's. De imediato, desfiro um chute com o pé esquerdo, e uma parte de seu rosto deteriorado desmancha e ele produz um som alto de dor, chamando a atenção dos demais.
Cubro meu rosto até meu nariz com meu casaco. Os buracos em seu rosto soltam um gás toxico em tom esverdeado na tentativa de me infectar. Ele começa a me puxar pela minha calça jeans; miro com a pistola da mão esquerda em sua boca, disparando um tiro, e ele acaba morrendo. Consigo me colocar de pé, saindo da- quele círculo do vírus, olhando em volta vagamente, retomando minha visão em meio à escuridão e neblina, meio desnorteado com os acontecimentos recentes.
Quando me dou conta, vejo mais seis andarilhos já próximos de mim. Dante tenta correr até minha localização, mas Andrignos surgem, incapacitando sua aproximação de mim.
Estávamos cercados, e agora era cada um por si. Minha aura mágica estava esgotada e sequer dava sinal de que estava se carregando. Dante não tinha muita aura restante e estava mais em apuros do que eu. Tinha apenas três balas no pente da pistola restando e um forte desejo de não morrer junto ao meu irmão.
Os andarilhos estavam vindo ao mesmo tempo me atacar, e Dante estava enrascado também. Então, sorrindo e me divertindo com a situação, mesmo estando nervoso e sem muita coragem e confiança de que sairíamos dali inteiros, levo tudo no humor e da melhor forma, dizendo:
— Hora do show de balas, meu irmão. — Sorrio para ele, ajustando os óculos e apontando a arma para o andarilho que vinha da esquerda.
Meu irmão entende o meu recado e diz para mim, enquanto faz seu ataque favorito nos Andrignos:
— Você fala demais e luta de menos, Dan.
Logo, o barulho de uma caminhonete surge do lado sul e escutamos uma voz feminina gritando, em um tom autoritário:
— Se abaixem, garotos!
— Quem é essa daí? — Dante olha em direção à forte luz da caminhonete tentando focar na voz que falara conosco. O que foi em vão, o farol alto dificultou isso.
Um grande dragão de terra surge em meio ao mato, indo em direção aos andarilhos próximos, erguendo-os no alto e os dividindo ao meio com a boca. Duas garotas que estavam
junto a ela também saíram da caminhonete. Enquanto ela tomava conta dos pequenos grupos da horda de andarilhos restantes, as demais, com suas shotguns, eliminavam os que estavam se aproximando da localização delas.
Eu pensava comigo: Quem são elas? Por que estão nos ajudando? Nossa, como a que domina o elemento terra é bonita... Ei! Foco!
Pelo jeito, ela era a líder — deduzia eu, em meus pensamentos bem aleatórios e confusos. Logo, ela caminha até Dante, passando por mim, e fala, estendendo a mão a ele de modo sério e não demonstrando carisma algum:
— Vocês dois iriam morrer. Sabia disso, não é mesmo?
— Antes mesmo dele responder, ela logo prossegue, não dando chance de ele sequer mover os lábios. — Se acham forte demais para caminhar por essas terras? — Ela se vira em minha direção, olhando para mim enquanto eu recebia ajuda das gêmeas, que haviam acabado de dar conta dos andarilhos restantes, e fala com meu irmão, sem sequer virar para ele. — Seja lá o que estavam fazendo aqui sozinhos, era suicídio, e agradeçam a nós por termos dado as caras aqui, ou teriam virado lanchinho da madruga- da dessas coisas.
— Obrigado... — falo, enquanto caminho até ela estendendo minha mão e esperando ela prosseguir, dando a entender com minha expressão que queria saber o nome dela.
— Dinah.
— Dan...Dan Hawks — falo, enquanto ela aperta a minha mão. — Agradecemos sua ajuda, mas teríamos nos virando sozinhos, Dinah. — As gêmeas, junto a Dinah, soltam um ar de risada e vejo a garota de cabelos brancos presos num longo rabo de cavalo se virar, encarando meu irmão com um olhar intimidador.
— É sério, mero sobrevivente? — Dante afirma que sim com a cabeça, de um jeito bem prepotente, e ela prossegue. — Nós, Grimorys das terras sem fim, apenas fazemos isso por querer que pessoas como vocês sobrevivam mais tempo por esse mundo caótico no qual vivemos agora. — Ela toca no rosto dele, aproximando-se e dando um tapinha de leve, falando bem próxima a
ele. — Orgulho não é algo que se deva ter enquanto perambula sozinho, à deriva, a esta hora, por esses campos.
Fico boquiaberto com o que ela acabara de falar, havia lido, um pouco antes das conexões se perderem de vez, em blogs e fóruns de sobreviventes da X-Bios, que mulheres guerreiras e Elementarys da terra estavam fundando um clã para sobreviver e lutar contra tudo isso que estava caminhando pela terra. De fato, não era mentira, afinal de contas havia três dela ali, bem na minha frente. Dante e eu ou estávamos muito encrencados ou algo maior estava por adentrar em nossos caminhos daquele ponto em diante.
Estava pensando sobre tudo o que estava aparecendo em nosso caminho e em nossa jornada que tinha apenas
começado, mas as poucas partes do quebra-cabeças que já havíamos achado estavam nos causando um grande impacto.
Já vou avisando a vocês, caros leitores: isso não é uma daquelas histórias ou aventuras previsíveis que você sabe tudo o que vai acontecer.
Mas, se você encontrou estas anotações em alguma parte das terras sem fim, não continue prosseguindo por esse mesmo caminho o qual eu e meu irmão seguimos, porque coisas não muito agradáveis podem lhe aguardar.
Coloquem o cinto de segurança, caso esteja em um carro ou, caso esteja, assim como eu, sentado no alto de algum penhasco, deite-se sobre o chão (mas antes veja se há indícios de andarilhos ou alguma outra criatura que deu errado com os experimentos idiotas da X-Bios Corporation).
Vou começar a contar do começo. Dante acha uma idiotice eu registrar nossa aventura, mas eu acho legal poder compartilhar nossas experiências. Sem mais delongas, irei começar do princípio, antes do mundo se tornar o que é.
Seja bem-vindo ao incrível mundo dos irmãos Hawks.
Brincadeira, pessoal. Não tenho nome para nossa aventura. Apenas leiam e entendam a Origem de tudo, talvez um dia a gente se encontre, caso estejam nessa jornada em busca de respostas como nós, ou apenas um sobrevivente em meio a tantos nas terras sem fim.
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